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Dalai Lama anuncia intenção de ceder o poder político a um líder eleito

E que debate é esse que definiu a verdade como Cristo? Pois não há um único argumento filosófico para defender isso, tudo é na base da "revelação", "inspiração", "fé". Mesmo na teologia cristã não se debate isso, essa 'verdade' é usada de ponto de partida e ponto pacifíco para os demais debates.
 
Mas essa teologia tem seus princípios filosóficos, como a noção do Verbum e sua relação com o verbum humano, a liberdade humana, além das questões das provas cosmológicas e metafísicas da existência de Deus, provas discutíveis, claro, mas existe sim uma fundamentação para essas verdades. O debate teológico e filosófico seria um olhar e análise desses princípios, delimitação de seus limites, relações entre Escritura e filosofia e juízos sobre os fins dessas pesquisas.
 
Já ouviu falar de Brahman? Como não existe? Mas para eles è puro conceito, diferente de nós, que é conceito E Pessoa. Para nós Deus é relação, diálogo, o budismo pensa Deus como o Uno, onde nos libertamos do samsara e alncaçamos a moksha.

Pura mística, pouca fé. Pela 'nossa' fé a salvação vem por Cristo, que é onde Deus se entrega na maior relação possível.

Brahman é um deus do hinduísmo não do budismo
 
Mas de onde veio o budismo? Bhrahman não é um deus mitológico, é mais um deus metafísico, como um princípio universal. Filosoficamente, é comum no hinduísmo e no budismo, eu acho.

toda religião tem pontos em comum mas elas são diferentes em varios pontos ainda mais porque tem mais de um tipo de budismo embora 3 se destaquem existem varios seguimentos da religião
 
toda religião tem pontos em comum mas elas são diferentes em varios pontos ainda mais porque tem mais de um tipo de budismo embora 3 se destaquem existem varios seguimentos da religião

Digo pela relação entre hinduísmo e budismo, uma filiação cultural, religiosa e filosófica.
 
Mas essa teologia tem seus princípios filosóficos, como a noção do Verbum e sua relação com o verbum humano, a liberdade humana, além das questões das provas cosmológicas e metafísicas da existência de Deus, provas discutíveis, claro, mas existe sim uma fundamentação para essas verdades. O debate teológico e filosófico seria um olhar e análise desses princípios, delimitação de seus limites, relações entre Escritura e filosofia e juízos sobre os fins dessas pesquisas.

E o que isso vem ao caso? No fim tudo isso são elucubrações lógicas e filosóficas de primeiros princípios injustificáveis, logo isso não é realmente lógico ou filosófico. É como partir de premissas falsas e, com argumentos lógicos e filosóficos coerentes, chegar a conclusões - do que adianta, se as premissas são falsas? É como partir de 1=2 e provar a partir daí que 12=13 e depois reclamar caso alguém desde o início não quer ler seus argumentos, por causa de suas premissas.

Essa é a crítica, alias, que muitos defensores de teologia e filosofia da religião fazem, que leigos em geral têm um entendimento raso sobre livros de teologia, e deveriam ler quinhentas coisas antes de julgar a questão sobre Deus... mas, se eu encontrar um livro que parte de premissas aceitáveis, juro que pensava no assunto. Mas grande parte, se não todos, dos clássicos de teologia, não o fazem - a revelação é um fato previamente aceito, a teologia encara a chamada revelação como as ciências naturais encaram a natureza - afinal não cabe questionar a existência da natureza, se a experiência é confiável, se o mundo é real ou é uma ilusão, etc.
 
E aí voltamos à irredutibilidade da fé, acaba sendo sempre questão de fé ou pelo menos de uma limitada razão que não pode conhecer a tudo, pelo menos sem a revelação. O fato é que não se pode realmente partir de premissas infalíveis do ponto de vista racional porque nossas premissas ultrapassam nossa capacidade de entendimento, só podemos confiar nelas. Daí vem a superioridade agostiniana da vontade (auxilidade pela graça) sobre o intelecto, que funciona mais como um conta-gotas.

