Finwë
Alto Oficial de Erebor
Recentemente tenho me interessado pelo aspecto religioso nas obras do Professor. Procurando sobre a aceitação do Legendarium pelos grupos religiosos, achei um artigo de um site chamado Espada (um tanto quanto fanático por sinal). O artigo está aqui para quem quiser lê-lo por completo. Abaixo eu separei diversas trechos que me chamaram a atenção.
Acho que nesse ponto há um sério erro. O 'poder' que foi atribuído a diversos personagens, não vem de outro senão do próprio Ilúvatar. Quando os Valar entraram em Arda e descobriram que esta estava incompleta, foi a subcriatividade que construiu o mundo, seguindo o desejo de Eru. Afinal, mesmo Javé não construiu tudo e não tinha tudo em mente e não completou diretamente o seu trabalho na Criação:
Praticamente o Tudo veio da mente de Javé, mas ele não produziu tudo o que imaginava, e deixou a cargo da Criação fazê-lo. Ora, os Valar também são partes da Criação de Ilúvatar, e a eles Iluvatar deu o poder de 'crescer e frutificar' Arda, juntamente com Elfos e Homens para então louvar a Eru.
Quanto a 'magia' de Gandalf (bem como a de outros personagens) ela também advém da mente de Eru. Assim como Moisés bateu com o seu cajado na pedra para fazer surgir água para o seu povo ou abriu o Mar para que os hebreus passassem , Gandalf também usava de artifícios de sua subcriatividade.
Esta claro em todos os pontos da obra de Tolkien que ele não pretendia reescrever a bíblia, ou fazer qualquer alegoria com as Escrituras. Tolkien criou sua própria Mitologia, cujo papel principal estava na Evolução de suas Línguas. O cenário, bem como os outros personagens não saíram dos mitos bíblicos, mas sim de sua interpretação de diversas fontes, não somente cristãs mas de diversas culturas, entre elas a escandinava e finlandesa.
Outro erro sério está na afirmação sobre a vida após a morte. Os homens a possuem, e continuam a viver, mas o destino é desconhecido. E me parece, interpretando o texto, que o autor tem uma leve inveja da imortalidade élfica. Os elfos não são imortais e estão sujeitos aos mesmos sofrimentos físicos que dos Edain. Os Edain, pelo contrário, podem se livrar desses sofrimentos mais rápido que os Quendi e os Ainur com a Morte ou a Dádiva de Ilúvatar; a Morte é uma coisa obscura e mau vista no cristianismo, embora seja mau vista nas obras de Tolkien também, mas essa visão é caracterizada como errônea.
A Queda de Númenor é um conto fundamentado na corrupção humana; esse mesmo tema está no conto cristão de Sodoma e Gomorra, duas cidades destruídas 'afogadas' por sua própria corrupção. Tanto Tolkien quanto o cristianismo beberam da mesma fonte.
Aí está a grande jogada. Os personagens da Terra-média tem uma religião muito sutil e pessoal. Mas isso não torna-os ateus. Eles mantém as suas crenças, mas ao contrários dos cristãos atuais eles a mantém velada e sagrada. Diversas religiões hoje estão prostituindo o cristianismo, tornando-o um instrumento de lucro em todos os sentidos. Ao invés de "Não falar o nome do Senhor teu Deus em vão" eles se satisfazem gritando e promovendo espetáculos pomposos e desnecessários. Os personagens de Tolkien não recorrem a Deus em todos os momentos de dificuldade, esperando um passe de mágica para resolvê-los, mas eles enfrentam todas essas adversidades com ferramentas proporcionadas por Eru.
A filosofia, seja essa a de Tolkien ou a de qualquer outra, sempre encontra meios de se difundir. Antes da Internet existiam diversas Elvish Linguistic Fellowship dispostas a discutir as linguas de Tolkien; o próprio Professor mantia um contanto direto com fãns por meio de cartas, não se restringindo somente aos Inklings.
Tolkien não tinha intenção nenhuma de criar um evangélico próprio para sobrepor ao da Bíblia. Não há como "descobrir Deus em O Senhor dos Anéis" se o autor não o escreveu para isso. Tolkien baseu-se em histórias pagãs para montar um conto de fadas, uma ficção. Mas se as interpretações errôneas (e até mesmo depravadas) do cristianismo que se encontram por aí não são capazes de desenrolar uma filosofia consistente que ampare as pessoas em uma base moral sólida e verdadeira, então que recorremos à Alta Fantasia de Tolkien.
