Opa, perdão pela demora! Mas antes tarde do que nunca.
"A Queda" é muito bom mesmo, embora - às vezes - te deixe perdido. Depois que li "Notas do Subsolo", fiquei surpreso de ver a influência do Dostô sobre o grande Cavaleiro de Ouro Camus.
A influência de Dostoiévski na obra e no pensamento de Camus é extraordinária. Vemos nos personagens camusianos às vezes reflexos do nervosismo ou melancolia existencial das personagens do russo. Porém, enquanto em Dostoiévski é tudo diálogo, em Camus é tudo silêncio.
Kainof, o que você pode me dizer sobre o romance O Estrangeiro de Albert Camus. Trata-se do único livro que tenho dele e que ainda não li.
É a obra mais conhecida de Camus, também pudera, é a síntese perfeita do pensamento do absurdo que obcecou o autor durante a sua vida. O enredo é bastante conhecido, o argelino Mersault (mar-sal?) vive sua vida banal, cotidiana, arrastada. Nessa primeira parte do livro, Camus apresenta diversos elementos comuns, onde se demonstra o signo do absurdo, num estilo ele mesmo absurdo, povoado de silêncios eloquentes. Lembre que para Camus o absurdo é o abismo entre o anseio humano e a impossibilidade que o mundo apresenta.
Ultrapassada a descrição da vida de Mersault, passa-se à ação que ele cometerá que o levará ao mergulho em direção à consciência do absurdo e, consequentemente, do início da revolta. Ao final do livro, o protagonista alcança a epifania.
É um livro recheado de simbolismos, signos e máscaras sob os quais se ocultam a filosofia do absurdo e da revolta, como todos os romances de Camus. É preciso procurar a profundidade, pois existe uma significação para cada silêncio e gratuidade na obra do fraco-argelino. Conhecer a filosofia do autor antes o levará a um melhor aproveitamento dos romances e contos.