E eu não entendo você. O texto foi escrito com base numa pesquisa
empírica em escala
mundial pelo economista
negro (a quem interessar possa, já que considero isso um detalhe cientificamente irrelevante), Thomas Sowell.
Tá aqui o livro.
O debate é muito passional, na minha opinião. Falar sobre a correção de injustiças histórias é entrar numa argumentação cíclica. Quem vai definir se as injustiças foram compensadas? É justa essa punição intergeracional? Eu volto a recomendar o vídeo que postei, pq acho o debate ali muito mais interessante. Se uma universidade, por exemplo, quiser diversidade étnico-religiosa para o seu corpo discente, eu acho isso justo. É um critério da universidade e quem não concordar, simplesmente não aplica. No nosso caso, no entanto, esse não é o argumento básico para as cotas, né? Mas já que você de fatos, então vamos posta-los aqui. Eu, por exemplo, ainda não encontrei dados sobre aquilo que considero ser o real problema, ou seja, a melhor do ensino básico no país.
Sinceramente, Clara, acho bem surpreendente você falar que sou "do contra".
Sobre o subtítulo da coluna, acho ótimo.
Depois pessoas como você ficam ofendidas quando escrevem artigos carregados de ironia como
aquele do Antonio Prata, dizendo que têm uma ideia errada dos de direita etc. =/
Que pena. Que pena que o autor, cheio de ironias, não sabe a diferença entre libertários e conservadores. Que pena que o autor quer reduzir a mero racismo anti-meritocrático as crítica da direita às cotas universitárias. Que pena que é mais um autor que faz uso do "monopólio da moral" pra dizer que a direita é contra as minorias. Que pena, também, que a direita brasileira é tão caricata e mal representada que dá oportunidade para um texto assim fazer sucesso.
Mas enfim.
Não é sobre isso que quis responder aqui.
É que estou com o saco cheio de gente que usa palavras bacanas (e frases feitas) pra encobrir preconceito.
Não acredito mesmo que uma figura como essa (Rodrigo Constantino, que escreveu o artigo acima) está preocupada com a qualidade das universidades.
Conheço pessoas negras que se recusam a utilizar do sistema de cotas.
Assim como sei de famílias pobres que não utilizam bolsa família.
Mas pra algumas pessoas essas coisas são necessárias, como meio de conseguir melhorar um pouco a própria vida.
E é isso que me irrita em artigos como esse, em pessoas como esse Rodrigo Constantino.
Por que elas não pensam naqueles que são beneficiados por essas coisas.
Beneficiadas por bolsa família, por cotas em universidades (raciais ou econômicas), por médicos vindos do exterior.
Pessoas como o autor desse artigo agem como se fosse tudo "viadagem" de gente pobre.
Porque, né? Frescura dessa gentalha que quer ter médico, estudar e comer.
Ou então meios demagogos de a esquerda conseguir votos do povo.
Porque, né?
Pra quê dar médico, comida e educação pra gentalha.
Essa semana, no meu trabalho (agência de comércio exterior, meu trabalho é receber mensagens com avisos de créditos vindos do exterior, para pessoas físicas e jurídicas; só pra esclarecer o contexto) recebemos uma aviso de crédito pra uma ONG brasileira que trabalha com as pessoas denominadas sem-teto.
Comentários dos meus colegas:
Colega 1: "Mas isso é o cúmulo! Olha quantos Euros esses franceses mandam pra essa ONG!
Pra quê? Pra ajudá-los a comprar bombas? Pra comprarem barracas e ficar emporcalhando as ruas?"
Colega 2: "É pra fazer baderna, mesmo.
Eles não têm com que se preocupar lá na Europa e ficam mandando dinheiro pra esses caras. hahaha..."
Resumindo e sem querer ser demagoga ou coisa que o valha.
Pessoas que falam isso são aquelas que sempre tiveram onde morar, que sempre tiveram comida e água quentinha pro banho, tiveram acesso à escolas e médicos quando ficaram doentes, que puderam escolher uma profissão.
Que puderam ter controle sobre suas próprias vidas, o nível mais básico de liberdade de que falou
Amartya Sen.
Não me interesso em saber quem definirá as "injustiças que são compensadas", ou se é justa a "punição intergeracional".
Eu penso que algo precisa ser feito pra os menos favorecidos (que são muitos) e que coisas como as cotas raciais são um meio pra isso.
É até uma coisa muito pequena pra gerar essa comoção toda.
Então quer dizer que as universidades brasileiras estão decaindo por causa das cotas?
Que tem gente não-negra sendo prejudicada com a entrada dos cotistas ?
E repito que estou com o saco profundamente cheio de ouvir comentários como esses dos meus colegas de trabalho e de artigos como esse imbecil da Veja escreveu ("imbecil da Veja" é uma redundância, mas agora já foi) e comentários como esse aqui, feito por um leitor do colunista da Veja:
Nós brasileiros temos muito mais com que nos peocuparmos que a mera e fabricada questão racial. Não tivemos, felizmente, uma política de segregação racial como ocorreu nos EUA. Deste modo não precisamos importar soluções mágicas baseadas naquilo que foi feito em “defesa” dos negros naquele país.
(Comentário meu: isso é parte de um comentário enorme onde a pessoa ainda resolveu acrescentar uma merda frase, que fez questão de colocar em negrito, no final:
Comento: a África não é pobre por culpa da colonização. Os países que foram colonizados são MELHORES do que os outros. Principalmente se a metrópole foi a Inglaterra.