Jeff Donizetti
Quid est veritas?
Amigos,
Sou novo no Fórum e não jogo faz muito tempo. Como não tenho mais logística para um RPG de mesa (casamento, trabalho, pós, etc, etc...) mas queria voltar a "rolar os dados", estou estudando a possibilidade de mestrar uma partida de Cthulhu aqui pelo Valinor. Assim, queria primeiro levantar se há interessados nessa jornada rumo à insanidade. Vou "desenterrar" uma velha aventura que já usei com meu antigo grupo e em vetustos EIRPG (por volta de 2000). Aguardo demontrações de interesse aqui neste tópico ou via MP.
Seguem alguns detalhes:
TÍTULO: "O Rei de Amarelo" (Baseada nas histórias do livro The King in Yellow (1895), de Robert W. Chambers)
SISTEMA: Call of Cthulhu/O Rastro de Cthulhu
ÉPOCA: Anos 1910-1920
LOCAL: Manaus, Brasil
NºJOGADORES: 4-6.
CONTEXTO: No auge do "Ciclo da Borracha" (1890-1915), Manaus era uma das cidades brasileiras das mais ricas e desenvolvidas, ostentanto luxo e tecnologias então impensáveis para capitais do sul do país, como luz elétrica, água encanada e sistema de bondes modernos. Uma de suas joias e orgulho era o belíssimo Teatro Amazonas, construído para abrigar espetáculos e artistas trazidos diretamente da Europa para entreter a elite manauara.
RESUMO: A mais recente atração importada pelo diretor do Teatro Amazonas é a polêmica peça "O Rei em Amarelo", condenada pela Igreja e proibida em diversos países pelo efeito causado em sua plateia. Os jogadores interpretam investigadores convocados por autoridades do estado do Amazonas para descobrir o porquê da peça, ainda em produção, ter causado distúrbios mentais em trabalhadores e artistas locais contratados para a montagem do espetáculo. Isso antes da estreia, ansiosamente aguardada pelo próprio governador, que espera a visita de importantes autoridades políticas e militares nacionais e estrangeiras.
Terminei hoje (08/12), a escrita da ambientação:
Cenário
I - O Ciclo da Borracha
O Ciclo da Borracha ocorreu entre 1879 e 1912, com uma pequena sobrevida durante os últimos anos da II Guerra Mundial. Proporcionou grande expansão da colonização, atraindo riqueza, fazendo surgir cidades e povoados e causando transformações culturais e sociais, desenvolvendo sobremaneira as cidades de Belém e Manaus. A partir de 1900 a borracha brasileira passou a sofrer a concorrência do látex produzido no sudeste asiático, com mudas e sementes da Hevea brasiliensis pirateadas pelo inglês Henry Wickman. Com plantações planejadas e produção com mais eficiência e produtividade, os preços praticados pelos ingleses em suas colônias asiáticas eram muito menores que os da borracha brasileira, o que os fez assumir o controle do comércio mundial do produto, tendo como reflexo imediato a estagnação da economia regional e o fim da pujança dos barões da borracha.
II - O Mundo, o Brasil, a Amazônia e Manaus, 1910
1. A passagem do cometa Halley
Em 1910, entre maio e junho, a aproximação do Cometa Halley causou pânico mundial entre os que acreditavam ser o final do mundo. Os charlatães enriqueceram com a venda de máscaras de gás, garrafas de oxigênio e até comprimidos milagrosos que protegeriam do cometa. Dizia-se que seus gases mortais, como o cianogênio, desvastariam a Terra e a pele das pessoas seria simplesmente dissolvida.
Carlos Drummond de Andrade, então apenas um garoto de sete anos, deixou registradas as suas impressões sobre a passagem do cometa na pequena cidade mineira de Itabira: “No ar frio, o céu dourado baixou ao vale, tornando irreais os contornos dos sobrados, da igreja, das montanhas. Saímos para a rua banhados de ouro, magníficos e esquecidos da morte que não houve. Nunca mais houve cometa igual, assim terrível, desdenhoso e belo”.
2. A eleição presidencial no Brasil
Em 1º de março de 1910 ocorreu a votação para presidente entre os candidatos Marechal Hermes da Fonseca e o grande orador Rui Barbosa. Na ocasião, o país se dividiu: Bahia, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e parte de Minas Gerais apoiaram Rui Barbosa. Os demais estados se alinharam a Hermes da Fonseca, que acabou vencendo as eleições recebendo 403.867 votos contra os 222.822 votos de de Rui Barbosa.
