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Essays - Artigos sobre Anime e mangá

Primula

Moda, mediana, média...
OK, isto foi por causa do tópico Shoujo. Depois procurei no Google, e os sites em português pecam (e muito) em explicar as coisas.

Vamos começar com Matt Thorn e os artigos sobre shoujo que ele escreveu. (originais em http://www.matt-thorn.com/shoujo_manga/)

Shoujo Manga - algo para as garotas disse:
Shoujo Manga
O artigo a seguir foi escrito para a edição de Julho-Setembro de 2001 (vol. 48, no. 3) do agora extinto jornal, The Japan Quartely.

Shôjo Manga—Something for the Girls

A estória começa com um garoto de 13 anos chamado Thomas, abrindo caminho por um campo de neve de manhã bem cedo. No meio de uma passarela que atravessava 40 pés acima de uma ferrovia, ele pausa no final da cerca de arame, olha pra baixo com uma expressão que é ao mesmo tempo, calma, triste e determinada. Ele salta da estreita ponte de aço, e quando ele cai sobre a neve do último inverno, ele chama um nome: "Juli". Dois dias depois, Juli, um menino mais velho, volta para a escola no final das férias de inverno e se depara com a notícia da morte "acidental" de Thomas e encontra uma carta - a última de várias - que Thomas enviou para ele naquela fatídica manhã de neve. A carta é breve, escrita num tom de convicção: "Para Juli, uma última vez. Este é o meu amor. Este é o som de meu coração. Decerto você pode entender." Tôma no Shinzô (O Coração de Thomas) foi criado em 1974 pela artista Hagio Moto, como uma estória de amor serializada, de dois meninos em uma colégio interno, de um universo que lembra vagamente a Alemanha do século XX. Ele permanece entre os favoritos da crítica, agora um clássico de um gênero de estórias ilustradas conhecido por "shoujo manga" (quadrinhos para garotas). Também foi o trabalho que me fisgou para o mudo do shoujo manga, mais de uma década após sua primeira publicação, influenciando-me a ponto de fazer carreira no estudo de manga (e "arte sequencial" em geral) como um antropologista cultural.

Revistas e livros mangá representam mais de um terço das vendas (e quase um quarto da receita bruta) de todas as publicações no Japão. Em 2000, mais de 1.5 bilhões de revistas e livros mangá foram vendidos, com receita bruta totalizando ¥523 bilhões. Muitas destas vendas foram de shoujo manga. Estritamente falando, o termo shoujo manga refere-se somente aqueles mangas direcionados para garotas com menos de 18 anos, porém frequentemente - como neste artigo - é usado como referencia a todos os mangas orientados ao público feminino. Eu estimo que mais de metade de todas as mulheres japonesas com menos de 40 anos e mais de 3/4 das adolescentes leem manga com certa regularidade. Em qualquer momento há mais de 100 revistas do genero em circulação, tendo como alvo leitoras de diferentes faixas etárias e gostos específicos. Eles entopem as prateleiras de livrarias de esquina, e competem por espaço com os vários mangás orientados para o publico masculino, nas estantes de lojas de conveniencia. O best-seller destas revistas, Ribbon (publicado por Shueisha) possui uma circulação mensão de mais ou menos 1 milhão de cópias. Quase todos os artistas que criam shoujo manga são mulheres, e as de maior sucesso, como a criadora de Sailor Moon, Naoko Takeuchi, são multimilionárias.

Leitores casuais ou de primeira viagem de shoujo mangá, podem achá-los confusos. Os layouts das páginas são dinâmicos e os cenários de fundo são frequentemente dominados por formas nebulosas e padrões que não pareceriam fora de lugar em uma pintura expressionista. Ainda considerando a cacofonia visual (que é de fato bem estrutrurado e facilmente compreendida por leitores experientes), parece retratar tão somente diálogos. Isto começa a fazer sentido uma vez que você compreenda que o foco do shoujo manga, é antes de tudo e principalmente sobre relacionamentos entre as pessoas, que são - é claro - desenvolvidos e mantidos (ou arruinados) primariamente através do diálogo. A maioria dos shoujo manga centra-se no romance heterossexual, mas como o tema do amor-por-pessoa-do-mesmo-sexo de O Coração de Thomas sugere, este não é de forma alguma um elemento obrigatório.

