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Crônicas da desconstrução da leitura

Quantos livros, em média, você lê anualmente?

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Roy Batty

"Inconsertável"
Saiu há algum tempo (2006) uma matéria na Gazeta Mercantil sobre o contato do brasileiro com os livros. De acordo com a Câmara Brasileira do Livro, apenas 17 milhões de brasileiros leem, em média, menos de 1 livro por ano! Sim, eu disse menos de 1 livro. O restante da população brasileira mal arrisca ler uma mera página de um jornal ou uma revista quinzenal ou mensal. A matéria do jornal pode ser lida no link que deixarei no fim do post!



Antes de mais nada, a maioria das perguntas que faço neste post servem não primeiramente para serem respondidas, mas como um desabafo e uma oportunidade de reflexão em tempos onde um livro é escrito em ritmo concordante à velocidade das transformações efêmeras de nossa época. Tudo precisa de agilidade: é o segredo da obtenção do lucro e da superioridade sobre a concorrência. Qual seria o motivo de um livro ser tão subestimado enquanto meio de amadurecimento e compreensão da realidade que nos circunda? O que faz o cidadão brasileiro olhar o livro como se fosse um bicho de sete cabeças ou algo cansativo e simploriamente “chato”? É óbvio que a discussão parece ser válida (e acima de tudo, importante), devido ao fato de diversos estudos de órgãos capacitados verificarem que o Brasil é um dos que menos consomem livros. É verdade que parte da culpa está na falta de estrutura das escolas e, inclusive, na desmotivação do professor, tão mal valorizado, mal recompensado depois do esforço de tentar dar ao país um futuro mais consciente. Sem contar a falta de um planejamento feito em parceria com quem vive da Educação, e não somente centralizar as decisões nos próprios políticos que, por mais experientes que sejam, não são capazes de criar alternativas que atraiam pessoas ao contato com um livro ou qualquer tipo de arte. Por sua vez, os órgãos governamentais (in)competentes, provavelmente chefiados por um Secretário capenga da Educação, não avaliam in loco as condições das escolas públicas (estas que , indiscutivelmente, recebem a maior fatia do bolo de alunos do país), as necessidades reais e urgentes, como a necessidade de amplo espaço bibliotecário, que seria um item básico para toda boa escola poder oferecer ao aluno um ambiente condizente com o tipo de estabelecimento.


Não quero questionar a validade de outros tipos de leitura, desde a de jornal, revista, whatever, mas quando se trata de algo que invariavelmente nos envolve mais do que qualquer outro tipo de leitura, acabando por fazer parte e modelando novas perspectivas sobre um assunto específico ou sobre nós mesmos, pelo tempo naturalmente maior com que um escritor dedica do seu tempo, creio que nada melhor do que discutir sobre a questão desse curioso antagonismo pueril: um bom livro pode causar uma apreciação, um respeito e uma “adoração” quase que sagrada, fazendo parte da vida de uma pessoa; mas na outra ponta há aquelas pessoas que desdenham, argumentando que toda pessoa metida em leituras é esquisita ou chata, que não sabe fazer outra coisa que não ficar debruçada sobre os livros, deixando de “aproveitar” a vida. Não sei quanto a vcs, mas através de um livro podemos viajar pelo mundo, conhecer um pouco da natureza, da mente de um escritor, da sua cultura e de que modo ele enxerga o mundo (ou gostaria de enxergar), muitas vezes jogando luz sobre nós, leitores, que sempre esperamos por uma idéia ou abordagem original sobre algo do qual sempre podemos tirar proveito. E através de uma leitura vemos como somos iguais aos grandes escritores que, acima de tudo, demonstram os mesmos sentimentos que possuímos interiormente. Muitos dos nossos escritores favoritos não eram máquinas de oralidade ou mesmo exemplos perfeitos de seres humanos. Alguns eram tão inseguros como muitos de nós. Outros não sabiam exatamente o que queriam da vida, e então resolveram escrever qualquer coisa de genial que ecoa até os nossos dias. É por isso que gostamos tanto de ler: pq vemos que o escritor, na verdade, mantém uma conversação íntima com seus leitores, não importando fatores temporais e culturais, fazendo disso uma identificação e oportunidade de compartilhar as mesmas visões sobre o mundo. Um escritor passa a mensagem de que as pessoas não estão isoladas em seu próprio mundo, mas que tem quem lhes faça companhia num certo insight sobre cada segundo que vivemos. Às vezes vivemos melhor num gole de café, outras vezes ouvindo uma música, em outras assistindo a um filme e, claro, lendo um bom livro.



