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Coluna Ives Gandra - A Esquizofrenia da Modernidade

Ives Gandra

Colunista Valinor
Há um personagem na saga de ''O Senhor dos Anéis'' de J.R.R.Tolkien (publicada em 3 volumes durante os anos de 1954 e 1955) que simboliza cabalmente o dilema da alma humana quando confrontada entre o querer e o dever, considerado o primeiro como aquilo que é apetecido pela vontade e o segundo como aquilo que é visto como apropriado pela inteligência. Esse personagem se chama Sméagol ou, como passa a ser conhecido após se apoderar do Um Anel (ou Anel do Poder) e com ele destroçar sua vida, Gollum.

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Nossa, fazia tempo que eu não lia um texto filosófico que me atraisse assim.
Ficou ótimo, parabéns!
Li que vai sair outro, estou no aguarde.
 
Realmente este texto está muito interessante!! Deu pra sacar um pouco da mente perturbada de Sméagol, como sua vontade influi na visão que ele tem da realidade. Também estou aguardando o próximo!!

P.S. Agradeço a Parthadan, Fëanor, Veänis, Aistano, Neoghoster Akira, Sindar Princess, Aellue, Fringway, JPHanke, Arabael, Falcão Branco, Mrs Gilmour, Ashir, Augustomorgan, Alcarcáno, Gra, Servo de Eru, Vilya, Elenedhel Voronwien, Skywalker, Rodrigo, Lyvio, Lord Treville, Erion Storm Eyes, Ben Kenobi, Pandatur, Gallahad, Herr Löffel, Marcus Lopes de Jesus, Ettelen, Grahan, Hiswen, Tonso e nosso Administrador Dilbert, os comentários que tem feito aos artigos, que fazem este articulista refletir nas diferentes visões de mundo e tentar, de alguma forma, responder às indagações nos artigos que se seguem. Gostaria de responder a todos pessoal e diretamente, mas a sobrecarga de trabalho mal tem permitido cumprir o compromisso de um artigo mensal. Fica, no entanto, o reconhecimento de como colaboram para uma melhor compreensão não apenas da obra de Tolkien, mas da própria alma humana, com suas grandezas e misérias. A todos, os meus mais sinceros cumprimentos.

Acho que somos nós que devemos agradecer por nos presentear com artigos tão bacanas, que nos propiciam uma reflexão tão profunda e interessante, como os textos que escreve! =]
 
Sinto-me lisonjeada por ser citada como uma das pessoas que te auxiliam a refletir sobre diferentes visões de mundo, Ives. Obrigada mesmo!
Mas acho que somos nós que devemos lhe agradecer por trazer artigos tão profundos e interessantes!
E esse artigo sobre a esquizofrenia da modernidade foi um supra sumo! Perfeito! Parabéns, mais uma vez!
E que venham mais!
 
Primeiramente quero dizer que fico lisonjeada por ser agradecida. No entanto, ao fazer parte de um fórum como esse, ler é o mínimo que se pode fazer. E eu prefiro ler artigos antes dos post, não que os discrimine, não, nunca. É só uma preferência mesmo.
Quanto ao tempo que nos toma a vida real, acho que a maioria dos "valinorianos" (:blah: é isso mesmo?!) concordam: às vezes nos toma o tempo de lazer. eu adoraria ficar de papo pro ar, só fazendo o que gosto, mas como tenho um pouco de "Gollum" em mim:

O dilema que se coloca ao homem moderno na sua busca por conhecer e transformar o mundo em que vive não é diferente daquele estampado na esfinge egípcia: decifra-me ou devoro-te. Ou seja, uma concepção equivocada do mundo e do homem tem como funesta consequência o fracasso na vida pessoal e social: uma sociedade turbulenta, composta por homens angustiados.

:mrgreen:

Para compreender essa situação é preciso fazer outra distinção, entre bem metafísico e bem moral. Do ponto de vista metafísico, tudo o que existe, pelo simples fato de existir, é bom, ou seja, apetecível pelo homem, capaz de atraí-lo. Já sob o ponto de vista moral, há bens que aperfeiçoam e bens que corrompem o homem. Cabe ao homem buscar o que o completa e rejeitar o que o avilta. E esses bens morais são objetivos, ou seja, fundados na natureza humana, comum a todos os homens de todos os tempos, captáveis pela razão através da observação empírica, que mostra como ao homem convém viver as virtudes da prudência, justiça, fortaleza e temperança, tradicionalmente denominadas como cardeais e que são capazes de o conduzir à tão almejada felicidade (a ética das virtudes, contraposta à ética dos deveres, será o tema de nosso próximo artigo).