3. Manaos, 1910
O luxo
Manaus foi a primeira cidade brasileira a ser urbanizada e a segunda a possuir energia elétrica, antes mesmo da Capital Federal e de São Paulo. Possuía ainda tecnologias inovadoras para a época como telefones em grande número, bondes elétricos, avenidas largas sobre pântanos aterrados, além de prédios imponentes e luxuosos, como o requintado Teatro Amazonas, o Palácio do Governo, o Mercado Municipal e o prédio da Alfândega, no caso de Manaus.
Lendas sobre a pujança diziam que era tanta a riqueza dos barões da borracha que estes acendiam charutos com notas de cem libras esterlinas, que quando alguém tinha dor de dente ia à Europa se tratar, ou ainda que as roupas eram lavadas em Paris. Fosse como fosse, a influência europeia era nítida na Manaus do período, tanto na arquitetura como no modo de vida. Graças à borracha, a renda per capita de Manaus era o dobro daquela da região produtora de café. A libra era moeda que circulava no comércio amazônico durante o auge. A agricultura da região praticamente desapareceu, e todos os produtos agrícolas passaram a ser importados da região Sudeste e Nordeste.
Para se igualar à capital francesa, a sociedade manauara não hesitou em eliminar seus hábitos e costumes antigos, pois queriam excluir todo e qualquer vestígio que lembrasse as suas origens indígenas e caboclas. Abandonaram-se os hábitos nativos, trocando a rede pelas camas suntuosas, a água de moringa pela eau de Vichy, os perfumes de flores e raízes silvestres por sofisticados frasquinhos parisiense, desprezando as frutas da terra pelos bombons franceses e pelo chopp alemão. Esse chopp, aliás, era bastante caro, assim como todo o custo de vida na capital manaura: o chopp consumido em Manaus era de origem alemã e custava 15$000 réis e uma xícara de “mau café” no botequim do Teatro Amazonas custava 500 réis. Importavam também da Europa o queijo, a manteiga fresca, frutas, hortaliças e até mesmo peixes. Manaus importava tudo para o seu consumo, e todos os gêneros de primeira necessidade custavam o olho da cara.
O calor da cidade não era o mesmo de hoje, mas ainda assim era um lugar bem quente. No entanto, boa parte dos novos ricos não deixavam de lado as vestimentas europeias, pouco adequadas à cidade. As mulheres espartilhadas e vestidas até os pés em pesadas sedas; os homens transpirando em seus fraques, croisé e casacas, muitas vezes talhados em Londres, cartola ou chapéu-côco, colete, peito engomado e colarinho alto sob a forte canícula ou nos animados bailes, tão frequentes nos palacetes particulares, em suntuoso estilo ‘fin-desciècle’. Isso tudo por conta da europeização direta, já que os membros da elite de Manaus passavam longas temporadas no Velho Continente a fim de estudar, passear ou adquirir propriedades. Por isso, o francês e do inglês eram línguas muito comuns entre as altas rodas da cidade.
Durante a mistificação da lenda da riqueza fácil, a cidade de Manaus passou a receber, diariamente, um contingente de pessoas oriundas das mais diferentes localidades, independente das suas condições física e espiritual para o trabalho nos seringais.
Pobreza em meio à pujança
Não demorou muito para a parte central da cidade ficar repleta de casebres, pobres, doentes, mendigos e desocupados que, em decorrência de não conseguirem trabalho, passaram a viver vagando pelas ruas, ameaçando a imagem de harmonia e beleza que o Poder Público e a sociedade manauara almejavam, haja vista que os problemas a serem resolvidos como abastecimento, higiene, habitação, ampliaram-se, pois no espaço urbano questões como roubo, vadiagem, prostituição, jogo, mendicância e doenças de toda ordem era contrários à idealização de cidade ordenada em sem problemas.
Parte da população pobre da cidade também permaneceu de Manaus por não ter conseguido se mudar para o interior para explorar os seringais, fosse pelo fato de não ter tido a oportunidade de conseguir trabalho ou pela idade avançada, ou pela invalidez, encontrou nas ruas a única alternativa de vida. Em decorrência disso, continuar com os casebres, pobres e mendigos vagando pelo centro de Manaus, significava permanecer com a imagem negativa que tanto o Poder Público, quanto a sociedade manauara pretendiam eliminar, pois tais “obstáculos” traziam a visão de uma cidade problemática e que não conseguira se livrar de suas rusgas mais graves na tentativa de se tornar a capital do luxo na América do Sul, em concorrência direta com a rival Belém.
