Bom, a minha posição sobre isso quase todo mundo aqui conhece. A homossexualidade, do ponto de vista moral, é inaceitável. Do ponto de vista metafísico (que não se separa da moral, antes nela se manifesta) é mais complexo do que uma ideia de 'natureza' abstrata e igualitária, indiferenciada. É igualmente inaceitável e pode até mesmo ser aberrante.
A homossexualidade é legitimamente atestada nas culturas tradicionais em dois contextos: magia negra e orgia. No caso da orgia, como se sabe, ela tem um uso ritual com o intuito de regenerar as forças 'gastas' da vida, da vegetação, do cosmo. Busca reintegrar os opostos, bem e mal, luz e sombra, em um rito sexual, abolindo todas as diferenças de casta, raça, sexo, com o fim de reconduzir o mundo velho ao caos primordial onde ele reemergirá novo, renascido, vivificado. A orgia busca abolir todas as contradições e normas em um caos para deste caos surgir um novo cosmos. É uma nova criação, uma regressão ao informe. É por isso que ocorre a homossexualidade nas orgias: pelo mesmo motivo que ocorre pedofilia, incesto, ocasionalmente zoofilia. É por ser algo interdito, errado, metafisicamente caótico, pertencente ao reino dos instintos animais, à pura materialidade, ao desejo carnal mais grosseiro, às potências psíquicas mais inferiores, baixas. Não fosse assim a homossexualidade sairia das orgias e integraria o casamento de forma sacramental, e NUNCA o faz.
No caso de magia negra, ou inversão de símbolos e ritos (como as missas negras medievais), o objetivo é a ativação de forças obscuras do mundo intermédio através de ritos sexuais. O uso específico de atos homossexuais para esse fim visa despertar as forças mais brutas, 'titãnicas', mais primárias. Porque é um tipo de ato que pertence à esfera mais baixa da manifestação, é o amor que ou é puramente físico ou daemônico mesmo, relacionado aos poderes espirituais mais tenebrosos, conforme o nível do desejo.
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Agora fica a pergunta: por que é assim?
Para entender isso é preciso compreender a metafísica dos sexos. Ela é a base principial por trás de todo rito e magia sexual, e é igualmente o princípio metafísico por excelência da vida manifestada.
O homem: o princípio solar, celeste, representa a rigidez, a transcendência, o princípio absoluto, eterno e imutável. É o Deus do Céu, simbolizado pelas divindades do Olimpo, os Asar nórdicos, os devas, o caminho luminoso do raio, a virtude fecundante. A metafísica pura, a magia superior, o mundo angélico, das Ideias puras. Impessoalidade. Ordem.
A mulher; o princípio lunar, telúrico, representa a fluidez, a imanência, o princípio relativo, mortal e mutável. É a Deusa Mãe-Terra, simbolizada pelas divindades telúricas, da vegetação e fertilidade no seu aspecto mais primevo de Mãe e das divindades ctnonianas-funerárias no seu aspecto de Amante. Transcendência pela exaltação das paixões, do eros. Caminho da vida, das mudanças cósmicas, do nascimento e da morte, o campo a ser fecundado. A magia, magia telúrica e magia tenebrosa, poder demoníaco em seu aspecto mais baixo. Pessoalidade. Caos. Vida.
É da relação desses dois princípios metafísicos, homem e mulher, e de suas atrações e repulsões mútuas, uma verdadeira guerra dos sexos cósmica, que abaixo do Imanifestado, direciona, dirige, expande toda a vida manifestada. É um hierogamos (cópula sagrada) eterna, incessante, constante que tem seus momento descendente (de cima para baixo) por todos os ciclos cósmicos até a dissolução quando o princípio transcendente (Shiva) parece dormir enquanto o antes adormecido princípio feminino escuro (Kali) se desdobra inteiramente, desperta e dá início ao reinado de terror e materialidade, de dissolução, a Kali Yuga (Slicer, bjs).
Claro que essa relação é cósmica, não é moral, então não cabe aqui inferir algo de 'bom' na atividade masculina cósmica nem algo de 'maligno' na fêmea divina. Toda a manifestação é totalmente amoral, a moral é simplesmente um meio para atingir um fim, a saber, controlar as forças manifestadas e transcender os condicionamentos.
O sexo não existe para reprodução como finalidade, ele existe primeiramente para a transcendência. A reprodução é apena uma consequência. Mas o essencial é que o que identifica a sexualidade enquanto transcendência, e princípio da manifestação (união de princípios, na verdade), é o hierogamos, cópula sagrada entre o Deus e a Deusa, JAMAIS entre o Deus e o Deus ou entre a Deusa e a Deusa. O homossexualismo é uma fratura do dualismo metafísico. É uma negação da transcendência e a sobreposição da imanência sobre a primeira, a vitória de Shakti sobre Shiva, fechando o acesso ao Brahman. É apenas nesse sentido que é 'anti-natural', é assim apenas para a raça humana pelo simples fato dessa ser um microcosmo, carregar em si a imagem do Absoluto, e manifestar em si o drama cósmico-sexual, o ato homossexual só pode se colocar nele como 'natural', mas antinatural no homem, natural apenas enquanto pertencente, naturalmente, às esferas mais baixas da manifestação, podendo degenerar em aspectos daemônicos, inférnicos. Torna-se mesmo uma espiritualidade sexual ao contrário, inversa, como o simbolismo do mundo regido pela deusa Kali e onde os raios de Luz não penetram.
É por isso que é inútil colocar a questão do ponto de vista puramente biológico-naturalista. A sexualidade do homem é essencialmente diversa da de todos os outros animais, comparável à das potências psíquicas, outros espíritos. A questão é colocada do ponto da pura metafísica.
Então o homossexualismo é imoral do ponto de vista moral por fechar o homem à transcendência pela ascese, pelo governo das potências espirituais irracionais sobre sua alma, 'obscurecendo o nous', usando a expressão dos Santos Padres. Ele é metafisicamente destrutivo pela inversão de princípios cósmicos (daí a previsão hindu de que é na Kali Yuga que tais comportamentos serão não só tolerados, como aceitos e até popularizados). E é magicamente inférnico pelo uso que dele se pode fazer na esfera da manipulação de energias subterrâneas.
A questão do 'natural' e 'não-natural' só faria sentido se a tal Natureza fosse uma coisa homogênea, igualitária para todos os seres, em todos os níveis e escalas de manifestação, do superior ao inferior, ou seja, se todo o cosmo fosse a massa indiferenciada que se crê modernamente que é.