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Ecologia, a nova religião

Felagund

Usuário
Entre vários intelectuais formadores de opinião, um deles se destaca indo quase sempre contra todas as posições hegemônicas: Slavoj Zizek, o Rock Star da Filosofia. Com ele, o tema da ecologia pode ser dissecado e examinado com mais de detalhe, sem o humanismo barato pós-moderno e sem o consumismo travestido de liberdade individual. Suas ideias são embasadas na psicanálise e na filosofia alemã - mas relaxem, o dono disse que não morde.

Não há dúvida de que há problemas ambientais que precisam de solução rápida para a sobrevivência da espécie humana ou, até mesmo, para a manutenção de determinados recursos que facilitariam nossas atividades cotidianas, afinal, somos dominados por máquinas durante todo o dia e essas máquinas precisam de algum alimento.
Entretanto, creio que é necessário observar um pouco melhor todo este alarmismo sobre os atuais problemas ambientais. É o que o aclamado psicanalista e crítico social Slavoj Zizek - conhecido como "o filósofo rock star" - vem fazendo há alguns anos e há alguns livros. Zizek já considera a ecologia (junto com todos os problemas que ela trata) como a nova religião – o novo ópio do povo. Por quê? Porque se trata de uma problema que engloba tudo e todos (a humanidade), que está além do âmbito social (afinal, a natureza não é considerada como um produto social, mas como algo em-si) e que nós, enquanto indivíduos, já carregamos culpa desde de que nascemos (pois, claro, somos parasitas do planeta Terra e etc). Abaixo seu pequeno vídeo sobre Ecologia, realmente interessantíssimo.


A ecologia se transforma, deste jeito, em um enorme problema sem perspectiva nenhuma de mudança real, mas com a necessidade de todo mundo estar alerta para a desgraça iminente – é o alarmismo que vemos fácil no documentário de Al Gore e nos textos de James Lovelock. A pergunta mais importante: como este alarmismo foi criado? Em que contexto histórico ele faz sentido e que função ele tem na sociedade globalizada atual?

É importante entender que no discurso ideológico atual (que chamamos no senso comum de globalização/tolerância/aldeia global e etc.), explorado muito em Vivendo no Fim Dos Tempos, existe uma supressão dos antagonismos. Em outras palavras, parece que não há mais motivo para realizar lutas político-sociais, pois todos os problemas podem ser resolvidos democraticamente.
Com esta visão, Zizek tenta mostrar que toda a política se transforma em administração, pois todos se encontram do mesmo lado, todos têm os mesmos pressupostos, não há outra opção nem outra alternativa possível. Tudo é utopia irrealizável.

Desta forma, o discurso ecológico é apresentado como mais uma maneira de desfocar essas lutas estruturais para um problema agregador, um problema global, da humanidade, um problema de uma sociedade que não tem mais problemas político-sociais estruturais. Abaixo, um vídeo onde Zizek analisa rapidamente estes aspectos:

Na USP, o professor Ricardo Feliciano se opõe à teoria do aquecimento global, um dos pilares de todo discurso ecológico. Mas faz isso recheando seus argumento com teorias da conspiração, que não são tão aplicáveis ou até mesmo razoáveis. Segue abaixo sua palestra na I Semana de Ações Ambientais de Santiago, no Rio Grande do Sul, em 2011

Porém, há algo que ainda me incomoda sobre o tema: se trata da culpa imputada aos seres humanos pela degradação da natureza, de maneira que parece que não somos, também, a natureza. Como se ela estivesse em um perfeito equilíbrio até à Primeira Revolução Industrial.
Tudo se passa como se a história daquilo que chamamos de natureza não fosse uma cadeia de constantes catástrofes. Em Violence, Zizek defende que essa concepção forçada é uma forma de violência. Ele a nomeia de objetiva, uma violência silenciosa que mantém as estruturas vigentes da sociedade e é aquilo que faz tudo parecer "normal". É o senso comum inculcado mais profundamente, por exemplo.

Para fazer um paralelo interessante, colocar sobre os ombros dos seres humanos uma culpa impossível de ser satisfeita (já que os indivíduos não vão "parar" o aquecimento global - vão, no máximo, colocar o lixo para reciclagem) e fazer de sua impotência para solucionar o problema uma camisa de forças que os coloca sob intensas regras morais (sim, esta acaba sendo a função social prática e inconsciente deste discurso) é quase como colocar a culpa da peste negra em cima dos pecados humanos.
Ou seja, até mesmo o aquecimento global, a ecologia, todos os problemas agregadores de uma suposta Humanidade (com H maiúsculo) são formas de encobrir algumas relações de dominação que mostram um mundo ainda antagônico - questões de raça, questões de desigualdade social, questões de exploração do trabalho e tantas outras.

Fonte: http://obviousmag.org/archives/2013/03/perspectivas_sobre_ecologia_de_slavoj_zizek.html
 
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