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Egolatria ou justiça histórica? Conheça o museu que Evo Morales criou em homenagem a si mesmo

A pobreza histórica pesa bastante, mas mais do que isso é a enorme dificuldade de se deslocar internamente pelas cidades e principalmente por um país que em parte é uma gigantesca ladeira e outra uma selva faz uma diferença enorme pra quem quer trabalhar, estudar ou comercializar um produto estando em locais afastados.

Aqui com todas as dificuldades que temos, pra eles é muito menos sofrido circular, se ajeitar e prosperar. Sampa tem exatamente esse perfil oferecendo uma quantidade enorme de serviços e qualificações que lá ainda não tem. E no final de semana, descer a serra do Mar pra pegar uma praia pela Imigantes pra eles é simplesmente um paraíso, perto da sofrida descida de qualquer estrada esburacada nos Andes todas estreitas e perigosas que qualquer interrupção isola facilmente uma cidade por vários dias.
 
Se existe pobreza histórica (que não é culpa do Evo Morales) então não é hora de construir museus. É hora de construir o país.

Aproveitar essa oportunidade de ter sido eleito para realmente fazer a diferença. Deixar um legado maior que qualquer obra de cultura. Antes de ter fome de cultura as pessoas precisam ter suas necessidades básicas atendidas. Saúde, Educação e Segurança.

Deixe que outros façam monumentos em sua homenagem.

O cara é eleito e no primeiro ano já começa a construir o museu... então a prioridade dele não é o bem estar do seu povo.
 
:lol: Ele está lá fazem 10 anos. Não começou a presidir a Bolívia agora.

E como já disse, existe verba pra cultura, pra educação, pra saúde, pra segurança, etc...
 
Não entendo quem faz essa dicotomia. Dá pra se investir em saúde, educação e cultura, mas também dá pra investir em infra-estrutura e economia. Não é preciso escolher.
 
:lol: Ele está lá fazem 10 anos. Não começou a presidir a Bolívia agora.

E como já disse, existe verba pra cultura, pra educação, pra saúde, pra segurança, etc...

Por acaso eu disse que ele começou a presidir a Bolívia agora?

Não.

Até porque não sou tolo de pensar que se constrói um museu em 1 ano. :lol:

Estava me referindo a última frase do primeiro parágrafo da matéria:

"Inaugurado em 2 de fevereiro, o museu custou aos cofres públicos US$ 7 milhões (o equivalente a R$ 21,65 milhões) e foi encomendado pelo próprio governo de Morales em 2006, seu primeiro ano de governo."
 
Ah não, sei, tem tolo pra tudo, até de achar ruim a construção de museus, por motivos de: ain não gosto da esquerda.
 
Ah nada haver.... o que achei errado foi fazer um museu num lugar absurdamente errado... Vilarejo praticamente isolado, pouco habitado, longe de qualquer uma das principais cidades. Já fica difícil pros próprios bolivianos conhecerem, quanto mais um turista de fora que possa estar interessado.

Seria a mesma coisa que terem construido aqui o Museu da Imagem e do Som, MASP ou o Museu do Amanhã num lugar isolado do interior da floresta amazônica, Pantanal ou sertão nordestino. E esses museus que citei só tem visitação expressiva porque ficam em grandes centros como Rio e São Paulo que recebem turistas do mundo inteiro, tem aeroporto, hotel, transporte e restaurante pra todos. Cultura se investe em lugar com vocação pra tal. Fora isso é jogar dinheiro fora.
 
São dois pontos diferentes pra mim.

Se é justo ou não é um dos pontos. Concordo que é justo pelo contexto amplo o qual o museu se trata.
Outro ponto é se você encomendar uma obra que celebra, mesmo em parte, a si mesmo é narcisismo e egolatria. Sim, também é narcisismo e egolatria. Mas isso também não é surpresa em se tratando de um político. A maioria sempre busca construir algo mesmo pra poder colocar seu nome ou sua persona e ser imortalizado.
Não são coisas que se excluem.
 
O museu se insere no contexto de uma abordagem cultural tipicamente ligada à esquerda latinoamericana - contar a história local através das lentes locais, oferecendo uma alternativa à historiografia convencional, eurocêntrica. É um movimento que, embora polêmico em virtude de seu próprio enviesamento típico, de querer mudar a prática cultural e política a partir de uma nova versão dos fatos já transcorridos, por outro lado é estritamente necessário e interessante, afinal, novos fatos e novas fontes de informação são evidenciadas e isso só enriquece o debate.

Contudo, se é que a reportagem descreveu de forma confiável o tom das exposições encontradas nesse museu, encontra-se entre o insosso e o preocupante essa preocupação de "definir heróis". História contada como uma sucessão de atos individuais de heroísmo, livrando as personagens de suas próprias contradições, não é história, é mitologia construída com o objetivo de exaltar e legitimar o poder daqueles que (supostamente) descendem, de uma forma ou de outra, dessa linhagem - vide o Evo, ainda em exercício, pagando de "último profeta e libertador definitivo dos povos indígenas bolivianos".

Além disso, o impacto histórico de qualquer fato não se dá imediatamente à concretização do próprio na esfera social. Cada evento gera desdobramentos posteriores que, mesmo por vezes sendo razoavelmente antecipados por especuladores bem informados e de suficiente arcabouço teórico, são em última instância impossíveis de serem mensurados e determinados no presente. Imagina se, anos atrás, o Google, tendo certeza de que houvera consumado uma verdadeira revolução tecnológica, tivesse lançado um museu da "interatividade digital - do teletexto ao Google Glass"?

Evo com certeza absoluta tem seu lugar na história da Bolívia e da América Latina, tendo alterado para sempre a paisagem política de seu país e concedido, para o bem ou para o mal, mais prestígio e poder aos grupos étnicos autóctones. Mas o tamanho e a natureza desse lugar só o tempo pode dizer. E só sabendo desse impacto é que se pode organizar uma coleção para um museu, já que a função deles é preservar a importância do passado através de um recorte apropriado de seus indícios.
 

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