Ele foi expulso porque, como disseram, permitiu-se que ele fizesse a ação da expulsão... Perguntar se se ele fosse branco ele seria igualmente expulso não deixa de ser uma indagação pertinente, principalmente tomando como base outras características físicas do caso em questão, como os dreads etc -- mas não perguntar num viés de indagação acerca do se ele seria igualmente expulso, mas sim da forma como a sociedade encararia o estupro neste caso (se com maior choque, se com menos...).
Mas neste caso pouco há que se dizer de racismo, mesmo porque não existiram atitudes racistas. A verdade é que o machismo se descortina numa série de detalhes, a maioria dos quais já foi apontado aqui: a velha história do cu de bêbado que não tem dono, o da mulher ser culpabilizada pelo estupro... Não vejo motivo nenhum para que expulsem a Monique do programa... Ou para que peçam esta expulsão. Mas no inconsciente das pessoas já está verdadeiramente enraizado que ela de alguma forma permitiu, que ela bebeu demais (como se beber demais fosse crime), que ela paquerou ele (paquerar é uma coisa; o cara te bolinar é outra), que ela se ofereceu, que era piranha (como se só o homem pudesse ficar com várias mulheres).
Uma espécie de falso moralismo que coloca a raiz sempre na mulher, passível, e, mesmo quando o homem é comprovadamente o errado (não necessariamente neste caso), as desculpas do instinto masculino veem à tona para justificar as atitudes do garanhão fogoso... Ou, no caso, dizer que o cara sofreu racismo porque bolinou a mulher e posteriormente consumou o que levaria apenas algum tempo pra acontecer... Nada como descortinar um pouco das coisas. Afinal de contas, o mais próximo que o homem concebe do estupro é ir pra cadeia -- e lá substituir o papel de, olhem só, uma mulher (falo numa visão real do que é o estupro: violação na sua forma mais grotesca e abjeta. Não na forma como um Rafinha Trastes pensaria, onde estupro é diversão, oportunidade, ser parado por Ninfas num bosque e passar o resto dos séculos fazendo sexo adoidado).