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Gostaria de compartilhar mais uma das minhas historias de fantasia. Ela ainda tá incompleta, e eu ainda não tenho muita ideia de como dar continuação a ela.
Autor: Eduardo de Almeida Carvalho (eregion3)
Genero: Fantasia
Titulo: O ultimo reino
Capitulo Um: A proposta
Era um mercenário ambicioso. Queria muitas fortunas conquistar. Não se deixava levar por coisas fúteis como honra e valentia. O que valia para ele era o que podia conquistar e que faria para conseguir isso.
Vagava sozinho pelo mundo. Era apenas acompanhado pela sua espada. Seu coração duro era seu guia na vastidão desconhecida de terra. Procurava riqueza, portanto ia pra onde consegui-la era mais fácil.
O mundo tão pouco conhecia sobre ele, sobre sua história e sobre seus mistérios. Era difícil de pensar como tudo naquela imensidão veio a existir. Bom, pra falar a verdade já ficava cansado só de pensar. Achava melhor deixar as coisas como elas são sem remexer muito. No entanto apesar do seu desconhecimento em grande parte das coisas do mundo, uma sabia ao certo. Tudo hoje não era igual ao passado. Tudo havia mudado há tempos atrás, mudado pra pior. Lembra ainda de quando era criança e seus pais lhe haviam contado isso.
Bem, mas isso pouco importa, não ligava mesmo. O importante era agora chegar ao seu objetivo que era atravessar as montanhas. Já estava bem alto no lado ocidental. Agora era só questão de chegar a passagem que o levaria para o lado oriental. Na planície onde teria negócios a tratar.
O tempo piorava. Ventava forte e começava a nevar. Os flocos caiam rodopiando a sua frente pela estrada e no abismo lá em baixo. Procurando se proteger do vento e da nevasca. Seus pés se arrastavam pelo chão branco. Seria extremamente cansativa a viagem, mas só deus sabe quanto de dinheiro ganharia se atravessasse as montanhas e chegasse ao outro lado.
Enroscou-se na capa e cobriu a cabeça também. Encurvado sobre sob o cair da tempestade avançava. Ia lentamente subindo a trilha sinuosa que ia circundando a encosta da montanha até desaparecer lá bem distante próxima ao pico numa passagem escondida sobre a grande gigante de pedra. Ao lado esquerdo da estrada estava um grande vazio, um abismo que tinha como seu fundo o planalto frio e chuvoso de Farlet.
Fora nas terras de Farlet ha vinte anos atrás que nascera. Muito tempo se passou depois desse fato e com certeza sua vida não era a mesma. A passos lentos fazia mais uma curva na estrada. Ela era ladeada por grandes paredões da montanha cheios agora de neve e em seu meio o abismo quieto e silencioso e mortal. Vento batia nas paredes e fazia uns barulhos esquisitos parecidos com gemidos de fantasmas.
Sentiu um frio na espinha, mas continuou em seus passos lentos. Tremendo de frio saiu daquela curva. Olhou para o céu e viu o sol morrer no horizonte perdido. O dia ia acabando com seu tradicional brilho vermelho. E sentia-se desolado ali naquele lugar gelado e perigoso.
A noite chegava e o frio aumentava. Embrenhava em outra curva agora sob a terrível e escura sombra da montanha. Tinha muito cuidado ao caminhar ali, pois a escuridão era muito grande e podia sem perceber pisar no vazio do abismo e cair para a morte certa.
Sopro gelado do vento continuava batendo e fazendo os sons esquisitos. Apertou-se na sua capa e continuou. Por dentro tremia de medo, assustado com aqueles sons estranhos. Queria logo chegar a passagem e ir para o outro lado da montanha, mas provavelmente ainda faltavam algumas horas de difícil caminhada naquele breu e frio assustador.
No entanto era assim mesmo se quisesse ganhar uma boa grana teria que sofrer aquilo tudo. Terminou mais essa curva e agora seguia por mais uma reta. Nela de um lado estava a parede da montanha e do outro o abismo. Agora ficava mais difícil de andar, pois o chão ficava mais pesado com o grande volume de neve que caia. Toda vez que pisava seu pé afundava no solo fofo branco. Tinha que fazer uma força muito grande pra tira-lo para poder dar mais um passo adiante. Isso o fazia ficar muito cansado. Seus músculos da perna latejavam de dor. Era como se a montanha não quisesse que atravessasse pro outro lado.
Mas não a impediria de chegar ao seu objetivo. Iria para as planícies e conseguiria a grana que tanto almejava. A reta de novo entrava em mais uma curva e depois dela havia mais outra e em seguida a estrada subia em direção a passagem. Finalmente estava quase lá. Terminou aquela curva e foi para a ultima. Vento rugiu mais alto e a tempestade aumentou de novo. Parecia que o céu iria cair em sua cabeça. Agora não consegui enxergar quase nada a sua frente, a maior parte do que via era o branco da neve a sua frente. Ainda assim continuou a passos de tartaruga e por fim venceu a ultima curva.
