Lucas_Deschain
Biblionauta
[align=justify]É como o Tataran disse anteriormente, cada um tem suas razões, pois todas os atos tem uma lógica, só que essa lógica pode ser tão individual e calcada em razões tão subjetiva e inconscientemente construídas, que ela chega a ser ilógica.
O acesso às mentes dos personagens (que também são narradores) classifiquei como uma experimentação de técnicas narrativas modernas, complexas e intrincadas, que por sua limitação natural (cada um vê e narra os eventos a sua maneira), desafia o leitor a criar seu próprio fio condutor, sabendo entrelaçar os vários fios que vão sendo fornecidos.
Reconheço que não consegui acompanhar os vôos do Faulkner, mas olhando posteriormente e analisando de um novo ponto de vista, creio que esse 'método' (essa palavra me dá uma idéia de mecanicidade que me incomoda) consegue trazer um fôlego diferente para a história, uma nova maneira de contar, uma nova forma de relatar, de transpor a realidade reelaborada para o domínio da linguagem escrita. Talvez a palavra certa seja recurso, esse é um recurso do qual Faulkner se valeu para inclusive explorar novas maneiras de se fazer Literatura. Alguém se habilita a comentar isso aqui?
Não vejo isso necessariamente como viagem filosófica, embora tenham argumentos vários para sustentar essa tua hipótese, aliás, ela é bem plausível, independente do Faulkner querer ou não dar a entender isso. Enfim, leituras e leituras.
Fico feliz de não ser coisa da minha leitura deficitária essa desconexão. Achei que era fruto de interpretações mal digeridas mesmo. A descontinuidade, a fragmentação narrativa é característica da literatura moderna, creio eu, herança do Joyce, da Woolf e assim por diante. Pelo menos é a relação que tenho visto em qualquer lugar a que recorro para me inteirar sobre o Faulkner. E creio que isso é algo inusitado e curioso de se pensar, já que ele lança um olhar munido de técnicas e experimentações modernas para construir histórias acerca de um lugar tido como arcaico, atrasado, embora as coisas não sejam tão dicotômicas assim com a velha Dixieland.
Não posso falar com tanta propriedade (por enquanto), mas creio que um dos grandes méritos "extra-literários" do Faulkner foi colocar o Sul dos Estados Unidos de novo no mapa, de mostrar que lá não era uma terra esquecida por Deus, desabitada (ou habitada por botocudos sem lei nem cultura) ou abandonada etc., como poderia se supor depois da vitória nortista na Guerra de Secessão. O Sul é visto com preconceito por uma porção de grupos sociais, e as oposições campo x cidade, progresso x atraso, industrial x agrícola, só contribuíram para criar uma imagem negativizada e empobrecida dessa região.
A prosa do Faulkner conseguiu desvanecer essa bruma ou pelo menos jogar uma luz diferencial para enxergar mais do que certas visões simplistas.
Vamos que vamos![/align]
O acesso às mentes dos personagens (que também são narradores) classifiquei como uma experimentação de técnicas narrativas modernas, complexas e intrincadas, que por sua limitação natural (cada um vê e narra os eventos a sua maneira), desafia o leitor a criar seu próprio fio condutor, sabendo entrelaçar os vários fios que vão sendo fornecidos.
Reconheço que não consegui acompanhar os vôos do Faulkner, mas olhando posteriormente e analisando de um novo ponto de vista, creio que esse 'método' (essa palavra me dá uma idéia de mecanicidade que me incomoda) consegue trazer um fôlego diferente para a história, uma nova maneira de contar, uma nova forma de relatar, de transpor a realidade reelaborada para o domínio da linguagem escrita. Talvez a palavra certa seja recurso, esse é um recurso do qual Faulkner se valeu para inclusive explorar novas maneiras de se fazer Literatura. Alguém se habilita a comentar isso aqui?
Mesmo o enredo é meio difícil de compreender. O texto deixa vários espaços vazios, falta uma continuidade. Isso é proposital no Faulkner. Aliás, parei pra pensar sobre isso e cheguei à conclusão que isso retrata em grande parte a nossa vida: só podemos conhecer o mundo em parte, de forma fragmentada, etc., não existe narrador onisciente na vida real. Lá vou eu com minhas viagens filosóficas de novo, melhor parar por aqui, rss.
Não vejo isso necessariamente como viagem filosófica, embora tenham argumentos vários para sustentar essa tua hipótese, aliás, ela é bem plausível, independente do Faulkner querer ou não dar a entender isso. Enfim, leituras e leituras.
Fico feliz de não ser coisa da minha leitura deficitária essa desconexão. Achei que era fruto de interpretações mal digeridas mesmo. A descontinuidade, a fragmentação narrativa é característica da literatura moderna, creio eu, herança do Joyce, da Woolf e assim por diante. Pelo menos é a relação que tenho visto em qualquer lugar a que recorro para me inteirar sobre o Faulkner. E creio que isso é algo inusitado e curioso de se pensar, já que ele lança um olhar munido de técnicas e experimentações modernas para construir histórias acerca de um lugar tido como arcaico, atrasado, embora as coisas não sejam tão dicotômicas assim com a velha Dixieland.
Não posso falar com tanta propriedade (por enquanto), mas creio que um dos grandes méritos "extra-literários" do Faulkner foi colocar o Sul dos Estados Unidos de novo no mapa, de mostrar que lá não era uma terra esquecida por Deus, desabitada (ou habitada por botocudos sem lei nem cultura) ou abandonada etc., como poderia se supor depois da vitória nortista na Guerra de Secessão. O Sul é visto com preconceito por uma porção de grupos sociais, e as oposições campo x cidade, progresso x atraso, industrial x agrícola, só contribuíram para criar uma imagem negativizada e empobrecida dessa região.
A prosa do Faulkner conseguiu desvanecer essa bruma ou pelo menos jogar uma luz diferencial para enxergar mais do que certas visões simplistas.
Vamos que vamos![/align]