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Críticas sobre Tolkien

Os trabalhos de Tolkien têm sido elogiados não apenas pelos leitores, mas também por estudiosos literários. Este documento é uma compilação de críticas acadêmicas sobre "A Sociedade do Anel" de Tolkien.

Sobre a Possibilidade de Escrever Críticas sobre Tolkien
Por Neil D. Issacs

". . . a popularidade em massa de Tolkien não foi promovida pela mídia em massa; ela surgiu a partir das qualidades e apelos da obra em si, e foi simplesmente comunicada na mídia.” (Isaacs 1)


O Destronamento do Poder
Por C. S. Lewis

"Acho que alguns leitores, vendo (e não apreciando) essa rígida demarcação de preto e branco, imaginam que estão vendo uma rígida demarcação entre pessoas negras e brancas. Olhando para os quadrados, elas supõem (desafiando os fatos) que todas as peças devem estar fazendo movimentos de bispo que os confinam a uma só cor. Mas até mesmo esses leitores mal poderão manter essa ótica durante os dois últimos volumes. Motivos, mesmo do lado bom, estão misturados. Aqueles que agora são traidores geralmente começaram com intenções comparativamente inocentes. A heróica Rohan e a imperial Gondor estão parcialmente doentes. Até mesmo o devastado Sméagol, até bem tarde na história, tem impulsos de bondade; e, por um trágico paradoxo, o que finalmente o empurra no abismo é um não premeditado discurso feito pelo personagem mais desprendido de todos." (Lewis 13)

"Há dois Livros em cada volume e agora que todos os seis estão diante de nós, a altíssima qualidade arquitetural do romance é revelada. O Livro I constrói o tema principal. No Livro II este tema, enriquecido com muito material retrospectivo, continua. Então vem a mudança. No III e V o destino da comitiva, agora dividida, torna-se entrelaçada com um imenso complexo de forças que estão se agrupando e reagrupando em relação a Mordor. O tema principal, isolado disso, ocupa IV e o começo do VI (esta última parte trazendo todas as resoluções, é claro). Porém jamais nos é permitido esquecer a conexão íntima entre ele (o tema) e o resto. Por um lado, o mundo todo está indo para a guerra; a história ressoa com cascos galopantes, trombetas, aço no aço. Por outro lado, muito longe dali, duas minúsculas e miseráveis figuras rastejam (como ratos em uma pilha de resíduos) através do crepúsculo de Mordor. E todo o tempo sabemos que o destino do mundo depende muito mais do pequeno movimento do que do grande. Esta é uma invenção estrutural da mais alta ordem: acrescenta muito à situação, ironia e grandeza do conto." (Lewis 13)

"A . . . excelência está no fato de que nenhum indivíduo, e nenhuma espécie, parecem existir apenas para fins de roteiro. Todos existem por seu próprio direito e teria valido a pena criá-los por seu próprio sabor, mesmo se eles fossem irrelevantes."

(Lewis 14) ". . . o texto em si nos ensina que Sauron é eterno; a guerra do anel é apenas uma das mil guerras contra ele. A cada vez seremos sábios se tivermos medo de sua vitória final, após a qual não haverá "mais canções". Repetidas vezes teremos boas evidências de que "o vento está se estabelecendo no Leste, e o murchar de todas as florestas pode estar se aproximando " (II,76). Cada vez que ganharmos, deveremos saber que nossa vitória não é permanente. Se insistirmos em perguntar pela moral da história, esta é sua moral: um chamado do otimismo fácil e pessimismo gemente, para aquela dura, embora ainda não tão desesperada visão que penetra a imutável situação do Homem, pela qual viveu-se em heróicas eras. É aqui que a afinidade nórdica torna-se mais forte: golpes de martelo, porém com compaixão". (Lewis 15)

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O Senhor dos Hobbits: J.R.R. Tolkien
Por Edmund Fuller

"Para este mundo [Terra-média] ele criou uma geografia contida em si mesma, com mapas, mitologia e cancioneiro, uma história de grande profundidade e completude em sua organização, estendendo-se para bem anteriormente ao tempo em que sua história se passa. Ele criou várias línguas e alfabetos rúnicos, e dentro destes traçou elaboradas inter-relações lingüísticas. A moldura histórica deste mundo está repleta de genealogias e o que pode ser chamado de estudos étnicos em suas espécies não-humanas. Há extensa flora e fauna além das que já conhecemos. Todos estes elementos são tecidos ao longo do conto, mas tão profunda é a imersão de Tolkien neste mundo que, no fim da trilogia, há seis apêndices, totalizando 103 páginas, com notas de rodapé elaboradas, lidando com os temas supra-citados. Embora os apêndices contribuam para a persuasiva verossimilhança da história, elas não são necessárias para esse propósito. Elas refletem a própria intensidade de Tolkien em sua experiência interna e total absorção neste ato de sub-criação. É isto que torna seu feitiço tão grande e, por sua vez, atrai os leitores para que o acompanhem nesta posterior compilação extra de dados sobre um mundo imaginário, que eles odeiam ter que abandonar." (Fuller 18)

"Uma rima rúnica fala de: Três Anéis para os Reis Élficos sob este céu, / Sete para os Senhores dos Anões em seus rochosos corredores, / Nove para os Homens Mortais fadados ao eterno sono, / Um para o Senhor do Escuro em seu escuro trono/ Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam. / Um Anel para a todos governar, Um Anel para encontrá-los,/ Um Anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los/ Na Terra de Mordor onde as sombras se deitam. " (Fuller 20)