Sabemos também que a própria análise da natureza é um tremendo auxílio filosófico sobre a questão de Deus, não falo só sobre a criação mas, por exemplo, as gradações de valor e importâncias distribuídas entre os seres e as coisas, a aparente inteligência organizadora do cosmos. Design inteligente sim, mas entendido filosoficamente, não cientificamente.
 
Mas de onde veio o budismo? Bhrahman não é um deus mitológico, é mais um deus metafísico, como um princípio universal. Filosoficamente, é comum no hinduísmo e no budismo, eu acho.

Acho que depende.

Pro povão, o hinduísmo deve ser mais uma religião politeísta típica mesmo, onde os deuses têm mesmo esta personificação à imagem do homem.
 
E aí voltamos à irredutibilidade da fé, acaba sendo sempre questão de fé ou pelo menos de uma limitada razão que não pode conhecer a tudo, pelo menos sem a revelação. O fato é que não se pode realmente partir de premissas infalíveis do ponto de vista racional porque nossas premissas ultrapassam nossa capacidade de entendimento, só podemos confiar nelas. Daí vem a superioridade agostiniana da vontade (auxilidade pela graça) sobre o intelecto, que funciona mais como um conta-gotas.

Mas então o que acontece com o que é expresso na frase "para definir qual é a verdade é que existe o debate filosófico e teológico"? Afinal, se todo o debate fica dependente e embasado em algo irredutível e não-transmissível como a fé, cada um tem sua verdade e cai-se no relativismo, o debate fica restrito àqueles grupos que já aceitam várias e sobretudo as mais relevantes 'verdades'. Cada grupo vai ter sua fé e não há como discutir-se e decidir-se: relativismo.

Sabemos também que a própria análise da natureza é um tremendo auxílio filosófico sobre a questão de Deus, não falo só sobre a criação mas, por exemplo, as gradações de valor e importâncias distribuídas entre os seres e as coisas, a aparente inteligência organizadora do cosmos. Design inteligente sim, mas entendido filosoficamente, não cientificamente.

Mas essa beleza e ordem aparentemente inteligente acaba nos fenômenos físicos, pois no nível biológico já aparece a possibilidade de sofrimento, nas suas mais variadas formas - por mais que o organismo seja complexo, já fica patente a imperfeição dos cosmos, que é quase uma revelação às avessas, mas essa não é contrariada, pelo contrário, é mesmo apoiada, por evidências empíricas e racionais. Como o catolicismo responde à isso?


Dá pra levar a sério esse papo? Os duplipensares e incoerências são várias... Esse tipo de discurso parece seguir o seguinte: fazemos um discurso racional para evidências favoráveis a fé, e quando encontramos um problema de ordem racional partimos para a revelação (o próprio padre admite que sua fala não tem lógica, mas "assim nos foi revelado"). Seria mais honesto intelectualmente se o catolicismo abdicasse dessa suposta faceta racional.
 
Última edição por um moderador:
Não é algo supostamente racional, nem desonesto, eu creio. Parece que existe sim uma irredutibilidade à qual não podemos renunciar em vista de seu caráter de revelação divina e a razão, se não pode aí penetrar, pode pelo menos organizar tais dogmas em um todo filosófico coerente. E como fica o relativismo? Para combatê-lo é preciso defender a unicidade da revelação e sua necessidade, assim se evitaria que os fieis caíssem no relativismo, diferente do que se vê hoje. o problema é a tendência contemporânea de se negar que verdades supostamente divinas sejam irrefutáveis, inquestonáveis, impossíveis de serem cotejadas racionalmente.

Isso é característico da filosofia já há alguns séculos mas torna-se proeminente e corrosivo a partir de Nietzsche. Como resolver isso? Derrubar as quimeras metafísicas, os idealismos vazios, a utopias, como se pode edificar uma razão que fundamente o método científico que possa, ao mesmo tempo, apresentar e explicar os dogmas que nós católicos consideramos verdades absolutas? Existem saídas:

1-análise linguística/filológica/exegética: dentre as inumeras interpretações dos textos escriturísticos, seria interessante uma que pudesse perceber que a continuidade simbólica e ideológica é preservada também ao longo dos textos da chamada Tradiçaõ da Igreja ao longo dos séculos. Essa releitura poderia permitir uma racionalização das verdades de fé e sua organização ao longo do tempo, assim como a história da estrutura da Igreja. Uma análise linguística mais apurada poderia eliminar as quimeras que foram se acumulando ao longo do tempo em torno de noções erradas de filosofia e teologia como a problemática das 'categorias' de Aristóteles.

