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Copa 2018 Estádios da Copa perdem a alma por semelhanças exigidas pela Fifa

Fúria da cidade

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Arenas têm conforto e segurança, mas dentro deles ninguém se sente na Rússia


Na frente do maior estádio da Copa, o Lujniki, que será palco da final, há a imponente estátua de Lênin.
Um outro grande monumento, em homenagem a Spartacus, chama a atenção de quem chega ao Spartak, segundo estádio de Moscou utilizado nesta Copa do Mundo.

Vistas de fora, as arenas de Samara e São Petersburgo lembram naves espaciais.
Cada um dos 12 cenários deste Mundial tem, do lado externo, uma cara inconfundível. Ao entrar para ver as partidas, no entanto, a sensação se desfaz. Eles ficam quase idênticos.

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Vista geral do gramado da Arena Samara antes de partida entre Brasil x México - Marcelo Machado de Melo /Fotoarena/Folhapress

Nas transmissões da TV, quando não se sabe qual é o local da partida, é preciso esperar que as imagens exibam, no meio do gramado, rodeado pelas placas mutantes de publicidade, o nome da cidade em que se realiza o encontro.

Foi de certa forma assim no Brasil, há quatro anos, na África do Sul, em 2010, e na Alemanha, em 2006. No Mundial da Rússia, porém, a padronização interna chegou a extremos nunca vistos.
"Houve uma pasteurização dos projetos [na Copa do Mundo], e o resultado é que ficou tudo igual", afirma Marcio Kogan, um dos mais premiados arquitetos brasileiros.

Como os rituais se repetem --as colossais bandeiras desdobradas na grama impecável, os times e os árbitros entrando juntos, os 90 segundos para a execução dos hinos, a contagem regressiva nos telões--, antes que a bola comece a rolar a impressão é que vamos ver, mais uma vez, a reprise de um espetáculo já apresentado no mesmo teatro.

Não por acaso. Dona do maior evento esportivo do planeta, ao lado dos Jogos Olímpicos, a Fifa preparou dois longos e minuciosos regulamentos, com um total de 205 páginas, para que absolutamente nada escape do figurino padrão do evento.

Antes de mais nada, os gramados devem ter precisamente 105 metros de comprimento por 68 metros de largura, embora a primeira das 17 regras do jogo seja mais flexível ao fixar suas dimensões.
Dada a rigidez, viraram quadras, como as de tênis e basquete. Nos dois círculos de arquibancadas, os assentos coloridos, inquebráveis e à prova de fogo, precisam manter uma distância de 85 centímetros entre os encostos, equivalente às poltronas dos aviões na classe econômica.

Menos vistos nas transmissões, os espaços entre os círculos abrigam as chamadas áreas de hospitalidade, ocupadas por patrocinadores, com setores VIP e VVIP (um nível acima), além da tribuna de honra.
São necessários nesses setores assentos mais largos e confortáveis, "escolhidos com grande cuidado", visibilidade completa e um serviço de refeições "cinco estrelas" para que os anfitriões "possam impressionar seus convidados", segundo os mesmos regulamentos.

O público também não percebe, salvo em imagens de relance, os detalhes dos vestiários. Mas é tudo estabelecido com minúcias: número de banheiros, chuveiros, tomadas, geladeiras e até secadores de cabelo (dois para os jogadores, um para os árbitros).

Sem dúvida, os estádios da Copa --do mesmo modo que os principais palcos de competições internacionais, incluindo os do Brasil-- tornaram-se mais confortáveis, funcionais e seguros. Mas perderam sua alma.

Não se trata de saudosismo, e sim de uma constatação: dentro deles, ninguém se sente na Rússia. São ambientes tão globalizados como os anúncios onipresentes, que podem estar grafados em inglês, chinês ou cirílico.

Compram-se nas máquinas automáticas chocolates americanos. Quiosques com funcionários vestidos de vermelho vendem um único refrigerante, uma única marca de cerveja, uma única água mineral. Aceita-se pagamento com cartão de crédito, desde que ele seja da bandeira patrocinadora do Mundial. A conta virá convertida em dólar.

"Estádios de Copa do Mundo deveriam servir para ser expressão da cultura do país que a sedia, mostrando a dimensão física e humana do seu território", afirma o arquiteto Mauro Munhoz, um dos responsáveis pelo projeto do Museu do Futebol de São Paulo. "O que eles têm a ver com a Rússia? Poderiam estar em qualquer lugar do mundo."

O embaixador André Corrêa do Lago, membro do comitê de arquitetura e design do MoMA de Nova York, levanta a hipótese de que as exigências da Fifa, aumentando o custo das obras, desestimularam as construtoras a contratar arquitetos melhores e mais ousados. Estima-se que tenham sido gastos cerca de R$ 15 bilhões com os estádios.

