Armitage
Usuário
A essa altura, minha atração por temas bizarros já deve estar nítida. Bem, vamos lá:
O ano é 2653, e o apocalipse judaico-cristão chegou. A Terra está devastada graças à pragas de proporções bíblicas e principalmente à chegada do Segundo Dilúvio (sim, como o de Noé). Menos de 10% da população da Europa sobreviveu. O continente europeu foi completamente desfigurado, rios viraram mares, clima caótico e constantemente chuvoso, fauna e flora bizarra. O que restou da sociedade se degenerou em algo similar à Idade das Trevas, com tribos bárbaras lutando entre si por sobrevivência.
Até que, em meio ao caos, surge a luz: na cidade de Roma (agora chamada de Roma Eterna), surge a "Igreja Angelítica", liderada por um papa (o Potifex Maximus), que gradativamente instaura a ordem na Europa, por meio de um sistema "neo-feudal". Junto da Igreja, surgem os Engel - seres celestiais enviados pelo Senhor para combater o caos e ajudar a humanidade a se redimir, provando ser digna de uma nova chance.
A alta-tecnologia dos velhos tempos é proibida pela igreja, mas vários JunkLords (senhores feudais que se recusam a obdecer ) a utilizam, mesmo tendo perdido o conhecimento para replicá-la (e por isso cada artefato tecnológico é altamente valioso). Esses "hereges" são motivos de cruzadas, além de serem caçados e punidos pelos Engel, assim como as estranhas aberrações que surgem nas proximidades dos chamados "Infernos" - misteriosos pilares de fogo em terras distantes, segundo os boatos dos vilarejos remotos, que se locomovem vagarosamente, deixando devastação e deformação pelo caminho. Esses "Infernos", é dito, são obras do "Senhor das Moscas" (Lord of the Flies) do velho testamento, e os Engel são responsáveis por investigar e impedir os mesmos.
Os Engel vivem em catedrais gigantescas chamadas "Himmel" (Céu, em alemão), tão altas que atingem as nuvens. Todos sem excessão têm o aspecto de crianças ou adolescentes (menos de 18 anos). E ao redor dos Himmel, é normal surgirem vilarejos com famílias de camponeses em busca de proteção. Existem 5 Himmel espalhados pela Europa, cada um para cada ordem de Engel - Gabrielitas (guerra), Urielitas (conhecimento), Michaelitas (empatia social), etc.
O cenário aborda 2 temas interessantes: sobrevivência e reconstrução da civilização em um ambiente inóspito; e questionamento de dogmas religiosos; Ha um tom de "algo podre no reino da dinamarca" que permeia todo o cenário: teria a Terra passado realmente por um dilúvio "divino", ou seria uma outra causa? estaria a Igreja realmente levando a cabo a vontade "divina", ou apenas manipulando o povo para seus interesses? Seriam os Engel realmente anjos do Senhor? Se não, então o quê são eles, e como explicar seus dons e poderes? Se sim, estariam eles fazendo realmente a vontade do Senhor ao obedecerem à Igreja? E porquê não há nenhum Engel adulto? Por quê mesmo os jovens, quando se aproximam da fase adulta, desaparecem da face da Terra ? (dizem que são convocados pelo Senhor, de volta ao céu. Será? )
A resposta pra todas essas perguntas é respondida no póprio livro (de forma surpreendente), mas o livro deixa claro que não é para os jogadores (ou pelo menos não de início), apenas para o mestre.
- - - -
O único ponto fraco unânime do jogo: o sistema. A única versão em inglês é da White-Wolf lançada em 2002 (o original é alemão), e eles cortaram o sistema original alemão (de cartas de tarôt, à la Everway e Falkenstein) e substituíram por d20. O problema não é nem o d20 em si, mas a forma como foi implementada - não retrata nem um pouco as características da ambientação, é um copy-and-paste nú e crú do OGL. Eles poderiam pelo menos ter modificado à la Mutants & Masterminds e Spycraft, mas não, foram preguiçosos. Resultado: não vendeu. Os fãs de d20 não compraram (provavelmente porque acharam o cenário bizarro demais), e os fãs de jogos bizarros à la Everway e Falkenstein não compraram por causa do sistema d20.
Já eu, como bom colecionador de bizarrices, comprei. Ele vai enfeitar minha estante ao lado de Planescape, Unkonwn Armies, Everway, Falkenstein, e Nobilis.