Ao contrário dos mangas para meninos e homens, que tende a girar em torno de ação ou humor, shoujo manga são intensamente pessoais por natureza. O Artista tenta comover seus leitores, e seus leitores querem ser comovidos. Porém se um determinado trabalho faz um "clique" em um leitor em particular depende de uma miríade de fatores, onde o mais importante de todos são as experiências e personalidade daquele leitor.

Mas quando um trabalho em particular e um leitor em específico entram em sintonia, esse "clique" pode se tornar uma explosão, resultando em inspiração e até mesmo catarse. Uma amiga japonesa em torno dos 30 anos costumava apreciar mangas de aventura quando criança, mas não lê mangá por anos. Seu interesse foi renovado por uma conversa que tivemos, e quando emprestei-lhe uma cópia de O Coração de Thomas. Na segunda vez que vi minha amiga, ela deu-me uma carta. O Coração de Thomas, ela escreveu, ressoou com sua própria experiência a um nível agonizante. Como Juli, ela havia sido sexualmente violentada quando criança, e cresceu com o sentimento que não merecia ser amada. Lendo a estória trouxe à tona sentimentos que ela reprimira por 2 décadas, e permitiu a ela olhara para um relacionamento que tinha chegado ao fim, sob nova ótica. Ela tornou-se determinada a ser mais aberta aos outros, e a aceitar o amor dos outros. Claramente, a leitura de O Coração de Thomas foi uma experiência catártica para ela, apesar de dolorosa, e ela estava grata por isso. As experiências desta mulher foram extremas, mas eu já ouvir variações menos estarrecedoras sobre este tema em inúmeras conversas que tive com vários leitores ao longo dos últimos doze anos.

Shoujo manga através dos tempos.

As raízes do manga (shoujo e shounen) podem ser traçados nas primeiras revistas para crianças - para meninos e meninas - que começaram a aparecer no final do século XIX, refletindo os esforços da Era Meiji para encorajar o hábito de leitura. Em 1902, Shoujo kai (Mundo das Garotas) foi publicado pela primeira vez, e as revisas para crianças começaram a se subdividir, assim como a educação em si, ao longo de linhas separando os gêneros. Na maioria das revistas pré-guerra, os mangas tinham umas poucas páginas e manga para crianças eram em sua maioria produto não-entusiástico de aprendizes de cartonistas estabelecidos que viam manga para crianças como um degrau no caminho para a "arte legítima" dos quatrinhos, do tipo que aparecia nos jornais e outras publicações para adultos.

Enquanto o manga apelava para o público jovem, as crianças mais velhas foram atraídas pelas excitantes novelas em série, acompanhadas de ilustrações diferentes, que eram a peça central das revistas para crianças do dia. Estas novelas e ilustrações eventualmente influenciariam o futuro dos manga para crianças, mas não antes da censura e do racionamento de papel por conta da II Guerra Mundial devastar o campo das revistas para crianças.

Após a guerra, os editores em Osaka viram uma oportunidade em competir com os debilitados editores de Toquio, pelas crianças que tinham alguns ienes para gastar com entretenimento. Usando papel barato e reciclado, eles foram capazes de produzir livros baratos de manga conhecidos como akahon (livros vermelhos) por causa da tinta vermelha que era usada em conjunto com a tinta preta para dar um efeito dicromático. A maioria era bem simples, mas um jovem artista, Osamu Tezujka, viu o potencial em usar estes livros relativamente grossos (normalmente 100 páginas ou mais) para uma nova forma de expressão em manga. Mantendo-se fiel ao estilo "cartoon" dos primeiros manga para crianças, Tezuka incorporou efeitos pseudo-cinemáticos - Walt Disney e filmes Europeus estavam entre suas maiores influências - para criar estórias épicas em mangas que refletiam a sofisticação da ficção em série e ilustrações infantis. O resultado foi um genero completamente novo que ele chamou de "manga de estória", e que desenvolveu até tornar-se um artigo de consumo essencial das ressuscitadas revistas para crianças, que floresceream em 1950.