Só faltava a ladeira que subia rumo à passagem. Ela era longa e íngreme e a trilha estava indistinguível em meio à neve. Por sorte sabia exatamente em que direção devia seguir para chegar a travessia. Com neve até a cintura e as pernas já geladas e dormentes avançou. Trôpego e quase desmaiando chegou à passagem. Ela era uma pequena caverna em linha reta que se estendia até o outro lado da montanha. Perto do desespero entrou nela e fora do alcance da neve deitou se tremendo numa convulsão de frio e procurou dormir. Nem se preocupou em acender o fogo, ficou apenas encolhido na posição fetal e dormiu.
As horas passaram rápidas e o novo dia chegou. A luz entrava tímida pela pelos buracos da caverna e iluminavam apenas parcialmente o seu corpo. Ainda se sentindo cansado acordou. Tirou da mochila o pão da viagem que carregava e comeu um bom pedaço. Levantou e avançou rumo à direção oriental da montanha.
Saiu na abertura oriental. A luz do sol iluminou sua visão. Fazia um dia aberto e sem nuvem nenhuma no céu. A estrada seguia dali descendo em curvas sobre os vales verdes da montanha. Sentia-se aliviado por ter chegado ao outro lado. Parecia que pouco o separava do seu destino final.
Começou a andar pela estrada. Sentia o ar refrescante dos bosques bater em seu rosto. Fazia um confortável calor. Seguia relaxado pela primeira ladeira e dobrava na primeira curva. Entrava agora num grande vale de bosques fechados formado por uma imensa ravina. O caminho ia escavado com os dois lados de barrancos de terra e raízes de arvores.
Continuou tranqüilo e saiu daquele entrou em uma nova ladeira ladeada por uma alameda de carvalhos. A primavera chegava e as flores começavam a desabrochar. Essa era a estação bela do ano. O clima ameno, as flores e as paixões. Era tudo lindo pelo menos era o que ele achava. Entretanto esse momento não era para admirar a paisagem e sim andar. Tinha que chegar a taverna Tronco Velho o quanto antes e para chegar lá tinha que seguir em frente e não ficar olhando belas flores.
Duas horas levou a mais descendo ladeiras e andando por belos vales até chegar as planícies. Ela era de uma grande extensão e se perdia além do horizonte. Dominada por uma pradaria abundante de abetos e bétulas. A estrada por ela agora seguia reta sem nenhuma curva por quilômetros e mais quilômetros. Lá na distancia podia divisar o povoado. Ali devia ficar a taverna Tronco velho.
Seu coração batia mais rápido agora com a possibilidade iminente de realizar o negocio que lhe renderia algumas moedas de ouro. Caminhava levemente feliz. Esperava que o serviço que tivesse que fazer não fosse muito difícil, mas não importava a dificuldade o que realmente importava era ganhar o dinheiro no final.
Mais uma hora de um tranqüilo caminho e chegou ao povoado. Um lugar humilde e pequeno. Tinha apenas umas dez casas e edifícios. Já pro final do vilarejo ficava a taverna Tronco velho. Era uma construção de madeira de três andares, levemente conservada. Deu grande sorriso e foi em direção ao Tronco velho. Aquele era uma taverna exclusivamente construída pra viajantes, uma vez visto que o povo dali quase não a utilizava e também simplesmente porquê não existia muitas pessoas ali. No passado o Tronco velho já foi mais freqüentado na época que viajar não era tão perigoso e também não havia tanta incerteza como hoje. Atualmente estava meio largado as moscas, poucos iam ali e alias poucos não passavam por ali. Era raro um viajante circular por aquelas terras de planície. Havia um grande temor sobre esse local.
Caminhou a passos decididos para a taverna. Tinha certeza que depois desse negocio sua vida não seria a mesma. Atravessou o portal e adentrou no recinto. O lugar estava praticamente vazio. Havia apenas duas pessoas. Uma sentada perto do balcão e outra um pouco mais afastada. Esse primeiro já era bem idoso e usava roupas de mago o que levava a crer que era mago, já o segundo que estava em um canto escuro. Bebendo sua cerveja a goles lentos.
Olhou para os dois e pensou, qual seria aquele que trataria de negócios. Não havia como saber, tinha sido apenas informado que teria encontra-lo ali naquela taverna. Sem a certeza de saber quem era ao certo foi para o Balcão e se sentou. Bateu com o punho três vezes na madeira. Da porta atrás do balcão apareceu uma garota que não deveria ter mais que quatorze anos. Ela tinha cabelos negros e em seus olhos ainda se percebia o sinal da inocência. Era uma maldade deixa uma garota ainda adolescente trabalhar num lugar como aquele.
Ela olhando com uma expressão de assustada. Perguntou:
- Pois não senhor, quer alguma coisa?
- Quero sim. Uma caneca de cerveja e um petisco qualquer. Sei lá, o que tem ai pra comer?
- Temos a carne de um novilho que matamos essa manhã, fora isso tem carne de porco salgada de dois dias atrás, o que vai querer?
- Eu fico com a carne do novilho, me vê um pouco dela junto com a cerveja.- pediu ele a garçonete.
Ela assentiu com a cabeça e voltou a entrar na porta atrás do balcão. Enquanto isso a duvida consumia ele. Qual daqueles dois seria o seu negociante? Deu uma rápida olhada para as mesas. O velho parecia dormir sentado e o outro continuava a beber sua cerveja calmamente escondido nas sombras. Os dois nem parecia notar a sua presença, mas como saberia com quem negociaria?
