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E quando os cientistas erram?

Lew Morias

Luck is highly overrated
E quando os cientistas erram?

Publicado em 22/11/2010


'Nature' põe em debate os artigos retirados da revista, blogue se propõe a acompanhar mais de perto histórias similares e comunidade científica agradece.

O coreano Hwang Woo-suk proporcionou um dos casos mais famosos de retiradas de artigos científicos. Ele era considerado um dos precursores da pesquisa com células-tronco e clonagem até que, em 2005, descobriram suas – muitas – fraudes (foto: reprodução).

Um editorial da revista Nature de duas semanas atrás traz à tona uma questão não muito debatida em periódicos científicos: o que fazer quando uma pesquisa já publicada é retirada do arquivo da revista?
Em outras palavras, a revista quer discutir o que fazer quando um artigo é retracted – termo em inglês sem tradução consagrada para o português, que quer dizer algo como 'retirado' ou 'recolhido'.
Os chefes de laboratório estariam perdendo a capacidade de controlar os possíveis erros cometidos por suas equipes
Pois bem. A Nature resolveu tratar essa questão de modo franco. A motivação: o número de artigos 'retirados' da revista este ano é estranhamente maior do que do ano passado. Enquanto em 2009 apenas um artigo foi recolhido, em 2010 o número subiu para quatro.
No editorial, a revista tenta identificar os motivos. Entre as principais hipóteses levantadas, a publicação alega que haveria hoje uma maior facilidade para se criar (mas também para se descobrir) imagens fraudulentas e que os chefes de laboratório estariam perdendo a capacidade de controlar os possíveis erros cometidos por equipes numerosas.
Sobre este último item, a Nature adverte: "Qualquer laboratório com mais de dez pesquisadores tem de tomar medidas especiais para garantir que o pesquisador-chefe seja capaz de assegurar a qualidade do trabalho dos mais jovens".
Em defesa da transparência, a Nature se comprometeu a avisar seus leitores com agilidade quando um artigo for retirado. E prometeu notificar também a imprensa, caso o artigo em questão tenha sido destacado no comunicado que a revista distribui semanalmente para jornalistas cadastrados.


Novo blogue cobre o que, literalmente, sai

Uma prova de que a comunidade científica está atenta para essa questão é o lançamento recente do blogue Retraction Watch ('Observatório de retiradas' em tradução livre), no ar desde agosto. A iniciativa promete divulgar os artigos retirados, explicando o porquê das decisões e avaliando o posicionamento dos periódicos diante das saias-justas.
O monitoramento das retiradas ajudaria na avaliação da qualidade do próprio periódico
O portal foi criado pelos divulgadores de ciência Ivan Oransky e Adam Marcus, ambos com vasta experiência de trabalho em publicações do gênero.
Os blogueiros defendem que monitorar as retracitons pode ajudar na avaliação da seriedade da publicação como também, em alguns casos, proteger cientistas injustiçados (por terem sido fraudados, copiados etc.).
Os criadores do Retraction Watch elogiaram o editorial da Nature, porém redobraram a cobrança sobre a divulgação mais ampla dos casos de retirada. Mais olhos estão atentos.

Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/blogues/bussola/e-quando-os-cientistas-erram/view

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Apesar de não acompanhar a Nature, achei, pela comparação com o ano anterior, que houve muitos artigos retirados do periódico neste ano. Lembro-me do caso do coreano citado na notícia, houve um grande estardalhaço no ano em que descobriram as inúmeras fraudes em suas pesquisas.

Achei bacana a atitude da Nature em trazer essa discussão sobre artigos "retracted" a tona. Mas a questão é: o que devia ser feito para erradicar a publicação de pesquisas fraudulentas? É necessário que os editores dos periódicos sejam mais cuidadosos ao avaliarem o que vai ser publicado? Os chefes de pesquisa devem ter um controle maior sobre o que está sendo feito no laboratório? Reduzir o número de pessoas em cada grupo é uma saída viável?
 
Otimo post. Acho uma grande iniciativa da Nature, mas tambem acho que estão tentando "tirar o deles da reta", sendo que parte da culpa e do sistema que analiza as possiveis publicações. Quanto a reduzir o número de publicações recolhidas, o assunto vai longe. Mesmo reduzindo as equipes, sua composição ainda pode conter um individuo fraudulento, e com a facilidade ja citada de realizarem-se falcificações aumentou muito, mas a identificação dos mesmos também, e sabendo-se disso, instalar uma metodologia diferente para analizar tais artigos é extremamente importante, cabe tambem instalar um sistema de maior refinamento para que a pesquisa seja publicada, realizando assim um maior numero de analises, e comprovações destas pesquisas perante a um grupo de especialistas cada vez mais rigido e seleto. Pois deve-se considerar que não estamos tratando de meros trabalhos universitarios, e sim, de grandes publicações científicas e de hambito mundial.
 
Lew, pesquisas fraudulentas estão por todas as partes, publicadas em revistas científicas ou não. Em geral seus resultados são manipulados para o benefício/lucro de um pequeno e seleto grupo, não pro da população.

No meu caso ouço muito minha orientadora da monitoria falar sobre a indústria farmacêutica, que divulga resultados mentirosos em periódicos de destaque e tentam comprar os médicos pagando-lhes viagens e congressos. Ludíbrio e trapaça estão presentes em todas as épocas da existência do ser humano, e pensar em sua erradicação é utópico. O mais palpável é identificá-los e aprender a lidar com eles...

Acho que cada um deve desenvolver o seu senso crítico, fundamentado em todos seus princípios éticos e morais, porque todos os outros, até que se prove o contrário, são corruptíveis.
 
Esse ano cursei uma disciplina chamada Bioética, na qual o caso do coreano foi citado também. A bioética tem quatro principios a serem seguidos:Autonomia, Beneficiência, Não Maleficiência e Justiça, o que o Dr. Woo-Suk notoriamente não sabe. Também ignora que atualmente a ciência não trabalha apenas com Questões de Fato, ela envolve também Questões de Valor e deve estar atrelada a ética que rege esses valores humanos. A ciência não é infalível, mas é vergonhoso ser fraudulenta!
 
Eu sou meio contra a política da pesquisa voltada para publicações de papers e etc. E isso pode ser um dos fatores que impulsionem pessoas a ocultar/criar resultados significativos.
Mas isso é outro papo.

Eu gostei da atitude. O papel da revista é divulgar resultados importantes. Na descoberta de uma fraude, alertar os leitores.
Acabo me preocupando pouco com as fraudes na ciencia porque cedo ou tarde elas aparecem. Tem sempre alguem, nem que seja aluno, querendo repetir/checar resultados.
 
Lew, pesquisas fraudulentas estão por todas as partes, publicadas em revistas científicas ou não. Em geral seus resultados são manipulados para o benefício/lucro de um pequeno e seleto grupo, não pro da população.

Concordo com você, Pim.

O problema é uma revista do porte e do alcance da Nature publicar esse tipo de pesquisa. Se não é possível erradicar as fraudes nas pesquisas, deve haver uma rigidez maior na seleção daquilo que é publicado. Conversar com diferentes especialistas, realizar o experimento novamente, revisar a demonstração apresentada...

E o ponto que o Fusa comentou também é vital. Essa política de "publique ou pereça" também é um estímulo a publicação de resultados fraudulentos. A quantidade de artigos publicados torna-se mais importante do que a qualidade. Enfim, interesses econômicos, a exigência das agências de fomento de um número x de artigos publicado num ano, todos esses fatores contribuem para a realização e divulgação dessa "ciência marrom".
 
No meu caso ouço muito minha orientadora da monitoria falar sobre a indústria farmacêutica, que divulga resultados mentirosos em periódicos de destaque e tentam comprar os médicos pagando-lhes viagens e congressos. Ludíbrio e trapaça estão presentes em todas as épocas da existência do ser humano, e pensar em sua erradicação é utópico. O mais palpável é identificá-los e aprender a lidar com eles...

Como aconteceu quando as empresas de aspartame "fizeram" uma pesquisa que um outro tipo de adoçante (não sei o nome) causava câncer, para poderem lucrar em cima da venda "boicotada" por causa do risco de câncer.

E o ponto que o Fusa comentou também é vital. Essa política de "publique ou pereça" também é um estímulo a publicação de resultados fraudulentos. A quantidade de artigos publicados torna-se mais importante do que a qualidade. Enfim, interesses econômicos, a exigência das agências de fomento de um número x de artigos publicado num ano, todos esses fatores contribuem para a realização e divulgação dessa "ciência marrom".

Aqui na UFRN tem muito disso, publicar papers, artigos etc para parecer que trabalham mesmo.
 
Como aconteceu quando as empresas de aspartame "fizeram" uma pesquisa que um outro tipo de adoçante (não sei o nome) causava câncer, para poderem lucrar em cima da venda "boicotada" por causa do risco de câncer.

Não sei se eu na época entendi errado, mas que eu lembre era o próprio aspartame que foi considerado cancerígeno, em contraste com os adoçantes à base de sacarina sódica.

(Não prestei muita atenção pq não uso adoçante... se estiver invertido me perdoem. De qualquer forma o "outro tipo" é a sacarina.)

Essa política gerou ditados populares aqui em santa catarina, do tipo "Publico, logo existo" e
"Quem muito Lattes não morre".
 
Essa política gerou ditados populares aqui em santa catarina, do tipo "Publico, logo existo" e
"Quem muito Lattes não morre".

Já ouvi coisas semelhantes aqui em SP.
As universidades (pelo menos públicas) estão exigindo uma produtividade muito maior dos professores, algo que já levou à algumas discussões sobre até que ponto a educação é mais importante do que a publicação de artigos/livros para a universidade.

É um problema muito sério e que é pouco abordado.
 
Não sei se eu na época entendi errado, mas que eu lembre era o próprio aspartame que foi considerado cancerígeno, em contraste com os adoçantes à base de sacarina sódica.

(Não prestei muita atenção pq não uso adoçante... se estiver invertido me perdoem. De qualquer forma o "outro tipo" é a sacarina.)

Eu não me lembro direito, mas tenho quase certeza (não 100%) que era a indústria de aspartame que tentou "provar" que o outro, acho que era sacarina mesmo, era cancerígeno, mas na verdade é o próprio aspartame que é cancerígeno.

Essa política gerou ditados populares aqui em santa catarina, do tipo "Publico, logo existo" e
"Quem muito Lattes não morre".

Muito legal e criativas essas frases.
 

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