"Ele [Tolkien] cria rimas rúnicas e canções de bardos com um extenso alcance de humores e metragens, do cômico ao heróico ao to Idílico, homenageando os que já foram, nas formas das canções que caracterizam a literatura Anglo-Saxã e Escandinava" (Fuller 21)

"[Saruman] busca persuadir Gandalf: Um novo Poder se levanta. Contra ele, os velhas alianças e políticas não nos ajudarão em nada.. . . Esta então é uma escolha diante de você, diante de nós. Podemos nos unir a esse Poder. . . . A vitória dele se aproxima; e haverá grandes recompensas para aqueles que o ajudarem . . . e os Sábios, como você e eu, poderão, com paciência, vir finalmente a governar seus rumos, e a controlá-lo. Podemos esperar nossa hora. . . talvez deplorando as maldades feitas incidentalmente, mas aprovando o propósito final e mais alto: Conhecimento, Liderança, Ordem . . . . Não precisaria haver . . . qualquer mudança em nossos propósitos, só em nossos meios. (I, 272-3)" (Fuller 25)

" Não podemos usar o Anel Governante. . . . A força que tem. . . é grande demais para qualquer um controlar por sua própria vontade, com exceção apenas daqueles que já têm um grande poder próprio. Mas, para estes, o perigo é ainda mais fatal. Apenas desejá-lo já corrompe o coração. . . Se algum dos Sábios derrotasse com esse Anel o Senhor de Mordor, usando as próprias artes, então se colocaria no trono de Sauron, e um outro Senhor do Escuro surgiria. E esta é outra razão pela qual o Anel deve ser destruído: enquanto permanecer no mundo, representará um perigo até mesmo para os Sábios. Pois nada é mau no início. Até mesmo Sauron não era. Tenho medo de tomar o Anel para escondê-lo. E não vou tomá-lo para fazer uso dele. (I, 281) Aqui somos trazidos à clássica qualidade corruptível do poder diretamente proporcional à sua proximidade com o absoluto. No entanto, é claro que não é o poder em si que corrompe, mas o orgulho que tal poder pode engendrar, que por sua vez produz a veloz corrupção do poder. A natureza primária do pecado do Orgulho, trazendo a queda de anjos diante da sedução e queda do Homem, é o desejo de usurpar a Primária e única Fonte de Poder, incorruptível in Sua natureza porque Ele é o Poder e Fonte e não tem nada a usurpar, por ser Tudo." (Fuller 26)

" [O Anel] é uma demonstração do fato de que, a vida nem sempre nos oferece escolhas claras a respeito de bem ou mal. Muitas vezes temos que escolher entre níveis de maldade, e temos sorte quando sabemos que estamos fazendo isto. Frodo, às vezes, é compelido a usar o Anel devido a seu poder de invisibilidade, como alternativa imediata para não perder tudo. No entanto, toda vez que ele o faz, dois resultados ruins estão envolvidos: a sempre nociva influência do Anel sobre Frodo aumenta perceptivelmente, e Sauron fica instantaneamente a par de seu uso e a mente dele é capaz de captar, de maneira geral, sua localização, como um sinal de rádio." (Fuller 28)
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" [Comentário sobre Destino : Gandalf] Por trás disso havia algo mais em ação, além de qualquer desígnio de quem fez o Anel. Não posso dizer de modo mais direto: Bilbo estava designado a encontrar o Anel, e não por quem o fez. Nesse caso você também estava designado a possuí-lo. (I, 65) " (Fuller 30)

" [Comentário sobre Destino: Gandalf] . . . ele [Gollum] está ligado ao destino do Anel. Meu coração me diz que ele tem ainda algum tipo de função a desempenhar, para o bem ou para o mal, antes do fim; e quando a hora chegar, a pena de Bilbo pode governar o destino de muitos – e oseu também. (I, 69) " (Fuller 30)

" [Comentário sobre SDA: ?] Esta demanda pode ser tentada pelos fracos com tanta esperança quanto teriam os fortes. E de fato este é geralmente o caminho das façanhas que movem as rodas do mundo: as pequenas mãos as realizam porque devem, enquanto que os olhos dos grandes estão em outro lugar. (I, 283) " (Fuller 31)

" [Comentário sobre o Mal em SDA: ?] Sempre depois de uma derrota e um intervalo, a Sombra toma outra forma e cresce novamente . . . . O mal de Sauron não pode ser totalmente curado, ou considerado como se jamais tivesse existido . . . .Há outros males que poderão vir; pois Sauron é apenas um servidor do emissário. E não é nossa função controlar todas as marés do mundo, mas fazer o que devemos para socorrer estes anos em que estamos, arrancando as raízes do mal dos campos que conhecemos, para que os que viverem depois de nós tenham terra limpa para cultivar. (I,60; II, 154; III, 155)" (Fuller 33)

" Nunca há um lugar para se esconder, ou um momento em que o perene porém Proteano dilemma moral tenha sido resolvido para sempre. Embora sintamos com Frodo, “Quem dera isto não tivesse acontecido no meu tempo, temos que aceitar o fato de que O grande mundo os cerca: vocês podem se trancar aqui dentro, mas você jamais conseguirão trancá-lo para fora para sempre. (I,92). Com Aragorn, homem mais importante da história, nos deparamos com o que ele austeramente chama de A sina da escolha . . . . Há algumas coisas que é melhor começar do que recusar, embora o fim possa ser escuro. (II, 36,43)" (Fuller 33)

