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Cinco Livros Favoritos Com Zé da Manivela

Melian

Período composto por insubordinação.
Sou, por diversos motivos, muito suspeita para falar que AMEI a listinha do Zé da Manivela. Dentre eles, destaco o fato de que sou apaixonada pelo Murilo Rubião (meu contista, brasileiro, preferido) e o fato de o senhor Zé da Manivela ser o meu melhor amigo. Mas como sou a favor de se dizer o que pensa, especialmente quando o assunto é a minha tão amada Literatura, não posso deixar de dizer que a lista é a cara de quem a preparou. Por conhecer bem o Digo, sei o quão honesta essa lista é. Foi uma delícia ler os comentários a respeito dos livros. E, como indicação, tenho certeza de que vocês vão se deliciar com a leitura das obras listadas. Vocês não vão se arrepender. Eu não me arrependi, quando comecei a ler o Tezza, por indicação de um certo curitibano aí, por quem eu tenho um imensurável carinho.

Zé da Manivela disse:
Daí que eu nem posto por aqui, sumi depois da minha classificação desastrosa no Bolão em 2009, mas escrevo a minha lista porque a Cléo pediu. Mais ou menos inconstante, mais ou menos sem pé e nem cabeça, alguns por motivos bem bobos e outros nem tanto. Mas né, vamos lá. Meus cinco livros favoritos, não necessariamente nessa ordem.

A Árvore que Dava Dinheiro, Domingos Pellegrini
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Esse eu li antes mesmo de gostar de ler. Li porque eu era uma criança que fazia as tarefas e não tinha com quem brincar em casa. Aí eu li o livro do Domingos porque uma professora mandou. Não lembro porque ela mandou, mas nunca vou esquecer como eu simplesmente devorei esse livro. Para uma criança de 11 anos, que cresceu em uma casa sem o hábito de leitura, foi um feito. Hoje eu acredito que isso, talvez, seja pela linguagem simples usada pelo autor. Não nomeia nenhum personagem, mas coloca todos eles como aquelas pessoas caricatas que todos conhecemos. O açougueiro, o sapateiro, o carteiro. E para uma criança que sempre ouvia seu pai falando em como seria bom se ele ganhasse na Mega-Sena, só imaginar uma árvore que dava dinheiro já era fantástico, mesmo sem ter idéia de quanto vale o dinheiro. Hoje eu acredito que essa idéia seja assustadora. Provavelmente cairia no mesmo erro dos habitantes de Felicidade, afinal, não apenas conhecemos o açougueiro e o sapateiro, mas somos humanos como eles.


Meus Poemas Preferidos, Manuel Bandeira

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Olhando agora, percebo que eu devo ser o único anormal que se apaixona pelos livros que precisa ler por causa de trabalhos escolares. Quando iniciei a graduação, já tinha o hábito da leitura, mas nunca tive paciência para ler poemas. Até precisar fazer um trabalho sobre essa antologia organizada pelo próprio Bandeira, no segundo período do curso (não faz tanto tempo assim). Bandeira me conquistou logo em Desencanto, o primeiro poema do livro. "Eu faço versos como quem chora, de desalento, de desencanto". Nas outras páginas somos brindados com a incrível percepção que Manuel Bandeira tinha da língua com a qual trabalhava. Acredito que vários dos poemas dele devem ser lidos em voz alta, ou você perde o melhor da sua poesia. Minto, pois é impossível dizer o que é o melhor da poesia de Bandeira. O fato é, Bandeira, seu verso é, sim, "sangue, volúpia ardente, tristeza esparsa, remorso vão", mas é tão apaixonante como a visão de uma lagartixa na infância.

Desespero, Stephen King
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A melhor explicação quanto ao estilo de escrita do King que eu já vi foi em um texto do Raphael Draccon, onde ele compara King, Gaiman, Matheson e Vianco.
Particularmente, tenho uma relação de amor e ódio com King. Ele não é gênio, ele não é especial. Ele não é cult. Não é um Joyce, não é um Byron, não é um Bilac, não é um Guimarães Rosa, nem um Machado de Assis. Mas ele é competente. Isso quando acerta. Sabe minha relação de amor e ódio com ele? É que eu devorei Desespero e Torre Negra - Terras Devastadas, por exemplo, mas dormia no meio de O Apanhador de Sonhos. E assim vai. Fora que, se for analisar friamente, é até meio piegas imaginar uma família chatinha americana sendo parada por um policial no meio da estrada, o qual leva a família para uma cidade devastada chamada Desespero. Lá, joga eles na cadeia e começa a fazer uma coisas muito bizarras. Aí aparece uma celebridade decandente, um guri crente, uma riot grrl e você não faz idéia do que acontece a seguir, só imagina que qualquer um pode morrer na próxima página. Mas King é rei, com o perdão do trocadilho tosco. E eu o odeio. Isso porque eu posso ler Eurípedes e Brecht, mas largo os dois na hora se puder ler King e seu amontoado de cultura pop inútil, organizado em uma linguagem simples capaz de te mandar do apreensivo pro aliviado e de volta para o apreensivo em questão de linhas.