Se mais pessoas aperfeiçoassem o "bem moral" e pregassem menos o individualismo, talvez o mundo não estivesse tão maluco como está! Se bem que faz tempo que ele está assim. (Lá pro Oriente Médio era só o Saladino reencarnar, pra dar jeito numa grande parte!)
Brincadeiras à parte. Mas claro que jamais resolveríamos o problema universal com tal facilidade, acontece que se cada um seagiisse melhor com o metafísico e o moral, a vida cotidiana seria muito mais fácil, muito mais calma para a própria pessoa. Talvez não existisse a "tolerância zero". Talvez houvesse mais paciência entre todos...

Já o Mundo Moderno padece da falta de referenciais: perdeu a bússola. Todas as depravações comportamentais encontram algum defensor de plantão, que explica como, psicologicamente, o natural é agir assim ou assado. Nesse sentido, constitui um retrato de nossa época o conflito bem descrito por J. B. Torelló em seu “Psicanálise ou Confissão?” (Aster – 1967 – Coimbra): no caso de um católico, em vez de reconhecer singelamente as próprias faltas diante de um sacerdote e receber, pelo sacramento da penitência, a absolvição de seus pecados, procura um psiquiatra que, se seguir na linha freudiana, lhe dirá que “assuma” suas condutas desvirtuadas, e, para tanto, cobrando altos honorários, o que não ocorre com a confissão, que nada custa.

Na Idade Média era muito forte a presença de Deus - apesar do clero da época ser a chave para o "mal" -, muitos tinham senso moral.
E hoje, com a milhares de doenças que justificam os atos (como por exemplo, a "Síndrome de BurnOut - uma mistura de depressão com exaustão que habita o ser de pessoas ligadas à área da educação), somos jogados das selas de nossos cavalos por causa que "outros", doentes, não conseguem executar o MESMO trabalho. Ora, não seria apenas uma queestão de mudar de ofício? Porque se não se gosta do que se faz, a vida pode se tornar um martírio, excluindo todas as outras possibilidades que advém com essa! :roll:

Ah, a retórica... ela quase sempre foi a ruína da humanidade! :cerva:
- Vai, totó, pega esses caras! (lê-se totó como um povo ou um reino).
 
Nossa. O texto está fantástico. Terei de ler mais uma vez para absorver tudo que o texto compreende.

Gostei muito, parabéns.
 
Texto excelente! :clap:

No campo da política e do direito é possível observar especialmente a falsidade de muitos discursos, onde a retórica é utilizada como meio de apresentar como justo e de interesse público aquilo que é meramente defesa do interesse próprio ou de um grupo. Quantas mordomias, explorações, injustiças e discriminações não se mantém à base de um discurso retórico, de cunho legalista ou judicial que procura sustentar o insustentável...

Um perfil que se encaixa é a do Denethor, tendo em vista que este, em nome de Gondor, visava usurpar a coroa e ter o controle de outros povos, claro que com menos ambição e discaramento que seu maior rival Sauron.

PS.: Faço minhas as palavras de Sindar Princess.
 
Última edição:
Olá! Adorei o texto. Parabéns.

Já tive a oportunidade (desprazer) de conversar com um relativista moral. Se parar pra prestar atenção, percebe-se uma porção de sofismas sem argumentos consistentes em seus discursos, visto que para justificar seus princípios, decidem qual variável devem ou não desprezar.

É como uma banheira cuja agua se esquenta aos poucos.
 
Não entro na Valinor há tempos. Porém, ao abrir meu e-mail e ver o título da coluna, no "Informativo Valinor", senti interesse em aparecer por aqui para ler. Não me arrependi. Artigo muito bem construído, que abre campo para diversas reflexões.
 
