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Cinco Livros Favoritos Com Pips

Melian

Período composto por insubordinação.
A lista do Pips está maravilhosa. Dois dos meus cinco livros favoritos também estão na lista dele: Grande Sertão: Veredas e O jogo da Amarelinha. Os demais livros são excelentes também. Os Detetives selvagens não foi o meu primeiro Bolaño, mas foi o responsável por eu ter me apaixonado pela obra do escritor chileno. Li Putas Assassinas e pensei "nossa, não é isso tudo, não, mesmo". Aí li Os Detetives Selvagens e falei: "é mais do que isso tudo". Cem anos de solidão e o Velho e o mar me deixam triste de um jeito feliz. De um jeito que só a Arte consegue fazer.

Pips disse:
Pronto para escrever sobre cinco livros favoritos. Tarefa complicada, ainda mais quando todo ano a lista dos dez mais mudam com leituras novas e releituras. Apesar de toda a lista ser injusta segue:


Grande Sertão: Veredas (Guimarães Rosa)

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O sertão de Guimarães Rosa não existe. A não ser que você domine a linguagem, que se aprofunde nas palavras. É incrível como a jornada de Riobaldo nos toca em diversas formas: na sua luta para sobreviver, no amor platônico, contra as tentações, contra a morte e contra o diabo. Não adianta, Ser-tão é uma vereda.

O Jogo da Amarelinha (Julio Cortázar)

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Imagine um livro que você pode ler de duas formas, a primeira na ordem cronológica e a segunda numa ordem aleatório sugerida pelo autor. Agora as duas histórias tem um fim determinado, as duas não se misturam ou estão tão intrínsecas uma na outra que é difícil separa-las.

Os Detetives Selvagens (Roberto Bolaño)

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Essa é uma paixão recente. Quando o li notei uma semelhança absurda com o livro anterior e logo em seguida li uma crítica de Enrique Vila-Matas, escritor e amigo de Bolaño, onde ele fala sobre uma tal de continuação. Enquanto vários críticos chamam de "um livro que Borges escreveria"

Cem Anos de Solidão (Gabriel García Márquez)

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Um hors concours incrível. Hoje em dia existem árvores genealógicas e diversos estudos sobre os personagens desse romance. Eu prefiro ler às cegas e me apaixonar por cada um dos personagens, principalmente o Coronel Aureliano Buendía.

O Velho e o Mar (Ernest Hemingway)

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Aqui o homem enfrenta a velhice ante a natureza. É uma novela tão curta que se lê em uma tacada, mas tão impactante, ao melhor jeito Hemingway, que deixa qualquer um olhando para o teto durante horas só pensando na história do pescador Santiago.
 
Gente, cadê os comentários, hein? Bora dialogar com a lista do Pips. Se não leram todos (ou nenhum), perguntem algo. Digam se sentiram curiosidade a respeito de algum. Falem, antes que as pedras falem por vocês.

Una prosa puede corromperse como un bife de lomo.
 
Eu li o Grande Sertão Veredas, mas faz muito tempo e não me lembro de muita coisa (só sei que é longo) e o de Hemingway está na minha lista.
 
Acho que todos deveriam ler O Jogo da Amarelinha por ter uma história incrível dividida em duas partes distintas. Você pode pegar o livro a qualquer hora e abrir em qualquer parte - fará sentido e terá desfecho, mas também te deixará com vontade de ler.

Os Detetives Selvagens é totalmente entretenimento, um jogo de referências para quem sempre quis saber um pouco mais sobre poesia, ditadura e vanguarda.
 
Desses li O Jogo da Amarelinha os personagens, muito bem trabalhados, com capítulos sobre seus cacoetes, suas manias e suas vidas, um romance perfeito.
 
Nunca li nenhum, mas conheço alguns de vista.

Sempre tive vontade de ler O Velho e o Mar.
 
Ouvi falar muito bem de o Jogo da Amarelinha, e o resto todo da lista me interessa... Aprovo em 100%, que ótimo gosto Pips!

