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Notícias Como um escritor catalão se transformou num símbolo da luta contra a Amazon

Fúria da cidade

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Imagem: reprodução do Twitter.

Em abril de 2017, o crítico literário e escritor catalão Jorge Carrión publicou "Contra Amazon.: Sete Razões/ Um Manifesto" na revista espanhola Jot Down. Aos poucos o texto se espalhou: primeiro por livrarias da Espanha, depois, em novembro, após ser traduzido para o inglês, entre livreiros, editores e apaixonados por livros de diversas partes do mundo. Em abril de 2018 o manifesto chegou ao Brasil. A tradução feita pelo também escritor Reginaldo Pujol Filho, publicada na Folha de São Paulo, viralizou nas redes – ou fez barulho na bolha formada por leitores, ao menos.

Apresentando argumentos como repúdio à hipocrisia, não querer ser bisbilhotado enquanto lê e "não ser cúmplice da exploração simbólica" e do "neoimpério", Carrión acabou na linha de frente da luta das pequenas livrarias pela sobrevivência e contra a gigante estadunidense que tudo tenta devorar. Havia lastro para tal posição. Quando publicou o manifesto, Jorge já tinha uma respeitável carreira como crítico – até há pouco escrevia para a edição espanhola do New York Times – e era um escritor premiado por conta do ótimo "Livrarias", publicado originalmente em 2013. Neste livro, o catalão narra suas perambulações pelo mundo para conhecer as pequenas lojas de livros, aquelas que costumam evidenciar a alma de seus livreiros e funcionam como um refúgio intelectual para seus clientes – o título saiu no Brasil pela Bazar do Tempo, já escrevi sobre ele aqui.

Agora, o manifesto ganhou ainda mais corpo e foi transformado em um livro que acaba de ser lançado. "Contra Amazon" (Galáxia Gutenberg, ainda sem tradução para o português) reúne o famoso brado publicado por Carrión em 2017 e outros 16 textos selecionados pelo autor entre artigos, ensaios, entrevistas e crônicas que escreveu sobre o universo livreiro nos últimos anos – em muitos deles, para surpresa do próprio crítico, havia alguma menção à Amazon.

"Parece impossível escrever sobre o protagonismo do mundo do livro no século 21, sobre as livrarias independentes e as bibliotecas mais instigantes ou inovadoras, sobre as constelações de leitores que seguem acreditando no papel, sem pensar na Amazon como nossa antagonista", registra no texto de apresentação da obra. É a "marca mais icônica e mais eloquente, a que alterou – e frequentemente violentou – com mais força as relações tradicionais entre leitores e os livros".



Em recente entrevista ao jornal "Diario 16", Carrión se mostrou otimista com o futuro das pequenas livrarias. Confia que as autoridades farão algo contra monopólios formados não só pela Amazon, mas também por gigantes como Facebook e Google, e que o livro impresso recuperará parte de sua importância. "As bibliotecas seguirão sendo, suponho, um contrapeso poderoso. Porque o ser humano é feito, atualmente, de carne e de pixel, de papel e de tela". Só que pondera: "É bom imaginar que mundo queremos que exista dentro de dez ou vinte anos. Se nele vislumbramos livrarias, temos que comprar livros nelas agora. Se não, deixam de existir […]. É importante entender a necessidade de apoiar economicamente projetos que queremos que sobrevivam".

Por mais que Carrión tenha um lado e assuma sua posição na trincheira, mostra que também está atento aos problemas das livrarias independentes. Voltando à introdução de "Contra Amazon", ali revela que seu "Livrarias" não é vendido na Lello, da Cidade do Porto, em Portugal (famosa por ter inspirado J. K. Rowlling e frequentemente apontada como a livraria mais bela do mundo) porque, dentre outros motivos, a editora local se recusou a ilustrar a capa da edição portuguesa do livro com uma foto da própria Lello. O autor afirma que "Livrarias" também não é comercializado na Shakespeare and Company, ícone parisiense. A razão? "Conto a verdadeira história de George Whitman [primeiro proprietário da livraria e figura cuja história factual e mítica divergem um tanto] e menciono como fontes outros títulos que também não são vendidos nessa livraria".

Nesse sentido, o autor faz um apelo: "A censura está em todas as partes. A Amazon e as grandes plataformas digitais não são nossos únicos antagonistas. Temos que seguir lendo e viajando. E permanecer atentos".

