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[*Erendis*] [Um Brandebuque na Floresta Velha] [L]

Erendis

Master Pretender
Autor: *Erendis*
Gênero: Fantasia
Título: Um Brandebuque na Floresta Velha

Era o ano de 1454 do Registro do Condado e Milo Brandebuque havia acabado de atingir a maioridade. Ele havia sido concebido no ano de 1420 e sendo assim, era um dos mais belos hobbits de que já se teve notícia. Seus cacheados cabelos eram dourados como o sol de uma manhã de primavera. Tinha belos olhos azuis e pele clara e macia. Era forte e alto, como os antigos Cascalvas, mas ainda assim, tinha mais pelos nos pés do que a maioria dos hobbits. Era primo em terceiro grau por parte de pai, do Senhor da Terra dos Buques, o famoso Merry Brandebuque.
Milo sempre havia tido um grande interesse acerca dos relatos dos feitos de seu parente, que haviam se alastrado pelo condado, desde que ele havia voltado de sua grande viagem e ficado conhecido no condado como um dos Viajantes. Claro, ele estava a par dos feitos de Merry e sua liderança na Batalha do Beirágua, mas sua curiosidade somente aumentava, pois não tinha conseguido muitos detalhes acerca da demanda do anel e os que conseguira, não eram lá muito confiáveis.
Resolveu então, que no dia seguinte, iria procurar Merry para lhe pedir que contasse sua história com detalhes e assim fez. Na manhã seguinte, Milo levantou animado e com mais fome do que o normal. Quando chegou à sala de jantar, o desjejum já estava preparado e seus pais já estavam iniciando a refeição, que consistia de chá, pão, queijo, mel, biscoitos e também alguns ovos. Sentou-se à mesa, fez sua refeição mais depressa do que o normal e tendo finalmente acabado o desjejum, se sentindo muito satisfeito, levantou-se, vestiu seu casaco amarelo favorito, pegou uma torta de maçã (o que mais tarde lhe rendeu um belo sermão de sua mãe) e saiu caminhando até a casa de seu parente. Chegando lá bateu à porta, ao que prontamente Merry atendeu e como gostasse muito de seu primo, foi logo dizendo:
- Entre primo, em que posso ajudá-lo? Já fez seu desjejum hoje?
- Oh, sim... mas se me permite, aceitarei tomar o segundo café da manhã com você .Fiz questão de trazer uma deliciosa torta de maçã, feita por minha mãe, a melhor de toda a Terra dos Buques!
- Claro, claro – respondeu Merry e pegou sua chaleira para fazer o novo chá para o segundo café da manhã.
Quando o chá ficou pronto, sentaram-se os dois e puseram-se a comer a torta e a conversar. Milo falou:
- Gostaria que me contasse em detalhes, a história de sua aventura, a demanda do anel... ouço muito falar dela, em relatos ouvidos por outros, mas sei que somente posso confiar na história por sua versão.
E assim, Merry começou seu relato de toda a história:desde a partida do condado, até a volta para casa e a batalha final, no Beirágua. É claro, que ele levou muito mais tempo do que relatado aqui e quando ele acabou de fazer sua narrativa, a lua já ia alta no céu e eles já haviam comido, além da torta de maçã servida por Milo, uma infinidade de outros alimentos, pois como bem se sabe, os hobbits fazem ao menos sete refeições por dia e se tratando de hobbits tão interessados em comida como Milo e Merry, haviam feito inclusive alguns lanches entre uma refeição e outra.
Milo ficou encantando com a história, se interessando em especial, pela narrativa sobre os Ents e sua procura pelas Entesposas e se perguntando porquê os hobbits não haviam ainda enviado notícias a Barbárvore ou mesmo procurado pelas Entesposas nos arredores do condado e na Floresta Velha. Merry respondeu:
- Com todo o tempo que passamos fora e todas as aventuras que tivemos desde que voltamos, nos faltou tempo, para que possamos dar notícias ao velho Barbárvore...
- Quem sabe, eu não poderia ajudar nessa busca? Pois tenho vontade de conhecer o interior da Floresta Velha e tempo é coisa que não me falta, além disso, quero ter minhas próprias aventuras...