Ainda confuso comeu sua carne saboreando a cerveja. Agora a jovem garçonete estava também sentada ali perto do lado de dentro do balcão. Apoiava a cabeça no braço e observava perdida, a paisagem triste do lugar. Ele concordava com a sensação que a garota parecia demonstrar. Devia ser mesmo um saco trabalhar ali, isso além de perigoso, pois fica imaginando o quanto de conversa fiada que deve ter ouvido. Bom, mas isso era problema dela e não dele. Continuou a comer em silencio enquanto decidia o que ia fazer. Terminou a carne que por sinal estava ótima e bebeu o ultimo gole da cerveja.
Quando relaxava um pouco após a ótima refeição mais uma pessoa entrou na taverna. Ele vestia uma longa capa negra e estava com o capuz sobre o rosto de modo que só deixava aparecer o queixo com o cavanhaque. Ele veio andando em sua direção e num rápido giro se sentou ao seu lado.
- Desculpe pelo atraso, tive problemas pra chegar aqui.- Falou o estranho a ele.
- Ah é você então, estava aqui numa seria duvida pra saber qual dos dois ali sentados nas mesas era no caso você. Entretanto ainda bem que apareceu antes que fizesse uma besteira.
- Ainda bem mesmo, mas vamos ao que interessa. Você veio aqui por causa da proposta que lhe fiz.
- Sim exatamente. No entanto quero saber o tenho de fazer e quanto vai me pagar?
- Ah, isso é simples você tem que apenas me acompanhar em uma jornada até o final e eu lhe pagarei 50 moedas de ouro.
- Só isso. Porquê me escolheu eu nem sou um dos melhores mercenários de Farlet e nem das planícies de Gharon. Tem tantos outros que você poderia levar junto consigo.
- Eu sei disso, mas você foi o único até agora que parou pra ouvir o que tenho a dizer.- afirmou o estranho.
- Pra onde você pretende ir? Porquê tantos se negariam se a oferta é tão alta assim?
- Isso porquê pretendo atravessar as planícies de fogo e chegar aos vales das sombras.
Não acreditou nas palavras que ouviu. Não podia ser. Aquele homem era louco. As planícies de fogo e os Vales das sombras eram morte certa. Nunca tinha ouvido falar de alguém que os tenha conseguido atravessar e retornar com vida.
- Você é louco, qual a razão de querer ir a esses lugares?
- Isso é problema meu. O que importa é se vai aceitar minha oferta ou não?
Estava numa encruzilhada. O dinheiro que ele oferecia era muito grande, mas a tarefa era impossível. De que adiantaria receber tanto assim pra morrer com tudo, não havia sentido. Entretanto não podia perder essa oportunidade. Com esse dinheiro todo seria um homem rico e não haveria mais labutações de fome e frio na floresta. Finalmente poderia deixar de ser um andarilho sem destino. Podia aceitar a oferta dele e não segui-lo até o final ou podia até mata-lo pra ficar com as moedas de ouro. Claro isso seria a sua ultima alternativa. Pensando bem devia aceitar era tudo questão de trapacear no final.
- Quer saber eu aceito sua proposta sim.- Afirmou com todas as letras.
- Ótimo vai ser bom ter um companheiro nessa viagem. Disse o estranho.
Mas o estranho não era tolo, por baixo da sombra de seu capuz seus olhos miravam desconfiados para seu futuro companheiro de viagem.
- Então amanhã partiremos. Iremos para o norte em direção a Vila Verde. – Falou o estranho.
- Tudo bem então, o encontro amanhã aonde?
- Na praça do vilarejo.
Com uma reverencia da cabeça o estranho partiu. Repetiu o giro e foi andando rumo a saída. Deu meia dúzia de passos e sumiu pela porta de da taverna. Estava agora novamente sozinho sentado. Seus braços estavam apoiados no Balcão. Pensando seus olhos pararam sobre o anel de ouro em seu dedo. Ele era a única lembrança de seu passado. A única herança que seus pais haviam deixado. Mortos na guerra não eram nada mais do que um incomodo peso na memória. Virara-se a vida toda sozinho sem ajuda deles, não sabia ainda porque carregava aquele anel no dedo. Talvez fosse por encargo de consciência ou medo do passado, mas verdade era que aquele anel não representava nada mais pra ele. No passado talvez quando era criança significasse uma tola esperança de retorno dos pais. Entretanto os anos de labutação mostraram que eles estavam nada mais que mortos e enterrados.
Agora com esse negocio sua vida dava um novo passo. Poderia reconstruir o que há muito havia sido destruído. Daria finalmente adeus aos anos de labutação. Deixaria de viver na floresta e teria uma casa. Com um pouco de sorte teria amigos e quem sabe uma esposa e final até filhos. Poderia ter a vida com que tanto sonhara.
Perdido em pensamentos não notou aproximação da garota garçonete. Ainda olhava perdido para seu anel. Só foi perceber ela quando estava exatamente a sua frente. Levantou os olhos e mirou seu rosto. Havia uma expressão de vergonha.