" [Comentário sobre o mal] Como pode um homem julgar o que fazer em tempos assim? Como sempre julgou, disse Aragorn. O bem e o mal não mudaram desde o ano passado; nem são uma coisa para elfos e anões e outra coisa para os homens. (II, 40-41)" (Fuller 33)

"Fica claro a partir da natureza e poderes de Sauron – nem sempre mau, mas tornando-se, e não sendo o maior de sua espécie – que ele é um tipo de anjo caído. Na era da criação dos vinte Anéis da rima rúnica, até mesmo alguns dos sub-angélicos Altos Elfos foram num momento enganados por ele e, fazendo paralelos bíblicos e Faustianos, aprisionados por sua “ânsia por conhecimento” (I, 255). Aprendemos que é perigoso estudar a fundo as artes do Inimigo, para o bem ou para o mal. (I, 276)." (Fuller 35)


O Herói da Demanda
Por W.H. Auden

"Procurar um botão de colarinho perdido não é uma verdadeira busca: para estar em uma demanda significa procurar algo sem ter experiência; uma pessoa pode imaginar como será, mas se a imagem que essa pessoa faz é verdadeira ou falsa, só será sabido por quem a encontrar." (Auden 40)

"A Demanda é uma das mais antigas, mais difíceis e o mais popular dentre todos os genros literários. Em alguns casos, pode estar fundada em um fato histórico – A “Demanda do Felocino de Ouro” pode ter tido sua origem na busca dos mercadores navegantes por âmbar – e certos temas, como o da cruel princesa encantada cujo coração somente pode ser “derretido” pelo amor predestinado, podem ser lembranças distorcidas de ritos religiosos, mas o apelo persistente da Busca como forma literária deve-se, acredito, a sua validade como uma descrição simbólica de nossa experiência pessoal subjetiva da existência como algo histórico" (Auden 42) "Os elementos essenciais na Demanda típica são seis. (1) Um precioso Objeto a ser encontrado para ser possuído e/ou Pessoa a ser encontrada para casamento. (2) Uma longa jornada para encontrá-lo, pois seu paradeiro não é originalmente conhecido pelos que o estão procurando. (3) Um herói. Ninguém consegue encontrar o Objeto Precioso, exceto aquela pessoa que possui as qualidades certas de concepção de caráter. (4) Um Teste ou uma série de Testes pelos quais os indignos são afastados da cena, e o herói é revelado. (5) Os Guardiões do Objeto que devem ser superados antes que ele seja ganho. Eles podem ser apenas mais um teste para o herói, ou então podem ser malignos em si mesmos. (6) Os Ajudantes, que com seu conhecimento e poderes mágicos ajudam o herói, e sem a ajuda dos quais ele jamais seria bem sucedido. Podem aparecer na forma humana ou animal." (Auden 44)
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"Um mundo de sonhos pode estar cheio de lacunas inexplicáveis e inconsistencies lógicas; um mundo imaginário não pode, pois é um mundo de lei, não de desejo. Suas leis podem ser diferentes daquelas que governam nosso mundo, mas elas devem ser tão inteligíveis e invioláveis quanto. Sua história pode ser incomum, mas não deve contradizer nossa noção do que a história é, ou seja, uma interação entre Destino, Escolha e Sorte. Por último, não pode violar nossa experiência moral. Se o Bem e o Mal devem ser encarnados em indivíduos e sociedades, conforme geralmente se requer em uma Demanda, temos que ser convencidos de que o lado Mau é aquilo que qualquer homem são, independentemente de sua nacionalidade ou cultura, consideraria como mau. O triunfo do Bem sobre o Mal, que o resultado bem-sucedido da Demanda implica, deve parecer historicamente possível, não um devaneio. O poder físico e, até certo grau, intelectual, deve ser mostrado como aquilo que sabemos que é: moralmente neutro e efetivamente real: batalhas são vencidas pelo lado mais forte, seja ele bom ou mau" (Auden 51)

"Os extremos do bem e do mal na história são representados pelos elfos e Sauron, respectivamente. Aqui está um verso de um poema em élfico: A Elbereth Gilthoniel, / silivren penna míriel / o menel alglar elenath! / Na-chaered palan díriel. / o galadhremmin ennorath, / Fanuilos, le linnathon / nef aer, sí nef aearon. E aqui temos um feitiço do mal na Língua Negra inventada por Sauron: Ash nazg durbatulûk, ash nazg gimbatul, ash nazg thrakatalûk, agh burzum-ishi-krimpatul." (Auden 52)

"Um mundo imaginário deve ser tão real para os sentidos do leitor quanto o mundo verdadeiro. Para que ele considere o imaginário convincente, ele deve sentir que está enxergando a paisagem da mesma maneira que o viajante fictício a enxerga, considerando o modo de locomoção e as circunstâncias de sua tarefa. Felizmente, o talento do Sr. Tolkien para descrições topográficas é equivalente a seu talento para nomear pessoas e sua fertilidade na criação de incidentes. Seu herói, Frodo Bolseiro, está na estrada, excluindo o resto, durante oitenta dias e percorre mais de 1800 milhas, a maior parte à pé, e com seus sentidos é mantido perpetualmente afiado pelo medo, procurando sinais de seus perseguidores a cada passo do caminho; e Tolkien consegue nos convencer de que não há nada que Frodo tenha notado que ele tenha esquecido de descrever." (Tolkien 53)

