eu li uma resenha da D20 Saga nº 1 no RedeRPG:
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A Editora Mantícora lançou o Número 1 da Revista Bimestral D20 Saga, e finalmente pude adquirir o meu exemplar em uma banca aqui em Belo Horizonte. Possuo o exemplar número 0, e posso dizer que o que já era bom naquela revista ficou ainda melhor.
A revista está com um acabamento gráfico impecável, de qualidade superior às estrangeiras Dragon e Dungeon (publicadas pela Wizards of the Coast). As ilustrações estão fantásticas, muito bem feitas, a começar pela capa, que realmente chama a atenção. È uma revista/livro que dá gosto de ler e de colecionar, e do alto dos meus 13 anos de vida “rpgística”, eu posso dizer que nunca vi uma publicação de RPG brasileira com uma qualidade gráfica tão bem cuidada.
Mas o mais importante em uma revista de RPG é o seu conteúdo, é a razão de sua existência. Saga D20 se propõe a ser um suplemento bimestral de aventuras e expansões para o Sistema D20, um objetivo que ela atinge completamente. Nessa edição, temos duas aventuras “O Despertar da Fúria” para personagens de primeiro nível e “Os Oito Andares de Velox” para personagens de décimo nível, um artigo interessante (e polêmico) sobre as probabilidades no Sistema D20, um conto e uma pequena história em quadrinhos que se relacionam com a aventura “Os Oito Andares de Velox”. Além disso, completam a revista um texto sobre os Clãs de Velox, cidade onde ocorre a segunda aventura da revista, uma nova raça (Genasi de Metal) e sete (!) talentos e duas novas classes de prestígio.
A revista começa com um artigo interessante e polêmico sobre as porcentagens de acerto e as probabilidades dentro do Sistema D20, citando exemplos como de um braço-de-ferro entre um anão forte e um kobold mirrado, no qual o kobold vence graças à rolagem dos dados. A discussão é desenvolvida de maneira bem cômica e mostra que, como sempre, o bom senso é a única coisa que pode evitar que a “caotiqueira” se instale em uma mesa de RPG (se bem que tem muitos grupos, muitos mesmos que são chegados em um “caos”!).
A primeira aventura, “O Despertar da Fúria” é muito bem construída e traz uma nova raça, a dos Genasi de Metal como inimigos dos jogadores. A trama se passa na Ilha de Ortenko possui mistérios, um toque de sobrevivência, e depende de diplomacia e do “roleplay” para que os Personagens dos Jogadores (PdJs) consigam ter sucesso. Um dos possíveis finais é bem apocalíptico (o que eu adoro) e irá criar um momento inesquecível para os PdJs. Infelizmente, não posso comentar mais nada ou poderia estragar a surpresa da aventura!
Os encontros estão bem balanceados para aventureiros de primeiro ao terceiro nível, mas tem muitas situações que grupos mais inexperientes podem ser aniquilados. A aventura requer uma certa contenção no grupo e um certa diplomacia, assim grupos mais “atirados”, que gostam de matar qualquer coisa que se move, acabarão como kamikazes, se jogando para a morte certa!
Gostaria de fazer um comentário sobre essa primeira aventura. As ilustrações estão maravilhosas e os mapas impressionantes. A aventura tem muitos mapas detalhados de embarcações, as dungeons da ilha, locais na ilha, etc., todos feitos com um acabamento em 3d! Os mapas são coloridos e estão muito mais bonitos dos que aqueles que eu encontro em suplementos importados, e os que estão quadriculados, se mantém dentro da escala de 1 quadrado para 1,5 metros. Isso é muito bom para grupos de jogo como o meu, que usam mapas quadriculados e miniaturas (eu uso as miniaturas de papel da Jambô, excelentes também) para jogar. Inclusive, o uso de miniaturas deixou o jogo muito mais coerente e interessante na parte do combate, mas isso é tema para outro artigo.
Logo depois do “Despertar da Fúria” vem um conto sobre a lenda do Unicórnio de Aluskarin. Acho necessária a leitura da Lenda do Unicórnio para os mestres que forem usar a segunda aventura. A lenda é bem focada em Yrtov, o cenário base da D20 saga, mas pode ser facilmente adaptável para qualquer outro mundo do estilo mais genérico, como Forgotten Realms ou Tormenta.
A segunda aventura para personagens de décimo nível, “Os Oito Andares de Velox” é um “dungeon crawl” clássico, uma torre-masmorra com salas, armadilhas, enigmas e monstros. Porém existem muitas nuances no modo como as salas fora planejadas que exigirá tática e estratégia dos jogadores. A aventura parece ser muito divertida, com grande jogabilidade, e como toda masmorra, pode ser modificada e customizada ao gosto do mestre. Os monstros e os encontros estão balanceados para personagens de décimo nível, apesar de achar que em certos encontros o nível de dificuldade é muito alto, o que forçará aos jogadores a usarem de estratégia. As ilustrações mantém o alto padrão da revista, e chamo atenção à ilustração de H-Minus que abre a aventura; ela dá o clima ideal para a cidade de Velox e o drama do Unicórnio.
Após a aventura vem a parte que eu achei mais interessante, que se chama apropriadamente de “Miscelânea”. Nessa parte vem a descrição dos Clãs de Velox, com a história, os chefes, a iniciação, restrições e tudo o mais para guiar o “roleplay” do mestre ou até mesmo do jogador que aceitar se filiar. As descrições são genéricas (tirando a parte da história) e podem ser adaptadas ao cenário do mestre.
Depois dos clãs vem a nova raça do suplemento, os Genasi de Metal. Nessa parte é onde a revista brilha, essa nova raça é muito interessante, especialmente o seu visual. São apresentadas as diversas variações de Genasi, os de Ouro, Prata, Cobre e Platina, e cada um possui aspectos diferentes. E mais, essa nova raça possui apenas um Ajuste de Nível de +1, ou seja um Genasi de Metal de Primeiro Nível é como um personagem normal de nível dois. Esse pequeno ajuste de nível ajuda aos jogadores que quiserem criar um genasi de metal a se integrarem em um grupo, pois por experiência, ajuste de níveis maiores são desanimadores para os jogadores.
Os talentos descritos são direcionados diretamente para o combate (com exceção da “visão sônica”), o que vai agradar a muitos jogadores e das duas classes de prestígio a que eu achei mais interessante foi a do Monge Metamorfo, um monge licantropo capaz de assumir uma forma animal ou formas intermediárias, como garras, etc. além de poder usar a fúria bárbara por causa do seu lado animal.
No final tem uma história em quadrinhos sobre a lenda do Unicórnio de Aluskarin, que revela alguns dos mistérios da segunda aventura da revista. A arte desses quadrinhos difere da do resto do livro e tem um estilo mais gráfico, mais condizente com a narrativa de uma lenda.
A Editora Mantícora está de parabéns com o resultado da revista, é só temo o fato de que com uma qualidade tão alta, será um verdadeiro desafio manter o alto nível da revista nas edições posteriores. Dá para perceber que o material foi trabalhado exaustivamente, e espero que o nível continue o mesmo. Senti falta de uma descrição mais geral do mundo de Yrtov, com um mapa mundi e um breve texto geral sobre o mundo, pois as aventuras desta edição (como as da edição zero) apenas focam uma determinada área de maneira muito específica. Penso que se um dos objetivos da revista é a introdução de um novo cenário, seria interessante uma breve descrição desse cenário.
A Revista D20 saga é uma ótima compra e deixou um precedente de qualidade no RPG nacional, principalmente na parte gráfica, que será um estímulo e um desafio para alcançar.