Ironicamente, "Contra Amazon" está à venda na Amazon espanhola por 10,44 euros e na Amazon dos Estados Unidos por 29,46 dólares.

https://paginacinco.blogosfera.uol....nsformou-num-simbolo-da-luta-contra-a-amazon/

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Ironicamente, "Contra Amazon" está à venda na Amazon espanhola por 10,44 euros e na Amazon dos Estados Unidos por 29,46 dólares.
Enquanto eu lia, eu me perguntava justamente isso: se estaria à venda lá.
E é claro que está, porque a Amazon quer é vender e ganhar dinheiro.

Acho que um primeiro passo para a "solução" (entre aspas, porque para muitos não há sequer um problema a ser solucionado), para diminuir o poderio da Amazon frente às livrarias pequenas, seria aquilo que já fazem em alguns países da Europa (creio já ter lido sobre isso aqui na Valinor): impedir, por lei, que durante X anos os lançamentos sejam vendidos abaixo do preço tabelado. Isso tira das gigantes a possibilidade de fazer o nefasto dumping (que já é proibido, mas na prática não punem ninguém), e faz com que o leitor não tenha nenhuma boa razão para comprar o livro na Amazon em vez de numa livraria física do shopping ou do seu bairro. Mas a longo prazo, para os livros que tiverem passado desse prazo fixado, creio que a Amazon dominaria o mercado de qualquer modo. Há que se pensar em alternativas.

Isso que ele diz é verdade: "É importante entender a necessidade de apoiar economicamente projetos que queremos que sobrevivam". Mas é complicado na prática que alguém, por mais que adore livrarias e condene os gigantes capetalistas etc., decida de bom grado pagar 30, 50 reais a mais num único livro só por amor a uma causa. Especialmente se esse alguém consumir muitos livros por mês: a diferença pode ser brutal. :lol:

Eu penso que, ainda mais importante que a cultura das livrarias pequenas (que devem continuar apesar de tudo), seja adquirir no Brasil o quanto antes a cultura das bibliotecas públicas. Uma em cada bairro de cidade grande.
 
O que esse escritor faz é nadar contra uma grande correnteza que é forte e que não vai perder essa força tão cedo.

Eu ainda acho que livrarias pequenas é algo que não acabará totalmente, mas que ficará a um plano bem mais reduzido, porque penso que sempre haverá um público que irá prestigia-las, se as mesmas oferecerem um bom atendimento, preços competitivos e serviços diferenciados que uma Mega loja virtual do porte da Amazon nunca poderá oferecer.
 
A questão são os "preços competitivos". A Amazon opera com uma escala gigante, que barateia muito os custos e que é impossível de aplicar em uma pequena livraria.
 
A questão são os "preços competitivos". A Amazon opera com uma escala gigante, que barateia muito os custos e que é impossível de aplicar em uma pequena livraria.

Existe alguns casos de parcerias fechadas entre livrarias com algumas editoras segmentadas (Ex: Editora Érica com a Saraiva) que permite obter livros com descontos e custos promocionais. É claro que esse caso representa apenas uma minoria, é verdade, mas é um caminho que deve sobrar pra algumas delas tentar sobreviver.
 
Olha, acho bem complicada esta situação. Falo por experiência própria. Uma das coisas que mais gosto é de entrar em uma livraria, e sentir o cheiro dos livros. Respiro bem fundo, pra me encharcar neste cheiro que amo. Adoro ir lá, olhar as capas, ler as sinopses, ver a diversidade de livros expostos, como que pedindo silenciosamente "me leva". Quase uma tortura escolher um entre tantos. Lembro do garoto na biblioteca dos livros esquecidos, do Zafón. Como queria ir lá. Mas, a comodidade, e o preço das livrarias virtuais, Amazon, Saraiva, Cultura...., é incontestável. Como compro livros todos os meses, dois, três, na livraria local, seria apenas um. Na virtual, compro dois ou três. Faz diferença no bolso. Penso que as livrarias locais, particulares, deveria se unir na compra dos exemplares, para conseguirem melhores preços e prazos. Quem sabe, um caminho. Compro na livraria também, especialmente quando tem promoção. Mas a maior parte na virtual.
 