"Alguns dos personagens de O Senhor dos Anéis, Gandalf e Aragorn, por exemplo, são expressões da vocação natural de talento. É Gandalf quem deve planejar a estratégia da Guerra contra Sauron porque ele é um homem muito sábio; é Aragorn quem deve liderar os exércitos de Gondor porque ele é um grande guerreiro e herdeiro legítimo ao trono. Não importando aquilo que eles estejam arriscando e sofrendo, eles estão, de certo modo, fazendo aquilo que querem fazer. Mas a situação do verdadeiro herói, Frodo Bolseiro, é bem diferente. Quando a decisão de enviar o Anel para o Fogo foi tomada, seus sentimentos são os mesmos de Papengo: estas explorações perigosas não são para um pequeno hobbit como eu. Eu preferiria bem mais ficar em casa do que arriscar minha vida na remota chance de conseguir glória. Mas a consciência dele lhe diz: Você pode não ser ninguém em especial em si mesmo, mas por razões inexplicáveis, e não por escolha sua, o Anel veio para suas mãos, então é você, e não Gandalf ou Aragorn, quem tem a função de destruí-lo." (Auden 55)

" [Comentário sobre o conflito do Bem e do Mal] Não podemos conquistar a vitória por meio das armas. . . Ainda alimento a esperança na vitória, mas não através de armas. Pois em meio a todas estas estratégias está o Anel do Poder, o alicerce de Barad-dûr e a esperança de Sauron. . . Se ele o conseguir de volta, a valentia de vocês será inútil, e a vitória dele será rápida e completa; tão completa que ninguém pode prever o fim dela enquanto durar o mundo. Se ele for destruído, então Sauron cairá; e sua queda será tão grande que ninguém pode prever a possibilidade de que jamais venha a ascender de novo. . . .Este, então, é o meu conselho: não possuímos o Anel. Por sabedoria, ou por uma grande loucura, nós o enviamos para longe para ser destruído e para evitar que nos destruísse. Sem o Anel, não podemos pela força destruir a força de Sauron. Mas devemos a todo custo manter seu Olho longe do verdadeiro perigo que o ameaça. Não podemos conquistar a vitória por meio das armas, mas por meio das armas podemos dar ao Portador do Anel sua única oportunidade, por mais frágil que seja. (III, 154-156)." (Auden 57)
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" [Comentário sobre o fim da Demanda] Entende agora por que sua vinda aqui representa para nós a passada do Destino? Pois, se você falhar, então seremos expostos ao Inimigo. Mas se você for bem-sucedido, então nosso poder diminuirá, e Lothlórien desaparecerá, e as marés do tempo a levarão embora. Partiremos para o Oeste, ou seremos reduzidos a um povo rústico de vale e caverna, para lentamente esquecermos e sermos esquecidos. (I, 380)" (Auden 61)

" [ Comentário sobre o fim da Demanda ] Mas, disse Sam, com as lágrimas brotando em seus olhos, achei que o senhor também ia desfrutar o Condado . . . por muitos e muitos anos, depois de tudo o que fez. Eu também já pensei desse modo. Mas meu ferimento foi muito profundo, Sam. Tentei salvar o Condado, e ele foi salvo, mas não para mim. Muitas vezes precisa ser assim, Sam, quando as coisas correm perigo: alguém tem de desistir delas, perdê-las, para que outros possam tê-las. (III, 309)" (Auden 61)


O Apelo de SDA: Uma Batalha pela Vida
Por Hugh T. Keenan

"A parte abstrata da Morte e da Vida é personificada pelos Nazgûl e pelos seres semelhantes à árvores, os Ents." (Keenan 63)

"Os Guardiões, conforme Miss Spacks destaca, entendem a linguagem das feras e aves, enquanto que Tom Bombadil é mais íntima comunhão com as forces naturais; ele tem o poder da própria terra." (Keenan 63)

"Em Beowulf, Grendel e sua mãe podem ser vistos como a personificação (em parte) das falhas do rei Hrothgar e das falhas da corte dele. Em O Senhor dos Anéis, Sauron pode ser visto, de forma similar, como a personificação dos medos e da auto-destruição (instinto de morte) dos habitantes da Terra-média." (Keenan 66)

"O que justifica o fato de Frodo ser o herói? Neste ponto, chega-se a um paradoxo. Frodo possui a natureza semelhante a de um coelho e uma criança, comum a um hobbit do campo. Ele gosta de fumar, de festas de aniversário, presentes, boa comida, e boa companhia. Mas à medida que realize sua jornada em direção a Mordor, ele perde um pouco desta vitalidade. Torna-se isolado, menos bem-humorado, mais racional, e até mesmo místico, em contraste com seu antigo ser, emocional e animal. Em outras palavras, Frodo cresce; torna-se adulto num sentido humano. Torna-se consciente de seu dever de sacrifício. Torna-se humilde à medida que aprende sobre o mundo for a do Condado, e à medida que percebe os caminhos da mortalidade por meio da passagem dos justos e belos." (Keenan 67)

". . . há uma forte sugestão de que Frodo e sua raça representam psicologicamente a eternal criança que deve ser sacrificada para que o homem possa viver." (Keenan 67)

Duas pessoas não são afetadas pelo Anel: Sam + Tom Bombadil

"Somados aos símbolos [florestas & árvores], encontramos padrões de contraste de caráter, incidents e locais que definem o tema da vida contra a morte. No início da jornada, Frodo e os três hobbits encontram Tom Bombadil e sua consorte Fruta d’Ouro. No final da jornada, Frodo e Sam encontram Gollum e sua senhora-governante Laracna. Além dos paralelos e contrastes de personalidade - Tom Bombadil (vida) e Gollum (morte), Fruta d’Ouro (preservadora) e Laracna (destruidora) – há ações paralelas. No começo da história, Tom resgata o perdido Frodo e companhia da Floresta Velha, e então os salva das Criaturas Tumulares. Mais tarde, Gollum resgata o perdido Frodo e seu companheiro Sam na parte selvagem das Emyn Muil e os guia através do traiçoeiro Vale dos Mortos. Enquanto um os guia para a segurança e vida, o outro os guia para a traição e morte. Enquanto Tom Bombadil não pode ser afetado pelo Anel, Gollum jamais pode estar livre dele." (Keenan 75)
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Poder e Significado em O Senhor dos Anéis
Por Patricia Spacks

