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Envelhecer

Gonzo

Usuário
Não é branda
A brevidade da bravura
Não fraqueja
Nem se oculta
Não se cansa
Nem se escuta
É como a velhice
Vem de fora para dentro
Mostra sinais
Vem com o tempo
E com o sopro de um vento
Apaga-se
No silêncio

Gonzo
 
Yey! Gostei mesmo disso, homem. "Nâo é branda a brevidade da bravura" foi meu achado da semana. ;)
 
Mais um bom poema Gonzo.Gosto da forma que vc dispõe seus versos.:sim:
"É como a velhice
Vem de fora para dentro"
Duro que é mesmo :rofl:
 
Valeu a força Mav, Manu e Ricardo é legal quando o pessoal comenta. :sim:
Bom saber que a cadência dos meus poemas não incomoda. Eu só consigo escrever se for que como pingos d'água, só mexo na velocidade até onde eles param. As vezes acho que escrevo como criança :rofl:

Abraços
 
Não é branda a brevidade da bravura

Não fraqueja
Nem se oculta
Não se cansa
Nem se escuta

É como a velhice
Vem com o tempo
De fora para dentro

E com o sopro de um vento
Apaga-se
...
No silêncio

***

E aí estão os versos alternativos. Não entendo a regularidade no ritmo de um poema. É questão de pausar na leitura. Acho que vírgulas e pontos deveriam contar na contagem de sílabas.

O primeiro verso se destaca do resto do poema. Uma boa introdução. As negações seguintes têm um ritmo perfeito. Repetições são rítmicas por natureza. A outra parte, a da velhice, poderia ser introduzida uma diferença de ritmo. Mais ou menos assim:

"É como a velhice
Vem de fora pra dentro
Mostra seus sinais
Vem ao gosto do tempo"

Poderia se dizer que é irregular. Mas eu gosto de alternar versos curtos com versos mais longos. É uma diferença de ritmo. Como eu disse, eu gosto de alternar o ritmo durante o poema. É bom pra quebrar a monotonia.

Os últimos versos são ótimos. Só sabe disso que já assoprou uma vela, a derradeira luz num cômodo. O fogo me lembra a vida. Consumista e frágil. Um sopro desses é quase uma assassinato, ou tiro de misericórdia. Ou só apagar a luz pra dormir melhor. A única coisa que me incomoda é são as rimas repetidas demais no final, esse êncio.

"É como a velhice
Vem com o tempo
De fora para dentro"

"E com a violência de um sopro
Extingue-se a chama, cai morto
no escuro do silêncio"

E o que vale mesmo é a idéia. Mais que ritmo e rima. É a idéia que mexe com a cabeça. O ritmo só junta quebra-cabeças. Coisa de parnasiano.
 
Gonzo, seu poema apareceu num momento interessante do meu contexto.

Tenho uma "avó emprestada" aqui em Portugal, ela tem 82 anos e recentemente descobriu que tem diabetes. Foi um choque pra ela. Depois dessa descoberta, coincidiu de eu não ter mais oportunidade de visitá-la com frequência.

Quando a vi essa semana, seu poema pipocou na minha cabeça e consegui entender o porquê dela andar tão triste depois de descobrir a doença. Ela se deu conta de que está velha e seus dias já não serão mais tantos. Isso a arrebentou emocionalmente. Seu poema fez despertar em mim compaixão por ela, no sentido "kunderiano" da coisa, de sentir junto, não o de ter pena. Isso reconfigurou minha postura com ela e me abriu uma nova forma de entender as pessoas idosas.

Queria agradecer por, através do seu poema, despertar algo tão nobre dentro de mim. =)
 

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