O ano é 2653, e o apocalipse judaico-cristão chegou. A Terra está devastada graças à pragas de proporções bíblicas e principalmente à chegada do Segundo Dilúvio (sim, como o de Noé). Menos de 10% da população da Europa sobreviveu. O continente europeu foi completamente desfigurado, rios viraram mares, clima caótico e constantemente chuvoso, fauna e flora bizarra. O que restou da sociedade se degenerou em algo similar à Idade das Trevas, com tribos bárbaras lutando entre si por sobrevivência.
Até que, em meio ao caos, surge a luz: na cidade de Roma (agora chamada de Roma Eterna), surge a "Igreja Angelítica", liderada por um papa (o Potifex Maximus), que gradativamente instaura a ordem na Europa, por meio de um sistema "neo-feudal". Junto da Igreja, surgem os Engel - seres celestiais enviados pelo Senhor para combater o caos e ajudar a humanidade a se redimir, provando ser digna de uma nova chance.
A alta-tecnologia dos velhos tempos é proibida pela igreja, mas vários JunkLords (senhores feudais que se recusam a obdecer ) a utilizam, mesmo tendo perdido o conhecimento para replicá-la (e por isso cada artefato tecnológico é altamente valioso). Esses "hereges" são motivos de cruzadas, além de serem caçados e punidos pelos Engel, assim como as estranhas aberrações que surgem nas proximidades dos chamados "Infernos" - misteriosos pilares de fogo em terras distantes, segundo os boatos dos vilarejos remotos, que se locomovem vagarosamente, deixando devastação e deformação pelo caminho. Esses "Infernos", é dito, são obras do "Senhor das Moscas" (Lord of the Flies) do velho testamento, e os Engel são responsáveis por investigar e impedir os mesmos.
Os Engel vivem em catedrais gigantescas chamadas "Himmel" (Céu, em alemão), tão altas que atingem as nuvens. Todos sem excessão têm o aspecto de crianças ou adolescentes (menos de 18 anos). E ao redor dos Himmel, é normal surgirem vilarejos com famílias de camponeses em busca de proteção. Existem 5 Himmel espalhados pela Europa, cada um para cada ordem de Engel - Gabrielitas (guerra), Urielitas (conhecimento), Michaelitas (empatia social), etc.
O cenário aborda 2 temas interessantes: sobrevivência e reconstrução da civilização em um ambiente inóspito; e questionamento de dogmas religiosos; Ha um tom de "algo podre no reino da dinamarca" que permeia todo o cenário: teria a Terra passado realmente por um dilúvio "divino", ou seria uma outra causa? estaria a Igreja realmente levando a cabo a vontade "divina", ou apenas manipulando o povo para seus interesses? Seriam os Engel realmente anjos do Senhor? Se não, então o quê são eles, e como explicar seus dons e poderes? Se sim, estariam eles fazendo realmente a vontade do Senhor ao obedecerem à Igreja? E porquê não há nenhum Engel adulto? Por quê mesmo os jovens, quando se aproximam da fase adulta, desaparecem da face da Terra ? (dizem que são convocados pelo Senhor, de volta ao céu. Será? )
A resposta pra todas essas perguntas é respondida no póprio livro (de forma surpreendente), mas o livro deixa claro que não é para os jogadores (ou pelo menos não de início), apenas para o mestre.
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O único ponto fraco unânime do jogo: o sistema. A única versão em inglês é da White-Wolf lançada em 2002 (o original é alemão), e eles cortaram o sistema original alemão (de cartas de tarôt, à la Everway e Falkenstein) e substituíram por d20. O problema não é nem o d20 em si, mas a forma como foi implementada - não retrata nem um pouco as características da ambientação, é um copy-and-paste nú e crú do OGL. Eles poderiam pelo menos ter modificado à la Mutants & Masterminds e Spycraft, mas não, foram preguiçosos. Resultado: não vendeu. Os fãs de d20 não compraram (provavelmente porque acharam o cenário bizarro demais), e os fãs de jogos bizarros à la Everway e Falkenstein não compraram por causa do sistema d20.
Já eu, como bom colecionador de bizarrices, comprei. Ele vai enfeitar minha estante ao lado de Planescape, Unkonwn Armies, Everway, Falkenstein, e Nobilis.
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