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*CONSENSOS REDUX* - Parte 3: ANOS 70

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Eu não sei vou postar ainda. Tava pensando em fazer uma "retrospectiva" dos anos 70 baseada em algumas listas aqui, mas não sei se vai dar tempo. Talvez fique pra próxima. Até lá, eu vou estar mais educado na Sétima Arte, e vou ter visto todos os filmes do George Lucas. :hanhan:

Anyway, se eu fosse orbigado a fazer um lista eu muito provavelmente poria A Última Sessão de Cinema (1971) numa posição bem alta, pois é muito foda e infelizmente poucas pessoas estão lembrando dele. Fica aqui a sugestão então. =]
 
Última edição:
E essa época dos anos 70. Qual é a graça. O que esses hippies querem na minha opinião. Hippies, o que vocês querem. Obrigado.





Top 10 dos Anos 70


01. PROFISSÃO: REPÓRTER (Michelangelo Antonioni, 1975)
Deus (aka Antonioni) dirigiu esse. Deve ter se divertido, tendo enganado os estúdios como ele fez, prometendo um filme de suspense e espionagem, estilo thriller paranóico que era pop nos anos 70, mas apenas usando a premissa como um ponto de partida para tocar em questões filosóficas (como Identidade). Eu vi esse no cinema, e meu deus, ver Antonioni na tela grande é uma experiência extremamente memorável: os desertos de amarelo e azul; Jack Nicholson na melhor performance da sua carreira, sutil e irritada e insegura; Maria Schneider em pé em cima de um conversível, abrindo os braços enquanto Nicholson dirige em alta velocidade por um bosque; o final, o melhor plano de todos os tempos (talvez), com 7 minutos de duração, mágico. O filme é tenso, envolvente, confuso, incerto, íntimo e épico; é o Antonioni encontrando aquela incerteza da vida, difícil de expressar, o Desconhecido, e colocando ele na tela, como ele costuma fazer.

02. LUCIFER RISING (Kenneth Anger, 1972)
Um curta de meia hora sobre um ritual místico e mítico sobre deuses egípicios, feito por um cineasta que obviamente toma alucinógenos e que tem um papel pequeno e uma trilha composta por um rapaz condenado à morte por ser um serial-killer: soa exatamente como o meu tipo de filme, não? Pois é, eles acertaram a mão. As imagens são lindas, icônicas, mágicas, filmadas como pinturas, com montagem rítmica e revolucionária (que supostamente influenciou a MTV). O melhor de tudo é que, por mais que o ritual em si seja ocasionalmente assustador ou emocionante, o Anger sempre mantém o senso de humor e subversão, dando uma leve espetada no espectador, colocando um dos triângulos simbólicos em um dos cenários com um aviso escrito "trademark", e outras coisas do tipo. E esse serial-killer sabia compor umas trilhas fodas na minha opinião.

03. O SHOW DEVE CONTINUAR (Bob Fosse, 1979)
Na época em que os musicais morreram, o Sr. Bob Fosse nos deu esperanças. Ele nos deu dois: o primeiro foi o ótimo "Cabaret" e o segundo foi um filme auto-indulgente, auto-congratulatório, egocêntrico, glamourizando a vida de um cara que era obviamente uma pessoa muito problemática (essa pessoa sendo o próprio Bob Fosse). Disso saiu sua obra-prima, esse filme inacreditávelmente foda, emocionante, que eu por acaso vi duas vezes seguidas quando o descobri. Um dos momentos mais mágicos que eu já vi: a apresentação musical que a filha e a namorada de Bob Fosse fazem pra ele como presente de aniversário. Nada como um bom musical pra animar os espíritos na minha opinião.

04. DIAS DE PARAÍSO (Terrence Malick, 1978)
Mr. Malick, com o estilo pessoal já à todo vapor, cria uma mistura fantástica. Ele utiliza um estilo documentário, com camera tremida, atuações naturalistas, rítimo vago e imprevisível, e o mistura com um liricismo e poesia visual. É como assistir um daqueles documentários do National Geographic onde, de vez em quando, há uma imagem imagem linda e memorável, pega por acidente, que fica gravada na sua cabeça. Só que aqui o filme todo é assim. Ele mistifica o Sul dos EUA do passado, com imagens como pinturas bucólicas, e coloca uma narração da Linda Manz que -- como o estilo do filme em si -- mistura um realismo de "Querido diário" com uma poesia "não-intencional". Btw, lembra quando te disseram que o Richard Gere sabia atuar? Pois é, foi aqui.