Continua no Spoiler (frescura minha...para não assustar algum usuário não acostumado com prolixidade)


Mesmo nas histórias fantásticas, policialescas ou de cunho mais impressionista, existencialista ou místico, vemos os sentimentos humanos numa montanha russa, e nos sentimos parte disso tudo, do que o autor sente ao escrever, e compreendemos, ao final da jornada, na última linha após centenas de páginas de uma batalha psicológica, o sentido do esforço de ter dedicado bons meses (ou anos) na criação de uma obra literária. Infelizmente, para muitos isso não é grande coisa....para muitos isso não é desgastante como pegar na enxada; não dá trabalho a uma pessoa, ou dignidade. Houve um tempo em que os escritores eram vistos como marginais, como pessoas que não queriam nada com nada, não possuíam as mãos cheias de calos (embora um escritor pudesse possuir mais dores na alma do que qualquer trabalho corporal lhe pudesse proporcionar).

O ser humano precisa se expressar, mas tbm precisa ouvir o que o outro tem a dizer, e isso tbm vale para quem não encontra um meio melhor de se expressar e para ouvir que não através de um livro. Essa necessidade sempre fez parte da natureza humana. Nas épocas mais remotas, o homem passava seus conhecimentos através de tradições nas pinturas tribais e rupestres, e isso era visto como algo sagrado, uma expressão de sabedoria e vivência, tudo misturado a superstições justificáveis dentro do contexto daquelas épocas. Com a invenção da escrita primitiva (cuneiforme) há 10 ou 12 mil anos, o homem passou por uma das maiores revoluções de sua história, o que lhe proporcionou toda uma gama de possibilidades de desenvolvimento mental e mesmo “espiritual”. Qual a moral? O ser humano que se cala e o que fecha os olhos para o mundo das histórias (e das estórias tbm) e não procura dizer ao mundo o que pensa da vida, e o que lhe incomoda, pelo menos, para tentar achar quem o ouça, está deixando passar a oportunidade de descobrir um mundo novo, abrangente e rico de novas perspectivas. Certamente não há uma pessoa no mundo que não irá encontrar uma receptora capaz de compartilhar esse momento tão sublime como a comunicação de idéias, de conceitos, de imaginações! E nesse sentido, um livro vale como ouro para alguém, seja para quem escreve, seja para quem lê: lhe faz ter um porto seguro no qual atracar. Já que através de um livro temos a liberdade de irmos além de qualquer limite imaginário, e tbm, por que não, de ousar, de provocar e tbm de fazer uma pessoa perceber que há outras como ela no mundo!



Por isso, algumas pessoas que não dão o devido valor a um livro, e que tbm não fazem questão de se expressar quando tem a oportunidade, acaba passando uma impressão negativa de que é uma pessoa que não tem nada a dizer , ou com algum medo de que ninguém a entenderia. Todos somos assim: às vezes queremos ficar eternamente em silêncio, já que existem momentos onde algumas pessoas tentam sobrepor suas idéias às demais, fazendo com que alguém se sinta inferior ou sem a devida capacidade de fazer valer a sua opinião, por mais que destoe de algum senso. Mas todo o problema de uma pessoa no que tange à expressar uma opinião, começa por uma educação séria e que tenha o senso do dever de formar futuros cidadãos que saibam do seu lugar no mundo, dos seus direitos e dos seus deveres. Seria necessário começar algum tipo de conscientização sistemática em todos os níveis escolares (já que a campanha pró-leitura, infelizmente, só existe muito mais em períodos de vestibular, tradicionalmente. E a insistência na obrigatoriedade da leitura de certos escritores acaba sendo um mal, pois cria no aluno uma certa aversão quase que automática e traumática a determinado escritor). Abordar em sala de aula não apenas o conteúdo de um livro que o professor ensina, mas a importância de se compreender a natureza de um livro, que tipo de benefício o aluno terá além de obter a mera informação mecânica e teórica , para propiciar, futuramente, o desenvolvimento de pessoas que tenham uma palavra a mais, uma voz que fale mais alto do que meras redundâncias didáticas!



E vcs? Quantos livros vcs devoram anualmente? Não precisam ser exatos (é impossível!). Tirem uma média! O que sentem a respeito do fato do livro ser ainda um objeto muito mais familiar a um nerd ou a um vestibulando, e não, infelizmente, a todas as pessoas, em todas as fases da vida? Importante ressaltar alguns benefícios de uma leitura contínua por toda a vida: uma longevidade maior, uma memória saudável; lucidez, melhor capacidade de organização mental e mais facilidade de comunicação do que a pessoa que normalmente não possui esse hábito..

Aqui, para quem se interessar, um bom texto da ABIO (Associação Brasileira de Imprensas Oficiais): http://www.abio.com.br/noticias/artigos/acesso.asp
 
Última edição:
É triste quando nos deparamos com dados como este. Monteiro Lobato já dizia que um país se faz com homens e livros, que país estamos fazendo do Brasil então?

