• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Coleção Rubaiyat

Mavericco

I am fire and air.
Usuário Premium
Pelos dados que pude colher, é uma Coleção da editora Jose Olympio cujas origens parecem remeter a 1940 (mais especificamente 43). O número me é desconhecido, mas o Estante Virtual aponta um número de 14 volumes, que se diz tratar de uma edição completa, ainda que eu possua minhas dúvidas, visto que alguns livros da coleção não parecem estar aí incluídos, como a tradução do Péricles Eugênio da Silva Ramos do Hamlet de Shakespeare.

A Coleção parece traduzir obras clássicas no formato de Rubaiyats (AABA); mas algumas informações também colhidas do Estante Virtual deixam dúvidas acerca do estrito seguimento desta premissa: esta edição do Macbeth de Shakespeare diz fazer parte da coleção e, pelo que podemos observar, é uma tradução feita pelo Manuel Bandeira que passa longe de ser escrita em Rubaiyat.

Por enquanto, o que temos é (tomando em consideração o vendedor que aponta 14 volumes a esta coleção):

ronda das estações,
poemas de reilke,
o jardim das caricias,
a vaidade dos homens,
colheita de frutos,
cancioneiro do amor,
o livro de job,
passaros perdidos,
a flauta de jade,
o jardim das rosas,
o livro da sabedoria,
rubaiyat,
cancioneiro do amor 2 vol

Sendo que creio estarem inclusos nesta coleção também o "Hamlet" de Shakespeare, traduzido pelo Péricles, um volume denominado "Camoniana" feito (ou traduzido? organizado?) por Guilherme de Almeida bem como o já citado "Macbeth". Observar também que o "cancioneiro do amor" aparece duas vezes com o vendedor e, de fato, ele parece ter essa estrutura meio bipartida...

"Os Cantos" de Walt Whitman, "Nietzschiana" de Nietzsche (?), "O Cântico dos Cânticos" de Salomão, "Provérbios", "Discurso do Método" do Descartes são outros livros que consegui também parecem estar nesta coleção. Descartes, é claro, é o mais estranho... Visto ser um livro filosófico com apêndices físicos-matemáticos...

Enfim. Seja o que for, é uma coleção um tanto quanto esotérica, se sua proposta for de fato seguida à risca conforme suponho :think:
 
Bacana.
Fazia tempo que não aparecia por aqui a descoberta de uma velha coleção nova, Mavericco.
O Lucas vai gostar! :sim:

E agora, Mavericco, acenda o lampião de sua sabedoria e explique à plebe (como eu) que vive na escuridão da ignorância: o que é Rubaiyats?
:idolatra:
 
Rubaiyat são fôrmas poéticas, popularizadas pelo poeta árabe Omar Khayyam (Geir Campos fala em "quadras populares"), que basicamente discorrem acerca de uma visão da vida um pouco "fanfarrona" (ou seja, agnosticismo, hedonismo e imediatismo, conforme cataloga Manuel Bandeira). Eles foram mundialmente popularizados pela tradução inglesa do Edward Fitzgerald em 1839, e muitos artistas do século XX foram influenciados pelos Rubaiyat, como Jorge Luis Borges, Walt Whitman ou Fernando Pessoa.

A forma dos Rubaiyats é a de quadras seguindo o esquema rímico: AABA, como nesse Rubai de Fernando Pessoa (Rubai é o singular de Rubaiyat):

O fim do longo, inutil dia ensombra.
A mesma sp’erança que não deu se escombra,
Prolixa... A vida é um mendigo bebado
Que extende a mão á sua propria sombra.

Dormimos o universo. A extensa massa
Da confusão das cousas nos enlaça,
Sonhos; e a ebria confluencia humana
Vazia echoa-se de raça em raça.

Ao goso segue a dôr, e o goso a esta.
Ora o vinho bebemos porque é festa,
Ora o vinho bebemos porque ha dôr.
Mas de um e de outro vinho nada resta.