- Vamos fale logo o que quer? – falou de repente do nada.
A ainda menina meio encabulada começou a falar gaguejando um pouco.
- É... bem....eu não pude deixar de notar o senhor conversando com o homem da capa preta. Parecia que pretendiam partir em breve para um lugar distante.
- Sim e daí, qual o problema?
- É... nenhum senhor.... é que eu queria saber se podia ir junto com vocês? – indagou a garota surpreendentemente.
- Que?!
- Não irei com vocês por todo o caminho só irei até Vila Verde para casa de meus avós.
- Ficou louca garota. Você nem me conhece, como poderia ir em viagem comigo.
- Por favor senhor eu lhe peço do fundo do meu coração. Desde que meus pais morreram meu tio passou a cuidar de mim – Ela fez uma pausa e começou a chorar baixinho. As lagrimas caiam dos seus olhos aos borbotões. – O senhor não sabe o quanto eu tenho sofrido. Ele me maltrata todos os dias, me obriga a trabalhar aqui e...- Com grande soluço de choro ela continuou. – Ele se aproveita de mim!
Imaginou com nojo a cena. Seu estomago embrulhou, teve pena da garota, entretanto não podia fazer nada por ela. Não podia leva-la consigo numa jornada maluca em busca dos Vales das sombras. Com um sinal negativo da cabeça ele se levantou e foi embora. Sentia muito; mas nada podia fazer, a vida tinha sido dura com ele também. Infelizmente a garota tinha que aprender a se virar.
Saiu da taverna e foi para um canto da planície de baixo da sombra de uma bétula. Ali armou seu pequeno acampamento. Ficou até o dia seguinte. Perto da meia noite dormiu e acordou com o nascer do sol. Fazia ainda o frio da manhã e nevoa pairava no ar ao redor. Arrumou suas coisas e foi em direção ao povoado. Chegou a passos lentos a praça. Sob bruma reconheceu um vulto ali parado. Esperava que fosse o sujeito de ontem, mas ao chegar perto percebeu que era a jovem garçonete. Ela usava uma longa capa verde musgo e parecia assustada e nervosa ao mesmo tempo. Levou um susto com a aproximação dele.
- O que faz aqui? Eu não disse que não podia vir. – esbravejou.
- Desculpe, mas eu não posso ficar mais aqui, eu não agüento mais estou desesperada.
- Não pode vir comigo, minha jornada é muito perigosa você apenas morreria se viesse comigo.
- Prefiro a morte do que ficar aqui e alias meu tio me matará de qualquer jeito se descobrir que estou fugindo.
- Não sabe o que a espera se vier comigo.
As palavras dele sumiram com o barulho da porta, distante a alguns metros, da taverna sendo escancarada. Uma voz rouca veio gritando alto.
- Cadê você sua vadia, vai pagar pelo que fez a mim.
A jovem assustada pegou o braço dele e começou a puxar.
- Vamos rápido temos que sair daqui. É ele, vai me matar. – Falou a garota em pânico.
- Calma eu sei um lugar onde a gente pode se esconder.
Pegou a mão da garota e a foi levando junto com ele. Correram pra fora da praça em direção ao campo. O tio ensandecido continuou a gritar.
- Estou vendo você sua vadia e seu amiguinho, mas não tem problema vou matar os dois e botar suas cabeças empalhadas no meu quarto.
A garota soltou um grito de horror ao ouvir aquilo. Agora estava correndo no gramado do campo. A nevoa branca e impenetrável seguia a sua frente turvando o caminho. O homem atrás deles continuava em seus gritos ensandecidos.
- Pode gritar a vontade, você dessa vez não vai escapar. Sua hora chegou!
Continuaram em corrida desesperada. Até que chegaram a um amontoado de pedras cheias de limo e verdes. Entre as duas maiores havia um pequeno espaço onde uma pessoa magra podia entrar.
- É aqui. Entre ai nesse espaço e deixa que eu cuido do seu tio. – falou parando de correr e apontando para o pequeno espaço.
- Mas é aqui? É tão pequeno posso ficar presa.
- Rápido! É isso ou morrer.
A garota obedeceu a ordem e entrou no buraco. Ele ficou parado a olhar ela desaparecer na escuridão. Assim que ela sumiu uma ira levantou-se em seu coração. Sacou a espada a bainha e avançou. Sabia que seria tarefa fácil, mas mesmo assim não aliviaria. Tinha certeza que aquele homem não era páreo para ele.
Logo o vulto do homem surgiu em meio à neblina. Era um velho de meia idade com as costas curvadas e a pernas arqueadas. Avançou sem medo. O tio da garota tentou golpeá-lo com um cutelo. Ele defendeu e girou os braços o velho para baixo. Com a mão esquerda deu um soco bem no meio do nariz dele. O velho vacilou e foi para atrás sob o impacto do golpe. Nesse momento armou a espada e com uma estocada só encravou a espada no peito dele. A lamina o atravessou e saiu pelo outro lado. O velho soltou um gemido alto de dor e caiu no chão se contorcendo. Dificilmente ele morreria o golpe não havia sido no lado do coração. Devia ter perfurado o pulmão, mas ele ainda tinha outro. Recolheu a espada e voltou pra buscar a garota.