Hobbit análogo ao quase-herói islandês (83)

". . . a simplicidade do sistema ético de [SDA] é redimida pela complexidade filosófica de seu contexto: simplicidade não é igual à superficial. O sistema de instituição pagão com o qual SDA mais se assemelha é redimido de sua superficialidade pela magnitude da oposição que enfrenta. O herói épico anglo-saxão opera sob a sombra do destino; sua luta está condenada ao fracasso final – o dragão em algum encontro, vencerá por fim. Apenas a coragem e vontade do herói se opõem às forces escuras do universo; elas representam sua triunfante afirmação de si mesmo como homem, sua insistência na importância humana, apesar da fraqueza humana." (Spacks 85- 86) Dois temas principais - "liberdade de vontade e ordem no universo, mnas operações do destino" (Spacks 87) Corrupção do Poder (Saruman)

"Todos os grandes segredos sob as montanhas haviam se tornado apenas noite vazia: nada mais havia para descobrir, nada que valesse a pena fazer, apenas comer furtivamente coisas desagradáveis e lembranças ressentidas. Ele [Gollum] estava totalmente devastado. Odiava a escuridão, e odiava a luz ainda mais: odiava tudo, e o Anel mais do que tudo. . . . Ele o odiava e o amava, como odiava e amava a si mesmo. Não conseguia se livrar dele. Ele não tinha mais vontade própria na situação" (I, 64)" (Spacks 94)

"Na apresentação da destruição de Gollum do Anel, a idéia de livre arbítrio intimamente envolvida com o destino recebe sua declaração mais forte. A mesma idéia já foi sugerida antes; agora se torna inescapável. A livre escolha do bem pelo indivíduo envolve sua participação num amplo padrão de Bondade; atos individuais tornam-se parte do Destino. Frodo optou repetidas vezes por comportar-se com piedade em relação a Gollum, mesmo diante da traição por parte do outro. Seus atos piedosos determinam seu destino e, devido ao fato de que sua aceitação da missão dá a ele uma posição simbólica, tais atos também determinam o destino do mundo em que ele vive. Gollum, por outro lado, embora seja comparativamente fraco na maldade, tornou-se o representante simbólico do mal. Sua aceitação original do mal o tornou desprovido de vontade; é apropriado que pelo menos no fim ele se tornasse um instrumento daquele destino essencialmente benevolente por meio do qual, como Sam se dá conta seu patrão foi salvo; ele voltou a ser o que era, ele estava livre. (III, 225) – livre mas ao custo de mutilação física, o emblema de sua fraqueza humana (ou de hobbit)- da mesma maneira que o herói de Lewis, Ransom, que em Perelandra é bem-sucedido em sua luta física com o Diabo, mas emerge dela com um ferimento incurável no calcanhar" (Spacks 95)

"Da mesma forma que o mundo irreal ricamente imaginado, a linguagem atrai o lado infantil de seus leitores; evoca lembranças de contos de fadas e de lendas de cavalaria. A figura cinzenta do homem, Aragorn, filho de Arathorn, era alta, firme como uma rocha, a mão sobre o punho de sua espada; parecia que um rei tinha surgido das névoas do mar e pisado sobre as praias de homens menores. Diante dele se curvava a velha figura [Gandalf], branca, agora brilhando como se alguma luz a iluminasse de dentro, inclinada, sobrecarregada pelos anos, mas detentora de um poder acima da força dos reis" (II, 104)" (Spacks 98)

(Aliteração + Épico Nórdico primitivo) usado na história


Homens, Pequenos, e Adoração pelo Herói
Por Marion Bradley

"Frodo compartilha por um tempo as recompenses dos trabalhos deles, mas ele tem que suportar para sempre três ferimentos: ferimento à faca no Topo do Vento, devido à loucura; a picada de Laracna, devido à confiança exagerada; e o dedo arrancado com o Anel, devido ao orgulho." (Bradley 124)

"Merry, também, atingiu a estatura de um grande adulto; para ele, o retorno ao Condado é como um sonho que desapareceu vagarosamente mas para Frodo é como adormecer de novo." (Bradley 125)

Sam é o representante da Era Heróica, não Frodo.
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Tolkien e a História de Fadas
Por R.J. Reilly

". . . Richard Hughes, que mencionou a conexão de “The Faerie Queene” com a obra; Naomi Michinson, que levou a obra tão a sério quanto leva “Mallory”; C.S. Lewis, que comparou a inventividade de Tolkien com Ariosto e considerou Tolkien o melhor; e Louis Halle, que achou que a obra tem o mesmo significado que a Odisséia, Gênesis, e Fausto." (Reilly 133)