2-desenvolvimento de doutrina e nova filosofia: com a história que passa, descobre-se que a doutrina cristã se alimenta de ideias e fatos do mundo da vida e do mundo intelectual e os usa em suas racionalizações, estabelecendo um diálogo entre a forma cristã de se ver o mundo e as correntes contemporâneas. Talvez seja o momento de uma filosofia cristã, uma nova filosofia cristã centrada em um neo-tomismo sério. E porque neo-tomismo? Porque tomismo? Porque eu não creio que haja um filósofo mais realista que Tomás de Aquino até em seu respeito para com os dogmas.

3-Houveram, na Idade Média, fundações de novas teologias baseadas em redefinições de filosofia e teologia, como a do Beato Duns Scoto e eu penso que o mesmo poderia ser realizado hoje.

Mas isso só serviria para legitimar os dogmas de um ponto de vista racional, legitimação em função de aproximação racional, não identificação porque os dogmas são algo, infelizmente, que não podemos egitar, ignorar ou desobedecer.
 
Dá pra levar a sério esse papo? Os duplipensares e incoerências são várias... Esse tipo de discurso parece seguir o seguinte: fazemos um discurso racional para evidências favoráveis a fé, e quando encontramos um problema de ordem racional partimos para a revelação (o próprio padre admite que sua fala não tem lógica, mas "assim nos foi revelado"). Seria mais honesto intelectualmente se o catolicismo abdicasse dessa suposta faceta racional.
Não só o catolicismo, mas outras doutrinas como o espiritismo, que muitos dizem ter elementos científicos, mas não passa de pseudo-ciência.
 
Não é algo supostamente racional, nem desonesto, eu creio. Parece que existe sim uma irredutibilidade à qual não podemos renunciar em vista de seu caráter de revelação divina e a razão, se não pode aí penetrar, pode pelo menos organizar tais dogmas em um todo filosófico coerente. E como fica o relativismo? Para combatê-lo é preciso defender a unicidade da revelação e sua necessidade, assim se evitaria que os fieis caíssem no relativismo, diferente do que se vê hoje. o problema é a tendência contemporânea de se negar que verdades supostamente divinas sejam irrefutáveis, inquestonáveis, impossíveis de serem cotejadas racionalmente.

"Defender a unicidade da revelação e sua necessidade"? E como isso resolve o problema que mencionei no outro post?

Mas então o que acontece com o que é expresso na frase "para definir qual é a verdade é que existe o debate filosófico e teológico"? Afinal, se todo o debate fica dependente e embasado em algo irredutível e não-transmissível como a fé, cada um tem sua verdade e cai-se no relativismo, o debate fica restrito àqueles grupos que já aceitam várias e sobretudo as mais relevantes 'verdades'. Cada grupo vai ter sua fé e não há como discutir-se e decidir-se: relativismo.

Você pode, defendendo a "unicidade da revelação e sua necessidade", evitar que os "fiéis" caiam no relativismo (é relativamente fácil fazer com que os "fiéis" façam qualquer coisa), mas isso não resolve o problema do relativismo em si que eu mencionei ali.


E Paganus, tenho a sensação que tu sempre começa novos assuntos a partir de frases do post anterior, ignorando todo restante. Daí responde-se o seu post, e você ao invés de ater-se no assunto do debate, repete o processo. Começou no relativismo, então tu mencionou meio ao vento algumas questões da filosofia de Agostinho, "gradações de valor e importâncias distribuídas entre os seres e as coisas" (?!?!) e design inteligente. Decidi, já que você tocou no assunto, debater o último. E a resposta? Você responde rapidamente parte do post, ignora a outra parte (que foi de um assunto que você mesmo começou) e começa a falar dezenas de novas coisas novamente. :lol: Isso está mais pra um monólogo do que para um debate...
 
:lol: Desculpa, é que eu sou confuso mesmo. E meio caótico intelectualmente.