Ótimo texto, muito bom mesmo... embora tenha ficado intrigado com o uso da palavra esquizofrenia. Por que usá-la?
 
Ótimo texto, muito bom mesmo... embora tenha ficado intrigado com o uso da palavra esquizofrenia. Por que usá-la?

Acredito que o Ives tenha usado este termo para demonstrar, grosso modo, a gama de personalidades (ou condutas melhor dizendo) adotadas pelos individuos na modernidade em que nos situamos.
 
Ora, tal generalização da teoria da relatividade e de suas co-irmãs, para se dizer, como se faz muito na atualidade, que “tudo é relativo” , é algo absolutamente estranho às conclusões ao menos de Einstein e Gödel. É o que procura demonstrar Rebecca Goldstein em seu já referido livro “Incompletude”, onde traça o perfil acadêmico e psicológico de Gödel e sua relação com Einstein.


Com efeito, o próprio Teorema da Incompletude é muito mais uma demonstração da fraqueza do idealismo e do subjetivismo do que de sua solidez, já que um sistema auto-referencial pode até parecer coerente internamente, mas não é capaz de explicar a realidade, já que despreza os dados que servem de comprovação de suas conclusões. Gödel, com seu teorema, deu um golpe mortal ao relativismo, quando demonstrou matematicamente que tais sistemas, além de tudo, não são coerentes: exatamente por quererem ser abrangentes, perdem sua consistência, desembocando em conclusões incongruentes e contraditórias.

Como já comentei, foi um belo texto. Contudo, devo dizer que essa já assertiva é errônea. A Teoria da Relatividade foi comprovada empiricamente em um acelerador de partículas.:lol::lol::lol:

Além disso, na Idade Média os prazeres eram justificados pela doutrina, principalmente no que tange o enriquecimento da Igreja e exacerbado poder ideológico e político,do qual esta abusou, na Idade das Trevas.:bamf:

A estratificação em absolutamente certo e absolutamente errado tollhe a visão de mundo e o conhecimento. A ciência se desnvolveu a partir de ponderação e reflexão, não por dogmatismos, aos quais foi limitada a mente dos cristãos medievais.
 
Parabéns pelo artigo. Captou extraordinariamente bem o desvio dessa sociedade "esquizofrênica". Devo confessar que estava a optar por esse caminho deformado. Como, realmente, consertar algo que se eleva devido à idealização dos argutos que defendem essa moral troncha? Seria uma religião sem ter pra onde ir, sem direcionar, sem ensinar. A ciência pela ciência. Valeu, muito bom mesmo!
 
Sensacional Ives seu artigo.
Principalmente por mostrar a sociedade esquisofrenica em que vivemos.
Nossa ao citar a "esquisofrenia gollumiana" foi brilhante, não só na explicação da personagem, mas também no da doença em si.
Vou guardar a frase "...a realidade não é aquilo que queremos, mas aquilo que é.", num quadro.
 
Fiquei boqueaberto com a leitura que o autor fez da personagem Gollum. Foi um dos melhores artigos que eu já vi aqui na Valinor. Com certeza, é uma observação... que me deixou sem palavras.


Parabéns
 
Grata surpresa foi ver-me citado ao fim deste artigo, diga-se o primeiro com que me deparo ao retornar às leituras valinorenses.

Quanto ao conteúdo do presente, não tive menos prazer ao lê-lo do que o tive quando da leitura dos outros de tua autoria. Ousaria dizer que, de alguma forma conseguiste burlar a incompletude de Gödel ao tratar de filosofia, mecânica quântica, mecânica clássica com uma precisão considerável.

Pressinto grande perigo com as ''teorias de tudo'', que vem surgindo nos últimos tempos, em proporções maiores do que nunca, e vejo no teu ensaio um oásis de lucidez em meio ao período conturbado em que vivemos.

um abraço e que não nos falte a tua opinião na valinor.
 
Perfeito esse artigo! (grande admirador das obras do Ives)
"Em suma, a esquisofrenia gollumiana na vida pessoal e social pode e deve ser desfeita pela busca sincera da verdade e do bem, independentemente do interesse que se tenha".

Caritas in veritatis (amor e verdade), esse sim é o caminho que a humanidade inteira deve trilhar, e sem demoras.
 

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