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Como fazer sucesso e influenciar o destino

Anica

Usuário
Ótimo artigo do Marcio Renato Guimarães lá na Gazeta do Povo:

Toda vez que perguntam qual a atividade que só proporciona benefícios, a psicóloga Norma Lucia de Queiroz, sem hesitar, responde: a leitura. A doutora Norma costuma dizer que até no leito de um hospital um leitor tem mais vantagens do que um não-leitor. Afinal, enquanto espera pela visita do médico ou da enfermeira, o sujeito com um livro nas mãos mergulha em outros mundos e, devido ao prazer que é transitar por enredos, a tendência é que a doença venha a ser superada com mais facilidade (do que se o paciente não estivesse lendo).

Que a leitura traz benefícios, ninguém duvida, nem mesmo aqueles que eventualmente venham a discordar de Norma, professora da Universidade de Brasília (UnB). A pesquisa Re­­tratos da Leitura no Brasil, divulgada há dois anos pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), detectou que, em meio a um universo de 172,2 milhões de brasileiros consultados (quase 92% da população naquele contexto), 35% diziam conhecer alguém que venceu na vida por meio da leitura – um novo levantamento será divulgado no segundo semestre.

Essa atividade solitária, que inclui o fechar a porta, e abrir espaço para o silêncio, tem cada vez mais prestígio – apesar de que, levando em consideração a mesma sondagem, cada brasileiro lê apenas 1,8 livro por ano.

O poeta Affonso Romano de Sant’Anna, antes de tudo um leitor, faz um desafio por meio de uma pergunta: cite um país desenvolvido que não tenha investido em cultura? Sant’Anna é mineiro, mora no Rio de Janeiro, mas viaja pelo país e conta que viu com os próprios olhos, no Ceará, o rendimento escolar se modificar para melhor depois da implementação de eficientes programas de leitura.

Leitura, enfatiza o poeta, no sentido mais amplo, como sugeria Paulo Freire (1921–1997). “Leitura que significa aprender a ler o mundo. Aprender, por exemplo, a ler o seu corpo e a ter menos doenças. Aprender os códigos da sociedade”, argumenta.

O discurso do poeta mineiro encontra ressonância nas falas que Alcir Pécora costuma enunciar em salas de aula na Univer­­sidade Estadual de Cam­­pinas (Unicamp). Ler, acredita Pécora, é um verbo que se conjuga aliado com educação eficiente e operante. “Quando o ensino é deficitário, o livro se torna índice de uma mitologia do ensino, não de ensino real. Nesse quadro, o livro ocupa esse lugar milagroso, mágico, de redentor de uma situação educacionalmente desestruturada”, comenta.

O livro, que deveria ser item da cesta básica, tem espaço pouco relevante na vida do brasileiro. Se houvesse tantas livrarias como há farmácias, o Brasil seria não apenas o país do presente (e não o do futuro), mas um “corpo” saudável. Eliane da Silva Moro acredita nisso.

Ela é professora do curso de Biblioteconomia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e entende que a leitura é muito mais do que mero trampolim para uma óbvia ascensão social. Quando um sujeito se torna um leitor, diz Eliane, esse sujeito passa a compreender o que é, onde está, e tende a deixar de ser passivo.

Ler é sim uma ação

Sant’Anna, que também já es­­teve à frente da Fundação Bi­­blio­­teca Nacional, associa leitura à ação e, mais que isso, tem uma tese a respeito do efeito das obras literárias. Os bons livros, os de indiscutível qualidade – os clássicos, por exemplo – são aqueles de alta e não de baixa ajuda. “Au­­toajuda é igual aspirina, não ataca as raízes da dor. Neste sentido, toda boa literatura é de ‘alta’ ajuda”, afirma.

O escritor e jornalista Felipe Pena é outro que faz apologia à leitura, ato que ajuda na formação, na informação, na capacitação, na humanização. “Se como diria Guimarães Rosa, ‘narrar é que é viver mesmo’, então ler é reviver, viver duas vezes, estar duas vezes mais preparado para a vida”, conclui Pena.