Lembrando que o Pessoa escreveu também Rubaiyat em inglês.

Uma tradução, sem métrica ou rima dos Rubaiyat.
 
Massa, vamos atrás de mais essa. Vamos twittar e espalhar esses tópicos de coleções incompletas para ver se achamos vivalma que as conheça e possa nos ajudar, que tal?

A Clara até lembrou que sou viciado em coleções. Estou até devendo os posts do blog de algumas que conheço completas já.
 
Pesquisando os termos "coleção rubaiyat olympio" na aba "Todos" do Estante Virtual, e ordenando os resultados em Ordem de Título (A-Z), cheguei aos seguintes resultados:

Título, Autor, (Tradutor), Ano aproximado de primeira edição. (Número da nota)

Camoniana, Guilherme de Almeida, --, 1959. (1)
Cancioneiro do Amor, Wilson Lousada org., --, 1950. (2)
Cantos de Walt Whitman, Walt Whitman, Oswaldino Marques, 1946.
O Cântico dos Cânticos, Salomão, Augusto Frederico Schmidt, 1949.
A Flauta de Jade (poesias chinesas), Franz Toussaint, Mauro de Freitas, 1949. (3)
A Grinalda de Afrodite, A. Ferdinand Herold, Valdemar Cavalcanti, 1949. (4)
Colheita de Frutos, Rabindranath Tagore, Abgard Renault, 1952. (5)
Discurso do Método, Descartes, João Cruz Costa, 1960. (6)
Do Amor (trechos), Stendhal, Wilson Lousada, 1958. (7)
Eclesiastes, Salomão?, Padre Antônio Pereira de Figueiredo, 1950. (8)
Gitanjali, Rabindranath Tagore, Guilherme de Almeida, 1943.
A Lenda da Rosa, Thiago de Mello, --, 1955. (9)
Hamlet, Shakespeare, Péricles Eugênio da Silva Ramos, 1955. (10)
O Jardim das Carícias, Franz Touissant, Adalgisa Nery, 1950.
O Jardim das Rosas, Saadi, Aurélio Buarque de Holanda, 1952. (11)
O Jardineiro, Rabindranath Tagore, Guilherme de Almeida, 1943.
O Livro da Sabedoria, Salomão?, Pe. Antonio Pereira de Figueiredo, 1952. (12)
O Livro de Job, Jó?, Lucio Cardoso, 1943. (13)
O Livro dos Provérbios, Salomão?, Padre Antonio Pereira de Figueiredo, 1950. (14)
A Lua Crescente, Rabindranath Tagore, Abgar Renault, 1950.
As Palavras do Buddha, Buddha, Guilherme de Almeida, 1950.
As Pombas dos Minaretes, Franz Touissant, Aurelio Buarque de Hollanda, 1945. (15)
Meditações, Marco Aurélio, Lucia Miguel Pereira, 1957. (16)
Macbeth, Shakespeare, Manuel Bandeira, 1961.
Nalá e Damayanti, Anônimo, Luis Jardim, 1944. (17)
Nietzschiana, Nietzsche, Alberto Ramos, 1949. (18)
Odes Anacreônticas, --, Jamil Almansur Haddad, 1952. (19)
Pássaros Perdidos, Rabindranath Tagore, Abigar Renault, 1952.
Pequenos Poemas em Prosa, Charles Baudelaire, Aurelio Buarque de Hollanda, 1950. (20)
Poemas de Amor, Amaru, Aurelio Buarque de Hollanda, 1949. (21)
A Ronda das Estações, Kalidasa, Lucio Cardoso, 1944. (22)
A Sabedoria de Confúcio, Lin Yutang, Geir Campos, 1958. (23)
Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens, Matias Aires, --, 1953. (24)
Rubáiyát, Omar Kháyyám, Octavio Tarquinio de Souza, 1949.
Salomé, Oscar Wilde, Dante Costa, 1952.
Seleta dos Ensaios (Tomo I), Montaigne, J. M. Toledo Malta, 1961. (25)
Seleta dos Ensaios (Tomo II), Montaigne, J. M. Toledo Malta, 1961. (25)
Seleta dos Ensaios (Tomo III), Montaigne, J. M. Toledo Malta, 1961. (25)
Sermão da Montanha, Jesus (Mateus), Frei João José P. de Castro, 1956. (26)

(1): inicialmente incluso no livro "Poesia Vária", tratam-se de poemas com linguagem e estruturação camoniana, seja na disposição rímica, no uso de determinados vocábulos ou na condução lógico-silogística dos sonetos.
(2): Trata-se de uma coletânea com os mais belos versos brasileiros, dos séculos XV ao XX e abarcando os árcades, românticos, parnasianos etc. Provavelmente quebra a estrutura de "Rubaiyat" proposta pelo título.
(3): Franz Toussaint é um escritor orientalista francês. Ou seja, um francês de estilo oriental. Traduziu os "Rubaiyat" de Omar Khayyam.
(4): Ferdinand Hérold, o compositor? Necessita checar.
(5): Rabindranath Tagore é o maior escritor da literatura bengali, Nobel de Literatura em 1913, um legítimo polímata. O vendedor que anunciou seu livro estar na estante de "Filosofia" precipitou-se, provavelmente.
(6): Um dos vendedores afirma ser a tradução das melhores, realizada por João Cruz Costa. Foi catedrático da Universidade de São Paulo.
(7): De l'amour é um livro de não ficção escrito por Stendhal, o mesmo autor de "O Vermelho e o Negro". A edição francesa pesquisada no Google Books consta de 352 páginas. O Livre Premier, ou alguns trechos do mesmo, parece-me ter sido utilizado nesta tradução de trechos, visto o Livre Second, aparentemente, mais fechado em questões políticas / territoriais.
(8): Por possuir fatos próximos aos da Vida de Salomão, é atribuído a este. É anterior ao "Cântico dos Cânticos".
(9): Poeta brasileiro, nascido em 1926, exilado pela ditadura militar, foi grande amigo de Pablo Neruda. É o autor da poesia "Os Estatutos do Homem".
(10): Péricles é também conhecido por sua tradução de alguns dos Sonetos de Shakespeare. Seu prefácio a esta edição é notável, conforme observou também Jorge Wanderley, tradutor (integral, e não parcial) da mesma obra.
(11): Saadi foi grandioso poeta persa do medievo e também de todas as épocas, ao lado de outros gigantes como Ferdowsi. Aurélio Buarque de Hollanda, autor do dicionário homônimo.
(12): Alguns estudos apontam também que foi escrito por um judeu de Alexandria.
(13): Considerando o livro mais antigo da Bíblia, ainda mais que o Gênesis. Seus supostos autores, além de Jó, podem ser apontados também como Moisés, Salomão ou sábios antigos.
(14): Novamente, de autoria incerta. Desta vez, acredita-se também que fora escrito por vários autores ao longo dos tempos.
(15): Trata-se de uma antologia islâmica.
(16): Um clássico da literatura estoicista, escrito pelo imperador romano Marco Aurélio.
(17): A história de dois amantes que ultrapassam obstáculos para viverem felizes. Aparece no "Mahabharata" de Vyasa e no "Naiadhiyacarita", de Shriharsha.
(18): Provavelmente, trechos escolhidos por Lucio do "Zaratustra" de Nietzsche.
(19): Tipo de ode criada por Anacreonte, cantando as alegrias da existência física, do amor, do vinho e da gastronomia. Proximidade temática com os Rubaiyat de Khayyam. Não existe especificação de autor, mas um dos vendedores do site coloca o seguinte em sua descrição: "Na glória do lirismo grego, a arte Anacreonte prende-se estreitamente à corrente lírica determinada por Alceu e Safo".
(20): Ou seja, poesia escrita em prosa e não em versos. Perfeitamente plausível, foi uma modalidade muito usada por Cruz e Souza, ainda hoje manejada por vários poetas da internet.
(21): Retirados do "Amaru Shakata", um dos livros mais belos de poesia lírica sânscrita. O crítico Anandavardhana disse que uma linha de um poema de Amaru equivale a dezenas de outros livros versando sobre o mesmo assunto: o amor.
(22): Renomado dramaturgo sânscrito, paralelo ao que Shakespeare é para a dramaturgia inglesa.
(23): Indicado ao Prêmio Nobel de literatura várias vezes, foi tradutor de textos clássicos chineses de forma a ter alcançado grande popularidade.
(24): Livro retirado de uma frase do Eclesiastes: Vanitas vanitatum et omnia vanitas.
(25): Como o próprio título diz, são excertos.
(26): Sermão dito por Jesus, podendo ser lido no Evangelho Segundo Mateus. Traduzido direto do grego, conforme explicita os anúncios.
 
