Fernando Giacon
[[[ ÚLTIMO CAPÍTULO ]]]
Cora Coralina
Por mim mesmo...
Com o pseudônimo de Cora Coralina, a doceira Ana Lins dos Guimaraes foi uma poetisa brasileira do interior de Goiás, uma mulher muito simples e humilde. Por ter vivido longe dos grandes centros a sua vida inteira, sua poesia era cotidiana, onde retratava os becos e ruas históricas e ambientes que viverá. Dona de palavras poderosas, seu primeiro livro, o "Poemas dos Becos de Goiás" foi lançando em 1965, quando ela já estava com 75 anos, ganhou muitos prêmios de literatura, um deles foi o de "Intelectual" do ano em 1983. Dois anos mais tarde veio a falecer.
Curiosidade:Foi ao ter sua poesia conhecida por Carlos Drummond de Andrade, que Cora Coralina passou a ser conhecida e admirada em todo o Brasil.
Uma poesia...
O Passado...
Homens sem pressa,
talvez cansados,
descem com leva
madeirões pesados,
lavrados por escravos
em rudes simetrias,
do tempo das acutas.
Inclemência.
Caem pedaços na calçada.
Passantes cautelosos
desviam-se com prudência.
Que importa a eles o sobrado?
Gente que passa indiferente,
olha de longe,
na dobra das esquinas,
as traves que despencam.
-Que vale para eles o sobrado?
Quem vê nas velhas sacadas
de ferro forjado
as sombras debruçadas?
Quem é que está ouvindo
o clamor, o adeus, o chamado?...
Que importa a marca dos retratos na parede?
Que importam as salas destelhadas,
e o pudor das alcovas devassadas...
Que importam?
E vão fugindo do sobrado,
aos poucos,
os quadros do Passado.
Maravilhoso, não é?
Por mim mesmo...
Com o pseudônimo de Cora Coralina, a doceira Ana Lins dos Guimaraes foi uma poetisa brasileira do interior de Goiás, uma mulher muito simples e humilde. Por ter vivido longe dos grandes centros a sua vida inteira, sua poesia era cotidiana, onde retratava os becos e ruas históricas e ambientes que viverá. Dona de palavras poderosas, seu primeiro livro, o "Poemas dos Becos de Goiás" foi lançando em 1965, quando ela já estava com 75 anos, ganhou muitos prêmios de literatura, um deles foi o de "Intelectual" do ano em 1983. Dois anos mais tarde veio a falecer.
Curiosidade:Foi ao ter sua poesia conhecida por Carlos Drummond de Andrade, que Cora Coralina passou a ser conhecida e admirada em todo o Brasil.
Uma poesia...
O Passado...
Homens sem pressa,
talvez cansados,
descem com leva
madeirões pesados,
lavrados por escravos
em rudes simetrias,
do tempo das acutas.
Inclemência.
Caem pedaços na calçada.
Passantes cautelosos
desviam-se com prudência.
Que importa a eles o sobrado?
Gente que passa indiferente,
olha de longe,
na dobra das esquinas,
as traves que despencam.
-Que vale para eles o sobrado?
Quem vê nas velhas sacadas
de ferro forjado
as sombras debruçadas?
Quem é que está ouvindo
o clamor, o adeus, o chamado?...
Que importa a marca dos retratos na parede?
Que importam as salas destelhadas,
e o pudor das alcovas devassadas...
Que importam?
E vão fugindo do sobrado,
aos poucos,
os quadros do Passado.
Maravilhoso, não é?