Diagnóstico

Aposta na sedução

O carioca Felipe Pena não acredita que o Brasil é um país de não-leitores. O professor da Universidade Federal Fluminense, com pós-doutorado na Sorbonne, não condena o preço do livro (“item” tido como barreira à leitura), mas sim muitos escritores, inclusive os brasileiros, que não escrevem para o público, mas para outros escritores. “Chatos, bestas e herméticos”. Assim Pena define aqueles que produzem textos falsamente profundos.

Fonte: Gazeta do Povo
 
Não sei se os brasileiros valorizam tanto assim a leitura, o estudo e a cultura como meios de sucesso e de "crescer na vida". Basta pensar no exemplo de vários jogadores de futebol, que são analfabetos e são os grandes astros nacionais. Ou até o presidente. Fato é que ninguém sonha em ser professor universitário...

Sobre a culpa por tão pouca leitura ser dos autores atuais, sendo chatos e elitistas, talvez a culpa maior seja da escola que obriga as pessoas a lerem livros para os quais os estudantes não estão prontos, não têem vontade. Muitas vezes esse é o único contato que os alunos vão ter com a leitura e ele é feito de uma forma forçada. Além disso, os livros lidos têm títulos tão pouco chamativos quanto "Senhora", "A moreninha", "Dom Casmurro" e as provas, ao invés de exigirem raciocínio, argumentação, exigem que o aluno decore o enredo do livro (o que ele vai fazer recorrendo a resumos na internet).

Se houvesse tantas livrarias como há farmácias, o Brasil seria não apenas o país do presente (e não o do futuro), mas um “corpo” saudável.

E se houvesse tantas livrarias como há barzinhos? XD O Brasil já tinha uns 200 prêmios Nobel.
 
[align=justify]Gostei do artigo. Vale até pensar sobre o que se entende (não somente nesse artigo) por "vencer na vida". Significa sucesso profissional, êxito financeiro, prestígio intelectual, felicidade? Isso é uma coisa que não podemos perder de vista, já que a leitura abarca muito mais do que sucesso profissional ou financeiro (não estou dizendo que o artigo está dando a entender isso, OK?), ela ajuda a formar pessoas mais conscientes de seu papel no mundo, na vida das outras pessoas, em seus próprios destinos etc., a leitura traz tantos benefícios que se torna impossível arrolá-los sem deixar nada de fora.[/align]
 
Anica disse:
Diagnóstico

Aposta na sedução

O carioca Felipe Pena não acredita que o Brasil é um país de não-leitores. O professor da Universidade Federal Fluminense, com pós-doutorado na Sorbonne, não condena o preço do livro (“item” tido como barreira à leitura), mas sim muitos escritores, inclusive os brasileiros, que não escrevem para o público, mas para outros escritores. “Chatos, bestas e herméticos”. Assim Pena define aqueles que produzem textos falsamente profundos.

Fonte: Gazeta do Povo

[align=justify]Fiquei pensando sobre esse trecho em especial. O que é que o Felipe Pena quis dizer? Que o Brasil não tem autores que façam a ponte entre leituras básicas e os cânones e livros clássicos? [/align]
 
Lucas_Deschain disse:
Fiquei pensando sobre esse trecho em especial. O que é que o Felipe Pena quis dizer? Que o Brasil não tem autores que façam a ponte entre leituras básicas e os cânones e livros clássicos?

acho q foi + uma alfinetada nos ganhadores atuais de prêmios tupiniquins. meio rancorosa, claro, pq ñ dá pra generalizar.
 
Sobre a culpa por tão pouca leitura ser dos autores atuais, sendo chatos e elitistas, talvez a culpa maior seja da escola que obriga as pessoas a lerem livros para os quais os estudantes não estão prontos, não têem vontade. Muitas vezes esse é o único contato que os alunos vão ter com a leitura e ele é feito de uma forma forçada. Além disso, os livros lidos têm títulos tão pouco chamativos quanto "Senhora", "A moreninha", "Dom Casmurro" e as provas, ao invés de exigirem raciocínio, argumentação, exigem que o aluno decore o enredo do livro (o que ele vai fazer recorrendo a resumos na internet).

