Mals ae pelo off-topic, mas é preciso chance de defesa para minha amada história.
(smile em homenagem ao Aracáno...)
Louvo o trabalho dos historiadores. Mas decerto que muita coisa inventaram e milhares deles contradizem-se uns aos outros. Já vi reportagens no canal História (que por sinal é o que vejo mais) onde nuns programas contradizem o que disseram noutros episódios.
Sei lá, deve ter algo errado comigo, porque eu considero isso a melhor coisa na história, a capacidade de refutação, de duvidar, de refazer-se. De corrigir o que estava "errado" ou incompleto.
Imagine um mundo em que não poderia haver discordância. Onde não seria permitido ter uma opinião contrária ao do
status quo. Não parece agradável, né? Opressor demais. Então porque querer que a ciência e a história sejam desse jeito? Se fosse assim, não precisaríamos mais de historiadores, porque não haveria mais nada a ser escrito sobre a ação humana no tempo.
A história é constante reescrita. Onde cada historiador escreve a sua tese. O historiador não é (ou não deveria ser) um fantoche opcional.
Quanto a "inventar" coisas, quando aplicada a dados, documentos, isso é fraude. Totalmente anti-profissional. Que historiador teria crédito após ser desmascarado? E pode ter certeza que vai ter outro historiador chato pra levantar os mesmos dados pra fazer a comprovação. Já quando a "invenção" é aplicada ao desenvolvimento do assunto, isso chama-se
tese. É isso que os cientistas fazem: criam teses.
O problema dos historiadores é dizerem que são os donos da verdade e isso, tenham lá paciência, só o tempo dirá se tinham ou não razão.
Quantas vezes o que foi tido como verdade afinal deixou de o ser?
Pois é. Não é ridículo, portanto, que tu queira que os historiadores não se contradigam? O conflito de opiniões é o que faz a história.
Se dizer dono da verdade é ter a pretensão de alcançar a verdade absoluta, universal, irrefutável. Todos sabemos que um trabalho de um historiador é pura e simplesmente a
interpretação dele (historiador) sobre determinado acontecimento/situação/meio baseado em dados. Esses dados são chamados de documentos e vão muito, muito além de simples papéis velhos: murais, pinturas, construções, fotos, fitas, CDs, filmes, e até a memória apreendida através de entrevista gravada.
Sendo uma tese a produção de um único indivíduo é óbvio que ela não pode ser uma verdade universal. Cabe aos demais, concordar, discordar, reformular, destruir, etc. Um trabalho de história não está ali pra ser acatado e decorado como verdade. Está ali exposto para que se possa ponderar sobre ele, como se faz com qualquer outra coisa.
Eu explico: adoro História.
Mas prefiro Mitologia.
Porquê?
Porque tem mais emoções humanas.
Às vezes falta isso na História. De tão técnica, a História ignora que o improvável também pode ter acontecido...
Poucas coisas são mais humanas do que a clássica definição de história: estudo do homem no tempo.
Faltam emoções humanas na história. Existem livros clássicos sobre exatamente as emoções humanas: história do medo, história do amor e até história da lágrima! Claro que história não pode ser contada como um romance. História não é ficção, porque tem a pretensão de corresponder à realidade.
Se preferir uma abordagem personalista de história, temos sempre excelentes biografias, que tratam sobre aspectos históricos circundantes do biografado ao mesmo tempo que discorre sobre o próprio.
Enfim, não acho que a história seja assim tão técnica a ponto de seu método pretensamente científico desmanche o interesse pelo que é essencialmente humano.
É preferível a Mitologia pois por mais absurdo que seja, ainda é aceitável. Mesmo "estórias" como SdA.
Quanto a "história", esta depende muito do poder vigente e do interesse popular. vejam a "história" do Brasil, por exemplo, para mim, não passa de um conto de fadas às avessas, um monte de mentiras e folclore, feito para iludir gerações futuras!
Correto. A história depende do poder atual. O próprio conceito de verdade depende do poder atual. Tudo está a ele submetido de alguma forma. E aí está mais uma máxima da história: "somos produzidos pelo meio em que vivemos". Somos influenciados culturalmente pelo nosso tempo. Nascemos, crescemos e vivemos nele. Aprendemos tudo o que sabemos nele. É natural, portanto, que ajamos de acordo com o meio (poder). Hoje nos parece ridículo, estúpido e mentira o que contavam há cem anos. Mas na época não era. É preciso contextualizar o tempo se quisermos fazer história crítica. Assim como muito provavelmente pareceremos burros igonorantes daqui a um século.
Nem sempre há uma intenção malévola de enganar, de ser parcial totalmente. Mas somos levados a isso. Mas já que isso acontece, já que a história é uma interpretação pessoal do historiador, por que não defender certos pontos de vista? Isso tem sido muito discutido no meio da história atualmente.
Com uma visão tão pequena de história, não me admira que vocês achem a nobre ciência de Clio tão desinteressante.