A leitura de um livro na maioria das vezes é vista como algo obrigatório, não se consegue enxergar o grande potencial de entretenimento e diversão provenientes dela. E aí perde-se esta maravilhosa oportunidade de viajar sem arredar os pés do chão. No lugar do "tirar os pés do chão" eu ia escrever sem gastar dinheiro, mas aí me lembre do quão cara pode ser esta prática. É talvez o preço desta diversão seja um dos vários empecilhos que impede o aumento da prática de leitura de livros no Brasil.

Com a indústria literária cobrando cada vez mais pelos livros e a dificuldade de acesso em bibliotecas (tá sei que alguns irão falar que existem sim bibliotecas e que muitos não lêem porque não querem) é muito mais fácil render-se a "diversão" televisiva. Não nego a existência de bibliotecas, mas estas concentram-se nos grandes centros, vá procurar uma biblioteca (que ofereça variedades) em comunidades amazônicas, nordestinas, etc afastadas dos grandes centros para ver se você encontra uma.

Mas aí fica a pergunta, se tivéssemos mais bibliotecas, os brasileiros leriam mais?
Provavelmente não.
Entraria em foco outro fator, a inicialização da leitura. Da forma como ela é feita hoje, não incentiva ninguém a se tornar um leitor por opção e prazer. A leitura é pouco incentivada nas séries iniciais, e leva pouco em consideração o gosto individual dos alunos. Daí, a utilização das famosas listas de livros obrigatórios tornar-se um verdadeiro suplício, o aluno na maioria das vezes lê porque o livro será cobrado em prova, mas nunca mais vai procurar ler outras obras por simples vontade. Não estou dizendo com isso que não se deve pedir a alunos do Ensino Médio leiam Machado de Assis, longe disso, mas porque não junto com a indicação da obra deste autor dar a chance do aluno escolher um título qualquer para ler e discorrer sobre ele. Ler é muito bom, adoro ler, mas a leitura obrigatória é castradora da imaginação e do prazer.
 
Devido a minha falta de tempo leio em média 5 livros a cada 2 meses, leio muito e perco as contas de jornais (todo o dia), revistas de saúde (todo o dia), revistas como Terra, National Geographic, Super Interessante essas vem todas por assinatura e adoro ler Seleções e gibis do Tex (sim eu leio Tex), tem uma linha de livros que sempre estou lendo como os de história natural, povos e civilizações antigas, fatos históricos como a I e II Guerra Mundial, mitologia, pessoas, sempre me pego em roda disso, Tolkien entrou na minha vida quando estava pesquisando sobre mitologia européia, e foi como tudo começou. Claro já li Marley e Eu, Histórias para Aquecer o Coração, Da Vinci, Anjos e Demônios, etc e tals.
Mas o ábito de ler você deve ensinar seu filho desde pequeno, eu comecei desde pequenininha com a minha psicóloga até mesmo para melhorar minha relação com as pessoas, eu tinha um problema que não falava com ninguém, era muda do tipo tenho voz mas não falo, e foi com a leitura que me destravei para o mundo. A importância vai muito além de saber ler, pronunciar e escrever, vale de estímulo para a vida, para a compreenssão das coisas. Sinto mesmo por grande parte das pessoas nem sequer ter tocado num livro, num jornal...não sabem o que perdem.
 
Última edição:
Sabe, eu fui neste final de semana num evento cultural que aconteceu aqui na minha cidade, São Francisco Xavier.
É vizinha da cidade Monteiro Lobato (Antiga Buquira). Ganhou este nome por causa do ilustre morador. Era "meu" vizinho.
O Evento contou com o Serra, chegando de helicoptero..contou com Loyola, com gente de cultura, televisão e todo o aparato. Falou-se dos números, das estatísticas, da falta de leitura...
E eu fiquei do lado de fora e sabem o que eu vi? Ninguem da cidade..foi isso que eu vi. Só gente de fora. Gente que lê, que compra jornal.
Da cidade mesmo, ninguém. Tinha a Dona Luzia, mas ela vendia bolinho caipira..então não conta.
Ninguém dá bola pra livros. Não sabem ler. As crianças que freqüentam as escolas daqui não sabem ler também, nem falar direito.
Eu fiquei olhando todo aquele aparato pra falar de livros..mas ninguem falou em despertar o amor pela leitura naquelas pessoas que deveriam ler pra sair do mundinho em que vivem.
Talvez o brilho no olhar de quem lê e conta as estórias estimule mais as pessoas a lerem. Quantas vezes, falando do Tolkien, eu estimulei alguém a lê-lo? acho que com livro se faz assim. Dá exemplo que é bom, gostoso e faz um bem danado...
 

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