Autor: Eduardo de Almeida Carvalho (eregion3)
Genero: Fantasia
Titulo: O ultimo reino
Capitulo Um: A proposta
Era um mercenário ambicioso. Queria muitas fortunas conquistar. Não se deixava levar por coisas fúteis como honra e valentia. O que valia para ele era o que podia conquistar e que faria para conseguir isso.
Vagava sozinho pelo mundo. Era apenas acompanhado pela sua espada. Seu coração duro era seu guia na vastidão desconhecida de terra. Procurava riqueza, portanto ia pra onde consegui-la era mais fácil.
O mundo tão pouco conhecia sobre ele, sobre sua história e sobre seus mistérios. Era difícil de pensar como tudo naquela imensidão veio a existir. Bom, pra falar a verdade já ficava cansado só de pensar. Achava melhor deixar as coisas como elas são sem remexer muito. No entanto apesar do seu desconhecimento em grande parte das coisas do mundo, uma sabia ao certo. Tudo hoje não era igual ao passado. Tudo havia mudado há tempos atrás, mudado pra pior. Lembra ainda de quando era criança e seus pais lhe haviam contado isso.
Bem, mas isso pouco importa, não ligava mesmo. O importante era agora chegar ao seu objetivo que era atravessar as montanhas. Já estava bem alto no lado ocidental. Agora era só questão de chegar a passagem que o levaria para o lado oriental. Na planície onde teria negócios a tratar.
O tempo piorava. Ventava forte e começava a nevar. Os flocos caiam rodopiando a sua frente pela estrada e no abismo lá em baixo. Procurando se proteger do vento e da nevasca. Seus pés se arrastavam pelo chão branco. Seria extremamente cansativa a viagem, mas só deus sabe quanto de dinheiro ganharia se atravessasse as montanhas e chegasse ao outro lado.
Enroscou-se na capa e cobriu a cabeça também. Encurvado sobre sob o cair da tempestade avançava. Ia lentamente subindo a trilha sinuosa que ia circundando a encosta da montanha até desaparecer lá bem distante próxima ao pico numa passagem escondida sobre a grande gigante de pedra. Ao lado esquerdo da estrada estava um grande vazio, um abismo que tinha como seu fundo o planalto frio e chuvoso de Farlet.
Fora nas terras de Farlet ha vinte anos atrás que nascera. Muito tempo se passou depois desse fato e com certeza sua vida não era a mesma. A passos lentos fazia mais uma curva na estrada. Ela era ladeada por grandes paredões da montanha cheios agora de neve e em seu meio o abismo quieto e silencioso e mortal. Vento batia nas paredes e fazia uns barulhos esquisitos parecidos com gemidos de fantasmas.
Sentiu um frio na espinha, mas continuou em seus passos lentos. Tremendo de frio saiu daquela curva. Olhou para o céu e viu o sol morrer no horizonte perdido. O dia ia acabando com seu tradicional brilho vermelho. E sentia-se desolado ali naquele lugar gelado e perigoso.
A noite chegava e o frio aumentava. Embrenhava em outra curva agora sob a terrível e escura sombra da montanha. Tinha muito cuidado ao caminhar ali, pois a escuridão era muito grande e podia sem perceber pisar no vazio do abismo e cair para a morte certa.
Sopro gelado do vento continuava batendo e fazendo os sons esquisitos. Apertou-se na sua capa e continuou. Por dentro tremia de medo, assustado com aqueles sons estranhos. Queria logo chegar a passagem e ir para o outro lado da montanha, mas provavelmente ainda faltavam algumas horas de difícil caminhada naquele breu e frio assustador.
No entanto era assim mesmo se quisesse ganhar uma boa grana teria que sofrer aquilo tudo. Terminou mais essa curva e agora seguia por mais uma reta. Nela de um lado estava a parede da montanha e do outro o abismo. Agora ficava mais difícil de andar, pois o chão ficava mais pesado com o grande volume de neve que caia. Toda vez que pisava seu pé afundava no solo fofo branco. Tinha que fazer uma força muito grande pra tira-lo para poder dar mais um passo adiante. Isso o fazia ficar muito cansado. Seus músculos da perna latejavam de dor. Era como se a montanha não quisesse que atravessasse pro outro lado.
Mas não a impediria de chegar ao seu objetivo. Iria para as planícies e conseguiria a grana que tanto almejava. A reta de novo entrava em mais uma curva e depois dela havia mais outra e em seguida a estrada subia em direção a passagem. Finalmente estava quase lá. Terminou aquela curva e foi para a ultima. Vento rugiu mais alto e a tempestade aumentou de novo. Parecia que o céu iria cair em sua cabeça. Agora não consegui enxergar quase nada a sua frente, a maior parte do que via era o branco da neve a sua frente. Ainda assim continuou a passos de tartaruga e por fim venceu a ultima curva.
