Melian
Período composto por insubordinação.

Nem vou editar, para não perder a graça.

P.S.: E pare de queimar meu filme, @Béla van Tesma ! Ficará sem chamego hoje.

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Tô postando, aqui, só para avisar que, no dia 04, às 18h, no canal da Escamandro (Youtube), o @Mavericco vai falar sobre a poesia goiana. Na oportunidade, ele mostrará que EXISTE POESIA GOIANA PARA ALÉM DA CORA CORALINA.Novembro: Vintém de Cobre (Cora Coralina)
Por ser uma espécie de memórias poéticas da Corinha.
Já me fizeram essa pergunta uma vez... É realmente curioso. Eu tentaria responder de alguma maneiras:Vou colocar como uma pergunta porque ainda não tenho respostas satisfatórias. Muitas poetas contemporâneas optam pelo uso do verso livre (Não conheço uma poeta contemporânea que não tenha sido, de certo modo, influenciada pela escrita da Ana Cristina Cesar, por exemplo).
É possível que haja uma relação direta entre essa opção e um posicionamento político de mulheres que gritam pela liberdade de um fazer poético nos seus próprios termos? Não quero generalizar a poesia de autoria feminina contemporânea nem reduzir tudo a uma questão feminista. Só tenho pensado no fato de isso ser uma possibilidade o quê, de modo algum, elimina as outras possibilidades do fazer poético.
É realmente uma pena, Cléo, mas acho que não demora muito e lançam uma antologia dela. É uma obra meio irregular e bem extensa. Só tive acesso por meio de bibliotecas...A parte da entrevista focada na poesia goiana foi sensacional. Sobre as poetas, eu estava pronta para dizer que, no poema apresentado pelo Mavz, a escrita da Yêda Schmaltz parecia dialogar com a da Hilda Hilst. Fiquei triste quando soube da dificuldade para encontrarmos os livros dela.
Intrigante o título do livro da Teresa Godoy: Violetas violadas.
Enfim, se ainda não viram a entrevista, vejam!
Diga depois o que achou!![]()
Pois é! Eu falei disso do circuito interno pra que a literatura goiana não fique dependendo do reconhecimento literário de outros centros.Achei bem interessante a coisa que você apontou quanto à necessidade de uma construção de um circuito crítico em Goiás como forma de tornar conhecida a literatura que se produz aí. É o que um dos seus interlocutores apontou: quando você fala na literatura do centroeste ou do norte do país, é quase como se ela inexistisse.
É isso mesmo! A UBE de Goiás faz muito isso.Rola uma sensação de que fora do sudeste - sobretudo fora do eixo São Paulo - Rio de Janeiro - não se produz nada que valha à pena, né?
Nesse sentido, fazendo um paralelo, eu vi uma iniciativa que eu achei muito legal. No Maranhão, se critou uma associação de escritores independentes, encabeçada por um escritor português radicado em São Luís, e eles entenderam que era preciso dar visibilidade para a literatura maranhense. Abriram uma livraria num Shopping movimentado de São Luís, dedicada a vender apenas obras de autores maranhenses - clássicos e contemporâneos. No fim, passaram a realizar eventos, lançamentos de livros e a própria livraria se tornou um espaço para exposições de obras de arte outras de artistas maranhenses. Depois, num espaço anexo à própria livraria, eles criaram uma sala de teatro, com um calendário perene de peças de artistas maranhenses. Me parece que isso gera impacto, na linha do que você apontou, de se criar esse circuito crítico. Porque traz visibilidade...
Essa ideia de que clássico é o que passa no teste do tempo parece razoável, mas não é bem assim... O clássico perdura no tempo, mas ele precisa ser colocado numa posição específica dentro da comunidade de leitores.Gostei sobretudo da crítica que você faz, em alguns momentos, a uma certa atitude canonista e a uma certa ideia de que o clássico é aquilo que resistiu ao teste do tempo - e que, se resistiu ao teste do tempo, há uma espécie de certificação de qualidade tácita. Me parece que é no momento que você comenta sobre as odes do Horácio. E esses livros são alçados à condição de autoridades, né? Você tem que pisar em ovos se quiser apontar uma crítica a algumas dessas unanimidades, desses "monumentos", como vocês diz.
Pois é! Outras críticas ao teste do tempo podem ser nessa direção também: literaturas de centros culturais hegemônicos se infiltram mais, perduram mais, são mais estudadas, lidas etc etcA literatura de vários países seguirá irrelevante para o cânone. Se me permite uma divagação, lembro que, quando comecei a aprender espanhol, conversava com uma moça - num desses aplicativos de intercâmbio linguístico - da República Dominicana. E perguntei pra ela o que ela me indicaria como literatura representativa do seu país. [Ela me indicou um escritor chamado Juan Bosch, que também foi presidente da República Dominicana - um cara que eu jamais pensaria em ler e que ainda não li]. E aí eu comecei a me questionar um pouco nessa linha. O Clube de Leitura que criei com amigos tinha essa proposta de ler clássicos. Chegou um momento que eu parei pra perceber que 1/3 dos autores que tínhamos lido no Clube eram britânicos.
E dentro do Brasil, você tem também essa disparidade entre as regiões. O que nós sabemos da literatura que se produz no Acre, em Rondônia, etc?Além da disparidade quando você pensa em autores socialmente periféricos, a literatura produzida por minorias, etc.
A área de literatura é a melhorQueria expressar meu contentamento com esse tópico e dizer que isso aqui é um dos pontos altos do Fórum.
Depois de ler tanto absurdo lá nos tópicos de política, é um prazer e alívio enorme ler esse tipo de discussão aqui.
Vi metade da entrevista do Mavericco, depois vejo o resto. Me agradou muito a posição dele em relação aos clássicos. Penso muito parecido, mas ele soube se expressar de maneira muito mais assertiva do que costumo fazer, o que inclusive me ajuda a entender como eu mesmo penso o assunto. Parabéns e obrigado.
Ou, sucintamente: o que faz o clássico não é uma qualidade interna, mas um processo de sedimentação de valor sujeito a outros elementos da vida literária. De todo modo, no sentido pleno da palavra, ele precisa passar por um reconhecimento dos méritos artístico do texto e não só por uma relevância de época qualquer (o que me parece ser o caso de Harry Potter)
Em um dos poemas inéditos de Nuvens, intitulado justamente "Poeta", Hilda Machado fala mais uma vez com sarcasmo ácido sobre a possível recepção de seu trabalho poético, mencionando outras três autoras mais velhas e mais conhecidas do que ela: Adélia Prado, Hilda Hilst e Orides Fontela. Ela as trata com luva de pelica. Mas não é contra elas que escreve, e sim contra a recepção de uma certa crítica machista da poesia brasileira, sempre pronta a comparar mulheres com mulheres, criando guetos e tentando manter assim seu Olimpo masculino intacto. Hilda chicoteia: "vai que algum amigo leia os versos poucos/ e deles só prestam mesmo uns quatro ou cinco/ e diga/ parece Adélia/ diluidora vagabunda me mato/ e a revolta?/ afinal não é tudo que parece Adélia/ da outra, a Hilst, nem é bom falar/ ou Orides/ praga/ que a minha inveja é só de mulher e absinto/ pra eu beber em cálice/ homem pra mim é sempre muso/ o pterodáctilo me agarra pelo pescoço e lá vou eu".