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Egito e a crise de fé

Sempre que pensamos no Egito, lembramosdo seu esplendor e belos templos dourados cingidos por vários deusesde várias funções. Mas o que nunca relacionamos é a possibilidadede algum dia esta fé ter vindo a justamente ser a causa de um imensoconflito que pode ter sido o começo do fim do império egípcio.Repleto de mitologia e magia no seu dia a dia tamanha influenciareligiosa foi talvez a única coisa capaz de desestabilizar umimpério com tamanha amplitude e tamanha dominação. Em um momentono qual o Egito conquistou sua posição de maior glória e poder,talvez tenha sido aquele no qual o período de paz tenha sido oresponsável por trazer à tona contendas individuais que ameaçaramuma história de mais de mil anos. Mas por que pensei em influênciasegípcias para as histórias da Terra Média? Por que vejo a eternadisputa da Sombra pela dominação como o mesmo conflito queaconteceu no Egito.
Se um faraó teve uma forteparticipação em tudo o que veio a ser o Egito um dia, este alguémfoi o faraó Tutnés. Com uma tecnologia que ia além dos antigosconceitos, os egípcios tinham agilidade e elaboração nos seusplanos de conquista. Seus barcos, por exemplo, podiam ser montados edesmontados ao chegar em quisquer região. No entanto, todas estasgrandes maravilhas eram produto da forte adoração aos deuses e aoagradecimento pela ampliação do império e sua subsequentedominação sobre outros povos. O que seria destas simples conquistassem uma divindade a qual adorar ou dedicar a própria conquista? Emum mundo simplista demais temos nossas conquistas para nós mesmos:materialista e fútil. No entanto, com o passar do tempo, o homemquis ser visto como a própria divindade no qual conquista e seoferece a própria conquista – ele se tornou o deus de si mesmo.Mas neste primeiro momento da história humana, nada mais importavaque servir e agradar aos deuses, cair no seu desagrado era estar emdesgraça e atrair para si e à comunidade consequências terríveise inimagináveis. Mas um homem no futuro da história egípcia – ofaraó Akenaton – ousaria desafiar aos deuses e isso traria sim umadesgraça sem precedentes no Egito.
No passado egípcio ser um sacerdoteera um estilo de vida bem aceito e com muitas e fortes chances desucesso e dinheiro. Servir à Amon-Ha era estar no centro da políticae religião do país. A autoridade suprema do país era Amon: todasas vitórias e sucesso conquistado er dedicado em generosas oferendasa Amon. Foi esta diminuição natural e já parte da cultura egípciaque fez Akenaton desafiar a ordem milenar estabelecida. Ele fez pordestruir todos os vestígios possíveis de Amon, inclusiveeliminando-o da história ao riscar da pedra seu nome e sua história.Todos os anos uma cerimonia dedicada a Amon era realizada no Egito: odeus sai do templo para se misturar com o povo, algo raro, estandodeitado em um barco – a população se sentia favorecida e nestedia altas doações eram oferecidas ao templo em nome de Amon. Altassomas que poderiam ter sido levadas aos cofres do faraó. Sem dúvidaa perspectiva monetária somada ao narcisismo do faraó contribuírampara uma atitude mais severa.
A disputa direta do faraó passou emseguida aos sacerdotes do deus Amon. Por todo aquele perído deadoração ao deus, os sacerdotes eram entendidos como os únicos quepudessem ter uma comunicação direta com a divindade. Era um direitoque só a eles cabia, nem mesmo o faraó gozava de tal privilégio.Além disso, portanto, os sacerdotes eram aqueles que mantinham aharmonia e prosperidade social. Então, Akenaton tem a mais umafigura a vencer: seu prórpio pai. Este fora Amentotep e governousobre o império egípcio em um momento no qual não existiamdisputas ou batalhas a serem vencidas. Como então poderia vir a serlembrado? Sem o prestígio, ampliação de territórios e riqueza quea guerra trás nada poderia fazê-lo ser marcado nos anais dahistória. A não ser que ele fizesse algo extremamenterevolucionário e diferente. E este algo foi passar a idolatrar aoSol e elevar a condição do faraó para a de um deus vivo na terra,sendo o único que de fato poderia manter alguma comunicação com odeus. Para isso, ele construiu um outro templo bem afastado de Karnakpara as práticas de adoração do novo deus. Isto além de motivar aconstrução de um templo gigantesco e de proporções épicas, aindatrnaferiu a importância religiosa e política de Karnak para otemplo do próprio faraó – permitindo que ele próprio indicassequem trabalharia a serviço do templo e de que modo as coisas notemplo aconteceriam segundo a sua própria vontade. O disco solaraproximou homens e deuses permitindo que ambos fossem reverenciados,transformando o imperador em um homem do mais alto poder. Mas o filho– Akenaton – foi quem de fato agiu na destruição e proibiçãodas crenças egípcias como um todo. Dizem as tradições egípciasque nunca eles se recuperariam totalmente do que foi este cismaprovocado pelo próprio faraó e que todas as catástrofes seguintesda história egípcia seriam consequencias do afastamento dos homenspara com o deus Amon, que sempre havia sido misericordioso econdescendente ao permitir que a vida egípcia acontecesse eprosperasse às margens do Nilo.
Uma história trágica e que, apesardisso, poderia nos servir para associar com o que motivou desde aderrocada de Melkor até a construção do Um Anel por Sauron. Ambos,não sabem o quanto suas atividades foram todas motivadas pelo seupróprio egoísmo e desejo de usurpar toda aquela atenção dedicadaa Ilúvatar. No fundo, seriam eles todos crianças carentes buscandoatenção? Se foram trnaformaram todo esse desejo desesperado poratenção em uma busca violenta pela sede de poder e o domínio pelaforça dos que estavam ao redor. Nada disso parece importar muitoquando lemos ou assistimos a obra, mas nos faz pensar em quanto essasatitudes poderiam ser motivadas pela necessidade de “chamar aatenção”? O que acham sobre essas ideias?
 