É... Tem esse problema :dente:
Pelo que eu pude tentar entender, essa coleção ou foi sendo relançada ao longo dos anos com títulos novos e sem os títulos antigos, ou com os títulos novos e com os títulos antigos; ou então ela foi sendo completada ao longo dos anos, e os vendedores que afirmam a coleção estar completa com 14 ou com 10 volumes estão falsos ou estavam completos na época do colecionador...
 
É... Tem esse problema :dente:
Pelo que eu pude tentar entender, essa coleção ou foi sendo relançada ao longo dos anos com títulos novos e sem os títulos antigos, ou com os títulos novos e com os títulos antigos; ou então ela foi sendo completada ao longo dos anos, e os vendedores que afirmam a coleção estar completa com 14 ou com 10 volumes estão falsos ou estavam completos na época do colecionador...

É, isso é um problema mesmo. É parecido com o caso daquela coleção do Nobel, porque existem duas edições, e, ao que parece, alguns títulos foram acrescentados na segunda.

Mas vamos que vamos, esse negócio leva tempo mesmo. Tem que divulgar net afora para ver se encontramos alguém que conheceu na época em que saiu. Fiz uma relação das coleções incompletas que já tem tópico por aqui, vou fazer um post separado depois para tentar levar o troço adiante.

Valeu Mavecco!
 
maravilhoso, mavericco - tenho alguns voluminhos, são muito bonitos, encadernação em couro e letras gravadas em dourado, um mimo.
 
boa lembrança, lucas
tenho a primeira edição dos rubaiyat, é de 1942. a do livro de job é de 1943.
no exemplar do gitanjali na 5a. edição, de 1950, há no final a relação da coleção, com 33 títulos. muitos que mavericco colocou não aparecem nessa lista (que é de 1950), mas aparecem outros (no livro dos provérbios, tb de 1950, a relação é a mesma):

O AMOR DE BILITIS, PIERRE LOUYS, TRAD. GUILHERME DE ALMEIDA
OS GAZÉIS, HAFIZ, TRAD. AURÉLIO BUARQUE DE HOLLANDA
O VENTO DA NOITE, EMILY BRONTË, TRAD. LÚCIO CARDOSO
O CANCIONEIRO DE PETRARCA, TRAD. JAMIL ALMANSUR HADDAD
VINHO, VIDA E AMOR, HAFIZ E SAADI, TRAD. AURÉLIO BUARQUE DE HOLLANDA
SALMOS, DAVI, TRAD. PE. ANTÔNIO PEREIRA DE FIGUEIREDO
POESIA ERRANTE, CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
POEMAS DE RAINER MARIA RILKE, TRAD. GEIR CAMPOS

NO FIM DA LISTAGEM, VEM:
VOLUME EXTRA-COLEÇÃO:
BAUDELAIRE – FLORES DO MAL - SELEÇÃO, TRADUÇÃO E NOTAS DE GUILHERME DE ALMEIDA
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo