• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Crime e Castigo - Fiódor Dostoiévski

BrunaMaral disse:
Li da coleção dos Clássicos da Abril e realmente a leitura não fluiu muito legal, mesmo eu gostando do enredo.
Vou procurar de outra editora pra ver a diferença...

E realmente as alucinações do personagem é uma das coisas mais angustiantes do livro.. sem contar os nomes russos que me confundiram o livro inteiro... rs
A tradução da Abril é muito interessante, no mínimo, é do Rosário Fusco.
 
Quando eu li eu também ficava meio tenso com a realidade pobre e suja da Rússia, além de me sentir acuado tal como o protagonista a respeito do crime que ele cometeu.
Mas o ponto alto pra mim foi (talvez por ter sido meu primeiro livro do Dostoiévski) foi a descrição detalhada dele de pessoas sem a mínima perspectiva de vida, e como elas se comportam, como foi o caso da Sonia e de sua família. Claro que como falei, o teor psicológico tb é um dos pontos altos, mas fiquei impressionado com a falta de "censura" do autor para descrever algumas cenas (quem não se lembra da cena do cavalo?)

Ah sim, li pela Ed. 34 e as notas ajudaram muito ^^
 
Para mim Crime e Castigo é, juntamente com Os Irmãos Karamazovi, a obra-prima de Dostoiévski.

Realmente, para quem ainda não leu, vale muito a pena.

Um abraço a todos.
 
Acabei de assistir a Festim Diabólico, do Hitchcock. Não tem como não se lembrar de Crime e Castigo. Alguns diálogos me pareceram uma referência bem direta à teoria do personagem principal, sobre homens ordinários e extraordinários.(eram esses os nomes né?) Só trocar por inferiores e superiores.
Aos fãs do livro, recomendo o filme. :sim:
Foi o mesmo que me falaram sobre o filme "Nina", que aliás não curti muito. Mas como ainda não li o livro de Dostoiévski não posso comentar além disso.
 
Crime e Castigo é com certeza o livro mais profundo que já li. A profundidade psicologica dos personagens é imensa. Confesso que quando o li pela primeira vez não achei grande coisa, talvez pelo fato de ser o primeiro livro de Dostoivski que havia lido, sendo que eu tinha uma grande expectativa no autor. Eu reli o livro depois de ler Nietzsche e passei a ver a verdadeira obra-prima que era aquele livro. Portanto deixo um conselho a todos que querem ler Crime e Castigo: Leiam Nietzsche e depois vão a obra de Dostoisvki.
 
Uma das melhores leituras que já fiz. Raskólnikov, com sua complexidade neurótica, vai ficar por um bom tempo no meu imaginário.

Pelo que andei lendo, parece que não sou só eu que tive dificuldades com os nomes russos. Eles são enormes e me pareciam muito semelhantes. Em Os Irmãos Karamazov essa questão dos nomes é ainda mais complicada; a maioria parece terminar em ov ou itch.

Alguém aqui já conferiu alguma das versões cinematográficas de Crime e Castigo? Estou curiosa.
 
Realmente é um livro denso, mas essa é uma das características de Dostoiévski. Personagens doentes, obcecados, membros do submundo da Rússia. Um dos melhores livros dele e primeiro que li do autor. Acabo de terminar "Notas do Subsolo", também excelente, pesado e irônico, e já vou começar "O Eterno Marido". Um dos melhores escritores da Rússia, e olha que a competição lá é brava.
 
Quando li essa obra sentia uma espécie de claustrofobia, a pressão psicológica consegue transpor as páginas do livro, criando tensão no leitor.
 
Eu tenho essa livro, pela editora 34. Preciso confessar algo: eu o roubei da biblioteca da escola:calado: Até pensei em devolvê-lo e comprar a mesma edição, o meu não está exatamente novo, apesar de nunca ter sido lido, isso eu tenho certeza. Mas desisti quando vi o preço e comprei o Idiota. Dos grandes romances de Dostoiévski eu tenho todos, e tou esperando lançarem o Adolescente, que eu li em edição adaptada pela Companhia das Letras. Só soube que era uma adaptação depois. :rofl:
 
Eu estou lendo o livro.
Comprei a edição da Martin Claret (apesar de todos os estigmas que pairam sobre a editora), com tradução direta do russo por Oleg de Almeida (bielorrusso naturalizado brasileiro).
Estou gostando bastante da história. Mas ainda não sei o que pensar sobre a tradução e não consegui encontrar nenhuma avaliação do trabalho do Oleg feita por gente que entende do assunto (o que não é o meu caso) e estou curioso. Alguém teve acesso a essa edição ou tem informações a respeito?
 
Quando comprei os dois volumes senti como se tivesse comprado A OBRA! Achei cansativo e larguei na metade do primeiro livro quando Raskolnikov matou a machadadas duas velhinhas por dinheiro :blah:. Narrativa fria e calculista definitivamente não combina comigo :mrpurple: Os livros continuam abandonados por aqui.
 
Última edição:
Estou relendo Crime e Castigo, desta vez em inglês. Mas uma coisa é fato: o tal do Dostoiévski tinha uma percepção psicológica extremamente fora do comum pra sua época. Só que o modo dele descrever as situações, pessoas, objetos e principalmente os deslocamentos dos personagens pelas ruas de São Petersburgo é, muitas vezes, de uma chatice extrema. Principalmente quando ele começa a falar "e o tal saiu da rua Rausiausdyinikov dobrou alguns metros adiante na travessa Kiaksikiaksiov e passou a ponte Fyuyuatyshdov" quando você não faz a mínima ideia do que são nem de onde ou como são os lugares citados.

Mas pra quem tem paciência e curte livros que te deixam meio mentalmente bolado, é um ótimo livro. Eu particularmente, gostei muito, é um dos meus preferidos.
 
Quando comprei os dois volumes senti como se tivesse comprado A OBRA! Achei cansativo e larguei na metade do primeiro livro quando Raskolnikov matou a machadadas duas velhinhas por dinheiro :blah:. Narrativa fria e calculista definitivamente não combina comigo :mrpurple: Os livros continuam abandonados por aqui.

Não faça isso Helena. Dê mais uma chance à essa obra, que é uma das mais importantes de todos os tempos.
 
Esse foi um livro que só li depois de ver a peça no teatro que por sinal me emocionou bastante conhecer um pouco da realidade da Rússia antiga. Uma obra muito boa.
 
Eu terminei a leitura. Foi o primeiro Dostô que li. Dá até medo de postar uma resenha minha (adaptada da que postei no skoob) em um fórum cheio de literatos como esse, mas tenham complacência com o leigo aqui... :dente:

Contém spoilers:

Parodiando um certo artigo escrito por Rodion Romanovich Raskolnikov, protagonista da obra em questão, eu poderia dizer que no mundo das letras há livros ordinários e livros extraordinários. O primeiro grupo se caracteriza pela superficialidade dos lugares comuns e conseqüente ausência de potencial para levar o leitor a abandonar a sua zona de conforto, onde repousa toda uma miríade de idéias pré-concebidas. Naturalmente, infrutífero seria caracterizar o segundo grupo, por conter este todos os atributos que o primeiro não tem. E é com certeza nesta seleta estante que situaremos Crime e Castigo, de Dostoiévski.

Dostoievski constrói um cenário de decadência humana, ambientado na São Petersburgo oitocentista, onde os homens se movimentam em meio à miséria material e à degradação moral. Neste sentido, há uma passagem do livro, bastante ilustrativa, em que se diz algo como: "O homem é vil e vil é quem julgá-lo por isso." Os personagens são complexos, inconstantes, têm conflitos. Ora são surpreendidos tomando as mais condenáveis atitudes, ora dão as mais sinceras mostras de generosidade. Dostoiévski consegue fazer com que, no decorrer da trama, passemos a amar aqueles mesmos personagens que páginas antes execrávamos. Bom... nem todos. A trama é marcada por uma densidade psicológica bastante arrebatadora e traz à tona a todo momento, como notou um colega, a dualidade da natureza humana.

