Melian
Período composto por insubordinação.
Chego a sentir uma Felicidade Clandestina, tecida por algo que chamo de A Insustentável Leveza do Ser quando leio Um Amor de Swann enquanto caminho por esse Grande Sertão: Veredas e vou descobrindo e sendo descoberta por suas Ficcções. A lista do Gigio caminha para um lugar, o ser humano. Sim, a complexidade humana, as suas paixões, angústias, tudo isso é assunto das obras que ele escolheu. Enquanto lia os textinhos, fui acometida por um ímpeto de digressões, e fui localizando, em cada cantinho da minha existência, o meu lugar de encontro com essas obras. Grande Sertão: Veredas (que está na minha lista de livros preferidos) é para onde sempre volto, quando preciso refletir sobre o fato de que "tudo é e não é", e saio com a resposta de que "viver é negócio muito perigoso", mas "o que a vida quer da gente é coragem". Coragem para ousar ser o "Funes, el memorioso", enquanto se lê as Reinações de Narizinho deitada na rede da vida. Por ser declaradamente apaixonada pela obra da Clarice Lispector, sempre costumo dizer que "se nada mais der certo, leia Clarice". Bom, adaptando a frase: se nada mais der certo, leia a listinha do Gigio.
Ticktockman disse:Parece BBB, todo mundo sempre tem que começar dizendo "é difícil, mas já que a gente precisa escolher...". Pula isso então. O diferencial dos livros que estão na minha lista, em relação a outros tantos excelentes, é que estes têm um algo a mais para mim. Eles encontram uma certa ressonância. Se alguém disser que não gosta de nada disso, não pensarei "ele é uma besta", mas sim "ele não vê o mundo como eu".
Ticktockman disse:1. Um Amor de Swann, Proust
Primeiro livro da série "Em Busca do Tempo Perdido". Tem um lugar especial para mim por ter sido o primeiro a me mostrar que a literatura não é apenas o que se conta, mas a maneira como se pesam as ideias, a maneira como a linguagem e a experiência são costuradas. O que Proust faz, entre outros aspectos, é uma longa reflexão sobre aquelas memórias quase esquecidas, sobre o que entra na composição delas e de que forma assumem para nós um significado especial.
Ticktockman disse:2. Felicidade Clandestina, Clarice Lispector
Poderia ser qualquer outro da autora, para quem a escrita parece brotar de uma fonte interna, mais irracional e verdadeira. Nesse volume estão alguns dos meus contos favoritos da Clarice, como "Felicidade Clandestina" e "Uma Amizade Sincera".
Ticktockman disse:3. Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa
Tenho muito orgulho de partilhar a mesma língua de Guimarães Rosa. É essa a sensação que este livro transmite, de que nossa língua é bela e poderosa, de que só ela é capaz de representar perfeitamente essa história, que é um pouco parte de todos nós. Sendo mineiro, ela me traz também lembranças particulares da infância.
Ticktockman disse:4. Ficções, Borges
Borges foi um dos últimos escritores de saber enciclopédico e muitas são as referências compactadas nesses contos. Todos são originais, fantásticos e filosóficos. Para se ler e se refletir durante muito tempo.
Ticktockman disse:5. A Insustentável Leveza do Ser, Milan Kundera
O livro menos renomado da lista, mas não menos cultuado. É difícil explicar, mas quem se afina com A Insustentável Leveza sente logo algo elétrico na primeira página. Composto de várias pequenas seções, com vários momentos daquele "como nunca pensei nisso antes?".