A despeito de tal inovação, no entanto, "mangas de estoria" com publico alvo adolescente feminino falharam em cativar grandes audiências por toda a década de 1950. Cartunistas homens (havia muito poucas artistas mulheres) pareciam ser totalmente incapazes de imaginar uma heroína que não tivesse menos de 13 anos e totalmente passiva, e a maioria das estórias era sobre tragédias que (mantendo a aparente tradição mundial daquele tempo) envolvendo mães. As heroínas eram sempre esparadas de suas mães biológicas, pela morte ou outras circunstâncias, e frequentemente também sofriam abusos ou negligência de cruéis madrastas sem coração. Elas tinham de superar misérias pacientemente esperando alguém - normalmente um jovem gentil e atraente - que viesse em seu auxílio. Já que tanto a heroína e a provável leitora eram crianças, romance fora deste tipo puritano estava fora de questão. Onde era permitido romance em estórias distantes no espaço-tempo - no antigo Egito, por exemplo - ou apresentado como fantasia, como A Princesa e o Cavaleiro (Ribbon no Kishi, Princess Knight 1953-1956) de Tezuka Osamu. As heroínas destas estórias, no entanto, não eram do tipo com que as leitoras podiam se identificar facilmente.

Mais atraentes para garotas mais velhas eram as revistas para adolescentes do tipo Himawari (Girassol) e Junior Soleil, ambas editadas e ilustradas pelo multitalentoso Nakahara Jun-ichi. Através de seus artigos, ensaios e ilustrações maravilhosas (que continuam impressionantes mesmo meio século depois), Nakahara ilustrou um estilo de vida ideal (mas impossível de realizar) para a adolescente japonesa que sobreviveu à guerra, contra o cal o genero de manga de estória ainda muito infantil não podia ter esperanças em competir. Mas entre as leitoras de Nakahara estavam futuras artistas que eventualmente aplicariam sua visão e senso estético para um tipo totalmente novo de shoujo manga.

A mídia japonesa pós-guerra tornou-se cada vez mais visual em sua orientação, e em nenhum lugar isto foi manifestado de forma mais poderosa e literal que na nova mídia televisiva. Tendo raízes no final da década de 1950, e espalhando-se selvagemente no começo da década de 1960, a televisão estabeleceu o passo para um novo Japão, e o passo era o semanal. Revistas que sempre foram mensais ou quinzenais, subitamente pareciam lentas de forma enlouquecedora. Novas revistas semanais para adultos foram criadas com enorme sucesso, e editores tentaram a fórmula com revistas para crianças. Revistas para meninos semanais surgiram pela primeira vez em 1959, e em 1963 a primeira revista semanal para garotas surgia: o Shoujo Friend da Kodansha e Margaret da Shueisha.

Garotas comuns como heroínas

O que realmente fez a nova revista semanal para crianças vender, no entanto, foi um aumento do número de páginas para o mangá de estórias. Houve demanda por novos artistas para que produzissem um volume cada vez maior de mangas de estórias, e jovens artistas mulheres, algumas ainda no colegial, começaram a tatear no campo dominado por homens. Uma delas, Nishitani Yoshiko, foi a primeira a tomar o que agora parecer ser o passo óbvio e inevitável, ao criar estórias nas quais as heroínas eram garotas adolescentes japonesas - personagens que dividiam uma enorme semelhança com as esbeltas e estilosas garotas desenhadas por Nakahara em suas revistas de moda! - e onde romance, originalmente um tabu nas revistas para crianças, era um tema proeminente. As heroínas de Nishitane eram diferentes das heroínas maduras em locais exóticos que figuraram em alguns shoujo mangas. As garotas adolescentes japonesas comuns finalmente viam-se retratadas no shoujo manga de Nishitani, e uma nova audiência nascia. Romances locados na escola, onde Nishitani foi pioneira, tais como Remon to Sakuranbo (Limão e Cereja), foram os precursores das estórias desenhadas pela maioria das artistas de shoujo manga de hoje. E enquanto aquelas artistas não se dão conta disto, os personagens que elas desenham são descendentes diretos das figuras esbeltas e jovens das ilustrações de moda de Jun´ichi Nakahara, que por sua vez foram influenciadas pelas ilustrações pré-guerra da Art Déco e Art Nouveau.

O final da década de 1960 e começo de 1970 afetou o Japão assim como o resto do mundo. A jovem e dinâmica contracultura cresceu e firmou sua influência em cada aspecto da sociedade, inclusive a mídia. Ao mesmo tempo, alimentado por um crescente aumento da faixa de leitores, um genuíno boom de manga tomou lugar, e as poucas gotas de jovens artistas mulheres, tornou-se uma torrente. Enquanto várias delas imitavam os romances de escola de Nishitani, outros começaram a explorar temas e conteúdos nunca antes tentados em shoujo manga. Estas pioneiras ficaram conhecidas coletivamente como Nijuuyonen Gumi (Grupo do ano 24), porque várias delas nasceram no ano 24 da era Showa (1949). Apesar de não haver qualquer tipo de "associação" oficial, 3 artistas são sempre incluidas na lista das "49s": A criadora de O Coração de Thomas, Moto Hagio, Keiko Takemiya e Yumiko Ooshima. Takemiya criou uma enorme controvérsia em 1976 com seu Kaze to Ki no Uta (A canção do vento e da floresta), que começa com o retrato de dois rapazes na cama, nús e suados, enrodilhados um ao outro e escassamente cobertos por umo único lençol branco. Ooshima lidou com gravidez na adolescência, e aborto, em sua estória curta "Tanjou" (Nascimento), e criou um complexo triângulo amoroso alegórico, envolvendo um menino que é transformado em garota por causa de um estranho acidente em seu trabalho de 1973 Joka e (Para o Coringa). Outras artistas frequentemente batizadas de 49s são Ryouko Yamagishi (Arabesque, 1971-1975), MInori Kimura ("Mamoru-kun ga Shinda" [Mamoru morreu], 1970) e Toshie Kihara ("Mari to Shingo" [Mari e Shingo], 1977).

Vale quase tudo

Quase tudo era agora possivel em shoujo manga, desde ficção científica, fantasia e alegoria, ao horror, e dramas históricos. Shoujo manga começava não apenas a ganhar uma ampla audiência, mas pela primeira vez, aclamação da crítica literária também. Antes alvo de zombaria, shoujo manga era agora visto como um fio divisor, e era lido e discutido por estudantes de faculdade de ambos os sexos.

O genero de shoujo manga explodiu de forma definitiva na consciência popular em 1972, com o enorme sucesso de Riyoko Ikeda: Berusaiyu no Bara (Rosa de Versailhes), que descreve a estória de uma mulher, Oscar, criada para se comportar e se vestir como um homem. Capitã da armada francesa, Oscar consegue atrair o interesse romântico tanto de André (um homem que é um subordinado na unidade que ela comanda, assim como amigo de infância), e de Maria Antonieta, a quem serve como guarda costa pessoal. Uma adaptação musical da Rosa de Versailhes, criada pelo elenco todo composto de mulheres de Takarazuka Revue permanece um sucesso perene de público.

Apesar das estórias de shoujo mangas serem normalmente muito mais curtas que várias de suas contrapartes shounen (estórias para meninos que duram normalmente anos), temos três notáveis excessões, todas começando nos anos 1970s. O conto de Suzue Miuchi, sobre a jovem aspirante a atriz Maya Kitajima, Garasu no Kamen (A máscara de vidro), que começou em 1976. Oke no Monsho (O Hierógrifo Real) de Chieko Hosokawa, que começou no mesmo ano e descreve as aventuras de uma garota americana de 16 anos, Carol, que foi transportada para o antigo Egito pela maldição de uma múmia. E em 1979, Mineo Maya, um dos poucos artistas homens do gênero, começou Patlliro, uma comédia pastelão sobre o menino-rei de um pequeno país que tem um fetiche por jovens rapazes. Todas as três estórias continuam até hoje.

À media que a década de 1970 acabava, no entanto, a contracultura perdeu seu momento, e as pessoas mais jovens tornaram-se mais introspectivas, resultando no equivalente japonês do que os americanos chamam de "minha década". O estilo Nishitani, de comédias românticas reafirmou-se com força, mas agora tinha informações de uma década de experimentações e uma década de revolução social. Artistas como A-ko Mutsu ("Tasogaredoki ni mitsuketano" [Eu achei no crepúsculo],1974), Yumiko Tabuchi (Ringo Monogatari [Estória da Maçã], 1977) Hideko Tachikake ("Milky Way", 1976) e Mariko Iwadate ("Hatsukoi Jidai" [A época do primeiro amor], 1975) afastaram-se da experimentação formal e começaram a concentrar-se em identidades individuais e relacionamentos humanos. Seus trabalhos foram categorizados como "otomechikku" (sobre garotas ingênuas), porque eles eram pesadamente infundidos em uma atmosfera sonhadora, da feminilidade de 1970 caracterizada por vestidos frufrus, bonés de sol, chás de ervas e casas vitorianas.