"Douglass Parker [Ver "Hwaet We Holbylta . . . ," Hudson Review, IX (Inverno, 1956-57), 598-609] relembra o leitor a respeito da interpretação que Tolkien fez de Beowulf e afirma que o que Tolkien fez na trilogia foi recriar o mundo, e a vis]ao de mundo, do poema. As palavras que Tolkien tomou de Widsith para aplicar a Beowulf pode ser aplicada também na trilogia: Lif is laene: eal sceacep, leoht ond lif samod, A vida é fugaz: tudo passa, luz e vida juntas." Ele acredita que sobre o conto pende a mesma nuvem de determinismo que pende sobre Beowulf. O fim de uma era está chegando, e não há nada que homens ou hobbits ou elfos possam fazer para evitar este fim. Face à inexorável extinção, a única reposta que um homem ou hobbit pode dar é ser heróico. Tolkien fez todo o possível para fazer este mundo prodigioso e . . . imperturbável construção da imaginação, imitando o mundo do poema de Beowulf, porque Tolkien sentia que apenas dessa forma ele conseguirá o que o autor de Beowulf (também um antiquário) conseguiu: um senso da Verganglichkeit do homem, sua não-permanência, sua deterioração. E este mundo imaginário tem relevância para o real. Seus empréstimos de, ou reconstrução de, mitos anglo-saxões, celtas e nórdicos fornecem uma ponte do mundo dele para o nosso; eles fazem a afirmação implícita de que nosso mundo, na Era dos homens, a Quarta Era, é uma continuação da dele, e irá recapitular seus acontecimentos em novos termos, assim como a Terceira Era recapitulou a Segunda, e a Segunda fez com a Primeira." (Reilly 135)

"Faërie pode ser traduzido aproximadamente como Mágica, mas não a mágica vulgar do mágico; na verdade é mágica de disposição e poder particulares, e ela não tem seu fim nela mesma, mas sim em suas operações. Dentre estas operações está a satisfação de certos desejos humanos primordiais tais como o desejo de investigar a profundidade do espaço e tempo e o desejo de viver em comunhão com outras coisas viventes." (Reilly 138)

"O próprio [Senhor dos Anéis] é da Terceira Era, mas a história está repleta de ecos do passado turvo; de fato, a trilogia é em grande parte uma tentativa de sugerir as profundezas do tempo, que torna antiquada a antiguidade e tem uma arte de fazer poeira de todas as coisas. A Terceira Era é, para o leitor, mais velha do que se possa medir, mas os seres desta era contam histórias de eras ainda mais remotas nos escuros confins e abismo do tempo, e de fato geralmente se sugere que estas histórias recontam apenas os eventos de tempos relativamente recentes - o estabelecimento de parte do tempo de Browne – e que as coisas mais velhas estão perdidas além da memória." (Reilly 139)

"Os Ents, por exemplo, as grandes árvores da Terceira Era, estão dentre as coisas viventes mais velhas. Elas falam com os hobbits numa linguagem tão velha, tão lenta e cuidadosamente articulada, quanto a própria. E quando Tom Bombadil fala, é como se a própria Natureza - não-racional, interessada apenas na vida e nas coisas que crescem – estivesse falando. Os elfos, os anões, até mesmo Gollum e os orcs, são gradações – tanto para cima quanto para baixo – do nível humano; eles são outras coisas viventes com as quais os leitores mantêm comunhão no mundo de trilogia de maravilhas imaginadas." (Reilly 139)

" (Sobre ‘Histórias de Fadas’ de Tolkien) A mente encarnada, a língua, e a história são coesas em nosso mundo. A mente humana, dotada dos poderes de generalização e abstração, não vê apenas grama verde, discriminando-a das outras coisas . . . mas vê que é verde além de ser grama. Mas como foi poderosa e estimulante, para a faculdade que a produziu, a invenção do adjetivo: nenhum feitiço ou encantamento em Faerie é mais potente. E isto não é surpreendente: tais encantamentos podem de fato ser considerados como uma nova visão de adjetivos, uma parte da fala numa gramática mística. A mente que pensou em leve, pesado, cinza, amarelo, parado, veloz, também concebeu a mágica que tornaria coisas pesadas em leves e capazes de voar, tornaria chumbo cinza em ouro amarelo, e a pedra estática em água veloz. Se pudesse fazer um, poderia fazer o outro; inevitavelmente fez os dois. Quando conseguimos tirar o verde da grama, azul do paraíso, e vermelho de sangue, já temos um poder de feiticeiro – sobre um plano; e o desejo de usar esse poder no mundo exterior ao das mentes desperta. Não ocorre de usarmos bem este poder em qualquer plano. Podemos colocar um verde mortal no rosto de um homem e produzir um terror; podemos colocar uma rara e terrível lua azul para brilhar; ou podemos fazer florestas brilharem com folhas de prata e ramos com frutos de ouro, e colocar fogo ardente na barriga do verme frio. Mas tal fantasia, como é chamada, recebe uma nova forma; Faërie começa; O homem torna-se um sub-criador. (pp. 50-51)" (Reilly 141)
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"Ele [Tolkien] está a par das implicações da palavra fantástico, que implica que as coisas com as quais lida não poderão ser encontradas nos Mundos Primários. De fato, ele considera tais implicações bem-vindas, pois é exatamente isso que ele quer dizer com o termo; que as imagens que ele descreve não existem no mundo real. Que elas são uma virtude, não um vício.. Lembramo-nos das linhas de Shelley: Formas mais reais que o homem que vive, / Sementes de imortalidade. Só porque Fantasia lida com coisas que não existem no Mundo Primário, sustenta Tolkien, não é inferior, mas sim uma forma superior de Arte, de fato a forma mais próxima da pureza, e então (quando conseguida), a mais potente " (Reilly 143)