A resposta pro seu post anterior é que só posso falar de Deus racionalmente apelando pras cinco vias, o argumento cosmológico. Eu pelo menos penso assim: mesmo que eu não possa falar de beleza e ordem, ou seja, de valoração das coisas no mundo físico, eu posso falar sim de beleza e ordem a nível metafísico e ainda assim tomando muito cuidado pra não cair no argumento ontológico que vem sustentando o teísmo desde Descartes. Só pode haver valoração nas coisas criadas se esses valores estiverem dados na natureza, se eu puder falar de razão, por exemplo, enquanto característica de cognoscibilidade das coisas presente NAS coisas assim como falo de razão como operação do meu intelecto. Percebe o problema? As coisas precisam ter um sentido interno para serem conhecidas por mim ao mesmo tempo que preciso dar sentido a elas pelo meu intelecto agente. E de onde vem esse sentido? Ora, ele vem da prórpria 'criaturalidade' das coisas, do fato das coisas receberem sua essência e ato de existir de um Ato eterno procedendo de Algo incriado, aí retornamos ao Motor Primeiro e toda a parafernália escolástica.

Isso parece fazer todo o sentido do mundo, mas temos problemas sérios com essa visão tomista (ou o quanto deturpei do tomismo) porque as cinco vias estão sendo atacadas de todo lado (assim como qualquer metafísica) pelo voluntarismo filosófico, que nega qualquer valoração dada e mesmo a presença do sentido interno e diminui o poder do nosso intelecto operante a uma reles máquina frequentemente defeituosa, e cientificamente pelos fenômenos incausados, dificuldades mensurativas e mesmo lógicas que apontam para o relativismo, a questão maior de se ver o Big Bang como um fenômeno causado por leis científicas e impedindo qualquer tipo de teorização filosófica, porque a ciência se ancora nessa aeternitate mundi como princípio básico acompanhado de um certo determinismo metodológico. Afinal, o Big Bang teve causa? Se teve que causa é essa? Que tipo de causa?

Como se vê a filosofia cristã não pode fazer mais que pressupor porque ela depende muito da ciência onde a ciência tem dificuldades de resolver ou prudência para não formular juízos abstratos demais, temerários demais. Eu creio que dá pra racionalizar por aí, via Tomás e Aristóteles, mas os problemas são inúmeros.
 
A resposta pro seu post anterior é que só posso falar de Deus racionalmente apelando pras cinco vias, o argumento cosmológico. Eu pelo menos penso assim: mesmo que eu não possa falar de beleza e ordem, ou seja, de valoração das coisas no mundo físico, eu posso falar sim de beleza e ordem a nível metafísico e ainda assim tomando muito cuidado pra não cair no argumento ontológico que vem sustentando o teísmo desde Descartes.

O mundo metafísico, se existente, deve-se revelar no mundo físico. Então é no mínimo estranho a "beleza e ordem" fugir para o mundo metafísico - ela não deveria revelar-se também no físico? Não seria essa fuga um meio para não encarar o mundo tal qual ele se mostra?

Mesmo se assim fosse, a falta de sentido no mundo físico, enfim, em uma faceta do mundo, já é suficiente para estabelecer aquela problemática, da desordem e sofrimento, que apontei ali - mesmo se houvesse alguma "beleza" escondida na metafísica, como há de fato mesmo no mundo físico (na natureza, nas artes)... Porém, a desordem ainda é patente, se é físico ou metafísico, pouco importa - embora a dor seja real o bastante para reconhecê-la como um aspecto bastante real do mundo, e não apenas um aspecto "físico" (no sentido que a palavra tem como oposto de "metafísico").

E fico curioso do porquê, para resolver a problemática, tu não apelou para Adão e Eva, Lúcifer, etc, como é a "resposta católica". Afinal os personagens bíblicos não existiram realmente, não exerceram um papel histórico para o aparecimento do mal no mundo? Você me dá a resposta em termos de ontologia, metafísica, etc, mas onde Lúcifer e o pecado original entram nisso? Como eles alteram a ontologia das coisas, se tal ontologia é atemporal e qualquer ação deles já pressupõe aquela determinada, e eterna, ontologia? Não está aí mais um duplipensar encadaloso?

