Fúria da cidade
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O Zimbábue, na África, ganhou os noticiários de todo o mundo na última semana após o presidente Robert Mugabe, 93, no poder desde 1980, ter sido expulso de seu partido e recebido um ultimato para renunciar. Mas a grave crise que o país enfrenta é bem mais antiga e teve reflexos assombrosos também na economia.
A consequência mais notória e inacreditável foi a emissão, há dez anos, da cédula de 100 trilhões de dólares zimbabuanos. É isso mesmo: CEM TRILHÕES. Conte comigo os zeros: 100.000.000.000.000. Ela foi considerada a nota com o maior número de zeros na história: 14!
E não parou por aí. A crise piorou em 2008, quando a inflação foi de 9.000.000% ao ano (sim: milhões de porcentos) e chegou ao colapso em 2009, quando a inflação anual, apontada por economistas, teria sido de 89 sextilhões por cento. Eu nem eu sei quantos zeros tem um sextilhão.
Resultado: em 2015 o país foi desmonetizado. Isso significa que o Zimbábue não possui mais moeda própria. Atualmente, circulam por lá o dólar americano, o rand sul-africano, o pula do Botswana, a libra esterlina, o iene japonês, o yuan chinês, a rúpia indiana e o euro, além de muita gente também usar bitcoins.
Em 2015, durante o processo de desmonetização, o Zimbábue converteu as contas correntes de até Z$ 175 quatrilhões em apenas US$ 5. Já a famosa cédula de Z$ 100 trilhões foi trocada por 40 centavos de dólar, mais ou menos R$ 1,50.
Embora a cédula de Z$ 100 trilhões tenha saído de circulação, não se preocupe, ainda é possível se tornar um trilionário. Ou pelo menos dono de uma nota dessas. Ela pode ser comprada na internet por preços variam entre R$ 50 a R$ 400. No site da Amazon, é possível comprar um pacote com todas as cédulas que circularam recentemente no país, de 10, 20, 50 e 100 trilhões e as de 1, 5, 10, 20 e 50 bilhões por US$ 174,98 (mais ou menos R$ 610).
Eu conheci um colecionador que comprou uma dessas cédulas, mandou emoldurar e pendurou em seu escritório. Ele me disse que, embora ela não tenha nenhum valor, pelo menos serve como um excelente ponto de partida para as conversas com seus clientes.
Tantos zeros e não vale nada…
fonte
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Se naquela fase econômica ruim dos governos Sarney e Collor em que tivemos algumas trocas de moedas seguidas, não fosse feito corte de três zeros em cada uma delas, o Brasil também facilmente poderia ter tido notas milionárias, bilionárias, trilionárias que não valeriam nada também.