Posso optar por contar a história longa, ou resumi-la.
Resumida, a história toda é assim: comecei a ler com 9 anos, por conta, não por ordem nem influêcia de ninguém, e de lá pra cá não mais parei.
Agora, a história longa é, de fato, mais longa que simplesmente uma linha. Vou me dispor aqui a contá-la.
Eu tinha nove anos (ou oito, quase nove) quando achei um livro na estante de casa. Uma estante cheia de livros, principalmente livros da faculdade do meu pai, que ele concluíra quando eu completei meus dois ou três anos de idade. Enfim, bisbilhotanto eu encontrei O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, de C. S. Lewis. uma edição suuuper velha, com a capa soltando. Peguei pra ler, o desenho da capa me chamou a atenção (nunca julgue um livro pela capa, mas eu nunca tinha ouvido isso). Demorei muito mais de um mês (acho que dois ou três, talvez), pra ler tal livro, com menos de 200 páginas e apenas 18 capítulos curtos). Fiquei sabendo, por meio de uma tia, que havia uma seqüência. Interesse infantil, fui atrás. Começara a ganhar mesada naquele tempo, mas nunca tinha exatamente o que fazer com o dinheiro. Vinte reais. Comecei a comprar os livros, um por mês, e quando cheguei no quinto, de sete, eu já lia em uma tarde. Mas, pra conseguir comprar os sete, levou sete meses, e eu quase entrava em crise cada vez que acabava um livro e eu não tinha o outro à mão.
Comprei os sete, porque aquele primeiro que eu li era, na verdade, de uma tia minha que, há muito tempo, dera para um tio meu, e no meio disso tudo, o livro foi parar na minha casa. Ele era velho, não tinha nada a ver com a nova edição da Martins Fontes (que hoje em dia, dez anos depois, definitivamente não é mais tããão nova assim), queria todos no mesmo estilo.
Dali pra cá, ininterruptamente, tenho separado uma grana e gastado em livros. Hoje eu trabalho aos sábados e faturo um dindin maior que a mesada de vinte reais. Até o início do ano, por dois anos, eu trabalhei todos os dias, de segunda à sexta, meio período. E sempre fiz questão de comprar ao menos um livro a cada salário, quando possível mais de um. E, sempre que alguém me pergunta (vó da gente é cheia disso): "o que você quer ganhar de aniversário? De natal?", não perco tempo, principalmente se eu quero muito um livro e estou sem "tempo".
Hoje, tenho quase cem livros meus, comprados com o meu dinheiro. Sei que não é muito, mas quero fazer crescer esse número.
Enfim, a história longa não está tão longa porque eu dei uma encurtada. Mas, conclusão: ler faz parte de mim.
Beijos a todos!