Sinceramente, este autor chegou ao cúmulo da mentalidade anticapitalista. Das tantas coisas que se pode criticar nas grandes empresas e pedir a intervenção estatal para resolver os problemas gerados por elas, esse "gênio" decide criticá-las por oferecer serviços baratos e de qualidade para a população ! Pqp, se está insatisfeito com o serviço ofertado por uma empresa, é só não comprar. Problema resolvido.
 
Sinceramente, os preços da Amazon são os melhores, inclusive sua política de pagamento das editoras também são as melhores. Eu como leitor, prefiro que a Amazon continue assim, e que acabem as pequenas lojas com seus altos preços.
** Posts duplicados combinados **
Sinceramente, este autor chegou ao cúmulo da mentalidade anticapitalista. Das tantas coisas que se pode criticar nas grandes empresas e pedir a intervenção estatal para resolver os problemas gerados por elas, esse "gênio" decide criticá-las por oferecer serviços baratos e de qualidade para a população ! Pqp, se está insatisfeito com o serviço ofertado por uma empresa, é só não comprar. Problema resolvido.
Concordo com seu raciocínio. Não entendo porque "alguns" se revoltam frente a um sistema de negociação de livros (principalmente) em que tanto o autor quanto a editora saem ganhando. Pois a Amazon no Brasil é a única que compra os livros e paga as editoras para depois anunciá-los em seu site, ao passo que Saraiva, Cultura e demais ofertam o livro, vendem, recebem e por último pagam o autor..
** Posts duplicados combinados **
O que esse escritor faz é nadar contra uma grande correnteza que é forte e que não vai perder essa força tão cedo.

Eu ainda acho que livrarias pequenas é algo que não acabará totalmente, mas que ficará a um plano bem mais reduzido, porque penso que sempre haverá um público que irá prestigia-las, se as mesmas oferecerem um bom atendimento, preços competitivos e serviços diferenciados que uma Mega loja virtual do porte da Amazon nunca poderá oferecer.
Mas no final das contas, o peso no bolso é o que importa. De nada adianta ir à livraria local ouvir um sonoro "BOM DIA" do seu Zé, bater um papo, tomar um café, sentar em um pufe, folhear alguns exemplares e de quebra levar uma facada no fígado para sair com um livro, sendo que na Amazon o livro está pela metade do preço, você compra na comodidade da sua casa e ainda tem frete grátis... E ainda tem 7 dias após a entrega do livro para devolvê-lo caso não vá com a sua cara... Sinceramente, só vou a livrarias físicas para consultas, pois comprar mesmo só nas lojas virtuais!!
** Posts duplicados combinados **
Enquanto eu lia, eu me perguntava justamente isso: se estaria à venda lá.
E é claro que está, porque a Amazon quer é vender e ganhar dinheiro.

Acho que um primeiro passo para a "solução" (entre aspas, porque para muitos não há sequer um problema a ser solucionado), para diminuir o poderio da Amazon frente às livrarias pequenas, seria aquilo que já fazem em alguns países da Europa (creio já ter lido sobre isso aqui na Valinor): impedir, por lei, que durante X anos os lançamentos sejam vendidos abaixo do preço tabelado. Isso tira das gigantes a possibilidade de fazer o nefasto dumping (que já é proibido, mas na prática não punem ninguém), e faz com que o leitor não tenha nenhuma boa razão para comprar o livro na Amazon em vez de numa livraria física do shopping ou do seu bairro. Mas a longo prazo, para os livros que tiverem passado desse prazo fixado, creio que a Amazon dominaria o mercado de qualquer modo. Há que se pensar em alternativas.

Isso que ele diz é verdade: "É importante entender a necessidade de apoiar economicamente projetos que queremos que sobrevivam". Mas é complicado na prática que alguém, por mais que adore livrarias e condene os gigantes capetalistas etc., decida de bom grado pagar 30, 50 reais a mais num único livro só por amor a uma causa. Especialmente se esse alguém consumir muitos livros por mês: a diferença pode ser brutal. :lol:

Eu penso que, ainda mais importante que a cultura das livrarias pequenas (que devem continuar apesar de tudo), seja adquirir no Brasil o quanto antes a cultura das bibliotecas públicas. Uma em cada bairro de cidade grande.
Como assim impedir que os lançamentos sejam ofertados abaixo de um preço tabelado????? Jamais!!! Que ninguém te ouça!!! Isso fere o princípio fundamental do livre comércio; eu por exemplo já consegui um lançamento por R$ 0,01 em uma promoção em uma loja virtual. Se um marketplace gigante tem preços imbatíveis o problema não é dele, mas sim daqueles que não conseguem competir. Essas ideias só iriam prejudicar o leitor. O que poderia ser feito é impedir esses conglomerados que monopolizam alguns segmentos como a fusão Casas Bahia/Extra/Ponto Frio ou Submarino/Americanas/Shop Time, e mesmo assim todos esses juntos jamais poderão competir com as políticas de preços da Amazon. E sinceramente, eu estou andando pra essas lojas e suas políticas arcaicas de vendas.
 
Nos EUA, livrarias se vestem para a guerra contra a Amazon

Campanha lançada pela Associação Americana de Livrarias quer alertar para o perigo que a gigante de Seattle representa para o setor

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Não quis criar um tópico só pra isto, então fica aqui.
Em junho a edição brasileira desse livrinho aí mencionado na notícia:


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Sinopse: A edição brasileira de Contra Amazon — título que, por aqui, ganhou o complemento: e outros ensaios sobre a humanidade dos livros — traz dezessete textos assinados por Jorge Carrión, presentes na edição original, incluindo “Contra Amazon: sete razões / um manifesto”, e um Post-scriptum sobre a situação das livrarias durante a pandemia de covid-19, também assinado pelo autor.
A grande novidade fica por conta dos textos assinados por pequenos livreiros e livreiras do país. A ideia é que as críticas à Amazon vindas de um autor estrangeiro, com uma vivência livresca global, fizessem eco no dia a dia de brasileiros e brasileiras que estão felizes, batalhando — e pagando as contas, apesar de todas as dificuldades — em pequenos estabelecimentos onde o cliente entra, conversa, senta, passeia pelas prateleiras, toma um café (muitas vezes, cortesia da casa), conversa mais e só então, talvez, leva um livro.
“Parece impossível escrever sobre o protagonismo do mundo do livro no século XXI, sobre as livrarias independentes e as bibliotecas mais inovadoras, sobre as constelações de leitores que continuam acreditando no papel, sem pensar na Amazon como nossa antagonista. Embora Google Livros e outras grandes plataformas também tenham influenciado muitíssimo o modo como nos relacionamos com os textos, a multinacional logística dirigida por Jeff Bezos converteu-se na marca mais icônica e mais eloquente, na empresa que modificou — e, com frequência, violentou — mais fortemente as relações tradicionais entre os leitores e os livros. Trata-se de um monstro cheio de tentáculos, que não para de inovar e de crescer. […] Paralelamente, proliferaram-se os entregadores da Amazon que percorrem as cidades com suas grandes mochilas, iguais às de outras companhias supostamente disruptivas, mas que, na realidade, adotaram de maneira neoliberal o precário modelo de trabalho dos catadores de materiais recicláveis.” — Jorge Carrión, na Nota do autor.


E é claro que ele também está à venda na própria Amazon:
Capturar.JPG
:hihihi: :hihihi:


Eu não tinha visto a postagem do @Loveless neste tópico, no dia 17/10, e acabei criando um tópico avulso para tratar daquela notícia no dia 18/10. Vou pedir que alguém funda os dois. ^^
 
  • Uau
Reactions: fcm
Confia que as autoridades farão algo contra monopólios formados não só pela Amazon, mas também por gigantes como Facebook e Google, e que o livro impresso recuperará parte de sua importância.
:rofl:

Uma das coisas que mais gosto é de entrar em uma livraria, e sentir o cheiro dos livros.
Sem querer ofender, isso é coisa de velho. As crianças hoje se sentem mais confortáveis lendo no celular que no papel. Embora eu também tenha muito afeto pelo ato da leitura no papel, não adianta dar murro em ponta de faca.

impedir, por lei, que durante X anos os lançamentos sejam vendidos abaixo do preço tabelado. Isso tira das gigantes a possibilidade de fazer o nefasto dumping (que já é proibido, mas na prática não punem ninguém)
Como assim impedir que os lançamentos sejam ofertados abaixo de um preço tabelado????? Jamais!!! Que ninguém te ouça!!! Isso fere o princípio fundamental do livre comércio;
Dumping é diferente de livre comércio. Dumping é concorrência desleal. É uma empresa gigantesca baixar drasticamente os preços (chegando a operar no prejuízo muitas vezes) para quebrar uma concorrente menor ou forçá-la a aceitar ser comprada pela empresa maior.