Só pode haver valoração nas coisas criadas se esses valores estiverem dados na natureza, se eu puder falar de razão, por exemplo, enquanto característica de cognoscibilidade das coisas presente NAS coisas assim como falo de razão como operação do meu intelecto. Percebe o problema?

Ora, e por que isso? Vejo a razão como o oposto - uma faculdade com que homem modela o mundo, mundo esse que não é racional em si. É uma bandeja sobre a qual ele derrama elementos que não são oriundos da própria razão (como, por exemplo, impressões empíricas). Não vejo necessidade alguma de ver a razão além dessa operação intelectual. E, mesmo se houvesse essa necessidade, não haveria para justificá-la uma segunda necessidade de pensar em Deus.

As coisas precisam ter um sentido interno para serem conhecidas por mim ao mesmo tempo que preciso dar sentido a elas pelo meu intelecto agente. E de onde vem esse sentido? Ora, ele vem da prórpria 'criaturalidade' das coisas, do fato das coisas receberem sua essência e ato de existir de um Ato eterno procedendo de Algo incriado, aí retornamos ao Motor Primeiro e toda a parafernália escolástica.

Mesmo se tudo o que falou for correto, onde entra Deus nisso? Por que não encerra-se o assunto no "Primeiro Motor", assim como vários conceitos filosóficos como "Idéias", "Ser", "Devir", "Vontade", etc, encerram-se em si? Afinal, mesmo Schopenhauer vê o mundo como espelhos de "atos eternos da Vontade", das Idéias platônicas. E, como você sabe, ele era ateu. Então como tudo isso que você falou suporta o teísmo?

Aliás, o que você entende por "sentido" ou "valor"? Sentido = ordem racional? Porque o sentido, o significado das coisas, pelo que entendo, transcende a racionalidade e do estofo da onde ela sai. Nesse sentido que se diz, por exemplo, que uma música é significativa, que um ato de caridade o é, etc, isto é, elas revelam de forma mais acentuada um aspecto do mundo. Mas esse tipo de coisa não passa por um processo intelectual.

Outra, você coloca o Primeiro Motor e Ato Eterno como duas coisas parecidas, senão idênticas, mas pelo que vejo são coisas bem diferentes, pois o Primeiro Motor está na sequência temporal dos eventos, e dá tão sentido e valor as coisas como a causa dá aos efeitos (ou seja, nenhum de fato - afinal o 'valor' das coisas transcende as sucessões de eventos sob as quais elas aparecem). Como do "Ato Eterno" tu pula para o Primeiro Motor? Por que os dois, e não só o primeiro, é necessário?

Isso parece fazer todo o sentido do mundo, mas temos problemas sérios com essa visão tomista (ou o quanto deturpei do tomismo) porque as cinco vias estão sendo atacadas de todo lado (assim como qualquer metafísica) pelo voluntarismo filosófico, que nega qualquer valoração dada e mesmo a presença do sentido interno e diminui o poder do nosso intelecto operante a uma reles máquina frequentemente defeituosa, e cientificamente pelos fenômenos incausados, dificuldades mensurativas e mesmo lógicas que apontam para o relativismo,

Sério que precisa de tudo isso pra atacar essas "cinco vias" que você elogia tanto? Para mim só basta um pouco de lógica. Até o Dawkins, que não é lá essas coisas, foi bem-sucedido em criticá-las.

a questão maior de se ver o Big Bang como um fenômeno causado por leis científicas e impedindo qualquer tipo de teorização filosófica, porque a ciência se ancora nessa aeternitate mundi como princípio básico acompanhado de um certo determinismo metodológico. Afinal, o Big Bang teve causa? Se teve que causa é essa? Que tipo de causa?

Sinceramente não sei porque tanto esse fetiche pelo Big Bang em discussões não científicas como essa. Se teve uma causa, ou sequer se precisa ter, isso é assunto pra ser estudado cientificamente, quanto qualquer assunto. Se a filosofia de alguém depende de uma resposta científica, isso porque é má filosofia... será boa enquanto as respostas foram boas, mas elas mudam e quando mudar perderá a validade. A filosofia não deve depender desse dado empírico ou de outro, e sim explicar a empiria mesmo, o mundo mesmo - não deve depender de modelos científicos. Se o mundo tem uma primeira causa ou não tem, para mim isso é tão importante para a filosofia como se gravitons existem ou não, ou se existe um buraco negro em tal lugar ou não.