05. ESPANTALHO (Jerry Schatzberg, 1973)
O típico filme de buddies dos anos 70, e também o típico filme de Estrada dos anos 70. Isso não me animava muito, sem falar que o filme raramente era mencionado entre os clássicos e memoráveis da época. Eu arrisquei por causa da dupla de atores (Pacino e Hackman) que conseguiriam fazer qualquer filme do Uwe Boll tragável. Imagine o meu espanto quando os primeiros 5 minutos do filme atingem níveis de perfeição que deixam 99% dos filmes da década comendo lixo nuclear: os personagens de Hackman e Pacino, ambos parecendo ligeiramente desorientados, esperando em lados opostos de uma estrada no deserto, enquanto a camera flutua pela estrada, pegando todos os tipos de detalhes dos dois lados. Wow. É claro, o filme baixa o nível pelo resto da duração, mas ainda é cheio de momentos graciosos, hilários, desesperadores -- Hackman viajando de trem à noite, gritando pela janela e mandando o mundo se foder -- e (típicamente anos 70) deprimentes.

06. CADA UM VIVE COMO QUER (Bob Rafelson, 1970)
Demorou um dia todo pra descobrir qual a é graça desse aqui. Ele é bem envolvente e ocasionalmente tocante pela duração toda, mas não era nada espetacular como eu havia esperado. Parecia, como o "Espantalho" acima, um típico filme dos anos 70 (também seguindo levemente as convenções do road movie). Mas do momento que ele acabou, até o momento que eu fui dormir (umas 8 horas se passando), o filme aos poucos foi me fisgando. Era como se eu fosse (me permitam) um peixe mordendo a isca mas nem sentido o gancho entrando, até que o pescador (nesse caso, o Sr. Rafelson + minha memória) começaram a puxar com força. Aí doeu. É uma história de alienação, o personagem do Nicholson sendo a versão de Meia-Idade da Enid de "Mundo Cão" e do Holden de "Um Apanhador no Campo de Centeio". Ele não se encaixa em lugar algum, preso entre duas classes sociais (os caipiras e os intelectuais), sem lugar pra si mesmo. Pra onde ele foi? Ele vai ficar bem? OMFG, etc.

07. TERRA DE NINGUÉM (Terrence Malick, 1973)
Sim, o Terrence Malick é o Rei dos Anos 70. Obrigado. Nesse, o estilo dele não está completamente formado, mas é fascinante ver ele se originando e aparecendo sutilmente: a mesma mistura de "documentário" e "poesia" que eu mencionei acima aparece aqui, em doses menores, mas significativas. Martin Sheen dá uma das atuações mais fodas que eu já vi, a Sissy Spacek como adolescente é o equivalente da Linda Manz em "Paraíso", estranha e adorável ao mesmo tempo, também dando a sua narração no estilo "Querido Diário". As mortes pela dupla estilo-"Bonnie & Clyde" são perturbadoras, mas tratadas com indiferença, do mesmo jeito que os personagens tentam ignorá-las, fingindo ser apenas uma conveniência. Por que eles agem assim? Alienação? Insatisfação? O Kit quer ser famoso, uma lenda; a Holly quer ir pra um lugar lendário, uma terra mágica onde nada de ruim acontece, e ficar lá pra sempre.

08. TUBARÃO (Steven Spielberg, 1975)
"Here's to swimmin' with bow-legged women." - Quint.

09. O ESPELHO (Andrei Tarkovsky, 1975)
Lembra daquela cena que o garoto entra num quarto e vê as impressões digitais frescas de mão de alguém na mesa, sendo que isso é bizarro já que não tinha ninguém lá, e ele só vê o suficiente pra notar as digitais lentamente desaparecendo, como elas costumam fazer, e o impacto é tão sútil que até é ampliado quando você percebe o quanto a coisa é terrívelmente assustadora? Pois é. Um dos mais significativos dos filmes de "fodeção de memórias" -- Resnais, "Amnésia", "Brilho Eterno", etc -- e totalmente Transcendental (como é geralmente o caso com o Tarky).