". . . redescobrimos o significado de heroísmo e amizade à medida que vemos os dois hobbits escalando a Montanha da Perdição; vemos novamente o incessante mal da ambição e egoísmo em Gollum, alterado e desprovido de forma moral por anos de desejo pelo Anel; reconhecemos de novo a angústia essencial de ver coisas belas e frágeis - inocência, amor jovem, crianças – desaparecendo quando lemos sobre a inevitável jornada da Senhora Galadriel e dos elfos para o Oeste e para a extinção, e os vemos como Frodo os vê, uma visão viva daquilo que já foi deixado bem para trás pelos córregos correntes do Tempo. Vemos moralidade surgindo deste ou daquele ato humano e assistindo à moralidade inerente’ a qual todos os seres da Terceira Era – os maus tanto quanto os bons - testemunham." (Reilly 145)


Tolkien: Os Monstros e as Criaturas
Por Thomas Gasque

"É a força da imaginação mitológica nórdica que . . . pôs os monstros no centro, deu a eles a vitória mas não honra, e encontrou uma potente porém terrível solução na vontade e coragem nuas. . . . Tão potente é isto que, enquanto a velha imaginação sulista desapareceu para sempre como ornamento literário, a nórdica tem poder para reavivar seu espírito mesmo em nosso próprio tempo. (J.R.R. Tolkien, Beowulf: os Monstros e os Críticos, p.77)" (Gasque 151)

"Tom [Bombadil] divide pelo menos uma característica com os dois monstros: sua indiferença em relação ao Anel. Para ele, assim como para o Balrog e Laracna, o Anel não tem poder nem para o bem nem para o mal. Ele (Tom) está interessado apenas em sustentar a vida e aproveitar dela; eles (o Balrog e Laracna) se importam apenas pela destruição ou, no caso de Laracna, em satisfazer seu apetite. E nenhum dos três aceita qualquer outra criatura como seu senhor. Todos os três possuem uma independência que os posiciona do lado de fora da preocupação moral central da história - a destruição do Anel. A amoralidade deles, assim como sua não-humanidade, os revela como sendo princípios alegóricos: Tom da vida ou natureza, Laracna da morte ou apetite cego, e o Balrog da desordem central que nenhuma criatura pode suportar." (Gasque 157)


Inglês Arcaico em Rohan
Por John Tinkler

"Quando Éowyn passa a taça, oferecendo-a primeiramente ao rei, como é apropriado, ela diz Ferthu Théoden hál!" Isto é inglês arcaico para, "Go though Théoden healthy (Algo como “vá com saúde, Théoden”). A língua de Rohan não apenas lembra inglês arcaico, é inglês arcaico." (Tinkler 169)

Noda de rodapé para passagem acima: "Ver Beowulf, 11. 615 ff. para uma comemoração semelhante. Todo o capítulo O Rei do Palácio Dourado , em muito de sua ação e boa parte de sua linguagem, parece depender das passagens de Heorot em Beowulf”.
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A Poesia da Fantasia: Verso em SDA
Por Mary Kelly

Poesia Hobbit "O! Water Cold we may pour at need / down a thirsty throat and be glad indeed; / but better is Beer, if drink we lack, / and Water Hot poured down the back (I, 111)" (Kelly 175)

“Aágua fria podemos mandar/ goela abaixo e nos alegrar;/ melhor é Cerveja, no copo da gente/ e lombo abaixo Água bem Quente. ” Rima descomplicada; rima de crianças; calor, divertimento. Poesia de Tom Bombadil "Fear neither root nor bough! Tom goes on before you. / Hey now! merry dol! Well be waiting for you! (I, 130)" (Kelly 180)

“Não temer ramo ou raiz! Tom estará lá na certa. / Salve, feliz neneca! Esperemos de porta aberta!” Rima descomplicada"Tom promete renovar a vida - simbolizada pela água, floresta e colina – e prover calor e luz - simbolizados pelo fogo, sol, e lua – quando a ajuda é necessária" (Kelly 182)

Poesia dos túmulos

"Cold be hand and heart of bon, / and cold be sleep under stone: / never more to wake on stony bed, / never, till the Sun fails and the Moon is dead (I, 152)" (Kelly 182)

“Frio haja nas mãos, no coração e na espinha, / e frio seja o sono sob a pedra daninha: / que nunca despertem de seu pétreo leito, / nunca, até a Lua morta, até o Sol desfeito”.Rima descomplicada porém irregular. Repetida em "frio, escuro, nebulosas Colinas dos Túmulos" (Kelly 182)

"palavras severas, duras e frias, cruéis e miseráveis" (Kelly 182)

Poesia élfica

"A canção [The Lay of Tinúviel/ A Balada de Tinúviel] é de fato uma das mais belas de todo o trabalho. As nove stanzas de oito linhas iâmbicas quadrimétricas têm, em cada uma, o complicado esquema de rimas “abacbabc”". (Kelly 185)

"[Os poemas de Tolkien] são abundantes em efeitos musicais. Há vinte exemplos de aliteração nas linhas curtas, duas delas causando tripla aliteração. Tolkien frequentemente usava sons consonantais, especialmente adequados ao contexto. Os sons dos vários aspirados (h and wh), dentais surdos (f and th), e sibilantes surdas (s and sh and ch) ajudam a criar imagens da “falta de fôlego” da perseguição dos amantes. Ainda mais proeminentes são os sons nasais (n and m and ng) e os líquidos (l and r), todos contribuindo para a ressonância de várias das linhas, e tornando o poema mais adequado para cantar." (Kelly 187)

"He heard there oft the flying sound / Of feat as light as linden-leaves, / Or music welling underground, / In hidden hollows quavering, / Now withered lay the hemlock-sheaves, / And one by one with sighing sound / Whispering fell the beechen leaves / In the wintry woodland wavering. (I, 197-198)" (Kelly 188)

“Ouvia o som da fugitiva / Com pés de tília por leveza; / Do chão saía música viva, / De valos fundos um trilar. / Já a cicuta perde a beleza / E uma a uma pensativas / Da faia as folhas com tristeza / No chão do inverno vão rolar.”

