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[Discussão] Narrativas arquetípicas..

kika_FIL

Usuário
Lendo o blog do Zeca Camargo hj, me deparei com o seguinte parágrafo:
“Na busca da verdade sobre seu passado – para preencher um vazio na relação pai/filho, que foi interrompida há tempos e de maneira traumática – e ainda procurando agregar sabedoria para construir um mundo mais justo, nosso herói passa por uma série de aprendizados para chegar cada vez mais perto de uma força universal capaz de comandar as grandes e poderosas correntes que regem o mundo num constante jogo de desequilíbrio – justamente, o bem e o mal –, caminho esse pelo qual ele enfrenta terríveis criaturas inimagináveis na vida do nosso planeta como o conhecemos, e mais toda a malevolência de vilões que possuem algo muito próximo da força que ele busca, porém o lado obscuro dela – obstáculos que ele atravessa com emoção e suspense, sempre guiado por um sábio (e ancião) mestre, que não apenas oferece pensamentos iluminados aqui em momentos-chave da aventura, mas também é o detentor de segredos que vão ajudar nosso herói na sua conquista final”.

Ele faz uma comparação de HP com Luke Skywalker, mas parece-me que se aplica a mais casos.. As minhas perguntas são as seguintes:

a) Quais outros livros/filmes/séries se enquadram nesse plot?

b) "o importante não é o que é contado, mas como é contado". Você concorda com esta afirmação? Por que?

Achei que daria uma discussão legal
 
Esse enredo é da Jornada do herói, analisada pelo Joseph Campbell no seu livro O herói de mil faces. Desde que o mundo é mundo há histórias que se enquadram nesse formato. É basicamente a "história padrão" em se tratando de heróis.

Principalmente no gênero de fantasia, é quase impossível tu encontrar alguma obra que fuja dessa fórmula. Logo, o que acaba pesando sobre a qualidade da história é realmente o como ela é contada, e pelo menos no gênero da fantasia a regra parece ser falhar miseravelmente nisso, agarrando-se aos clichês com todas as forças e não ousando em nada, o que nos deixa com pilhas de fantasias genéricas dentre as quais eventualmente tu consegue pescar algo que se sobressai às demais.

Eu colocaria HP num meio termo. Não é um dos lixos, mas tampouco é uma das obras-primas. Pende pro lado dos clichês mal utilizados, o que deixa a maioria dos eventos previsíveis e óbvios demais. O que falta de qualidade artística a série tem de potencial de entretenimento pelo entrenimento - e só.

Uma série de fantasia recente que eu colocaria entre as obras-primas é A Song of Ice and Fire, do George R. R. Martin (o primeiro livro, A Game of Thrones, saiu agora em português por aqui como A Guerra dos Tronos). A história é muito bem elaborada, a verossimilhança é grande e os personagens têm personalidades desenvolvidas a fundo. Parece um romance histórico com elementos de fantasia, com uma sensação de "real" semelhante à invocada pela obra do Tolkien. Mas Martin joga qualquer clichê no lixo (ainda mais que a maioria dos personagens é basicamente composta de anti-heróis) e tem uma tendência a surpreender o leitor a cada página, geralmente para deixá-lo com um sentimento de desconforto, tanto que acho que o melhor conselho que se pode dar a quem for ler a série é: "Não se apegue aos personagens". Será menos traumatizante, acreditem. Em suma, é melhor obra de fantasia desde O Senhor dos Anéis, o que certamente não é pouca coisa.
 
Puxa, fiquei ainda mais triste com o fato da tradução do primeiro livro do Martin por aqui ser ruim =(

Eu concordo totalmente que o importante é como se conta uma história. Até porque histórias com os mesmos temas existem aos montes... algumas são ótimas e outras são péssimas. É até raro ver algo original hoje em dia...
Acho que um bom exemplo pra esse caso é o livro O Apanhador no Campo de Centeio, do Salinger. Uns poucos dias na vida de um adolescente, dias completamente normais. E eu adoro o livro. O enredo é simples, mas a forma como o Holden narra a história deixa ela imperdível. As gírias, as comparações exageradas... acho o livro muito divertido, pela forma como é narrado.
 
Vim aqui na fissura de colocar toda a minha sabedoria adquirida lendo Campbell e vejo que cheguei tarde demais.

Não vejo como adicionar alguma coisa além do óbvio já colocado pelo Tilion. No final das contas, a imensa maioria das histórias seguem esse enredo e o que muda mesmo é o como contar.

Já faz um tempo que eu deixei de lado a incomodação com os clichês. Eles existem porque funcionam, o problema é quando são mal-utilizados como o Tilion colocou. Quebrar esse Paradigma é bastante complicado e é coisa para poucos, quando bem feito é algo fantástico.

Uma trilogia que faz as duas coisas (o acerto e o erro) é Rambo. Podem rir, mas o primeiro filme é genial (justamente por inverter completamente o papel heróico), enquanto que os outros dois são aquela pataquada americana de guerra de sempre.
 
Você é o herói inconsciente

é, a resposta as suas perguntas é uma só: ler o herói de mil faces d joseph campbell. campbell dividiu o mito do herói de 12 passos, mas foi sonia belloto, em seu livro 'você já pensou em escrever um livro?' q analisou detalhadamente como o 1º livro d harry potter usou essa estrutura passo a passo. ah, belloto tb mostra como essa estratégia foi usada no filme 'as pontes de madison'. já no documentário 'o poder do mito' (em 7 partes, encontrado nos melhores torrents da internet), campbell é entrevistado no rancho skywalker, de george lucas, e afirma junto com o seu amigo diretor, q guerra nas estrelas seguiu à risca a receita d bolo do historiador das religiões e mitologias. eis aí a relação da sua comparação inicial.

nada novo até aí, mas um fato histórico interessante quando a fórmula passou a ser massificada descaradamente no cinema. nos anos 80, um roteirista da disney foi designado a tirar as animações de sua empresa do buraco. foi aí q nasceu o clássico memorando vogler (sobrenome do roteirista) e desde então os desenhos disney só fizeram sucesso atrás de sucesso. e advinha quem vogler leu?

psicólogos afirmam q o mito do herói apontado por campbell remete à psiquê humana, é algo q nos agrada sem precisar ser racional. talvez pq a jornada do herói tenha algo a ver com a nossa própria jornada na terra e por aí vai.

o curioso é q dias atrás descobri q existe tb uma fórmula para a música q funciona assim como o mito do herói: a denominada canção de ur traz uma sequência de sons q faz com q qq música (desde lady gaga até restart, :puke:) soem viciantes e gostosas de ouvir. se o autor do post sobre a música afirma q as músicas q se baseiam nessa fórmula fazem sucesso ñ por esforço próprio ou originalidade e sim por oportunismo subconsciente, será q ñ poderíamos afirmar o mesmo dos livros e filmes q usam a fórmula descoberta pelo campbell? e a gde pergunta q ñ quer calar: se vc fosse escritor, preferiria arriscar em ser original fugindo desta fórmula e ñ tendo leitores ou fazer igual todos fazem para garantir uma tiragem mínima de livros publicados?
 

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