Só faltava a ladeira que subia rumo à passagem. Ela era longa e íngreme e a trilha estava indistinguível em meio à neve. Por sorte sabia exatamente em que direção devia seguir para chegar a travessia. Com neve até a cintura e as pernas já geladas e dormentes avançou. Trôpego e quase desmaiando chegou à passagem. Ela era uma pequena caverna em linha reta que se estendia até o outro lado da montanha. Perto do desespero entrou nela e fora do alcance da neve deitou se tremendo numa convulsão de frio e procurou dormir. Nem se preocupou em acender o fogo, ficou apenas encolhido na posição fetal e dormiu.
As horas passaram rápidas e o novo dia chegou. A luz entrava tímida pela pelos buracos da caverna e iluminavam apenas parcialmente o seu corpo. Ainda se sentindo cansado acordou. Tirou da mochila o pão da viagem que carregava e comeu um bom pedaço. Levantou e avançou rumo à direção oriental da montanha.
Saiu na abertura oriental. A luz do sol iluminou sua visão. Fazia um dia aberto e sem nuvem nenhuma no céu. A estrada seguia dali descendo em curvas sobre os vales verdes da montanha. Sentia-se aliviado por ter chegado ao outro lado. Parecia que pouco o separava do seu destino final.
Começou a andar pela estrada. Sentia o ar refrescante dos bosques bater em seu rosto. Fazia um confortável calor. Seguia relaxado pela primeira ladeira e dobrava na primeira curva. Entrava agora num grande vale de bosques fechados formado por uma imensa ravina. O caminho ia escavado com os dois lados de barrancos de terra e raízes de arvores.
Continuou tranqüilo e saiu daquele entrou em uma nova ladeira ladeada por uma alameda de carvalhos. A primavera chegava e as flores começavam a desabrochar. Essa era a estação bela do ano. O clima ameno, as flores e as paixões. Era tudo lindo pelo menos era o que ele achava. Entretanto esse momento não era para admirar a paisagem e sim andar. Tinha que chegar a taverna Tronco Velho o quanto antes e para chegar lá tinha que seguir em frente e não ficar olhando belas flores.
Duas horas levou a mais descendo ladeiras e andando por belos vales até chegar as planícies. Ela era de uma grande extensão e se perdia além do horizonte. Dominada por uma pradaria abundante de abetos e bétulas. A estrada por ela agora seguia reta sem nenhuma curva por quilômetros e mais quilômetros. Lá na distancia podia divisar o povoado. Ali devia ficar a taverna Tronco velho.
Seu coração batia mais rápido agora com a possibilidade iminente de realizar o negocio que lhe renderia algumas moedas de ouro. Caminhava levemente feliz. Esperava que o serviço que tivesse que fazer não fosse muito difícil, mas não importava a dificuldade o que realmente importava era ganhar o dinheiro no final.
Mais uma hora de um tranqüilo caminho e chegou ao povoado. Um lugar humilde e pequeno. Tinha apenas umas dez casas e edifícios. Já pro final do vilarejo ficava a taverna Tronco velho. Era uma construção de madeira de três andares, levemente conservada. Deu grande sorriso e foi em direção ao Tronco velho. Aquele era uma taverna exclusivamente construída pra viajantes, uma vez visto que o povo dali quase não a utilizava e também simplesmente porquê não existia muitas pessoas ali. No passado o Tronco velho já foi mais freqüentado na época que viajar não era tão perigoso e também não havia tanta incerteza como hoje. Atualmente estava meio largado as moscas, poucos iam ali e alias poucos não passavam por ali. Era raro um viajante circular por aquelas terras de planície. Havia um grande temor sobre esse local.
Caminhou a passos decididos para a taverna. Tinha certeza que depois desse negocio sua vida não seria a mesma. Atravessou o portal e adentrou no recinto. O lugar estava praticamente vazio. Havia apenas duas pessoas. Uma sentada perto do balcão e outra um pouco mais afastada. Esse primeiro já era bem idoso e usava roupas de mago o que levava a crer que era mago, já o segundo que estava em um canto escuro. Bebendo sua cerveja a goles lentos.
Olhou para os dois e pensou, qual seria aquele que trataria de negócios. Não havia como saber, tinha sido apenas informado que teria encontra-lo ali naquela taverna. Sem a certeza de saber quem era ao certo foi para o Balcão e se sentou. Bateu com o punho três vezes na madeira. Da porta atrás do balcão apareceu uma garota que não deveria ter mais que quatorze anos. Ela tinha cabelos negros e em seus olhos ainda se percebia o sinal da inocência. Era uma maldade deixa uma garota ainda adolescente trabalhar num lugar como aquele.
Ela olhando com uma expressão de assustada. Perguntou:
- Pois não senhor, quer alguma coisa?
- Quero sim. Uma caneca de cerveja e um petisco qualquer. Sei lá, o que tem ai pra comer?
- Temos a carne de um novilho que matamos essa manhã, fora isso tem carne de porco salgada de dois dias atrás, o que vai querer?
- Eu fico com a carne do novilho, me vê um pouco dela junto com a cerveja.- pediu ele a garçonete.
Ela assentiu com a cabeça e voltou a entrar na porta atrás do balcão. Enquanto isso a duvida consumia ele. Qual daqueles dois seria o seu negociante? Deu uma rápida olhada para as mesas. O velho parecia dormir sentado e o outro continuava a beber sua cerveja calmamente escondido nas sombras. Os dois nem parecia notar a sua presença, mas como saberia com quem negociaria?
