Engethor disse:
Pergunta bê-a-bá (em etapas):
- O q são a Era de Ouro e a Era de Prata nos quadrinhos?
- Quais suas características?
- O q marca a transição?
Era de ouro (1938 -1955)
Começou com um fato simples: a criação do Super-homem. Na época, os Estados Unidos se recuperavam da grande depressão, e os quadrinhos estavam em baixa. O lançamento do Super-homem, na revista Action Comics, em 1938, alavancou a indústria, criando um conceito calcado nos antigos heróis da mitologia: o "super-herói". Engraçado pensar que Jerry Siegel e Joe Shuster criaram o Super-homem primordialmente como um vilão que queria dominar o mundo. Ainda bem que eles desistiram dessa idéia (uma curiosidade: os dois venderam os direitos do personagem por 200 dólares).
Outro fato que merece destaque é a criação do Capitão América, em plena Segunda Guerra Mundial. Os americanos vibravam com as aventuras do capitão, que na capa de sua primeira revista, aparecia dando um soco na cara de Hitler. O conceito de "super grupos" foi criado nessa época também, com a Sociedade da Justiça da América, da DC. Uma mania da época era dar "parceiros-mirins" para os heróis.
Bem, o fim. Tudo começou quando um psiquiatra chamado Fredric Wertham lançou o livro "Seduction of the Innocent", onde ele culpava os quadrinhos pela delinquência juvenil, homossexualismo e comunismo. O congresso então exigiu que se criasse um código de auto-regulamentação. Foi então criado o "Comics Code Autority", que foi o único motivo para a falência da EC Comics, já que HQs de Terror e Crime não eram aprovados pelo código.
Bem, tudo isso, somado a histórias fracas, além de conceitos extremamente preconceituosos, levaram a uma queda vertiginosa nas vendas. Ao fim da Era de Ouro, títulos como Capitão América e Tocha Humana foram cancelados, dando lugar a HQs de Western e Guerra. Apenas o Super-homem e o Batman sobreviveram à transição.
Era de Prata (1956-1972)
Bom, aqui nós entramos num período intrincado, extremamente criativo, conhecido como a "Renascência dos Quadrinhos". Já que os artistas não podiam ignorar o Comics Code, eles podiam driblá-lo, adaptando-se de forma inteligente. E foi o que eles fizeram. Primeiro foi a DC, que nos moldes do Super-homem e do Batman (que nunca foram cancelados), recriou o Flash. Foi um sucesso, e abriu caminho para o Lanterna Verde, Átomo e a Liga da Justiça.
Mas talvez o fato mais importante tenha sido a criação do Quarteto Fantástico, em 1961, por Stan Lee e Jack Kirby. A revista conseguia ir além do que todas já tinham feito até então e, apesar de baseada numa idéia da DC, simplesmente não havia comparação entre as duas. Enquanto a Liga da Justiça colocava os heróis mais poderosos do mundo lutando contra ameaças extremas em praticamente
todas as páginas, Lee e Kirby concentraram-se também na parte humana dos personagens, e como eles se relacionavam entre si.
E essa sempre foi a característica principal de Marvel, e por isso a "Casa das Idéias" sempre deve ser respeitada e admirada. Seus heróis não eram semideuses. Eles eram humanos, como eu e você. O demolidor era cego. O Homem de Ferro usava sua armadura para impedir que um estilhaço de uma granada se alojasse em seu coração... e assim vai. Nem preciso falar nada sobre os X-Men, não é? Então, essa foi a maior revolução no mundo dos quadrinhos. A DC, que não era boba nem nada, logo viu que esse "approach" fazia sentido, e adaptou-se à mudança.
Assim, o mundo dos quadrinhos não era mais preto-e-branco, mocinho luta com bandido e fim de papo. No começo dos anos 70, temas sociais e polêmicos como racismo, uso de drogas, etc. eram comuns nas revistas do Homem-Aranha e do Capitão América (que havia sido relançado pela Marvel junto com Namor, outro herói da Era de Ouro).
Bem espero ter esclarecido. Eu poderia falar mais, mas acho que esse post já está muuuuito grande...