Ora, não era comum um hobbit com vontade de viver aventuras, mas Milo, sempre fora diferente, talvez fosse por ter sido concebido naquele ano maravilhoso que havia sido 1420. Agora, ouvindo todas as histórias das viagens de Bilbo e da demanda do anel, sentiu que não podia mais se conformar com sua vidinha pacata no condado e que queria ter suas próprias histórias para contar. Ficou então combinado entre eles, que Merry reuniria todas as informações que pudesse com os outros Viajantes e assim que possível, Milo começaria sua busca.
Depois de reunida toda a informação necessária (com uma grande ajuda do Livro Vermelho) e também alguns mapas, desenhados pelo próprio Merry, a respeito do que poderia ser encontrado na Floresta Velha no verão seguinte, a conselho de Merry, que sabia muito bem o que era passar pela temida floresta no outono, Milo partiu.
Era uma linda manhã de verão e o sol já ia alto no céu, quando ele se foi: passando pelo mesmo buraco na Cerca que havia sido usado pelos Viajantes há vários anos antes e bem notou que, de lá pra cá, a floresta havia avançado muito na direção da Cerca, seja com a intenção de atacá-la novamente ou por que haviam se tornado mais amistosas depois que Mestre Samwise havia recuperado as árvores do condado. Ninguém sabia, mas em seu íntimo, Milo esperava que a segunda opção fosse a correta.
Começou a penetrar na floresta devagar, com o medo já bem encravado em seu coração, mas ao mesmo tempo sentindo uma grande excitação, pensando nas histórias que seriam contadas e nas canções que seriam feitas a seu respeito e assim, foi adiante, passando por árvores de todos os tipos, que aparentemente não estavam tentando barrar seu caminho, como haviam feito com os Viajantes há muitos anos atrás, indo na direção da clareira da fogueira.
Na metade do caminho, começou a sentir a má disposição das árvores, que começavam a se fechar em torno dele e vez por outra, tinha a impressão de que algumas daquelas raízes se erguiam para fazê-lo tropeçar, não conseguindo somente por que ele estava mais atento do que o normal, depois de todas as coisas que Merry havia lhe contado sobre a floresta.
Quando finalmente conseguiu chegar à clareira da fogueira, se impressionou com o que viu. Nenhuma das palavras de Merry ou de seus companheiros o havia preparado para o que ali se encontrava: gigantescos aglomerados de branquíssimas flores de cicuta; compridos galhos de onde se penduravam, nos mais lindos tons de amarelo, as flores da erva-de-fogo, enormes cardos, de folhas em distintos tons de verde e branco e com as flores do violeta mais profundo que ele já havia visto e mais além, também enormes abrunheiros e macieiras, com os frutos enormes e maduros, majestosas cerejeiras em flor e aos seus pés, estava a relva mais verde que ele já havia visto.
Merry havia descrito o lugar como um jardim no meio da floresta, mas aquilo era muito mais do que Milo poderia esperar e ele imaginava que tal transformação havia ocorrido por que, alguns dos grãozinhos da terra da caixa do Mestre Samwise, com certeza deviam ter sido trazidos pelo vento até aquele local, razão esta, que também explicaria o súbito crescimento das árvores.
Resolveu que aquele seria o lugar perfeito para uma refeição e assim, enquanto comia, ficou a admirar a beleza selvagem do lugar, relembrando todas as coisas que Merry tinha falado sobre as Entesposas .De repente, começou a se perguntar se aquilo não seria obra delas, visto que elas gostavam de organizar jardins e essas plantas que agora cresciam sob o sol, teriam gostado de obedecê-las. Rapidamente após ter esse vislumbre, ele se levantou e saiu, a princípio chamando baixinho e timidamente:
- Senhora Fimbrethil?? A dos pés-de-fada? Venho a sua procura, da parte de Barbárvore, Fangorn, como a senhora deve conhecê-lo...
Aumentando o volume do chamado, gradativamente, pois não desejava assustar as outras árvores, aquelas que tinham má disposição contra ele. Sentia muito medo delas e principalmente, tentava manter distância do Velho Salgueiro-homem. Sentia arrepios subindo por suas costas só de pensar nele.