As habitações dos mais pobres, ao contrário das casas da elite, eram distantes do Porto, não tinham água potável, sistema de iluminação, saneamento básico, coleta de lixo, calçamento, nem mesmo mercado para a população obter seus alimentos, tornando-se vitimas fáceis das epidemias da época, como a febre amarela e beribéri. Além disso, as pontes de madeira que serviam de ligação para os moradores, encontravam-se sempre em péssimo estado de conservação, dificultando a comunicação extremamente difícil com o centro da cidade.
III - O Teatro Amazonas
O Teatro Amazonas é o segundo maior da região da Amazônia, superado apenas pelo Teatro da Paz, em Belém do Pará. Foi inaugurado em 1896, como uma das expressões mais significativas da riqueza da região durante o Ciclo da Borracha.
Com a fartura trazida pelas exportações do látex, em 1880 concluiu-se que a cidade necessitava de um lugar onde pudessem se apresentar as companhias de espetáculos estrangeiras e a construção do teatro tornou-se uma exigência da elite manaura.
O teatro foi oficialmente inaugurado no dia 31 de Dezembro de 1896.
A sala de espetáculos do teatro tem capacidade para 701 pessoas, distribuídas entre a plateia e os três andares de camarotes.
Não é verdade que artistas famosos, Caruso, Sarah Bemard, Eduardo Brazão, Pawlowa, houvessem atuado em qualquer época em Manaus, no Teatro Amazonas ou noutro qualquer.
IV - Universidade e Biblioteca
A primeira universidade brasileira foi fundada em Manaus em 1909. Foi a Escola Universitária Livre de Manáos, criada em 17 de janeiro de 1909, contando com quase uma dezena de cursos, entre eles Medicina, Ciências Naturais, Letras, Engenharia e Direito. Seu primeiro reitor (cargo exercido entre 1909 e 1926), foi o Dr. Astrolábio Passos.
Manaus contava ainda com uma Biblioteca pública relativamente grande, a Biblioteca Pública do Amazonas, fundada em 1870 e que passou a receber um volume muito grande de jornais e livros durante o Ciclo da Borracha, além de contar com um considerável acervo de documentos de naturalistas, antropólogos e viajantes portugueses, brasileiros e estrangeiros que passaram pela Amazônia desde os século XVI.
Sou novo no Fórum e não jogo faz muito tempo. Como não tenho mais logística para um RPG de mesa (casamento, trabalho, pós, etc, etc...) mas queria voltar a "rolar os dados", estou estudando a possibilidade de mestrar uma partida de Cthulhu aqui pelo Valinor. Assim, queria primeiro levantar se há interessados nessa jornada rumo à insanidade. Vou "desenterrar" uma velha aventura que já usei com meu antigo grupo e em vetustos EIRPG (por volta de 2000). Aguardo demontrações de interesse aqui neste tópico ou via MP.
Seguem alguns detalhes:
TÍTULO: "O Rei de Amarelo" (Baseada nas histórias do livro The King in Yellow (1895), de Robert W. Chambers)
SISTEMA: Call of Cthulhu/O Rastro de Cthulhu
ÉPOCA: Anos 1910-1920
LOCAL: Manaus, Brasil
NºJOGADORES: 4-6.
CONTEXTO: No auge do "Ciclo da Borracha" (1890-1915), Manaus era uma das cidades brasileiras das mais ricas e desenvolvidas, ostentanto luxo e tecnologias então impensáveis para capitais do sul do país, como luz elétrica, água encanada e sistema de bondes modernos. Uma de suas joias e orgulho era o belíssimo Teatro Amazonas, construído para abrigar espetáculos e artistas trazidos diretamente da Europa para entreter a elite manauara.
RESUMO: A mais recente atração importada pelo diretor do Teatro Amazonas é a polêmica peça "O Rei em Amarelo", condenada pela Igreja e proibida em diversos países pelo efeito causado em sua plateia. Os jogadores interpretam investigadores convocados por autoridades do estado do Amazonas para descobrir o porquê da peça, ainda em produção, ter causado distúrbios mentais em trabalhadores e artistas locais contratados para a montagem do espetáculo. Isso antes da estreia, ansiosamente aguardada pelo próprio governador, que espera a visita de importantes autoridades políticas e militares nacionais e estrangeiras.