10. O FRANCO ATIRADOR (Michael Cimino, 1979)
Melhor filme de guerra já feito? Possivelmente. É meio que um filme do Altman, se o Altman tivesse passado dois anos sendo estuprado e torturado por Vietcongs e depois sendo estuprado e torturado pelo Nixon, e depois sendo estuprado e torturado pelos pais e avós, e depois sendo estuprado e torturado por um veado. É foda. Foi um dos poucos (único?) filmes de guerra que conseguiu me deixar com aquela sensação no final, aquela sensação de indignação e raiva e ódio contra qualquer um que propõe guerra como uma solução. Pessoas arruinadas, famílias arruinadas, o trauma, a paz que eles não vão poder ter de volta. Eu só vi uma vez, a uns 2 anos atrás, e praticamente nada dele desgrudou da minha mente. Além disso, roleta russa é doentio. Parem de brincar com isso. Obrigado.



PS: Viu, não é tão difícil comentar. Só requer aquela combinação essencial: força de vontade + falta do que fazer.
 
Última edição:
Bom, fiz um uptade na minha lista
Dei uma segunda chance pra Dersu Uzala e é incrível como dessa vez gostei mais. A fotografia parecia ainda mais bela, a amizade de Dersu com o capitão ainda mais tocante, as frases de Dersu ainda mais fodas e etc.

Isso me fez pensar que eu devo agora dar uma segunda chance para todos filmes do Akira eu não gostei muito. O que incluiu Os Setes Samurais entre outros.

Vi também Annie Hall, e gostei muito também, mas não o suficiente para entrar no TOP 10. O filme começa muito bem na minha opinião, mas se perde um pouco na metade e acaba recuperando o folêgo perto do final e adiante. Mas as piadas do começo são realmente execelentes. Aquele diálogo na fila do cinema, putz! Eu tive que pausar o filme de tanto que eu ria (sozinho ainda por cima). De qualquer forma já está entre os meus preferidos do Allen.

Não consegui assistir ao Solaris de Tarkovsky. Meu vídeo já era e não achei de forma alguma em DVD.

Ainda tem pra ver M*A*S*H mas como é em VHS também é possível que eu não consiga ver.
 
Ok, o Folco me convenceu, se não fizer comentários esse tópico vai ficar (muito) chato:

1 - O Poderoso Chefão - Parte II (Coppola, 1974)
Aqui o Coppola se superou. O filme tem a mais sensacional atuação do Al Pacino, melhor e mais sutil que dez "Perfumes de Mulher" juntos. Cenas maravilhosas, uma trama interessante, todo o elenco ótimo (DeNiro de coadjuvante..) e um final arrebatador.
2 - Apocalypse Now (Coppola, 1979)
Essa foi a década do Coppola. Apocalypse Now é, IMO, o melhor e mais profundo filme de guerra já feito. Misturando psicodelia, realismo, e dando um enfoque não somente à Guerra do Vietnã, mas como a todas outras e o coração do americano. A aparição do Brando no final é sensacional. Com este, Coppola faz, de novo, um dos melhores finais de todos os tempos.
3 - Laranja Mecânica (Kubrick, 1971)
O perfeccionismo de Kubrick adapta esse livro para o cinema de um jeito subversivo, divertido e violento. É uma combinação irretocável de cenas e música, atuações e cenário. Através de um futuro caótico, analisa o próprio ser humano.
4 - Taxi Driver (Scorsese, 1976)
Filme com cenas tão famosas e antalógicas que é difícil comentar. "Are you looking at me?". Sabem uma curiosidade? Há quem diga que o roteirista tirou a idéia desse filme do "Rastros de Ódio", do John Ford. Legal, né? São duas obras-primas. Ah, essa é a melhor atuação do DeNiro, de longe.
5 - Dersu Uzala (Kurosawa, 1975)
Filme muito sensível sobre uma amizade entre um capitão russo e um nômade mongol (eu acho). Tem uma fotografia maravilhosa, e um estilo diferente dos outros filmes do Kurosawa. É mais intimista e com menos ação. A amizade dos dois é emocionante, etc.
6 - Aguirre, A Cólera dos Deuses (Herzog, 1972)
Esse aqui tem um estilo quase-documental, algo extremamente novo para filmes sobre a desbravação da América Latina. Novamente, uma fotografia fodástica contribui para o clima intenso e louco do filme. Obs: Klaus Kinski é foda.
7 - O Poderoso Chefão (Coppola, 1972)
"I believe in America". Esse filme estava algumas posições acima, só que perdeu lugar na medida do tempo, pois o achei um pouco lento demais. Mas continua sensacional, principalmente por ter Marlon Brando.
8 - Um Estranho no Ninho (Forman, 1975)
Não vejo faz algum tempo, mas ainda está fresco na memória. Questionamentos sobre a sociedade, a loucura, nossos julgamentos, e uma atuação inesquecível de Jack Nicholson.
9 - Um Dia de Cão (Lumet, 1975)
Revi faz pouco, e realmente subiu no meu conceito. "Attica, Attica!". Pacino estraordinário (de novo), e aquele cara que faz o Fredo em "Chefão" também (por sinal, onde anda esse bicho?). Uma multidão aplaudindo um assaltante de bancos? Está aí a sociedade pós-hippie, que admira aquele que transgride a lei. Fora que o filme tem momentos hilariantes.
10 - Dias de Paraíso (Mallick, 1978)
Como o Folco disse, uma mistura de semi-documentário com poesia, mais imagens extraordinárias, tudo isso visto pelos olhos de uma criança. Traições, etc. As atuações estão extraordinárias.
 
