imported_Andréa
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[align=justify]Ele não era deste mundo... Não pertencia à normalidade e à insensibilidade das pessoas com as quais estamos habituados, por isso ela estranhava. A gentileza e a necessidade de fazer o outro bem a comoviam e davam-lhe a certeza de que ele não era real, ao mesmo tempo reforçavam a ideia de que ele era parte de um sonho por ela sonhado.
Ele a sabia e a sentia triste, alegre, cansada, cheia de energia... Em todas as situações vinha para trazer-lhe mais vida... Sentia a alegria e o brilho dela ainda que há milhas de distância... Não a sabia real, mas podia sentir que ela existia...
Ela o sabia em essência como a música, era assim que ele chegava muitas vezes até ela... Tocava o seu coração por vezes destroçado pelo quotidiano e, angelicalmente, tomava-o, curava-o e devolvia à dona, sem palavras para agradecer o bem com que a visita de tal anjo lhe presenteava... Ele era a luz de que ela necessitava nas ocasiões em que ela se via no breu... E ele sempre vinha! Certo, protetor, anjo-homem...
Ele chegava de mansinho, principlamente nas vezes em que ela estava em pedaços, ajudava-a a se reconstruir, montar o quebra-cabeças em que seu coração se transformava... E, uma fez refeito, enchia-o de aconchego, de carinho... E ela deixava-se ajudar... Ele dava-lhe corda, para que ela pudesse alçar o voo do desprendimento, da busca da essência que lhe trazia as asas...
Não sabiam o cheiro um do outro, o sabor das bocas quando se tocam, falavam línguas diferentes, mas entendiam-se harmonicamente... Ele era dela, ela era dele... Completavam-se...
Estavam, no entanto, fadados aos desencontro, tal qual o Sol e a Lua... Ele raiava enquanto ela dormia; ela prateava enquanto ele saía... Ele certamente cantara muitas vezes a olhar para ela, e ela com a mesma certeza muitas vezes foi embalada pelo seu canto, em outras recebeu sua energia brilhante.
Pertenciam a mundos distintos, um não sabia a terra do outro, nem origens, nem vínculos familiares, mas tinham entre si um outro ainda maior, atemporal até...
Ela afirmava que ele fazia a diferença na vida dela; ele jurava estar ao seu lado sempre, cúmplice. A ela, ele era dádiva; ele afirmava ser o que ela achar que ele lhe deveria ser, completando sempre tentar jamais desiludi-la, o maior mal que a humanidade faz ao coração; a desilusão tem gosto amargo, ele sabia e não queria isso a ela... Não a ela, a quem devotava tanto cuidado e proteção...
Sonhavam amar-se, ainda que por momento curto e único, ele queria ser a diferença da vida dela, porque não passava pela cabeça desse anjo que ele já o era sem que ela dissesse, ele falava ao coração da protegida e ela, por vezes, deixava escapar a lágrima do sentimento humano para o qual nem os anjos possuem tradução maior.
Ele existia mesmo? Ela duvidava até... Ou seria a parte do sonho que ela outrora sonhara a si própria? Ele respondia calma e mansamente ser a sombra dele, a parte escura, mas que num momento chamado amor seria a maior brancura da vida dela... E então ela sabia: nesse dia, seria o paradigma da realização feminina, aquela que um dia soube a vida nos braços de um amado...
Tal qual o dia e a noite, completavam-se lindamente. Sentiam essa verdade. Sabiam-se um para o outro... Ela sabia: ele viera do céu e escondera as asas... Sim, ele o fizera, tinha medo da alergia às penas, penas que eram dele e dela, mas que se esfumaçavam no ar. Ela o dizia lindo, essencialmente a alma... Elas voaram, as penas... Nos braços dela ele fora parar... Não sabia se anjo, se poeta, se homem... Tudo isso junto... Só sabia que era feliz junto dele... Junto? Uma união em separado... Não era carnal, nem podia sê-lo... Ele era o sonho, ela a realidade. Era assim: ele a fazia feliz e ela a ele...
E quando separados se uniam em palavras e possibilidades, viviam o momento que chamavam "nosso"... Nem dela, nem dele... Cúmplices, viviam esse "nosso"... Eram, então, a primeira pessoa do plural...
E quando um era o outro e o outro era o um, fundiam-se no "nós", sabiam que o melhor era "sorrir um sorriso de alegria, de felicidade, de alma..."
Sonho, realidade... Podiam ser tudo e eram... Anjos existem... E abraçados voavam![/align][align=justify]
Texto originalmente postado no blog pensamentos-pensantes.blogspot.com[/align]
Ele a sabia e a sentia triste, alegre, cansada, cheia de energia... Em todas as situações vinha para trazer-lhe mais vida... Sentia a alegria e o brilho dela ainda que há milhas de distância... Não a sabia real, mas podia sentir que ela existia...
Ela o sabia em essência como a música, era assim que ele chegava muitas vezes até ela... Tocava o seu coração por vezes destroçado pelo quotidiano e, angelicalmente, tomava-o, curava-o e devolvia à dona, sem palavras para agradecer o bem com que a visita de tal anjo lhe presenteava... Ele era a luz de que ela necessitava nas ocasiões em que ela se via no breu... E ele sempre vinha! Certo, protetor, anjo-homem...
Ele chegava de mansinho, principlamente nas vezes em que ela estava em pedaços, ajudava-a a se reconstruir, montar o quebra-cabeças em que seu coração se transformava... E, uma fez refeito, enchia-o de aconchego, de carinho... E ela deixava-se ajudar... Ele dava-lhe corda, para que ela pudesse alçar o voo do desprendimento, da busca da essência que lhe trazia as asas...
Não sabiam o cheiro um do outro, o sabor das bocas quando se tocam, falavam línguas diferentes, mas entendiam-se harmonicamente... Ele era dela, ela era dele... Completavam-se...
Estavam, no entanto, fadados aos desencontro, tal qual o Sol e a Lua... Ele raiava enquanto ela dormia; ela prateava enquanto ele saía... Ele certamente cantara muitas vezes a olhar para ela, e ela com a mesma certeza muitas vezes foi embalada pelo seu canto, em outras recebeu sua energia brilhante.
Pertenciam a mundos distintos, um não sabia a terra do outro, nem origens, nem vínculos familiares, mas tinham entre si um outro ainda maior, atemporal até...
Ela afirmava que ele fazia a diferença na vida dela; ele jurava estar ao seu lado sempre, cúmplice. A ela, ele era dádiva; ele afirmava ser o que ela achar que ele lhe deveria ser, completando sempre tentar jamais desiludi-la, o maior mal que a humanidade faz ao coração; a desilusão tem gosto amargo, ele sabia e não queria isso a ela... Não a ela, a quem devotava tanto cuidado e proteção...
Sonhavam amar-se, ainda que por momento curto e único, ele queria ser a diferença da vida dela, porque não passava pela cabeça desse anjo que ele já o era sem que ela dissesse, ele falava ao coração da protegida e ela, por vezes, deixava escapar a lágrima do sentimento humano para o qual nem os anjos possuem tradução maior.
Ele existia mesmo? Ela duvidava até... Ou seria a parte do sonho que ela outrora sonhara a si própria? Ele respondia calma e mansamente ser a sombra dele, a parte escura, mas que num momento chamado amor seria a maior brancura da vida dela... E então ela sabia: nesse dia, seria o paradigma da realização feminina, aquela que um dia soube a vida nos braços de um amado...
Tal qual o dia e a noite, completavam-se lindamente. Sentiam essa verdade. Sabiam-se um para o outro... Ela sabia: ele viera do céu e escondera as asas... Sim, ele o fizera, tinha medo da alergia às penas, penas que eram dele e dela, mas que se esfumaçavam no ar. Ela o dizia lindo, essencialmente a alma... Elas voaram, as penas... Nos braços dela ele fora parar... Não sabia se anjo, se poeta, se homem... Tudo isso junto... Só sabia que era feliz junto dele... Junto? Uma união em separado... Não era carnal, nem podia sê-lo... Ele era o sonho, ela a realidade. Era assim: ele a fazia feliz e ela a ele...
E quando separados se uniam em palavras e possibilidades, viviam o momento que chamavam "nosso"... Nem dela, nem dele... Cúmplices, viviam esse "nosso"... Eram, então, a primeira pessoa do plural...
E quando um era o outro e o outro era o um, fundiam-se no "nós", sabiam que o melhor era "sorrir um sorriso de alegria, de felicidade, de alma..."
Sonho, realidade... Podiam ser tudo e eram... Anjos existem... E abraçados voavam![/align][align=justify]
Texto originalmente postado no blog pensamentos-pensantes.blogspot.com[/align]