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Coleção Biblioteca Internacional de Obras Célebres

JLM

mata o branquelo detta walker
como é q o lucas pôde esquecer esta, considerada a mais famosa coleção brasileira de livros? pois bem, estou eu aqui no papel de memorex.

Tempos atrás me debati em busca das edições publicadas de um livro de Apuleio, O Asno de Ouro, pois queria ver as traduções para o mito de Psiqué. Como foi de se esperar, achei pouca coisa, ou antiga ou mal feita ou parcial. Uma delas me fez conhecer a Biblioteca Internacional de Obras Célebres, ou "Biblioteca Verde", publicada por volta de 1912 pela Sociedade internacional, Lisboa, Rio de Janeiro, São Paulo, Londres, Paris, com 24 vols. de capa de tecido verde, 25x18 cm, 12.288 pp. e ilustrada. Inspirada no modelo inglês da The international Library of Famous Literature, reúne textos variados (poesia, ficção, teatro, ensaio, história, etc.), mas diferente desta última, traz maior representação de autores de língua portuguesa.

Embora tenha sido um grande sucesso de vendas no Brasil, até 1990 fora ignorada pelos mais importantes estudos e histórias da literatura portuguesa e brasileira, tornando-se reconhecida do público brasileiro em 1990 quando se publicou nela poemas inéditos traduzidos por Fernando Pessoa recentemente descobertos. Até Carlos Drummond de Andrade dedicou um longo poema à obra.

BIBLIOTECA VERDE
(Carlos Drumond de Andrade)

Papai, me compra a Biblioteca Internacional de Obras Célebres.
São só 24 volumes encadernados
em percalina verde.
Meu filho, é livro demais para uma criança.
Compra assim mesmo, pai, eu cresço logo.
Quando crescer eu compro. Agora não.
Papai, me compra agora. É em percalina verde,
só 24 volumes. Compra, compra, compra.
Fica quieto, menino, eu vou comprar.

Rio de Janeiro? Aqui é o Coronel.
Me mande urgente sua Biblioteca
bem acondicionada, não quero defeito.
Se vier com um arranhão recuso, já sabe:
quero devolução de meu dinheiro.
Está bem, Coronel, ordens são ordens.
Segue a Biblioteca pelo trem-de-ferro,
fino caixote de alumínio e pinho.
Termina o ramal, o burro de carga
vai levando tamanho universo.

Chega cheirando a papel novo, mata
de pinheiros toda verde. Sou
o mais rico menino destas redondezas.
(Orgulho, não; inveja de mim mesmo)
Ninguém mais aqui possui a coleção
das Obras Célebres. Tenho de ler tudo.
Antes de ler, que bom passa a mão
no som da percalina, esse cristal
de fluida transparência: verde, verde.
Amanhã começo a ler. Agora não.

Agora quero ver figuras. Todas.
Templo de Tebas. Osíris, Medusa,
Apolo nu, Vênus nua... Nossa
Senhora, tem disso nos livros?
Depressa, as letras. Careço ler tudo.
A mãe se queixa: Não dorme este menino.
O irmão reclama: Apaga a luz, cretino!
Esparmacete cai na cama, queima
a perna, o sono. Olha que eu tomo e rasgo
essa Biblioteca antes que pegue fogo
na casa. Vai dormir, menino, antes que eu perca
a paciência e te dê uma sova. Dorme,
filhinho meu, tão doido, tão fraquinho.

Mas leio, leio. Em filosofias
tropeço e caio, cavalgo de novo
meu verde livro, em cavalarias
me perco, medievo; em contos, poemas
me vejo viver. Como te devoro,
verde pastagem. Ou antes carruagem
de fugir de mim e me trazer de volta
à casa a qualquer hora num fechar
de páginas?

Tudo que sei é ela que me ensina.
O que saberei, o que não saberei
nunca,
está na Biblioteca em verde murmúrio
de flauta-percalina eternamente.


(Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond. Carlos Drummond de Andrade. São Paulo: Abril Educação, 1980. p.67-68. (Literatura Comentada))

Como cada volume traz vários autores, ñ dá pra fazer uma lista de apenas uma linha sobre cada um (talvez um post sobre cada um) como estão fazendo nas outras listas de coleções. Ah, o volume que comprei, q trazia o texto de Apuleio, está bastante precário, o que é bastante normal por ser um livro de 100 anos de idade...
 

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