Ainda confuso comeu sua carne saboreando a cerveja. Agora a jovem garçonete estava também sentada ali perto do lado de dentro do balcão. Apoiava a cabeça no braço e observava perdida, a paisagem triste do lugar. Ele concordava com a sensação que a garota parecia demonstrar. Devia ser mesmo um saco trabalhar ali, isso além de perigoso, pois fica imaginando o quanto de conversa fiada que deve ter ouvido. Bom, mas isso era problema dela e não dele. Continuou a comer em silencio enquanto decidia o que ia fazer. Terminou a carne que por sinal estava ótima e bebeu o ultimo gole da cerveja.
Quando relaxava um pouco após a ótima refeição mais uma pessoa entrou na taverna. Ele vestia uma longa capa negra e estava com o capuz sobre o rosto de modo que só deixava aparecer o queixo com o cavanhaque. Ele veio andando em sua direção e num rápido giro se sentou ao seu lado.
- Desculpe pelo atraso, tive problemas pra chegar aqui.- Falou o estranho a ele.
- Ah é você então, estava aqui numa seria duvida pra saber qual dos dois ali sentados nas mesas era no caso você. Entretanto ainda bem que apareceu antes que fizesse uma besteira.
- Ainda bem mesmo, mas vamos ao que interessa. Você veio aqui por causa da proposta que lhe fiz.
- Sim exatamente. No entanto quero saber o tenho de fazer e quanto vai me pagar?
- Ah, isso é simples você tem que apenas me acompanhar em uma jornada até o final e eu lhe pagarei 50 moedas de ouro.
- Só isso. Porquê me escolheu eu nem sou um dos melhores mercenários de Farlet e nem das planícies de Gharon. Tem tantos outros que você poderia levar junto consigo.
- Eu sei disso, mas você foi o único até agora que parou pra ouvir o que tenho a dizer.- afirmou o estranho.
- Pra onde você pretende ir? Porquê tantos se negariam se a oferta é tão alta assim?
- Isso porquê pretendo atravessar as planícies de fogo e chegar aos vales das sombras.
Não acreditou nas palavras que ouviu. Não podia ser. Aquele homem era louco. As planícies de fogo e os Vales das sombras eram morte certa. Nunca tinha ouvido falar de alguém que os tenha conseguido atravessar e retornar com vida.
- Você é louco, qual a razão de querer ir a esses lugares?
- Isso é problema meu. O que importa é se vai aceitar minha oferta ou não?
Estava numa encruzilhada. O dinheiro que ele oferecia era muito grande, mas a tarefa era impossível. De que adiantaria receber tanto assim pra morrer com tudo, não havia sentido. Entretanto não podia perder essa oportunidade. Com esse dinheiro todo seria um homem rico e não haveria mais labutações de fome e frio na floresta. Finalmente poderia deixar de ser um andarilho sem destino. Podia aceitar a oferta dele e não segui-lo até o final ou podia até mata-lo pra ficar com as moedas de ouro. Claro isso seria a sua ultima alternativa. Pensando bem devia aceitar era tudo questão de trapacear no final.
- Quer saber eu aceito sua proposta sim.- Afirmou com todas as letras.
- Ótimo vai ser bom ter um companheiro nessa viagem. Disse o estranho.
Mas o estranho não era tolo, por baixo da sombra de seu capuz seus olhos miravam desconfiados para seu futuro companheiro de viagem.
- Então amanhã partiremos. Iremos para o norte em direção a Vila Verde. – Falou o estranho.
- Tudo bem então, o encontro amanhã aonde?
- Na praça do vilarejo.
Com uma reverencia da cabeça o estranho partiu. Repetiu o giro e foi andando rumo a saída. Deu meia dúzia de passos e sumiu pela porta de da taverna. Estava agora novamente sozinho sentado. Seus braços estavam apoiados no Balcão. Pensando seus olhos pararam sobre o anel de ouro em seu dedo. Ele era a única lembrança de seu passado. A única herança que seus pais haviam deixado. Mortos na guerra não eram nada mais do que um incomodo peso na memória. Virara-se a vida toda sozinho sem ajuda deles, não sabia ainda porque carregava aquele anel no dedo. Talvez fosse por encargo de consciência ou medo do passado, mas verdade era que aquele anel não representava nada mais pra ele. No passado talvez quando era criança significasse uma tola esperança de retorno dos pais. Entretanto os anos de labutação mostraram que eles estavam nada mais que mortos e enterrados.
Agora com esse negocio sua vida dava um novo passo. Poderia reconstruir o que há muito havia sido destruído. Daria finalmente adeus aos anos de labutação. Deixaria de viver na floresta e teria uma casa. Com um pouco de sorte teria amigos e quem sabe uma esposa e final até filhos. Poderia ter a vida com que tanto sonhara.
Perdido em pensamentos não notou aproximação da garota garçonete. Ainda olhava perdido para seu anel. Só foi perceber ela quando estava exatamente a sua frente. Levantou os olhos e mirou seu rosto. Havia uma expressão de vergonha.
- Vamos fale logo o que quer? – falou de repente do nada.