Como se vê a filosofia cristã não pode fazer mais que pressupor porque ela depende muito da ciência

Pô, que filosofia ruim é a cristã, então. (juro que escrevi o quote de cima sem ler esse debaixo...)
 
Última edição:
Bem, a questão de Adão e Eva, Lúcifer pode ser entendido como um processo meta-histórico por alguns metafísicos embora eu não goste muito dessa terminologia. Prefiro ver esses eventos históricos como sendo relatados de forma simbólica para apontar e explicar as condições reais do mundo físico e psicológico.

Você apontou as contradições da perfectibilidade do mundo, a questão da beleza e tal, confrontando-a com o devir e o sofrimento. Curiosamente a filosofia cristã faz um link muito eficiente entre a Queda e o devir. Sem a Queda podemos dizer que nem existiria o devir ou pelo menos o sofrimento, tanto a nível humano quanto a nível físico.

A ontologia que eu descrevi está estreitamente ligada a um mundo pré-Queda onde o mundo se encontra intocável e o homem como senhor de seu destino, até que por um abuso da liberdade concedida, o pecado se torna a regra, e toda a harmonia se esvanece.

Agora discordo da visão do mundo como uma bandeja, isso dá sim margem ao relativismo, até a um agnosticismo. Sem uma cognoscibilidade nas coisas fica difícil estabelecer até mesmo que há possibilidade de um conhecimento verdadeiro de qualquer coisa, um pensamento que ocorria já a Tomás de Aquino. A noção de intelecto paciente é muito mais racional, pelo menos faz mais sentido que dizer que as operações do intelecto são uma mera linguagem de signos que usamos para interpretar o mundo, a razão torna-se o quê?, linguagem apenas, sem nada de desvelador da realidade das coisas.

Agora o que é sentido? Eu o coloquei como cognoscibilidade inerente à coisa e que age sobre nosso intelecto paciente, o sentido interno que independe da nossa capacidade de inteligir mas age em conjunto com nosso intelecto quando da operação intelectiva.

Primeiro Motor e Ato Eterno. Bem, o primeiro é praticamente necessário, já o Ato eterno é mais complicado. Uma das formas de se explicar o devir além do recurso teológico à Queda (ou advindo dele) é o hilemorfismo. Podemos dizer que todas as coisas são em potência e ato e assim explicamos o devir, as infinitas gradações do ser e isso deveria nos bastar para entender Deus como Ato Puro, aquele que pensa todas as coisas e suas transformações e imprime seu ato de ser sobre elas, as traz à existência. Deus é necessário enquanto Quem ou o Que imprime o actus essendi às coisas, 'existencializa o ser'.

A própria existência das coisas necessita de Deus tanto pela sua criaturalidade, isto é, pelo fato de serem criadas quanto por sua estrutura, seu ato de ser é impresso por Deus, onde não há nada em potência, mas Ato Puro. A própria imperfeição e incompletude das coisas aponta para a dualidade potência-ato e o Ato puro é consequência desse pensamento.

Deus é necessário. Por quê? Sem Ele a fundamentar o sentido interno das coisas, não seria possível nada conhecer. Sem o actus essendi, nem existência há. Sem Ele nem mesmo a aparente ordem existiria. Enfim, a necessidade de Deus é perfeitamente refutável e uma área movediça. Só apontei por apontar.

Agora, concordo com você quando diz que a ciência não pode limitar tal filosofia mas quando a dita filosofia não responde mais aos questionamentos que surgem, ela precisa se modificar.

Por último, Schopenhauer. Mesmo problema de Nietzsche: voluntarismo. Schopenhauer pode falar de Ideias e de Vontade sem referências a Deus porque o que ele está fazendo é erigindo uma defesa racional do irracionalismo, do fantasismo, da masturbação intelectual (posso dizer porque já gozei muito com ele :lol::oops:), é um tipo de budismo ocidental. Quimérico.
 

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