"Aeroportos, centros de convenções, hotéis e outros equipamentos urbanos também ficaram muito parecidos em todo o mundo por terem que seguir padrões e expectativas internacionais", diz Corrêa do Lago.

"É um desafio interessante para os arquitetos: como lidar com essas restrições e mesmo assim serem criativos."

Nas suas determinações às entidades filiadas, a Fifa defende a tese de que estádios têm que servir para as atuais e as próximas gerações de torcedores, o que justificaria seus intermináveis critérios de padronização.
Parece inevitável, porém, que algumas das arenas russas virem elefantes brancos, como aconteceu no Brasil e na África do Sul, ou se tornem obsoletas no futuro.

É o que se pode constatar em uma curiosa exposição sobre a história dos estádios soviéticos e russos aberta no Museu Schusev de Arquitetura, em Moscou.

"Na Rússia e em outros lugares do mundo se pergunta a mesma coisa: o que fazer com as velhas arenas?", escreve o arquiteto russo Eduard Akopian no livro de apresentação da mostra, da qual é o curador.

"Lugares legendários como o Maracanã e Wembley foram quase completamente destruídos, por força das atuais diretrizes no futebol. Até quando os novos estádios vão ser considerados relevantes? Talvez não por tanto tempo assim."
O custo dos estádios

Estádio Lujniki
R$ 1,39 bilhão
Estádio Spartak
R$ 1,09 bilhão
Arena Rostov
R$ 1,15 bilhão
Arena Samara
R$ 1,05 bilhão
Estádio Olímpico Fisht
R$ 1,59 bilhão
Estádio Kaliningrado
R$ 1 bilhão
Estádio São Petersburgo
R$ 2,42 bilhões
Arena Mordovia
R$ 1,1 bilhão
Estádio Nijni Novgorod
R$ 941 milhões
Arena Volgogrado
R$ 941 milhões
Arena Iekaterinburgo
R$ 738 milhões
Arena Kazan
R$ 1,14 bilhão

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O padrão FIFA definitivamente não tem limite
 
Essa padronização exacerbada é triste demais mesmo. O pior para mim é a perda de criatividade no design externo dos estádios e, principalmente, as dimensões rígidas do gramado, porque as variações interferem na forma de jogar das equipes, na estratégia, e isso sempre fez parte do futebol.
 
O gramado até dá pra relevar, pois pelo menos ali é fundamental ter uma padronização, o que minimiza a eterna necessidade de se fazer reconhecimento de campo para se ambientar com dimensões diferentes, mas o lado interno do estádio ser praticamente tudo igual acho exagero.

Até parece que o ambiente interno de estádio de futebol é rigorosamente igual a uma sala de teatro, onde ele precisa que a posição do holofote esteja numa determinada altura e ângulo para não prejudicar uma determinada cena e a distância do teto ao chão tenha que ter uma distância mínima pra não prejudicar a acústica. Pra quem joga bola o que importa é o que acontece somente no gramado e nada mais.
 
Mas o reconhecimento de campo continua. E continua importante porque não são só as dimensões, mas também o tipo da grama, o tamanho, a umidade, se foi plantada recentemente ou não, tudo interfere. E eu gosto disso. Não acho que as dimensões deveriam ser livres, mas gosto daquele mínimo e máximo, que tornam um jogo na Vila Belmiro e no Couto Pereira tão diferentes.
 
No caso dos nossos campeonatos regionais, brasileiro e sulamericanos reconhecimento faz toda a diferença, mas no caso específico da Copa que eu me referia como a FIFA está padronizando tudo nos mínimos detalhes, chega uma hora que isso é só um mero protocolo.

Não tenho a menor dúvida que na próxima copa no Catar, todos os estádios internamente estarão ainda mais idênticos em temperatura, umidade, etc por causa do enorme calor que faz lá.
 
No caso dos nossos campeonatos regionais, brasileiro e sulamericanos reconhecimento faz toda a diferença, mas no caso específico da Copa que eu me referia como a FIFA está padronizando tudo nos mínimos detalhes, chega uma hora que isso é só um mero protocolo.

Não tenho a menor dúvida que na próxima copa no Catar, todos os estádios internamente estarão ainda mais idênticos em temperatura, umidade, etc por causa do enorme calor que faz lá.
Inclusive estão até cogitando, excepcionalmente, fazer a copa de 2022 no inverno né? Problema é o calendário europeu.

EDIT. "Cogitando" nada, parece que está confirmado. Notícia antiga, mas não achei nada em contrário: https://www.otempo.com.br/superfc/f...ante-inverno-e-final-antes-do-natal-1.1011373 Até porque, no verão as temperaturas chegam a nada menos que CINQUENTA ºC, nem tem como ser diferente.
 
É isso mesmo. Vamos pelo menos uma vez na vida, aqui no Brasil viver uma Copa em clima de verão e europeus que passem frio assistindo :lol:
 

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