A ainda menina meio encabulada começou a falar gaguejando um pouco.
- É... bem....eu não pude deixar de notar o senhor conversando com o homem da capa preta. Parecia que pretendiam partir em breve para um lugar distante.
- Sim e daí, qual o problema?
- É... nenhum senhor.... é que eu queria saber se podia ir junto com vocês? – indagou a garota surpreendentemente.
- Que?!
- Não irei com vocês por todo o caminho só irei até Vila Verde para casa de meus avós.
- Ficou louca garota. Você nem me conhece, como poderia ir em viagem comigo.
- Por favor senhor eu lhe peço do fundo do meu coração. Desde que meus pais morreram meu tio passou a cuidar de mim – Ela fez uma pausa e começou a chorar baixinho. As lagrimas caiam dos seus olhos aos borbotões. – O senhor não sabe o quanto eu tenho sofrido. Ele me maltrata todos os dias, me obriga a trabalhar aqui e...- Com grande soluço de choro ela continuou. – Ele se aproveita de mim!
Imaginou com nojo a cena. Seu estomago embrulhou, teve pena da garota, entretanto não podia fazer nada por ela. Não podia leva-la consigo numa jornada maluca em busca dos Vales das sombras. Com um sinal negativo da cabeça ele se levantou e foi embora. Sentia muito; mas nada podia fazer, a vida tinha sido dura com ele também. Infelizmente a garota tinha que aprender a se virar.
Saiu da taverna e foi para um canto da planície de baixo da sombra de uma bétula. Ali armou seu pequeno acampamento. Ficou até o dia seguinte. Perto da meia noite dormiu e acordou com o nascer do sol. Fazia ainda o frio da manhã e nevoa pairava no ar ao redor. Arrumou suas coisas e foi em direção ao povoado. Chegou a passos lentos a praça. Sob bruma reconheceu um vulto ali parado. Esperava que fosse o sujeito de ontem, mas ao chegar perto percebeu que era a jovem garçonete. Ela usava uma longa capa verde musgo e parecia assustada e nervosa ao mesmo tempo. Levou um susto com a aproximação dele.
- O que faz aqui? Eu não disse que não podia vir. – esbravejou.
- Desculpe, mas eu não posso ficar mais aqui, eu não agüento mais estou desesperada.
- Não pode vir comigo, minha jornada é muito perigosa você apenas morreria se viesse comigo.
- Prefiro a morte do que ficar aqui e alias meu tio me matará de qualquer jeito se descobrir que estou fugindo.
- Não sabe o que a espera se vier comigo.
As palavras dele sumiram com o barulho da porta, distante a alguns metros, da taverna sendo escancarada. Uma voz rouca veio gritando alto.
- Cadê você sua vadia, vai pagar pelo que fez a mim.
A jovem assustada pegou o braço dele e começou a puxar.
- Vamos rápido temos que sair daqui. É ele, vai me matar. – Falou a garota em pânico.
- Calma eu sei um lugar onde a gente pode se esconder.
Pegou a mão da garota e a foi levando junto com ele. Correram pra fora da praça em direção ao campo. O tio ensandecido continuou a gritar.
- Estou vendo você sua vadia e seu amiguinho, mas não tem problema vou matar os dois e botar suas cabeças empalhadas no meu quarto.
A garota soltou um grito de horror ao ouvir aquilo. Agora estava correndo no gramado do campo. A nevoa branca e impenetrável seguia a sua frente turvando o caminho. O homem atrás deles continuava em seus gritos ensandecidos.
- Pode gritar a vontade, você dessa vez não vai escapar. Sua hora chegou!
Continuaram em corrida desesperada. Até que chegaram a um amontoado de pedras cheias de limo e verdes. Entre as duas maiores havia um pequeno espaço onde uma pessoa magra podia entrar.
- É aqui. Entre ai nesse espaço e deixa que eu cuido do seu tio. – falou parando de correr e apontando para o pequeno espaço.
- Mas é aqui? É tão pequeno posso ficar presa.
- Rápido! É isso ou morrer.
A garota obedeceu a ordem e entrou no buraco. Ele ficou parado a olhar ela desaparecer na escuridão. Assim que ela sumiu uma ira levantou-se em seu coração. Sacou a espada a bainha e avançou. Sabia que seria tarefa fácil, mas mesmo assim não aliviaria. Tinha certeza que aquele homem não era páreo para ele.
Logo o vulto do homem surgiu em meio à neblina. Era um velho de meia idade com as costas curvadas e a pernas arqueadas. Avançou sem medo. O tio da garota tentou golpeá-lo com um cutelo. Ele defendeu e girou os braços o velho para baixo. Com a mão esquerda deu um soco bem no meio do nariz dele. O velho vacilou e foi para atrás sob o impacto do golpe. Nesse momento armou a espada e com uma estocada só encravou a espada no peito dele. A lamina o atravessou e saiu pelo outro lado. O velho soltou um gemido alto de dor e caiu no chão se contorcendo. Dificilmente ele morreria o golpe não havia sido no lado do coração. Devia ter perfurado o pulmão, mas ele ainda tinha outro. Recolheu a espada e voltou pra buscar a garota.