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O dia fugia do horizonte. Jack corria pelas vastas campinas que rodeavam Londres, em direção a Essex. O aroma de lavanda acentuava-se no ar. A lua mostrava-se amiga, acolhedora.
Quando já estava escuro como breu, ele chegou ao seu destino. As ruelas eram pouco iluminadas, com lampiões antigos. Nos prédios, as luzes dançavam, bruxuleantes. Caminhou um pouco, até a confeitaria de Madame Trussault, sua amiga, que o recebeu com muita alegria.
Enquanto experimentava os novos muffins, ouvia sua companheira falar das novidades, da vida. Ela lhe contou que lhe fizeram uma encomenda para uma festa de casamento – com muita ênfase nessa parte, pois estas eram raras naquele vilarejo – e, na lista tinha cupcakes e bombons, que a remeteram de volta à sua doce infância. Fazia tanto tempo que não criava e enfeitava essas coisas na cozinha. Achava que não se lembraria mais, mas pasmem: ela se lembrou de como fazê-los!
- Eu não o esperava, Jack! Podia ter me informado que teria tão nobre visita em minha padaria, eu teria feito aqueles croissants que você adora e aqueles madeleines então? Ah meu querido Jack – começou ela.
Procurou tranquilizá-la. A noite voava e ela insistiu tanto para que ele ficasse em sua casa. Sem mais opções, aceitou o convite.
Depois de vários minutos em silêncio, se prepararam para subir. Fecharam a loja, guardaram as coisas.
A pequena casa, no piso superior da loja, cheirava como sempre, a anis e lavanda. Jack adorava esse cheiro, pois lho recordava a infância. Novamente, dormiram no mesmo quarto, o único da casa, porém espaçoso e confortável.
A luz do sol o acordou. Feliz, espreguiçou-se e aproximou-se de sua amiga, dando-lhe beijos no rosto para acordá-la. Ela o acariciou na face, macia como veludo.
Jack aguardava enquanto ela lho preparava a banheira. Avisara-a de que não precisava, mas ela insistiu.
“Como eu queria que ele vivesse sempre aqui, comigo, não ficasse viajando tanto como faz... Mas aprisioná-lo, significa perder a amizade dele...” pensa ela.
Jack adentra na banheira e aproveita a água quentinha e cheirosa enquanto ela desce para preparar-lhe o delicioso café que sempre prepara, mais uma de suas especialidades (que por sinal, parece ser infinita a lista).
O banheiro ficara todo molhado após ele sair e tentar se secar.
Na tarde, Jack estava de volta às vastas campinas. Radiante, corria através dos pastos, não ligando para o fato de estar sujo em tão pouco tempo.
A semana passara e ele percorria as campinas e acampava no mato, em meio aos animais. Seu objetivo era ir até Londres, e ele estava convencido de que iria, pois não se cansava de correr para isso.
Conhecera no domingo o cheiro de cidade grande, o cheiro londrino. Caminhava lentamente pelas ruas, sorvendo-os e a paisagem, sem destino certo. Estava (aliás, sempre fora) livre.
Fizera amigos por seu caminho. Naquela noite, porém, acampara em um beco sujo e com seus odores fétidos.
Aquela noite, entretanto, fora a sua última. Ele fora devorado pela cidade e o seu imaginário invisível. Deixara de ser o cachorro que sempre fora e passara a ser apenas mais um em meio a multidão.
(Conto antigo, fará cerca de 2 anos em 2011.)
Quando já estava escuro como breu, ele chegou ao seu destino. As ruelas eram pouco iluminadas, com lampiões antigos. Nos prédios, as luzes dançavam, bruxuleantes. Caminhou um pouco, até a confeitaria de Madame Trussault, sua amiga, que o recebeu com muita alegria.
Enquanto experimentava os novos muffins, ouvia sua companheira falar das novidades, da vida. Ela lhe contou que lhe fizeram uma encomenda para uma festa de casamento – com muita ênfase nessa parte, pois estas eram raras naquele vilarejo – e, na lista tinha cupcakes e bombons, que a remeteram de volta à sua doce infância. Fazia tanto tempo que não criava e enfeitava essas coisas na cozinha. Achava que não se lembraria mais, mas pasmem: ela se lembrou de como fazê-los!
- Eu não o esperava, Jack! Podia ter me informado que teria tão nobre visita em minha padaria, eu teria feito aqueles croissants que você adora e aqueles madeleines então? Ah meu querido Jack – começou ela.
Procurou tranquilizá-la. A noite voava e ela insistiu tanto para que ele ficasse em sua casa. Sem mais opções, aceitou o convite.
Depois de vários minutos em silêncio, se prepararam para subir. Fecharam a loja, guardaram as coisas.
A pequena casa, no piso superior da loja, cheirava como sempre, a anis e lavanda. Jack adorava esse cheiro, pois lho recordava a infância. Novamente, dormiram no mesmo quarto, o único da casa, porém espaçoso e confortável.
A luz do sol o acordou. Feliz, espreguiçou-se e aproximou-se de sua amiga, dando-lhe beijos no rosto para acordá-la. Ela o acariciou na face, macia como veludo.
Jack aguardava enquanto ela lho preparava a banheira. Avisara-a de que não precisava, mas ela insistiu.
“Como eu queria que ele vivesse sempre aqui, comigo, não ficasse viajando tanto como faz... Mas aprisioná-lo, significa perder a amizade dele...” pensa ela.
Jack adentra na banheira e aproveita a água quentinha e cheirosa enquanto ela desce para preparar-lhe o delicioso café que sempre prepara, mais uma de suas especialidades (que por sinal, parece ser infinita a lista).
O banheiro ficara todo molhado após ele sair e tentar se secar.
Na tarde, Jack estava de volta às vastas campinas. Radiante, corria através dos pastos, não ligando para o fato de estar sujo em tão pouco tempo.
A semana passara e ele percorria as campinas e acampava no mato, em meio aos animais. Seu objetivo era ir até Londres, e ele estava convencido de que iria, pois não se cansava de correr para isso.
Conhecera no domingo o cheiro de cidade grande, o cheiro londrino. Caminhava lentamente pelas ruas, sorvendo-os e a paisagem, sem destino certo. Estava (aliás, sempre fora) livre.
Fizera amigos por seu caminho. Naquela noite, porém, acampara em um beco sujo e com seus odores fétidos.
Aquela noite, entretanto, fora a sua última. Ele fora devorado pela cidade e o seu imaginário invisível. Deixara de ser o cachorro que sempre fora e passara a ser apenas mais um em meio a multidão.
(Conto antigo, fará cerca de 2 anos em 2011.)