Terminei hoje (08/12), a escrita da ambientação:
Cenário
I - O Ciclo da Borracha
O Ciclo da Borracha ocorreu entre 1879 e 1912, com uma pequena sobrevida durante os últimos anos da II Guerra Mundial. Proporcionou grande expansão da colonização, atraindo riqueza, fazendo surgir cidades e povoados e causando transformações culturais e sociais, desenvolvendo sobremaneira as cidades de Belém e Manaus. A partir de 1900 a borracha brasileira passou a sofrer a concorrência do látex produzido no sudeste asiático, com mudas e sementes da Hevea brasiliensis pirateadas pelo inglês Henry Wickman. Com plantações planejadas e produção com mais eficiência e produtividade, os preços praticados pelos ingleses em suas colônias asiáticas eram muito menores que os da borracha brasileira, o que os fez assumir o controle do comércio mundial do produto, tendo como reflexo imediato a estagnação da economia regional e o fim da pujança dos barões da borracha.
II - O Mundo, o Brasil, a Amazônia e Manaus, 1910
1. A passagem do cometa Halley
Em 1910, entre maio e junho, a aproximação do Cometa Halley causou pânico mundial entre os que acreditavam ser o final do mundo. Os charlatães enriqueceram com a venda de máscaras de gás, garrafas de oxigênio e até comprimidos milagrosos que protegeriam do cometa. Dizia-se que seus gases mortais, como o cianogênio, desvastariam a Terra e a pele das pessoas seria simplesmente dissolvida.
Carlos Drummond de Andrade, então apenas um garoto de sete anos, deixou registradas as suas impressões sobre a passagem do cometa na pequena cidade mineira de Itabira: “No ar frio, o céu dourado baixou ao vale, tornando irreais os contornos dos sobrados, da igreja, das montanhas. Saímos para a rua banhados de ouro, magníficos e esquecidos da morte que não houve. Nunca mais houve cometa igual, assim terrível, desdenhoso e belo”.
2. A eleição presidencial no Brasil
Em 1º de março de 1910 ocorreu a votação para presidente entre os candidatos Marechal Hermes da Fonseca e o grande orador Rui Barbosa. Na ocasião, o país se dividiu: Bahia, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e parte de Minas Gerais apoiaram Rui Barbosa. Os demais estados se alinharam a Hermes da Fonseca, que acabou vencendo as eleições recebendo 403.867 votos contra os 222.822 votos de de Rui Barbosa.
3. Manaos, 1910
O luxo
Manaus foi a primeira cidade brasileira a ser urbanizada e a segunda a possuir energia elétrica, antes mesmo da Capital Federal e de São Paulo. Possuía ainda tecnologias inovadoras para a época como telefones em grande número, bondes elétricos, avenidas largas sobre pântanos aterrados, além de prédios imponentes e luxuosos, como o requintado Teatro Amazonas, o Palácio do Governo, o Mercado Municipal e o prédio da Alfândega, no caso de Manaus.
Lendas sobre a pujança diziam que era tanta a riqueza dos barões da borracha que estes acendiam charutos com notas de cem libras esterlinas, que quando alguém tinha dor de dente ia à Europa se tratar, ou ainda que as roupas eram lavadas em Paris. Fosse como fosse, a influência europeia era nítida na Manaus do período, tanto na arquitetura como no modo de vida. Graças à borracha, a renda per capita de Manaus era o dobro daquela da região produtora de café. A libra era moeda que circulava no comércio amazônico durante o auge. A agricultura da região praticamente desapareceu, e todos os produtos agrícolas passaram a ser importados da região Sudeste e Nordeste.
Para se igualar à capital francesa, a sociedade manauara não hesitou em eliminar seus hábitos e costumes antigos, pois queriam excluir todo e qualquer vestígio que lembrasse as suas origens indígenas e caboclas. Abandonaram-se os hábitos nativos, trocando a rede pelas camas suntuosas, a água de moringa pela eau de Vichy, os perfumes de flores e raízes silvestres por sofisticados frasquinhos parisiense, desprezando as frutas da terra pelos bombons franceses e pelo chopp alemão. Esse chopp, aliás, era bastante caro, assim como todo o custo de vida na capital manaura: o chopp consumido em Manaus era de origem alemã e custava 15$000 réis e uma xícara de “mau café” no botequim do Teatro Amazonas custava 500 réis. Importavam também da Europa o queijo, a manteiga fresca, frutas, hortaliças e até mesmo peixes. Manaus importava tudo para o seu consumo, e todos os gêneros de primeira necessidade custavam o olho da cara.
O calor da cidade não era o mesmo de hoje, mas ainda assim era um lugar bem quente. No entanto, boa parte dos novos ricos não deixavam de lado as vestimentas europeias, pouco adequadas à cidade. As mulheres espartilhadas e vestidas até os pés em pesadas sedas; os homens transpirando em seus fraques, croisé e casacas, muitas vezes talhados em Londres, cartola ou chapéu-côco, colete, peito engomado e colarinho alto sob a forte canícula ou nos animados bailes, tão frequentes nos palacetes particulares, em suntuoso estilo ‘fin-desciècle’. Isso tudo por conta da europeização direta, já que os membros da elite de Manaus passavam longas temporadas no Velho Continente a fim de estudar, passear ou adquirir propriedades. Por isso, o francês e do inglês eram línguas muito comuns entre as altas rodas da cidade.
Durante a mistificação da lenda da riqueza fácil, a cidade de Manaus passou a receber, diariamente, um contingente de pessoas oriundas das mais diferentes localidades, independente das suas condições física e espiritual para o trabalho nos seringais.
Pobreza em meio à pujança
Não demorou muito para a parte central da cidade ficar repleta de casebres, pobres, doentes, mendigos e desocupados que, em decorrência de não conseguirem trabalho, passaram a viver vagando pelas ruas, ameaçando a imagem de harmonia e beleza que o Poder Público e a sociedade manauara almejavam, haja vista que os problemas a serem resolvidos como abastecimento, higiene, habitação, ampliaram-se, pois no espaço urbano questões como roubo, vadiagem, prostituição, jogo, mendicância e doenças de toda ordem era contrários à idealização de cidade ordenada em sem problemas.
Parte da população pobre da cidade também permaneceu de Manaus por não ter conseguido se mudar para o interior para explorar os seringais, fosse pelo fato de não ter tido a oportunidade de conseguir trabalho ou pela idade avançada, ou pela invalidez, encontrou nas ruas a única alternativa de vida. Em decorrência disso, continuar com os casebres, pobres e mendigos vagando pelo centro de Manaus, significava permanecer com a imagem negativa que tanto o Poder Público, quanto a sociedade manauara pretendiam eliminar, pois tais “obstáculos” traziam a visão de uma cidade problemática e que não conseguira se livrar de suas rusgas mais graves na tentativa de se tornar a capital do luxo na América do Sul, em concorrência direta com a rival Belém.
As habitações dos mais pobres, ao contrário das casas da elite, eram distantes do Porto, não tinham água potável, sistema de iluminação, saneamento básico, coleta de lixo, calçamento, nem mesmo mercado para a população obter seus alimentos, tornando-se vitimas fáceis das epidemias da época, como a febre amarela e beribéri. Além disso, as pontes de madeira que serviam de ligação para os moradores, encontravam-se sempre em péssimo estado de conservação, dificultando a comunicação extremamente difícil com o centro da cidade.
III - O Teatro Amazonas
O Teatro Amazonas é o segundo maior da região da Amazônia, superado apenas pelo Teatro da Paz, em Belém do Pará. Foi inaugurado em 1896, como uma das expressões mais significativas da riqueza da região durante o Ciclo da Borracha.
Com a fartura trazida pelas exportações do látex, em 1880 concluiu-se que a cidade necessitava de um lugar onde pudessem se apresentar as companhias de espetáculos estrangeiras e a construção do teatro tornou-se uma exigência da elite manaura.
O teatro foi oficialmente inaugurado no dia 31 de Dezembro de 1896.
A sala de espetáculos do teatro tem capacidade para 701 pessoas, distribuídas entre a plateia e os três andares de camarotes.
Não é verdade que artistas famosos, Caruso, Sarah Bemard, Eduardo Brazão, Pawlowa, houvessem atuado em qualquer época em Manaus, no Teatro Amazonas ou noutro qualquer.
IV - Universidade e Biblioteca
A primeira universidade brasileira foi fundada em Manaus em 1909. Foi a Escola Universitária Livre de Manáos, criada em 17 de janeiro de 1909, contando com quase uma dezena de cursos, entre eles Medicina, Ciências Naturais, Letras, Engenharia e Direito. Seu primeiro reitor (cargo exercido entre 1909 e 1926), foi o Dr. Astrolábio Passos.
Manaus contava ainda com uma Biblioteca pública relativamente grande, a Biblioteca Pública do Amazonas, fundada em 1870 e que passou a receber um volume muito grande de jornais e livros durante o Ciclo da Borracha, além de contar com um considerável acervo de documentos de naturalistas, antropólogos e viajantes portugueses, brasileiros e estrangeiros que passaram pela Amazônia desde os século XVI.
Última edição: