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Duplo Fantasia Heroica

Izze.

What? o.O
Quando vem a tona o assunto fantasia, os livros citados desse gênero são predominantemente estrangeiros. Todos lembram do maravilhoso mundo tolkeriano, seus monstros e magias, ou de grandes romances que misturam história às lendas nórdicas, gregas ou egípcias, de civilizações extintas, antigas ou lendárias. São temas que mexem com o imaginário e são recorrentes na fantasia. Porém, não vemos que a própria cultura brasileira e suas misteriosas matas podem ser ótimos cenários para histórias igualmente mágicas. O livro Duplo Fantasia Heroica, um projeto publicado pela Devir, mostra que o Brasil é sim um ótimo lugar para ambientar fantasias repletas de encantos, tormentos, monstros e mistérios.

O livro traz duas novelas de autores distintos que colocam as terras tupiniquins e suas lendas como pontos centrais das narrativas. O primeiro texto é O Encontro Fortuito de Gerard van Oost e Oludara, do norte-americano que há mais de 10 anos vive no Brasil Christopher Kastendsmidt. O segundo é A Travessia, novela que dá seguimento a série de histórias sobre um Brasil pré-descobrimento de Roberto de Sousa Causo. Ambas utilizam a floresta brasileira como cenário das histórias fantásticas e cheias de heroísmo, incluindo o folclore brasileiro nas aventuras de seus protagonistas.

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Não li, mas, ao que me parece, só utilizar o Brasil como cenário não faz com que o país seja um ambiente pra literatura fantástica como a Europa e EU e A produzem.

Não sei até que ponto vai o conhecimento dos escritores com as culturas indígenas brasileiras, mas em uma é um africano e um holandês, ou seja, nada realmente brasileiro. Enquanto que o outro é um viking e, pelo menos, um índio.

A deficiência brasileira em literatura fantástica (deixar o termo por ele ser muito mais amplo do que parece) acontece porque temos deficiência no conhecimento das tradições indígenas pré-descobrimento e também por aceitar o nosso folclore. Esse Saci-Pererê, por exemplo, é mais africano que brasileiro, hehehehe.

Isso se você pensar no conceito mais tradicional de Literatura Fantástica que envolve o resgate dum passado mitológico medieval (que é a base pra praticamente toda literatura fantástica européia).

No final das contas, o melhor exemplo de Literatura Fantástica que temos com aproveitação dos mitos indígenas é Macunaíma, pra quem muita gente torce o nariz por conta da forma em que ele foi escrito. Mas ele mesmo já trata duma mitologia mais indígena-africana do que indígena puramente.

Além disso, a América Latina é um lugar complicado pra se ter uma Literatura Fantástica "medieval" por conta da "falta de" épicos tradicionais. Quando comparada com as Mitologias européias, as mitologias Astecas, Maias e a maioria das tribos indígenas são muito mais violentas que as outras.

Esses povos, se tiveram uma tradição escrita com mitos e tudo o mais, ela se perdeu durante a colonização. Coisa que não acontece, por exemplo, com os outros maiores representantes: Grécia tem a base da literatura mundial, os nórdicos têm o Anel dos Nibelungos, temos também o Beowulf e as lendas de Arthur pré-cristandade...

Posso estar falando uma tremenda besteira apenas por desconhecer a maior parte das tradições latino-americanas pré-descobrimento em termos míticos (se é que há algo deixado por eles nesses termos que explicitei), mas eu vejo que os povos latino-americanos não abraçaram os povos aqui exterminados como os norte-americanos fizeram com as tradições indígenas (depois de exterminarem boa parte).
 
Achei bem relevante isso que tu disse, Pes. Também não sei o quanto os autores (um deles americano, vale lembrar) sabem da cultura indígena daqui, e mesmo se souberem muito eu não tenho como avaliar isso por eu mesma não conhecer essa cultura. Mas acho que ela abre um espaço para criar em cima dela, criar as próprias lendas, seres mágicos e afins usando ela apenas como base. Aí não importa, pra mim, onde isso vai ser, com que seres lendários vai ser, se eles fazem parte ou não realmente da cultura brasileira e da história daqui, o que importa é como isso foi utilizado dentro desse território. Pura invencionice, mas que entretem. =B
 
Eu sou bem chatonildo nessas questões culturais e simbólicas e vejo que a mera introdução duma criatura alienígena a um folclore que você tenta usar como desculpa pra fazer uma Literatura Fantástica Brasileira acaba levando tudo por água.

Por exemplo é esse saci-pererê numa dessas histórias. Se pá numa outra aparece o Negrinho do Pastoreiro. Ou então o Lobisomem que aparecia nas histórias do Chico Bento (aquele que curte galinha). São criaturas míticas mais brasileiras que indígenas, já que elas se formaram com o passar dos anos da colonização.

Essas criaturas tem simbolismos que fogem, acredito, da formação cultural indígena natural nossa. Não que eu defenda um resgate à cultura indígena, mas esse processo de escrita realizado por eles, acaba caindo no mesmo erro (a carnavalização) que foi, por exemplo, Iracema e os mitos indianistas românticos.

Acho que poderiam ir atrás de fazer alguma coisa parecida com o que o Kabral vem fazendo com o Numumba dele. Dar uma pesquisada nos mitos e nas culturas antes de sair escrevendo pra dar uma verossimilhança mais forte (coisa que, pra mim, falta nesses contos pelo que tu resenhou).
 
Pescaldo disse:
Eu sou bem chatonildo nessas questões culturais e simbólicas e vejo que a mera introdução duma criatura alienígena a um folclore que você tenta usar como desculpa pra fazer uma Literatura Fantástica Brasileira acaba levando tudo por água.

Por exemplo é esse saci-pererê numa dessas histórias. Se pá numa outra aparece o Negrinho do Pastoreiro. Ou então o Lobisomem que aparecia nas histórias do Chico Bento (aquele que curte galinha). São criaturas míticas mais brasileiras que indígenas, já que elas se formaram com o passar dos anos da colonização.

Essas criaturas tem simbolismos que fogem, acredito, da formação cultural indígena natural nossa. Não que eu defenda um resgate à cultura indígena, mas esse processo de escrita realizado por eles, acaba caindo no mesmo erro (a carnavalização) que foi, por exemplo, Iracema e os mitos indianistas românticos.

Acho que poderiam ir atrás de fazer alguma coisa parecida com o que o Kabral vem fazendo com o Numumba dele. Dar uma pesquisada nos mitos e nas culturas antes de sair escrevendo pra dar uma verossimilhança mais forte (coisa que, pra mim, falta nesses contos pelo que tu resenhou).

Ah, mas aí tu ta misturando as duas histórias hehehe Não sei como continuam essas histórias, mas na primeira novela tudo gira em volta dos bandeiras e do tal escravo que conta seus causos da áfrica (e na bandeira que ele e o holandês vão criar, o saci aparece como a "arma" para que eles sejam protegidos na floresta"). Até aqui, nada de índio =B

Já a segunda vai pra esse lado indígena. Agora se a tartaruga ilha e o grande monstro (que na verdade nem dizem claramente que tipo de monstro é) faz parte da cultura indígena, só pesquisando mesmo pra saber.
 

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