O homem e sua mensagem. John Ronald Reuel Tolkien (1892-1973) foi um homem de muitas contradições. Por exemplo:
Em 1969, escreveu uma carta afirmando que "o propósito principal da vida, para qualquer um de nós, é fazer crescer, segundo nossa capacidade, nosso conhecimento de Deus por todos os meios que temos, e sermos movidos por isso aos louvores e graças." [4] No entanto, o foco principal de sua vida foi sua mítica Terra Média, controlada por um "Deus" distante e impessoal, o que pode mais confundir do que esclarecer a natureza do Deus da Bíblia.
Em suas cartas pessoais (muitas estão incluídas em um livro intitulado The Letters of J. R. R. Tolkien [As Cartas de J. R. R. Tolkien]), expressou cautela com relação às práticas ocultistas. No entanto, equipou seu time de heróis míticos — a Sociedade do Anel — com os poderes pagãos que Deus proíbe. Por exemplo, "Gandalf [um mago prestativo] maneja a magia potente... Para batalhar contra os poderes das trevas, Gandalf, o Cinza, pode invocar não somente suas feitiçarias, mas também usar seu bastão de poder e a espada de Elven, Glamdring." [5].
Um católico romano ferrenho, afirmou sua fé no único Deus, que criou o universo. No entanto, seu Deus mítico parou de criar antes de o trabalho ficar pronto, então atribuiu o restante a um grupo de deuses menores ou "subcriadores". Em outras palavras, Tolkien inventou uma hierarquia de deidades que contraria as sábias advertências do Deus bíblico referentes tanto à real quanto à imaginada idolatria.
Acho que nesse ponto há um sério erro. O 'poder' que foi atribuído a diversos personagens, não vem de outro senão do próprio Ilúvatar. Quando os Valar entraram em Arda e descobriram que esta estava incompleta, foi a subcriatividade que construiu o mundo, seguindo o desejo de Eru. Afinal, mesmo Javé não construiu tudo e não tinha tudo em mente e não completou diretamente o seu trabalho na Criação:
E Deus criou as grandes baleias, e todo o réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies; e toda a ave de asas conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom. Genesis 1:21
E Deus os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra. Genesis 1:22.
E toda a planta do campo que ainda não estava na terra, e toda a erva do campo que ainda não brotava; porque ainda o SENHOR Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra. Genesis 2:5
Praticamente o Tudo veio da mente de Javé, mas ele não produziu tudo o que imaginava, e deixou a cargo da Criação fazê-lo. Ora, os Valar também são partes da Criação de Ilúvatar, e a eles Iluvatar deu o poder de 'crescer e frutificar' Arda, juntamente com Elfos e Homens para então louvar a Eru.
Quanto a 'magia' de Gandalf (bem como a de outros personagens) ela também advém da mente de Eru. Assim como Moisés bateu com o seu cajado na pedra para fazer surgir água para o seu povo ou abriu o Mar para que os hebreus passassem , Gandalf também usava de artifícios de sua subcriatividade.
Todavia, muitos cristãos insistem que a hierarquia espiritual de Tolkien realmente faz paralelo com o relato bíblico. Mesmo Tolkien, a despeito de suas negativas, compara partes de seu mito com aspectos correspondentes da verdade. Entretanto, as semelhanças óbvias tendem a confundir em vez de esclarecer a verdade bíblica. O mito de Tolkien distorce as Sagradas Escrituras o bastante para mudar seus significados e confundir a verdadeira natureza de Deus. Como a tentação da serpente no jardim, as ilusões de Tolkien sobre a verdade apelam para os sentimentos humanos e podem conduzir ao engano.
Por exemplo, seus elfos e magos — as criaturas capacitadas com habilidades mágicas — desfrutam a certeza da vida eterna incondicional. Mas os seres humanos não. Suas vidas — com raras exceções — precisam terminar com suas mortes físicas.
Esta claro em todos os pontos da obra de Tolkien que ele não pretendia reescrever a bíblia, ou fazer qualquer alegoria com as Escrituras. Tolkien criou sua própria Mitologia, cujo papel principal estava na Evolução de suas Línguas. O cenário, bem como os outros personagens não saíram dos mitos bíblicos, mas sim de sua interpretação de diversas fontes, não somente cristãs mas de diversas culturas, entre elas a escandinava e finlandesa.
Outro erro sério está na afirmação sobre a vida após a morte. Os homens a possuem, e continuam a viver, mas o destino é desconhecido. E me parece, interpretando o texto, que o autor tem uma leve inveja da imortalidade élfica. Os elfos não são imortais e estão sujeitos aos mesmos sofrimentos físicos que dos Edain. Os Edain, pelo contrário, podem se livrar desses sofrimentos mais rápido que os Quendi e os Ainur com a Morte ou a Dádiva de Ilúvatar; a Morte é uma coisa obscura e mau vista no cristianismo, embora seja mau vista nas obras de Tolkien também, mas essa visão é caracterizada como errônea.