Existe um modo legal de abordar esse tema que foi tocado no fórum brevemente sobre a relação que existia entre Melkor e o mundo criado por Eru. Em uma discussão se comentava que a presença de Melkor (a busca dele por glória) acelerou a deterioração do mundo. O que significa dizer que havia relação entre o Inimigo do Mundo e o conceito de memória (o próprio Melkor funcionava também como conceito).

Mas o que significaria a "glória" ou "vitória" que Melkor buscava?

Se voltarmos na segunda Era, em Númenor os homens separam no espaço da ilha aquilo que de mais próximo existia de um templo de culto a eternidade dentro do mundo, uma espécie de memorial sagrado dedicado a presença de Eru erguido numa montanha e aonde o rei visitava. Manwe também decidira contruir sua morada em um lugar pouco acessível às mudanças/alterações/deturpações da memória, em uma montanha, alta, rarefeita e fria, construída na rocha para durar comandando de cima o jardim da criação

Melkor é o oposto, ele busca fortaleza nas profundezas em que altas pressões explodem de forma instável e inconstante, tal era a relação de Melkor com a memória do mundo. Destruição desequilibrada da memória em oposição a preservação dela.

Diferentemente do que Melkor queria e indo mais a fundo a memória sempre fora um bem a ser cultivado por Eru e pelos Valar (cujo memorial de sua presença continuaria visível até à época de Númenor).

Os rebelados de Morgoth aplicavam o oposto do cultivo da memória em seus planos. Se o cultivo da fé e da dúvida devia ser ensinado de forma saudável perante os Valar, no caso de Melkor a perversão de conceitos fazia com que aparecessem seres cínicos e cruéis que cultivavam tanto fé deturpada junto da dúvida deturpada sem chegar a entender o mundo. E aqueles que caíam nessas garras nunca sabiam o que era a verdade, nem a memória de que as duas coisas deviam conviver era preservada criando massas de sofredores em busca de vingança.

Melkor preferia a escuridão, aonde a memória das coisas perdia nitidez. Se memorizar do jeito certo é também esquecer o que é inútil e lembrar daquilo que deve ser mantido. Um texto interessante sobre memória:

Have we become more depressed because we have stopped memorising?

Education from ancient greece to early 20th century was largely a process of memorisation. Students were expected to learn, remember and use a large variety of cultural materials to furnish their thoughts, words and actions. Once finished with studies, students would continue to have poetry, literature, theatre, religion and history to draw on, wherever they were, when ruminating on particular struggles through their lives. Take Shakespeare, woven throughout his dialogues are poetic and cultural references and yet he was writing for a largely illiterate audience. These references may have helped people challenge their unhelpful thoughts.

I want to look at two things have occurred in the west, in the late 20th century in terms of their impact on mental health [1]. The first is the trend in education to avoid memorisation and the second is the development and refinement of various cognitive behavioural therapies (CBT).

