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Como fui parar na Terra-média

Olá pessoas!
Fiquei muito tempo pensando no que escrever no meu primeiro texto da minha coluna. Perguntei para alguns o que gostariam de ver, tive idéias minhas, fiz perguntas e até planejei entrevistas. Pensei em fazer algo mais complexo, como “por que eu amo o Boromir” e coisas assim, mas acho que eu não estou (ainda) preparada para isso. Então, decidi escrever sobre uma coisa bem simples: o que mudou na minha vida depois que eu li O Senhor dos Anéis.
Para começar, como é que o livro chegou às minhas mãos? Era 1999 e eu fazia terceiro ano. Eu costumava sentar lá no fundão, para ouvir os meninos fazerem bagunça e ficar lendo algum livro durante as aulas das quais eu não precisava para o meu vestibular. É claro que eu me aproveitava da companhia masculina para (não, não é isso que vocês estão pensando!) fazer bagunça também. Mas essa é outra história. Bem, voltando, eu sentava no fundão com os meninos e um dia um amigo falou “não-sei-o-que o Gandalf fazia, né Claudia?” e eu fiquei com uma cara de “é, fazia... hãn?”
A surpresa do meu colega foi muito interessante. “Pô, Claudia, você lê um monte, curte metal e nunca ouviu falar no Gandalf? E no Frodo, você já ouviu falar?” Tive que confessar que não... Acabou a aula com uma promessa: “amanhã trago prá você um CD do Blind Guardian, eles fizeram umas músicas baseadas nesse livro, que eu vou te trazer amanhã também... você conhece Blind Guardian, né?” Fiz que sim com a cabeça. Não era tão mentira assim, eu adorava já naquela época o Battalions of Fear . Mas eu não sabia o que me esperava.
Dia seguinte, me surge o meu colega com um livro enorme na mão. “Olha, tem mais dois iguais a esse.” Eu fiquei meio assustada, o maior livro que eu já tinha visto era O Tempo e o Vento, que eu nunca terminei de ler. Ah, A Montanha Mágica também já tinha caído na minha mão, mas nunca tive coragem de ler.
Não que eu tenha medo de livros longos, pelo contrário. Mas vale lembrar que eu estava para fazer vestibular. Eu deveria, supostamente, estar estudando. Bom, como eu não estudava bulhufas mesmo, peguei o tal Senhor dos Anéis e comecei a ler nas aulas de Química, Física, Matemática, enfim... acho que todas, não vou mentir aqui. E foi indo que em poucos dias eu terminei A Sociedade do Anel e o meu amigo me emprestou o As Duas Torres. Comi o livro e o devolvi. “Ah, o Retorno do Rei eu emprestei para um amigo, ele não me devolveu, vou tentar pegar de volta e te empresto”... O ano acabou, passou o vestibular, passei no vestibular e nada do Retorno do Rei.
Até que por acaso um outro amigo me emprestou o livro e terminei a trilogia. Demorei um tanto para ler O Hobbit depois, mas acho que até aqui já deu para perceber como foi o meu contato com J.R.R. Tolkien.
Agora eu me sentia o máximo. Eu sabia o que os meus colegas de mesa de RPG queriam dizer quando falavam de hobbits e de ents, de elfos de orelhas pontudas ou não, essas coisas. E havia ainda a Internet! Conheci um site, entrei numa lista de discussão, conheci o Deriel, a Calaquendi, comecei a tentar ajudá-lo um pouquinho... Conheci um pessoal do Paraná que também gostava de Tolkien, comecei a me envolver mais com o pessoal, com as listas de discussão, com tudo.
Escolhi meu apelido, Lórien, porque lá as pessoas descansam, se curam e toda aquela história. Achei linda a idéia. Só depois eu fui descobrir que Lórien é um Vala masculino (já pensaram que eu era menino no #terramedia uma vez ) mas é o meu nick. Lórien, Tia Lórien, Dona Floresta...
Colei na porta do meu antigo quarto um cartaz todo colorido “Bem Vindo a Lothlorien”, quando eu queria xingar alguém soltava um “orc maldito”, “servo de Morgoth”, “besta alada”, bem, há várias maneiras de se xingar alguém baseando-se nos personagens maus da obra... E também comecei, como todo bom fã, a matar aranha gritando “morra serva maldita de Ungoliant!”
Um dia, eu fui ao cinema assistir O Planeta dos Macacos. Chegando lá não é que tem um pôster do filme do SdA? Eu, que não sou fiasqueira, sou uma pessoa discreta e bem educada, não fiquei pedindo para o cara do cinema aquele cartaz, a ponto de prometer trabalhar no lugar dele por um mês, a ponto até de se ajoelhar na frente do cartaz... Não... imagina... A Lórien, fazendo isso? Não...
Aí eu conheci o Dirhil. Nessa época ele ainda não era o Dirhil, era só o Diego que olhou “putz, taí, essa mulher é doida!” e veio conversar comigo. Acho que eu já tinha tatuado o monograma do Tolkien e o Smaug, não consigo me lembrar.
Começaram então os Encontros Pontagrossenses, onde sempre rola um Tiro ao Orc e uma fiasqueira, como dançar Xuxa Só Para Baixinhos na casa do Dirhil. Ou então tirar fotos com barquinho de papel, bonequinhos do Hero Quest na pia da cozinha da casa do Bombadil dizendo que era a Partida dos Portadores dos Anéis...
Minha vida ficou muito melhor, muito mais interessante depois de Tolkien. Quando eu ganhei meu quarto novo, adivinhem o que eu colei na porta? “Pedo mellon a minno”. E o pior: eu SEMPRE falo “mellon” antes de entrar no meu quarto, nem que seja mentalmente (vai que estou acompanhada por alguém que vai pensar que eu sou um pouco mais doida do que ela já sabe... ). Também saio pela rua e, se encontro alguém lendo o SdA, páro para conversar (foi assim que fiz um bom amigo, por sinal) ou então cutuco logo quem está com uma camiseta com alguma coisa de Tolkien desenhado.
Fui ficando mais solta, antes eu era bem fechada. Quase não tinha amigos. Ter lido Tolkien me ajudou muito em aprender como lidar com as pessoas. Em primeiro lugar, foi pela Internet (onde tudo é muito mais fácil) e depois na vida real, com amigos que me telefonam, que se encontram, que falam besteira juntos, que chamam a minha mãe de Mãe Élfica...
Minha vida mudou bastante por causa das quatro letrinhas JRRT. Espero que continue mudando, e sempre para melhor, como tem sido até hoje.
A maioria das pessoas mais importantes da minha vida são aquelas que conheci através de Tolkien. Na Calaquendi, na Valinor, no #terramedia... Todas elas sempre se mostraram muito inteligentes e interessantes, cada um no seu modo de ser. Todos diferentes, mas com a mesma paixão, que nos une com laços bem fortes.
Espero que essa mudança que aconteceu na minha vida tenha acontecido na vida de outras pessoas também. Não, Tolkien não escreveu livros de auto-ajuda rs... Mas nos transporta para um mundo que nos deixa muito, muito juntos e sempre aliados.

Um abraço e até a próxima!
Lórien
 

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