Tolkien pinta um quadro similar da Atlântida. Ele coloca a lenda na Primeira Era de sua história mítica. A destruição da Atlântida ocorreu na Segunda Era. "O Senhor dos Anéis" ocorre na Terceira Era. Mas elas todas se encaixam uma com a outra:
"O 'mito' particular que está por trás desse conto... é a Súbita Ruína de Numenor: uma variedade especial da tradição da Atlântida. Isso me parece tão fundamental na 'história mítica' — se tem ou não qualquer tipo de base na história real... que alguma versão dela teria de entrar...".
"Numenor é minha alteração pessoal do mito e/ou da tradição da Atlântida, e a acomodação dela na minha mitologia geral. De todas as imagens míticas ou 'arquetípicas' essa é a mais profundamente assentada na minha imaginação, e por muitos anos tive um sonho recorrente da Atlântida: a onda gigantesca e da qual não se podia escapar avançando do oceano e cobrindo a terra, às vezes escura, às vezes iluminada pelo sol e verde."
"Numenor", explicou Tolkien em uma carta anterior, "tomba e desaparece para sempre com toda a sua glória no abismo. Conseqüentemente, não há habitação visível do divino ou imortal na terra... Assim, o fim da Segunda Era leva a uma catástrofe maior..."
A Queda de Númenor é um conto fundamentado na corrupção humana; esse mesmo tema está no conto cristão de Sodoma e Gomorra, duas cidades destruídas 'afogadas' por sua própria corrupção. Tanto Tolkien quanto o cristianismo beberam da mesma fonte.
O mundo mítico de Tolkien realmente inclui um "Deus sem Deus". Um Deus está lá, mas não a cruz ou a ressurreição. Os cristãos, como os pagãos, podem interpretá-lo de qualquer forma que melhor se encaixe em sua cosmovisão ou satisfaça sua luxúria por vôos imaginários dentro dos domínios ocultistas da magia e do misticismo.
Essa mudança espiritual está pegando muitos cristãos desprevenidos. Para outros, é necessário pouco mais de um olhar rápido nos mistérios ocultos para atiçar a curiosidade e os desejos que os levam a mergulhar mais fundo no mundo invisível que suas mentes liberaram.
"O Senhor dos Anéis" não é exceção. Décadas atrás, quando a bruxaria e a magia estavam ocultas da visão pública, os visionários da jovem "Terra Média" não tinham nenhum lugar na vida real para testar as novas sugestões. Isso tudo mudou. Por meio dos livros, dos conciliábulos locais, da Internet e de outras fontes disponíveis, os interessados podem facilmente encontrar tutores e práticas que tornam a fantasia da magia em realidade ocultista prática. Esse fato soberbo torna nosso mundo atual radicalmente diferente dos tempos quando Tolkien e seus amigos compartilhavam suas histórias uns com os outros.
Aí está a grande jogada. Os personagens da Terra-média tem uma religião muito sutil e pessoal. Mas isso não torna-os ateus. Eles mantém as suas crenças, mas ao contrários dos cristãos atuais eles a mantém velada e sagrada. Diversas religiões hoje estão prostituindo o cristianismo, tornando-o um instrumento de lucro em todos os sentidos. Ao invés de "Não falar o nome do Senhor teu Deus em vão" eles se satisfazem gritando e promovendo espetáculos pomposos e desnecessários. Os personagens de Tolkien não recorrem a Deus em todos os momentos de dificuldade, esperando um passe de mágica para resolvê-los, mas eles enfrentam todas essas adversidades com ferramentas proporcionadas por Eru.
A filosofia, seja essa a de Tolkien ou a de qualquer outra, sempre encontra meios de se difundir. Antes da Internet existiam diversas Elvish Linguistic Fellowship dispostas a discutir as linguas de Tolkien; o próprio Professor mantia um contanto direto com fãns por meio de cartas, não se restringindo somente aos Inklings.
Tolkien não tinha intenção nenhuma de criar um evangélico próprio para sobrepor ao da Bíblia. Não há como "descobrir Deus em O Senhor dos Anéis" se o autor não o escreveu para isso. Tolkien baseu-se em histórias pagãs para montar um conto de fadas, uma ficção. Mas se as interpretações errôneas (e até mesmo depravadas) do cristianismo que se encontram por aí não são capazes de desenrolar uma filosofia consistente que ampare as pessoas em uma base moral sólida e verdadeira, então que recorremos à Alta Fantasia de Tolkien.
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