Sem falso moralismo, eu já comprei uns volumes de CdZ na Amazon por 18 reais e frete grátis, sendo que o preço no site da editora (na EDITORA) era 64,50. Não tem como competir com isso. Por mais que eu adore a livraria daqui e seja amigo das meninas de lá, eu não estou disposto a abrir mão do meu rico dinheirinho — que poderia ser usado para tantas outras coisas — para apoiar um modelo que, mais hora ou menos hora, vai falir. Ultimamente a livraria tem focado em chaveiros, pelúcias e outras otakices.


Outra coisa importante é que a Amazon deu a chance de muita gente que jamais teria a chance de ser publicado. Não sei se as porcentagens ao autor são maiores ou menores, mas é inegável que a Amazon abriu o mercado. Escancarou, na verdade, feito o aríete em Minas Tirith.

Além disso, tem a questão ambiental. Sim, o meu Kindle tem metais pesados e plástico nele, mas ele dura anos e é um. Cada livro físico gasta quantidades astronômicas de água e nem sempre a celulose vem de fontes responsáveis.

Por fim, tem o preço. Acho muito injusto argumentos do tipo "vamos todos preferir esse produto/serviço mais caro porque ele é mais ético". Primeiro porque parte do pressuposto de que todos têm dinheiro para fazer a escolha, e segundo porque põe a culpa da empresa anti-ética totalmente nas costas do consumidor. Mesmo que a Amazon seja o bicho-papão, o capeta em si, aquela-que-não-deve-ser-nomeada, ela possibilitou que uma parcela da população tivesse acesso a esses produtos pela primeira vez. A expressão "preço impeditivo" diz tudo. É muito fácil reclamar de um preço baixo demais quando se tem condições de pagar pelo mais alto sem deixar de consumir e sem ter que torrar as próprias economias.
 
Olha a minha situação. No finzinho do ano eu fiz um listinha de cinco livros que eu queria comprar, todos de literatura brasileira contemporânea, que haviam concorrido a prêmios recentes ou até sido premiados. Olhei os preços dos cinco na Amazon e calculei o total, com os descontos e tudo.

Depois eu fui somar quanto daria comprando numa loja/sebo que tem aqui no bairro próximo. Essa loja tem um sistema de fidelidade mais ou menos assim: na compra de um livro novo, 25% do seu valor fica de bônus para a próxima compra, até o limite de metade do preço desta. Daí eu calculei a compra de um livro por vez, pra sempre ir ganhando o bônus na compra subsequente, etc.

Daria uma pequena diferença de uns 10 ou 15 reais a mais, nessa loja/sebo. Daí eu pensei: "Fuck Bezos, vou na Livraria Traça e favorecer o comércio local. É uma diferença perfeitamente pagável por uma causa, e ainda tenho desculpa pra ir ao sebo várias vezes dentro das próximas semanas...". O problema é que cheguei lá e fuééém... Dos cinco livros que eu programei só tinha um. Por não ser o foco da Traça, não tem muita reposição de livros novos pra dar conta...

Moral da história: ainda não comprei os livros; e, como eu fiz meta pra 2021 de só comprar um livro a cada dois vendidos/doados, vou deixar isso aí pra mais tarde. :dente:
 
O modelo predatório da Amazon é tão saudável para o mercado :grinlove:

 
Sim, sou hipócrita e continuo comprando lá.

Esses dias eles deram dois livros de graça (!!!) para os clientes — que não precisavam sequer comprar nada, só escolher os livros que a empresa entregava em casa. Sem contar essas promoções absurdas que fazem de tempos em tempos, em que o preço dos livros despenca. Simplesmente não vejo como competir com isso em longo prazo.

Logo se formará um monopsônio, e aí meus amigos, as editoras vão sofrer.
 
Tudo leva a crer que é uma luta inglória contra o gigante, mas nunca se sabe o dia de amanhã. Gigantes as vezes tropeçam.
 

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