Poemas de Rohan

dactylic hexameter (hexamétrico?) ; ritmo ubi sunt

Referente à sociedade “duguth” do tipo anglo-saxão (Kelly 195)
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O Senhor dos Anéis como Literatura
Por Burton Raffel

"[Comentário de Tolkien] Não acho que o leitor ou criador de contos de fadas deve se sentir envergonhado da “escapada” do arcaísmo: ao não preferi dragões, mas sim cavalos, castelos, barcos, arcos e flechas; não apenas elfos, mas cavaleiros e reis e padres. Pois no fim das contas, é possível para um homem racional, após reflexão (deveras desconectada com contos de fadas ou romance), alcançar a condenação . . . de coisas progressivas como fábricas, ou as armas automáticas e bombas que parecem ser seus mais naturais e inevitáveis e, ousemos dizer, inexoráveis produtos. . . . O mais louco castelo que já surgiu da sacola de um gigante em uma louca história gaélica não é muito menos feio do que uma fábrica de robôs, é também (para usar uma frase bem moderna) num senso bem real, bem mais real. . . . É de fato uma era de meios melhorados opera fins deteriorados". (Raffel 236)

"Suspeitamos de Aragorn, no primeiro encontro. Ele é um homem de aparência estranha e marcada pelos anos, sentado num canto escuro . . . escutando a conversa dos hobbits com muita atenção. . . . Podia-se ver o brilho em seus olhos enquanto observava os hobbits (I, 168). Mas da forma como Frodo e os outros rapidamente descobrem, Aragorn é ouro puro. Ele é corajoso, leal, honesto fiel – tudo em Faërie que alguém esperaria de um rei (que é o que ele se torna no fim). Gandalf também é tudo que alguém espera de um mago, e durante muito tempo ele é bem mais do que isso. Gandalf é imprevisível, no sentido de se ajustar à sua posição no momento, no ambiente, para humanos, hobbits, elfos ou magos, não se tornando todas as coisas para todas as pessoas, mas não supondo, tampouco, a respeito do conhecimento ou capacidades de ninguém. Ele é flexível, e também é limitado: este não é um mago que pode fazer o que quiser, mas um mago real que, até onde sabemos, more nos túneis de Moria, puxado para sua morte por um Balrog, uma grande sombra, no meio da qual havia uma forma escura, talvez humanóide, mas maior; poder e terror pareciam estar nela e ao seu redor (I, 344). No fim do primeiro volume da trilogia, Gandalf é uma memória heróica, uma memória amada. Menos de duzentas páginas depois, no Segundo volume, ele retorna, passou pelo fogo e águas profundas, (II, 98) ressuscitou depois de sua – um é tentado a dizer, depois de Sua Paixão, embora Sacrifício sirva. E Aragorn diz a ele Você é nosso capitão e nossa insígnia. O Senhor do Escuro tem Nove: Mas nós temos Um, mais poderoso que eles: o Cavaleiro Branco. Passou pelo fogo e pelo abismo, e eles devem temê-lo. Iremos aonde nos levar. (II, 104)" (Raffel 238)

“Tomando alegoria em seu senso mais amplo, acho que O Senhor dos Anéis é indiscutivelmente alegórico. Não quero dizer que Frodo, ou mesmo Gandalf (assim que o conhecemos), seja uma representação simbólica do Bem – embora certamente os Nazgûl, para não mencionar o Senhor de Mordor são símbolos do Mal. Também não quero dizer que a jornada de Frodo é uma nítida representação, digamos, do tipo de jornada que Niggle realiza. Mais do que isto: é tanta Fé fundamentando a trilogia, é tão forte o sentimento sobre o mundo (o tão-chamado mundo real, como Tolkien diria), que os elementos representativos são inevitáveis: esta é, novamente, a ‘uma história do bem e do mal.’ Quando Frodo alcança Valfenda, por exemplo, e Gandalf está contando a ele sobre ‘o Senhor do Escuro em Mordor,’ Gandalf exclama: ‘Nem todos os seus servidores e empregados são espectros! Há orcs e trolls, há wargs e werewolves; houve e ainda há muitos homens, guerreiros e reis, que andam vivos sob o sol, e mesmo assim estão sob”. seu domínio. E o número desses homens cresce dia a dia. (I, 234). Pode ser argumentado que a referência aos homens é essencial, uma vez que eles são parte da Terra-média. No entanto, deve ficar claro que os homens são destacados por Gandalf-Tolkien, recebendo atenção muito especial e detalhada, além da necessidade da história própria. Uma pessoa não precisa apontar nenhuma alegoria precisa, ou mesmo alguma referência tópica particular, para ver aquilo que C. S. Lewis chamou de a relevância da trilogia para a verdadeira situação humana. Em termos amplos, isto é alegórico o suficiente." (Raffel 244)


Referências Bibliográficas

Isaacs, Neil D., Zimbardo, Rose A. Tolkien and the Critics. University of Notre Dame Press. Notre Dame 1968 Este livro foi retirado da Biblioteca Pública Elmhurst.
 

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