Obra completa, Murilo Rubião

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Ganhei esse livro no último Natal, presente da minha melhor amiga (um doce pra quem adivinhar quem é). Rubião é fantástico, com o perdão do trocadilho. Pirotécnico Zacarias não é o primeiro defunto narrador que conheci, mas diferente do nosso amiguinho Brás Cubas, ele tem um quê de nonsense que nos leva sabe Deus pra onde. Na verdade, não é tão mistério assim. É como se fosse o Douglas Adams, mas sem as naves, o peixe-babel e o Zaphod Beeblebrox. Mas quem precisa deles quando se tem Teleco, o coelhinho? Os contos de Rubião, falando de um modo totalmente descompromissado com análises psicológicas profundas e acadêmicas, são simples. Não que eles não permitam esse tipo de análise: pelo contrário, eles, sim, permitem. Mas também permitem uma leitura descompromissada e divertida, embora reflexiva, como em "Ofélia, meu cachimbo e o mar". Ou então uma reflexão descompromissada só de ler "os primeiros dragões que apareceram na cidade muito sofreram com o atraso dos nossos costumes", como se isso fosse algo natural. Particularmente, adorei Bárbara. Todos temos as nossas Bárbaras, não é mesmo? Só agora que eu vi que escrevi várias vezes "reflexão descompromissada". Vou deixar assim mesmo. Estilística.

Trapo, Cristovão Tezza

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Vou mandar a real. Leminski, Dalton e Tezza são Pai, Filho e Espírito Santo de uma literatura que deveria ser mais considerada. Talvez seja pedir demais, mas come on, tem muita coisa legal depois da Clarisse Lispector, não precisamos parar nela. Voltando. Leminski e Dalton tem lá seu reconhecimento, mas o Tezza só despontou agora, embora escreva há muito tempo. O trágico é ler uma resenha dizendo que Tezza colocou, pela primeira vez, um professor público universitário em O Filho Eterno. ALOU galere. Uma Noite em Curitiba já tinha professor universitário. A Suavidade do Vento já tinha um professor. Trapo idem. O fato é que eu gostei muito mais do nosso querido Professor Manuel porque ele é tão mais... acessível que o sr. J Mattoso, d'A Suavidade, por exemplo. Quer dizer, imagine que você tá sentado na sua casa, curtindo sua aposentadoria de professor, quando, um belo dia, uma velha doida bate na sua porta pedindo pra você publicar os escritos de um jovem poeta marginal maníaco depressivo que acabou de meter uma bala na cabeça. Não sei vocês, mas eu pularia fora. Manuel, embora meio a contragosto, topa.
Pega os escritos do Trapo, o nosso poeta, e vai atrás da história dele. Trapo é o típico adolescente que se joga a escrever feito louco, faz uns poemas meia boca e se acha um gênio por causa disso. Acho que todo mundo passou por essa fase. Uns superam, outros formam uma banda, e outros se matam, tipo o Trapo. Acontece que o Manuel acaba ficando encantado pelo Trapo, assim como eu fiquei, e aposto que muitos dos que leram também ficaram. Aí, entre uns litros de álcool, visitas da Izolda e ligações da mamãe de Paranaguá, Manuel tenta entender (e publicar) Trapo.
 
Adorei a lista, apesar de não ter lido nenhum desses. Adorei por causa dos comentários do Zé, que revelam uma análise acadêmica e ao mesmo tempo gostosa de ler. Sério, fiquei curioso pra ler alguma coisa dele.

Agora quanto aos livros, quero muito ler Manuel Bandeira, só li algumas coisas esparsas, poemas jogados nos meus livros didáticos e lembro que a impressão foi boa, não tão impactante como Fernando Pessoa (principalmente Caeiro), mas boa. Quero ler Rubião também, já ouvi falar bem do autor e seus contos, parecem interessantes. O livro do Pellegrini muito me interessa também, já King nem tanto.

Fiquei interessado também no livro do Tezza e sou obrigado a reconhecer que PRECISO ler mais literatura contemporânea. Século XIX já me entupiu e eu adoro a Clarice, mas concordo que a literatura não morreu com ela. Muito pelo contrário.
 

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