Mas, como já era de se esperar, foi justamente para aquela parte da floresta que ele foi se dirigindo .Seja porque ficou desatento enquanto procurava ou porque a floresta o levou para aqueles lados, ele não sabia, mas o fato é que quando percebeu, estava em meio aos salgueiros, grandes e pequenos, velhos salgueiros de troncos grossos, enrugados e cheios de casca solta e musgo amarelo, galhos enormes e pequenos galhinhos, finos como dedos e todos eles muito folhudos. Aquele frescor da água no dia de verão, o fazia sonhar com o condado novamente. Em meio a esses pensamentos, foi que viu, o Velho Salgueiro-homem, com suas folhas amarelas e cinzas balançando ao vento e conforme o haviam prevenido, ele cantava e aquele canto deixava qualquer um que por ali passasse sonolento e com vontade de se deitar na relva, à sombra do frondoso salgueiro e descansar.
Sabendo que se deitasse por perto do salgueiro, iria acabar pegando no sono e que a árvore, com certeza, tentaria fazer alguma maldade com o hobbit, este se pôs então, não sem muito esforço, a andar pela trilha e chamar pelo velho Tom Bombadil, pois sabia que naquele local, ele havia encontrado os Viajantes e que era seu costume andar por ali durante o verão, por que Fruta D’Ouro ia banhar-se.
Não demorou muito para ver o chapéu gasto, com sua pena azul presa na fita, o casaco azul, as botas amarelas e aquele rosto vermelho, com as longas barbas e aqueles belos olhos azuis claros, tudo conforme os Viajantes haviam descrito.
- Olá, pequeno camarada! Que está a fazer por estas bandas?
- Ooohhh! Senhor Tom Bombadil! É uma longa história, se o senhor me permite...
- Venha, venha, saia logo de perto deste Velho-Salgueiro homem! Vamos até a minha casa, onde Fruta D’Ouro já vai estar com a mesa posta e poderemos conversar sobre o que trás, novamente um dos pequenos até aqui, pois há muito tempo que não vejo um de vocês por aqui, embora soubesse que você estava a caminho...
E lá se foram eles, Tom na frente, sempre cantando e Milo atrás, a cada momento mais encantado com o que via e ouvia. Quando finalmente chegaram até a casa do velho Tom, a mesa estava posta, conforme Tom havia dito que estaria e a bela Fruta D’Ouro cantava.
Comeram alegremente, enquanto Milo contava toda a história, desde quando havia conversado com Merry, da reunião das informações, da partida de Milo e principalmente, sobre o que o hobbit procurava por ali, pois imaginou, que se as Entesposas estavam na Floresta, ou por ali tivessem passado, Tom Bombadil saberia.
- Sim, sim, como meus pequenos amigos já lhe contaram, - falou - Tom está aqui desde o início dos tempos e conhece a triste história de nossos amigos ents, sabe que essas belas criaturas já viveram e ainda, que alguns vivem por aqui, nesta floresta, mas como já foi dito, elas tendem a ficar “arvorescas” e as poucas que ainda estão por aqui, ficaram assim. De fato, há muitos anos atrás, eu vi passarem por aqui as Entesposas, mas sendo a floresta muito antiga e fechada, creio não ser o tipo de lugar em que elas gostam de viver; como você sabe, elas gostam de fazer seus jardins... imagino que fosse mais fácil elas estarem no condado, de onde você vem, mas se lá elas não estão, então creio que elas perderam-se para nunca mais serem encontradas mesmo... – disse Tom tristemente.
Infelizmente, Milo teve que se contentar com essa triste resposta, pois as Entesposas já não existem mais na Terra Média e assim, ficou por um tempo na bela casa do Tom, em sua companhia e de Fruta D’Ouro, ouvindo suas canções e suas histórias a confortar-lhe o coração.
Depois de um tempo, com a ajuda de Tom, retornou para o condado, onde informou aos Viajantes das suas notícias e que deveriam contar ao Barbárvore que as Entesposas realmente haviam se perdido para sempre.
E esse foi o fim de todas as aventuras de Milo Brandebuque.

Escrevi esse conto para participar do concurso Runas de Daeron do Conselho Branco e acabei ganhando uma Menção Honrosa por ele, fiquei tão feliz que resolvi postar ele aqui para apreciação do pessoal... :confete:
 
Que lindo conto, Erendis! Mas um pouco triste...

Coitados dos ents, ficariam muito tristes com a notícia, mas o Milo certamente terá muitas histórias para contar, principalmente por conta de sua estadia na casa do lendário Tom Bombadil e de sua esposa Fruta D'Ouro.

Além disso o conto ficou muito bem escrito, viu! :)

Parabéns!
 

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