Fosco disse:
Filme com cenas tão famosas e antalógicas que é difícil comentar. "Are you looking at me?". Sabem uma curiosidade? Há quem diga que o roteirista tirou a idéia desse filme do "Rastros de Ódio", do John Ford. Legal, né? São duas obras-primas. Ah, essa é a melhor atuação do DeNiro, de longe.

Na verdade, por mais que "Rastros de Ódio" tenha umas semelhanças à "Taxi Driver" -- o Travis, um semi-racista (aka John Wayne) "salvando" a prostituta (aka, sobrinha do John Wayne) de um cafetão (aka Chefe Indígena) -- eu acredito que a maior influência do Schrader pra Taxi Driver tenha sido "O Batedor de Carteiras", do Bresson, que também fala sobre um cara alienado, em um meio urbano, vive sozinho no apartamento dele, escrever coisas no diário, infringe a lei, etc.
 
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Se não me engano, eu li que o próprio Scharder disse que se inspirou em Pickpocket, etc, ou eu me engano mesmo.

Anyway, a mulher de Dias de Paraíso (Brooke Adams ou algo) tem a boca ao contrário - invertida - e isso ttirou constantemente minha atenção nos primeiros 10 minutos, mas depois eu me acostumei. Mas o filme é foda, o Malick tem o poder de ambientar o filme, buscar uma comunhão entre paisagem e personages maravilhosa.
 
1-Laranja Mecânica (Stanley Kubrick)
2-A Noite Americana (François Truffaut)
3-Lenny (Bob Fosse)
4-Monty Phyton e o Cálice Sagrado (Terry Gilliam e Terry Jones)
5-O Quarto Verde (François Truffaut)
6-Terra de Ninguém (Terrence Mallick)
7-O Expresso da Meia Noite (Alan Parker)
8-Hi, Mom (Brian DePalma)
9-M*A*S*H (Robert Altman)
10-A Última Noite de Boris Grushenko (Woody Allen)
 
Orion disse:
um dos anos 50 seria perfeitamente possível.

depois um até anos 40.

Não tem nem 5 pessoas aqui que viram filmes dos anos 50/40/30/etc separadamente o suficiente pra formar um top 10 interessante. Ia ser totalmente clichê e inútil. Pelo menos misturando as décadas dá pra ter resultados interessantes.
 
Acho que "bom" fica relativo na hora de um consenso.

Acredito que não participarei do consenso nem se for 50 pra baixo, muito menos 50 e 40 pra baixo.
 
Dá sim pra fazer um dos anos 50 separado! :pula:

Mesmo porque, seria um estímulo pro pessoal conhecer melhor e ir formando a lista aos poucos. Por mim teria separado até a década de 20 :lol: mas enfim...
 
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