Essa coisa da capa eu senti na pele como é: li a edição da Fedra traduzida pelo Millôr, que tinha a Fernanda Montenegro na capa, e passei a peça inteira, inteira e inteirinha escutando e vendo a Fernanda Montenegro nos abismos de minha mente (e ela está com um black power estilosíssimo na capa, ainda por cima
). Outro exemplo é minha edição do Cyrano de Bergerac, traduzida pelo Gullar, que tem o Antônio Fagundes. Mesma coisa, só que pior, visto que o Antônio Fagundes eu acompanhei durante muito tempo nas telenovelas, em especial aquela onde ele era o
the boss de uma favela: aí você imagina a situação. Pois é.
Agora quanto ao cheiro... Identifico alguns livros meus só pelo cheiro, como o meu Ulisses traduzido pelo Houaiss, a Divina Comédia pelo Cristiano Martins, o Retrato do Artista Quando Jovem da Abril Cultural, com um cheiro de remédio, minha coleção do Machado de Assis da Jackson, com um cheiro de mofo do milênio passado...