Eu acho que a linha de raciocíonio do Pena é mais ou menos assim: Sim, a escola obriga a ler os livros que os estudantes não estão prontos. Mas aí sugeriria o quê? É esse o cutucão que o Felipe Pena dá, na minha opinião. Não há coisa boa para jovens e/ou novos leitores. A porta de entrada tupiniquim é necessariamente Machadão e cia., porque dos autores nacionais uma grande maioria fica naquela punheta básica de querer ser o novo Guimarães Rosa sem ter o talento que o sujeito tinha.

Mas eu discordo com o que ele disse, porque eu não acho que a leitura nacional seja composta por esses tipos. Tem coisa que une a qualidade com a diversão por aí, mas também depende (retornando ao primeiro ponto) de um pouco de garimpada do professor. Luis Fernando Verissimo é ótimo e vai bem com qualquer idade. O Carlos Eduardo Novaes tem um volume de crônicas na série Para Gostar de Ler que é simplesmente impagável. E por aí vai.

Concluindo meu pensamento: o problema não é não ter livro para a porta de entrada no hábito de leitura. É professor que:

a) tem preguiça de preparar uma aula decente e pega o material pronto e buenas
b) acha que só porque ele ama de paixão um autor x, os alunos dele já terão maturidade literária para entender pq aquele livro vale a pena ser lido.

Aí tem um professor entre milhares que está nadando contra a maré e tentando fazer algo legal, e que bom para os alunos desse sujeito, que não vão ter horror à literatura. Mas nós sabemos que a grande maioria das pessoas que gostam de literatura se apaixona fora da sala de aula, no final das contas.
 
Anica disse:
Mas eu discordo com o que ele disse, porque eu não acho que a leitura nacional seja composta por esses tipos. Tem coisa que une a qualidade com a diversão por aí, mas também depende (retornando ao primeiro ponto) de um pouco de garimpada do professor. Luis Fernando Verissimo é ótimo e vai bem com qualquer idade. O Carlos Eduardo Novaes tem um volume de crônicas na série Para Gostar de Ler que é simplesmente impagável. E por aí vai.

[align=justify]Podes crer que sim. O Carlos Eduardo Novaes é o autor dos contos O Estripador de Laranjeiras, A Cadeira do Dentista e Dois amigos e um chato, né? Muito bom![/align]
 
Anica disse:
Mas eu discordo com o que ele disse, porque eu não acho que a leitura nacional seja composta por esses tipos. Tem coisa que une a qualidade com a diversão por aí, mas também depende (retornando ao primeiro ponto) de um pouco de garimpada do professor. Luis Fernando Verissimo é ótimo e vai bem com qualquer idade. O Carlos Eduardo Novaes tem um volume de crônicas na série Para Gostar de Ler que é simplesmente impagável. E por aí vai.
Eu acho que faltam sim coisas como um Crespúsculo, como as autoras de chick lit, um Harry Potter, ou um Bernard Cornwell no Brasil, literatura pop, literatura de entretenimento, de ficção ou fantasia. Será que garimpando se acham muitos? (eu não conheço muitos, mas muito provavelmente é por ignorância minha).

Assim, agora, consigo pensar em uma Thalita Rebouças e num Orlando Paes Filho... Acho que é capaz de antigamente, década de 80, ter mais.

Mas daí entram várias questões:
  • Não existem mesmo autores de entretenimento brasileiros?
  • As editoras não os publicam porque não existem ou porque não têm qualidade?
  • Existe público consumidor para esse tipo de produto, sendo ele nacional?
  • Existe preconceito contra literatura de entretenimento brasileira? Por parte do público e-ou da crítica?
 
Sobre as perguntas eu vou dar pitaco, até pq eu não sou dona de editora nem nada hehe

# Não existem mesmo autores de entretenimento brasileiros?

Existem, claro que existem. Você citou o Orlando Paes Filho, tem o chatinho lá dos vampiros (eu não curto =F ), enfim, existir, existe. Mas...

# As editoras não os publicam porque não existem ou porque não têm qualidade?

... mas eu acho que é mais fácil para as editoras pegarem algo que já está fazendo sucesso lá fora do que investir em novos/duvidosos talentos tupiniquins. Entre uma autora que escreve sobre vampiros brasileiros em são paulo e a publicação da Stephenie Meyer, quem uma editora escolheria? Até porque...

# Existe público consumidor para esse tipo de produto, sendo ele nacional?

... o jovem compraria um livro de vampiro brasileiro, quando twilight é o assunto do momento e parece "tãããão cool"? Nem tanto pela "legalzice" da coisa, mas vamos pensar que tem todo o preconceito sobre literatura nacional (e o tópico discutindo isso aqui no Meia mostra que não é só com "novos" leitores, mas com gente que já tem o hábito de leitura). O que nos leva...

# Existe preconceito contra literatura de entretenimento brasileira? Por parte do público e-ou da crítica?

Eu acredito que sim. :sim:
 
Legal o artigo *-*

"Que a leitura traz benefícios, ninguém duvida"
É uma pena que há gente que duvide sim =/
 
o que falta de escritores no brasil sobra de quadrinistas. pena que não são graphics novels. minha mãe me disse uma vez que já leu uma novela em quadrinhos, ao estilo novela das oito. pelo visto os brasileiros preferem ver novelas na tv mesmo.

eu não acredito muito no futuro do livro impresso. eu queria mesmo acreditar era no futuro da mídia digital. mas quando vejo que a inclusão digital não favorece material novo, mas só spam e ctrl c ctrl v...

precisamos de mais escritores. meu irmão é um biruta e escreveu um livro: espíritos indomáveis: revelações de um jovem sonhador. um livro sobre licantropos, um homem-onça, bem nacional. eu, pessoalmente, não gostei, mas eu vi a dificuldade que ele está tendo pra publicá-lo. e a maior dificuldade é em convencer meus pais a bancá-lo

livro na íntegra
http://recantodasletras.uol.com.br/e-livros/2136687

também tenho um tio que escreveu um livro, de fantasia a la senhor dos anéis. está passando por dificuldades. muita frustração

minha esperança ainda é a mídia digital. quem sabe as pessoas passem a valorizar os anônimos internautas tupiniquins. mais do que ler, as pessoas precisam escrever

e, antes de mais nada, como aspirante a engenheiro e do contra profissional, sujiro que as pessoas aprendam a fazer contas. as básicas mesmo. porque os números vencem as palavras vazias. e sem os números, as palavras vazias vencem.
 
lembrou a velha historinha do cara q queria ser escritor e encontrou 1 amigo na rua:

- eae, blz?

- blz.

- e o livro, como tá?

- uai, tô vendendo...

- é mesmo, já vendeu mto?

- bem, já vendi o carro, já vendi a moto, já vendi a casa...
 
Artigo interessante.
Minha experiência como professora me leva a pensar que a realidade nas escolas é bem como cita a Anica, já vi uma colega indicando Budapeste, do Chico ai fui perguntar para ela se tinha gostado porque estava pensando em ler, e ela me disse que não tinha lido, mas que ela adorava as músicas dele então queria que os alunos lessem, são absurdos como esse que formam esse quadro desolador.

Anica disse:
Concluindo meu pensamento: o problema não é não ter livro para a porta de entrada no hábito de leitura. É professor que:

a) tem preguiça de preparar uma aula decente e pega o material pronto e buenas
b) acha que só porque ele ama de paixão um autor x, os alunos dele já terão maturidade literária para entender pq aquele livro vale a pena ser lido.

Aí tem um professor entre milhares que está nadando contra a maré e tentando fazer algo legal, e que bom para os alunos desse sujeito, que não vão ter horror à literatura. Mas nós sabemos que a grande maioria das pessoas que gostam de literatura se apaixona fora da sala de aula, no final das contas.
 

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