Since the education revolution of the 1970s, students in the west have largely stopped memorising. With the rise of the internet in the 1990s, this process has all but ceased, even for adults who were brought up believing that memorisation was an important aspect of living one's life. Advocates of the extended mind might say that access to the internet or books makes memorisation obsolete. But, think of driving one's car across town, or rock climbing or trying to cook a meal whilst managing anxiety and/or depression. When individuals are alone with their thoughts, when they cannot plug into the internet, or even when they can plug in, they can't necessarily bring to mind a reference or activity that would calm them, offer advice or solace to guide them back to a rational state of mind. Depressed people often turn to social applications such as FB to get help or to feel better, and can spend quite a deal of time there without any progress in their mental state at all. Even if a person does open a relevant page, they can find it difficult to concentrate or absorb external information in a psychopathic state of mind. I claim that the mnemonic structures found in religious texts, poetry and so forth used to form a buffer against one's own negative thoughts and no longer plays such a central role in people's daily mental health management. That is, there is something different about memorising and it could be the key to fixing depression. But, I'm not advocating a return to religion in order to get benefits.

I argue that the most important thing about memorising is that it makes it easier to resolve negative affect. When content is memorised it becomes effective self-talk, springing effortlessly to mind. Lack of energy, poor problem solving and reduced cognitive function are features of depression. I compare this process to learning self-defence by practising moves over and over again without threat, so that in the event of an actual attack, reactions are swift and effective. This leads me to CBT.

CBT is a set of methods of challenging unhelpful thoughts. It has been empirically shown [1] to have a large impact on "unipolar depression, generalized anxiety disorder, panic disorder with or without agoraphobia, social phobia, post traumatic stress disorder, and childhood depressive and anxiety disorders" [2]. The techniques are varied and have been refined over decades, but the principles are clear. What improves depression is when patients actively acknowledge distorted thoughts, challenge them and/or observe them to lessen their impact. The process is very intense, confronting and requires discipline and perseverance to carry out. Part of the effort involved is absorbing and retaining the various 'reframes' of negative thought patterns into realistic, positive, yet believable statements--i.e. memorising them. Patients must begin by quite laboriously writing out their thoughts and analysing them. But, with time and practise those new thought patterns become dominant and reflexive. They have been memorised and are accessible, even during an 'attack'.

Much of the effectiveness of CBT is due to the benefit of memorisation, a skill known for thousands of years, but perhaps only recently rediscovered.

[1] I focus on the west in this case. But, clearly depression exists in Asian cultures and they have a very strong focus on memorisation. I should be very clear then in stating that I do not mean that memorising anything will help depression. But, that using memorisation with CBT (or perhaps religious texts, poetry etc…) is the combination required to ease symptoms.

[2] Butler, A.C., Chapman, J.E., Forman, E.M., Beck, A.T. (2006) The empirical status of cognitive-behavioral therapy: A review of meta-analyses Clinical Psychology Review 26(1) 17-31.
Tags: anxiety, cbt, depression, history, literature, memorisation, panic disorder, poetry, post traumatic stress disorder, social phobia, theatre

(interessante as tags> depressão, desordem de stress pós traumatico, fobia social, ansiedade)

Ocorria de Melkor amar o cultivo da memória daquilo que pudesse destruí-lo, mas não apenas isso, ele cultivava a dúvida daquilo e daqueles que podiam cuidar dele. (a pervesão da fé e da dúvida/ceticismo deseja eliminar os dois conceitos através da morte do hospedeiro que alberga a doença ou o desejo pervertido).

A memória que os outros Valar protegiam ou cultivavam visava a eternidade e isso funcionava com eles porque não haviam se amaldiçoado no mundo como Melkor fizera antes de adentrar a casa dos filhos diante de Eru. Ao entrar no mundo as suas glórias tinham sido comprometidas de antemão a trabalharem pela glória de Eru.

O assunto vai mais além se colocado à luz das comparações com a bíblia porque as raízes do cristianismo são parecidas com a do universo de Tolkien.

Segundo contam algumas tradições cristãs e bíblicas, a presença luciferiana travara contato com o povo do Egito criando um contrato que durara até a vinda de Cristo (quando foi cancelado qualquer domínio oficial). Entretanto a sombra do passado sobre a memória do mundo demoraria bem mais a ser integrada e curada.

Com Melkor isso veio a acontecer. Depois de ser expulso (de forma parecida com o destronamento do príncipe caído do mundo no novo testamento) a escala cósmica de um compromisso não se compara a escala local e os planos que foram empreendidos na época de Melkor começaram a ser tocados no modo automático ao invés de serem cancelados (sementes do mal que sempre brotam) para que não se anulasse todo o projeto original. A memória precisaria ser redirecionada para que os homens governassem o mundo.
 
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