"Agarrar o rapaz" era ainda a preocupação central, mas mais importante agora era o crescimento psicológico da heroína. "Encontrar a si mesma" era um tema novo, e não era somente o protagonista da ficção, mas suas leitoras da vida-real quem também "encontravam a si mesmas" nas páginas do shoujo manga. Os críticos masculinos fugiram do shoujo manga, e o genero gradualmente voltou, de certo meodo, para suas proprietárias de direito: as garotas adolescentes.

Enquanto tudo isto acontecia, os formatos do manga também se transformavam. Era costume de um manga ser publicado uma vez e depois nunca mais, mas em 1970, os tomos de manga começaram a surgir em quantidade. Depois da série terminar, antologias delas foram compiladas e publicadas em volume único. Este novo formato não apenas mostrou-se popular: ele tornou-se a "raison d´être" (razão de ser) da publicação de mangas. Editores sempre ganharam seu lucro na publicidade e nas vendas de revistas, mas agora eles voltavam-se inteiramente aos volumes de capa mole e dura, e as revistas foram transformadas em elaborados anúncios destes livros. Literalmente, nenhuma das revistas de manga recordistas de vendas obtém lucro, e nem espera-se isso delas.

O novo formato provou ser especialmente bem feito para o shoujo manga - mais do que os mangas de suspense ou de ação dos meninos - pois tinham como ponto chave a re-leitura. Uma vez que as leituras crescem e mudam, a releitura de suas estórias favoritas revelava novos elementos que não tinham sido percebidos antes. Uma leitora identifica sua série favorita e então compra e guarda coleções de volumes, acenando para as lojas seu próprio sentido de identidade. Desta forma, o manga torna-se parte da autobiografia da leitora.

Por outro lado, o passo vertiginoso de publicação semanal provou ser totalmente ruim para o shoujo manga. Dramas epicos como Rosa de Versailhes e estórias esporticas como o épico de tenis de Sumika Yamamoto Eesu o nerae! [Mire no Ace!] funcionaram bem nas semanais, mas a maioria dos mangas focam em relacionamentos, sentimentos e temperamentos, ao invés de ações, e estes exigem tratamento mais meticuloso que 16 páginas semanais de um Shoujo Friend ou Margaret podia oferecer. Semanais foram transformados em bisemanais e eventualmente somente as mensais e quinzenais permaneceram.

Outro ramo no qual o shoujo manga foi publicado estava também intimamente conectado à natureza do gênero. Porque as leitoras procuravam por trabalhos que conectassem-se a elas pessoalmente, elas não ficavam contentes em simplesmente ler o que todo mundo estava lendo. Como resultado, o shoujo manga tornou-se um nicho cada vez mais orientado. O número de revistas aumentou, mas a circulação de cada uma decaiu, pois o nicho de leitores dispersou-se. Por exemplo, a revista entre as 10 mais vendidas, Bessatsu Maagaretto (Edição especial Margaret) fixou-se estritamente ao romance heterossexual baseado em ambiente escolar. Juné e outras revistas, por outro lado, focaram exclusivamente no tema "amor entre rapazes". Wings foi criada para fãs de ficção científica e fantasia. Contratando a isso, o grosso de leitores masculinos girava em torno de só 3 revistas semanais: Jump, Magazine e Sunday. Os meninos concentram-se em colunas verticais (de hierarquia), todos lendo praticamente o mesmo manga, enquanto que as meninas espalham-se na horizontal, cada uma procurando um manga que melhor se adapta a sua própria personalidade.

Nos anos 1980, os artistas mantiveram o foco na identidade e relacionamentos, mas livraram-se dos rendados piegas. Um dos artistas mais influentes desta década foi Taku Tsumugi, que combinou um realismo quase documentário e a seguiu pela linha do fluxo-da-consciência, para contar estórias com um estilo de desenho extremamente refinado que fez uso sem precedentes da "luz", espaço branco e fluidez de layout de paginas. O seu - agora clássico - sucesso Hot Road (1986) é a estória de Kazuki, uma colegial que envolve-se com um membro da bosozoku (gangue de motoqueiros esquentados). Apesar de algumas leitoras rejeitarem o trabalho de Tsumugi por acharem que era uma glorificação do narcisismo, Hot Road é um dos raros trabalhos que permanece como um dos favoritos entre as adolescentes que são ainda jovens demais para ler trabalhos em série, um feito extraordinário no universo em contante mutação do manga moderno.

Manga magazines geared at adult women also began to appear in the 1980s, and after a shaky start (early "ladies comics" were ridiculed as porn for frustrated housewives and office ladies) have blossomed into a healthy and diverse genre, as magazines such as Shueisha's Chorus and Young You consistently produce high-quality and critically-acclaimed work. A current popular and critical favorite is Anno Moyoko's Happy Mania, whose heroine, Shigeta Kayoko, has the problematic habit of sleeping with practically every man she meets. Although this heroine is extreme, shôjo manga (including those geared at teens) today tend to reflect increasingly casual attitudes about sex and a cynical-yet-not-entirely-hopeless attitude about romantic relationships in general. Such trends can be interpreted negatively, but they canalso be seen as an indication that teens and young women have no qualms about pursuing their own pleasure, and approach romantic relationships more cautiously and with more realistic expectations than did their predecessors.

Sales of manga peaked after the collapse of the bubble economy of the 1980s, registering a total of ¥586 billion in 1995. But recessionpersists after more than a decade, and consumers are more cautious. Although the percentage occupied by manga of all publications sold remains constant, overall sales of print publications are in gradual decline. Manga magazine sales in particular are unstable, and since magazines are required to popularize manga sold in paperback, publishers are panicking. New magazines appear every month, and those that fail to sell well immediately (which is to say most) are shut down after just a few issues.

Selling manga magazines to girls and women is especially tricky. Because they are particular in their tastes, they prefer to buy a paperback by a favorite artist (which they can keep and reread) rather than spend money on a magazine that includes stories they are not interested in, and which they will throw out anyway. Add to this the fact that girls and women have many other things they want to spend money on (including fashion magazines) and the frugality required in the current economic climate, and you can see why so "tachiyomi" (reading a magazine or book in the store without buying it) is a disproportionately female sin.

imageUnsurprisingly, the times are reflected in the content of shôjo manga. One of the biggest hits in recent years is Kamiyo Yoko's Hana yori Dango, ("BoysBefore Flowers"), the tale of working-class teen Makino Tsukushi, who finds herself the center of attention in a group of handsome and fabulously rich teenaged boys. These and other poor-girl-meets-rich boy manga can be seen as a reflection of anxiety in a time when young women face uncertain job prospects and blatant discrimination in the workplace.

Shôjo manga, like manga in general, are in a delicate time. Although the first "manga generation" that grew up with the manga weeklies of the 1960s and 1970s was—and remains—passionately loyal to manga, young readers today take the medium for granted. Whereas manga reading was once the favorite way to kill time on the train or subway, today you see more young people using their cell phones to do e-mail and surf the Net while commuting. Publishers, striving to increase sales with more sex and violence, have abandoned the crucial pre-adolescent "entry market," while makers of video games have lured that same demographic away. The long recession and newmedia are certainly major factors in waning sales, but it could be that the editorial control of shôjo manga is helping drag the genre down. In the 1970s, women artists took over the genre in a silent yet dramatic revolution. But the editorial offices of manga publishers are still run, for the most part, by middle-aged men. Perhaps what is needed now is another fresh infusion of young women, this time into top editorial positions.
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Readers interested in seeing some examples of shojo manga in English by such artists as Hagio Moto, Yoshida Akimi (Banana Fish, 1985), Nishi Keiko (Love Song, 1993), Ueda Miwa (Peach Girl, 1997), Watase Yu (Fushigi Yugi, 1992), CLAMP (Clover, 1997) and Takeuchi Naoko (SailorMoon, 1992) can find them through the Internet from such publishers as Viz and TokyoPop.

©Matt Thorn 2004
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Matt Thorn (matt@matt-thorn.com)
Cultural Anthropologist
Associate Professor
Faculty of Manga
School of Manga Production
Kyoto Seika University
 
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