Enfrentando todo o cenário vicioso dessa São Petersburgo, todavia, contra todas as dificuldades, constantemente se faz presente uma "personagem" bastante especial: a virtude. Afinal, toda a narrativa trata da redenção de um assassino. Mas ainda não é dele que quero falar. É de Sonia. Estigmatizada na condição de prostituta, em toda a trama ela me aparece como a personificação da virtude. Em sua indignidade, conforme ela mesma considerava, afigura-se como a mais digna das personagens do romance, chegando a emocionar em algumas passagens, tamanha a benevolência de suas ações. Mesmo diante de inúmeros infortúnios e tragédias, manteve sua fé e, em sua "pureza de alma", para usar as palavras do mesmo Raskolnikov, jamais sucumbiu à torpeza e à vilania.

E neste ponto aproveito a menção para dizer que Raskolnikov é talvez o personagem mais imprevisível e contraditório com que me deparei em minhas leituras. É mesmo preciso uma grande capacidade de análise para entendê-lo. E, para mim, como leitor, foram fundamentais as observações de mais um dos fantásticos personagens de Dostoiévski: o arguto juiz de instrução Porfíri Petrovich. Acredito que ninguém compreendeu tão bem Raskolnikóv como ele. Nem sua mãe, Pulkhéria Alexândrovna, nem sua irmã, Avdótia Romanovna, nem Razumikhin, seu grande amigo.

Quem era, pois, Rodion Romanovich Raskolnikov?

Saído de sua terra natal para estudar Direito na capital do Império Russo e sustentado a custo pela mãe e pela irmã, o jovem acaba enfrentando uma série de infortúnios e dificuldades materiais. Abandona, por fim, a Universidade e, encontrando-se à míngua, começa a penhorar bens a uma odiosa usurária.

Rodion acreditava que no mundo houvesse pessoas ordinárias e pessoas extraordinárias - diga-se de passagem, o diálogo entre Porfíri Petrovich e Raskolnikov sobre esta teoria é um dos pontos altos do livro. As primeiras seriam as mais propensas a obedecer, vivendo a mediocridade cotidiana e constituindo o elemento conservador que garantiria às sociedades sua constante reprodução. As segundas, menos numerosas, seriam as pessoas de gênio responsáveis pelo avanço das sociedades e que podem mesmo se dar ao luxo de praticar pequenos delitos em nome de algo maior. As leis do mundo devem ditar a conduta das maiorias, mas não constituem obstáculo para estes eleitos. E Raskolnikov, este Napoleão sem cavalo, sem exército e sem pão, não era, no seu entender, uma pessoa ordinária. Que importância, pois, teria um pequeno assassinato de uma velha usurária - um "piolho" como classificou - diante de uma perspectiva de grandiosidade futura? Bom, ele logo descobriria...

Por fim, retomo o que disse acima. Crime e Castigo é a história da redenção de um assassino, atrelada a uma idéia do sofrimento que redime, tema que vem à tona, aliás, em um dos diálogos entre Porfíri e Rodion - se não me engano, no último diálogo relatado entre os personagens. Neste sentido, acho bastante significativa e alegórica a passagem evangélica que, a certa altura, Sonia lê para o perturbado Raskolnikov: a que trata da ressurreição de Lázaro. O protagonista disse à moça que no dia em que matou a velhota, matou a si mesmo. Nas cenas finais, com Rodion preso, disposto à renovação, de posse daquele Evangelho que pediu à Sônia, com a perspectiva de um amor a esperá-lo do lado de fora, sugeriu-me a cena de Cristo ao lado de fora do "sepulcro" como a dizer "Venha para fora, Lázaro!". É como se, em meio às perturbações e ao sofrimento vivido, houvesse finalmente iniciado a sua busca por despojar-se do "homem velho" e revestir-se do homem novo, "criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade" (Ef 4, 22-24).

Sobre a nova edição da Martin Claret, eu não entendo de traduções... mas gostei do texto, traduzido direto do russo pelo Oleg de Almeida, que busca reproduzir mesmo os coloquialismos presentes no original. Só evitem o prefácio escrito pelo Oleg, porque contém uns spoilerzinhos. Depois do livro lido, aí sim vale à pena lê-lo. rs
 
O livro é adorável. Gostei tanto que o li em menos de uma semana... A história é emocionante e confesso que chorei em determinadas partes... O final é uma grande surpresa: a demonstração de encontro interior... Um livro lindo que ficará para sempre em minha memória.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo