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Notícias Escritora é banida de feira por linguajar inadequado; editora cita censura

Fúria da cidade

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Escritora Luisa Geisler é excluída de feira no interior do Rio Grande do Sul Imagem: Reprodução/Rodrigo Mendoza/Instagram

A Companhia das Letras reagiu à exclusão da escritora Luisa Geisler da 15ª Edição da Feira do Livro de Nova Hartz, que acontece entre os dias 27 e 30 de novembro, no interior do Rio Grande do Sul.
Um funcionário da prefeitura municipal, que apoia a organização do evento, teria alegado por telefone que seu último livro "Enfim, capivaras", voltado ao público jovem, continha palavrões ou "linguajar inadequado".

No Twitter, a Companhia das Letras declarou o seu apoio à escritora e classificou o ato da prefeitura como "censura".

"A Editora Seguinte, selo jovem do Grupo Companhia das Letras, repudia qualquer tipo de censura e, diante de uma situação como essa, gostaria de declarar todo o seu apoio a Luisa Geisler, autora duas vezes vencedora do Prêmio Sesc de Literatura, Prêmio Machado de Assis, semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura e duas vezes finalista do Jabuti", diz trecho do comunicado.

Ao UOL, a assessoria da prefeitura de Nova Hartz (RS) informou que a produtora Simples Assim, que organiza a feira, teve que fazer "ajustes nos valores e readequações", mas não soube explicar em que circunstâncias houve a exclusão da escritora, nem confirmou a ligação do funcionário.

A reportagem também tentou contato com a empresa responsável pelo evento, mas não obteve retorno.
"Enfim, capivaras" é o primeiro livro escrito por Luisa Geisler direcionado ao público jovem. A história se passa numa cidadezinha do interior e "explora, através de vários pontos de vista, os relacionamentos entre um grupo de adolescentes e discute diferenças sociais, autodescoberta e, principalmente, a amizade".
No comunicado, a Companhia das Letras diz ainda acreditar que a literatura (e arte em geral) deve ser questionadora e reforça o seu compromisso de nunca subestimar o leitor jovem.

"Publicando obras que retratem as experiências dos adolescentes de forma honesta e que promovam o diálogo — como 'Enfim, capivaras'", completa.
https://entretenimento.uol.com.br/n...linguajar-inadequado-editora-cita-censura.htm

 
No G1 a história está mais completa, inclusive diz quem é o tal do "funcionário da prefeitura" que causou isso tudo:

Vereador elogia retirada do livro de circulação

O vereador Robinson Andrei Bertuol, do Partido Social Cristão (PSC), elogiou, em sessão da Câmara dos Vereadores do dia 11, a secretária de Educação e a diretora da escola da filha pela decisão de tirar o livro de circulação. Segundo ele, a menina, do 6º ano do Ensino Fundamental, teria chegado em casa “aterrorizada” porque o vocabulário usado no livro seria inadequado para a faixa etária dela.

“Como pai, fui à escola e questionei a diretora. Ela disse que tirou de circulação e levaria à Secretaria da Educação”, afirmou, no discurso. “Não vou nem citar as palavras aqui. É coisa de baixo calão. Vocabulário chulo. Me admira ser indicado ao público juvenil.”

No fim, afirmou que contatou o prefeito e soube que “a autora não virá à Feira do Livro por conta desse trabalho”.

“O ouvido das nossas crianças não é privada para entrar qualquer tipo de assunto, qualquer tipo de palavra.”

A 15ª Feira do Livro de Nova Hartz está confirmada e acontece entre 27 e 30 de novembro.


https://g1.globo.com/rs/rio-grande-...ritora-gaucha-e-editora-critica-censura.ghtml
 
Não sei como é o tal livro, mas o linguajar é um dos quesitos avaliados para determinar a indicação etária de filmes, e ninguém acharia que é censura impedir um filme X de passar na Globo às 14h00. Também tem que ver se a tal menina da 6a série estaria dentro do público-alvo do livro (que é para "jovens", e não crianças, pelo que deduzi das matérias). Sei lá. Pode ter sido exagero dos organizadores da feira (temos a tendência de imaginá-los como uns jecas carolas, talvez), e pode ser que estejam fazendo tempestade em copo d'água pra dar visibilidade ao livro e se promover.

Eu, da Luisa Geisler, só lembro que ao traduzir o Flores para Algernon verteu "sick" como "doente", quando era pra ser "enjoo" (causado pela viagem de avião). Mas isso só menciono a título de anedota. Kk.
 
Não sei como é o tal livro, mas o linguajar é um dos quesitos avaliados para determinar a indicação etária de filmes, e ninguém acharia que é censura impedir um filme X de passar na Globo às 14h00. Também tem que ver se a tal menina da 6a série estaria dentro do público-alvo do livro (que é para "jovens", e não crianças, pelo que deduzi das matérias). Sei lá. Pode ter sido exagero dos organizadores da feira (temos a tendência de imaginá-los como uns jecas carolas, talvez), e pode ser que estejam fazendo tempestade em copo d'água pra dar visibilidade ao livro e se promover.

Eu, da Luisa Geisler, só lembro que ao traduzir o Flores para Algernon verteu "sick" como "doente", quando era pra ser "enjoo" (causado pela viagem de avião). Mas isso só menciono a título de anedota. Kk.

Além disso, censura não seria impedir o livro de circular? Se organizo um evento, não tenho o direito de escolher quem vai participar ou não? Apesar de ser besteira o que fizeram, não sei se dá pra dizer que é censura.
 
eu acho que o problema é o precedente. a parte da organização retirar o convite é meio problemática mas ok, é um evento particular, normal que não queiram lidar com a treta causada pelo livro na cidade, e é opção deles lidarem com a treta do convite retirado ao invés da treta de receber autora que escreve palavrão em livro juvenil.

mas aí fica a dúvida: um pai no grito pode decidir o que é adequado para TODAS as crianças? porque o livro foi retirado de circulação¹ depois do chilique do pastor. e agora vocês acham super normal, e entram em discussão semântica sobre o que é censura ou não, mas e quando o pastor chilicar sobre o vocabulário da música que você gosta de ouvir? do filme que você gosta de ver? eu estou falando isso como alguém que escutava faroeste caboclo na rádio e em versos como aquele do general de dez estrelas ouvia um "TRANSAMÉRICA!!" na hora que renato russo cantava "cu na mão", por exemplo. não é como se já não tivéssemos histórico sobre como essa onda puritana pode nos afetar.


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¹ da reportagem no G1: "O vereador Robinson Andrei Bertuol, do Partido Social Cristão (PSC), elogiou, em sessão da Câmara dos Vereadores do dia 11, a secretária de Educação e a diretora da escola da filha pela decisão de tirar o livro de circulação."
 
Gente, entrei agora neste tópico de novo e vi que tinha um "péssimo" que eu supostamente dera à Ana. Só pode ser bug ou sei lá, porque eu não tinha avaliado o comentário dela... Já o removi. Alguém mais já notou coisa semelhante? o_O
 
eu acho que o problema é o precedente. a parte da organização retirar o convite é meio problemática mas ok, é um evento particular, normal que não queiram lidar com a treta causada pelo livro na cidade, e é opção deles lidarem com a treta do convite retirado ao invés da treta de receber autora que escreve palavrão em livro juvenil.

mas aí fica a dúvida: um pai no grito pode decidir o que é adequado para TODAS as crianças? porque o livro foi retirado de circulação¹ depois do chilique do pastor. e agora vocês acham super normal, e entram em discussão semântica sobre o que é censura ou não, mas e quando o pastor chilicar sobre o vocabulário da música que você gosta de ouvir? do filme que você gosta de ver? eu estou falando isso como alguém que escutava faroeste caboclo na rádio e em versos como aquele do general de dez estrelas ouvia um "TRANSAMÉRICA!!" na hora que renato russo cantava "cu na mão", por exemplo. não é como se já não tivéssemos histórico sobre como essa onda puritana pode nos afetar.


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¹ da reportagem no G1: "O vereador Robinson Andrei Bertuol, do Partido Social Cristão (PSC), elogiou, em sessão da Câmara dos Vereadores do dia 11, a secretária de Educação e a diretora da escola da filha pela decisão de tirar o livro de circulação."

Mas aí é problema inclusive da escola e da secretaria de educação, que escutam um pai apenas. No outro dia, uma amiga que dá aula em escola privada teve que escolher outra obra para um dos alunos, porque a mãe reclamou do livro, mas nenhum dos outros pais entrou com ela nessa. A filha também teria chegado em casa reclamando que ficou assustada com a história, que seria de terror. Resultado: minha amiga teve que fazer uma atividade especialmente para essa aluna, mas a obra continuou a mesma para o restante da turma.

Entendo que a escola faz um planejamento com especialistas na área pra decidir esse tipo de coisa. Acho ridícula a atitude de ceder nesse ponto, mas vai saber o que acontece ali. Clientelismo é a alma do brasileiro.
 
Gente, entrei agora neste tópico de novo e vi que tinha um "péssimo" que eu supostamente dera à Ana. Só pode ser bug ou sei lá, porque eu não tinha avaliado o comentário dela... Já o removi. Alguém mais já notou coisa semelhante? o_O
Pois é, no meu perfil aparece que eu ja dei 2 péssimos, mas nunca nem fiz isso... Se eu dei péssimo pra alguém se manifeste pq isso não é de meu feitio.
 
Mas aí é problema inclusive da escola e da secretaria de educação, que escutam um pai apenas. No outro dia, uma amiga que dá aula em escola privada teve que escolher outra obra para um dos alunos, porque a mãe reclamou do livro, mas nenhum dos outros pais entrou com ela nessa. A filha também teria chegado em casa reclamando que ficou assustada com a história, que seria de terror. Resultado: minha amiga teve que fazer uma atividade especialmente para essa aluna, mas a obra continuou a mesma para o restante da turma.

Entendo que a escola faz um planejamento com especialistas na área pra decidir esse tipo de coisa. Acho ridícula a atitude de ceder nesse ponto, mas vai saber o que acontece ali. Clientelismo é a alma do brasileiro.

a parte de ceder é ridícula (eu fico imaginando como é que sua amiga tocou o barco com a atividade, já que provavelmente a ideia seria leitura em grupo para discussão, aí a bo-ni-ta com o livro diferente ficou de fora? é foda, nessas de clientelismo é sempre o professor que se estrepa) poréééém, entra naquela coisa da feira - se é privada, não tem muito o que dizer, a bola é deles, eles jogam como quiserem.

mãs: do que entendi ali da notícia, era uma escola da prefeitura (e aí a secretaria da educação envolvida). não tem cabimento uma escola pública ceder assim, não tem. e o sujeito usar isso para se promover (fazendo elogio em sessão da câmara, etc.) é ainda pior. lembra muito o caso do piti do crivella com a hq com beijo gay, a coisa toda só existiu pra falar com o público dele.


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sobre péssimos: o que pode acontecer é que lendo o tópico no celular, o dedão vai lá na avaliação sem querer (tipo curtir foto antiga de alguém no instagram sem querer hehe). mas de qualquer forma, vou comentar com o deriel sobre isso, até porque tem gente que se ofende de verdade com avaliação negativa e aí pode acabar encrencado com alguém por pouca bosta.
 
Anyways, só pra retomar o tópico: eu não me preocupo em nada que a prefeitura de uma cidadezinha de 20 mil habitantes no interior gaúcho faça esse tipo de coisa, porque não gera nenhum tipo de "precedente", e na real o prejuízo da autora há de ser nulo devido à exposição que terá em razão da treta, muito maior do que a feira lhe daria; tanto que não parece haver nenhum interesse da editora em entrar com recurso administrativo ou judicial (não deve haver fundamento pra isso). E existe ainda a possibilidade — não afirmo que seja o caso, mas não a descarto in limine — de que o livro da Geisler seja mesmo inadequado; embora, vindo de quem veio a queixa, a gente tenha a tendência de achar que é só carolice interiorana. O fato de ela publicá-lo como juvenil não faz dele, automaticamente, adequado ao público. Mas daí é só especulação; não li nem uma vírgula, e o vereador se recusou a mencionar quais seriam as tais palavras de baixo calão. Então sei lá. Só mais uma história para o anedotário de Nova Hartz, suponho. Só que falar em censura é forçação de barra, sim. Pelo que entendi da matéria linkada pela Ana Lovejoy, a prefeitura tinha feito um convite para a Luisa conversar com os alunos e havia adquirido 15 exemplares do livro para circular/distribuir por lá. Ora, a escolha de quem será convidado é estritamente discricionária e o convite pode ser desfeito a qualquer tempo. Também não faz sentido, como a autora reclamou, dizer que haveria censura "porque os livros serão impedidos de circular". Não: apenas os 15 exemplares deixarão de circular por iniciativa da prefeitura. Mas, a depender de como seja a organização da feira, se as banquinhas forem de livrarias/sebos autônomos, como é em Poa, os livros dela poderão estar lá expostos livremente. Não houve qualquer decisão judicial proibindo-os (como o Crivella tentou, sem sucesso).

Só como adendo: eu me preocupo muito mais com censuras stricto sensu como quando proíbem a publicação da biografia da Suzane von Richthofen, por exemplo, mesmo depois que o STF já decidiu que é possível lançar biografias não-autorizadas, porque esta decisão, sim, impede a livre circulação de obras e ideias. Provavelmente vão reverter essa proibição (assim espero).
 
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