Valeu!

Nunca li nenhum, mas conheço alguns de vista.

Sempre tive vontade de ler O Velho e o Mar.

Acho que para você O Velho e o Mar seria o mais indicado mesmo.

O problema maior de indicar qualquer um dos cinco é que eles requerem uma atenção redobrada. Qualquer descuido pode fazer a história perder o contexto. No caso de Cem anos de solidão vejo por causa da falta de capítulos pontuados e muitas tramas e nomes paralelos. Enquanto que Os detetives selvagens começa com um narrador e em sua segunda parte tem diversos narradores, cada um deles contando um fragmento da mesma história - o que não aparece a primeira vista. Para quem quiser se aventurar no espanhol, é um ótimo livro. Cada narrador tem um sotaque muito específico da sua região.
 
Ótima lista. Não li o segundo nem o terceiro mas só tenho ótimas referências dos dois e pretendo ler na minha lista interminável. E Grande Sertão Veredas é fodaço. Eu só senti algo superior em matéria de experiência de leitura e em relação ao uso da palavra pelo autor quando li James Joyce, especialmente Ulisses.
 
Ótima lista. Não li o segundo nem o terceiro mas só tenho ótimas referências dos dois e pretendo ler na minha lista interminável. E Grande Sertão Veredas é fodaço. Eu só senti algo superior em matéria de experiência de leitura e em relação ao uso da palavra pelo autor quando li James Joyce, especialmente Ulisses.

Então você vai adorar David Foster Wallace que além de trabalhar muito bem com a linguagem, ele ainda consegue usar a ironia sem ser engraçado, mas trágico. Tem um livro dele traduzido para o português chamado Breves entrevistas com homens hediondos. Ano que vem, se tudo der certo, a Companhia das Letras lançará a magnum opus dele: Infinite Jest - um calhamaço de mil páginas que brinca com linguagem, entretenimento e.. NOTAS DE RODAPÉ que contam a mesma história em outra visão.
 
Não li nenhum livro da lista do Pips. /fpalm

A descrição d'O Jogo da Amarelinha me interessou. Como assim "ler o livro numa ordem aleatória sugerida pelo autor"? 8-O
Qual é o "assunto" do livro? A história gira em torno de que?

Veredas é uma vergonha eu não ter lido ainda. Pretendo lê-lo em breve. O Velho e o Mar é outro que pretendo ler o quanto antes.

O Bolaños eu ouço falar muito bem, mas ainda não está na minha lista de prioridades. O que há de diferente, de sensacional nos livros dele? Merece um lugar na lista de prioridades de qualquer um?

Cem Anos de Solidão tem aqui na biblioteca, talvez dê pra ler nessas férias ainda.

Só mais uma coisa... Sem Tolkien na lista? Shame on you, Mr. Pips! :mrgreen:

Gente, cadê os comentários, hein? Bora dialogar com a lista do Pips. Se não leram todos (ou nenhum), perguntem algo. Digam se sentiram curiosidade a respeito de algum. Falem, antes que as pedras falem por vocês.

Una prosa puede corromperse como un bife de lomo.

Isso mesmo, Melian! Puxe a orelha desse povo! :yep:
 
Não li nenhum livro da lista do Pips. /fpalm

A descrição d'O Jogo da Amarelinha me interessou. Como assim "ler o livro numa ordem aleatória sugerida pelo autor"? 8-O
Qual é o "assunto" do livro? A história gira em torno de que?

Falando por cima é sobre diversos personagens, de diferentes nacionalidades, que residem em Paris. Junto eles formam o Clube da Serpente, onde passam suas noites ouvindo discos de jazz e falando sobre arte. Horacio é a espinha dorsal do romance, seus conflitos e sua relação com A Maga, uma uruguaia mãe solteira.

O importante da obra não é a história em si, mas as manias de cada personagem, seus gostos, seus pensamentos, etc.


O Bolaños eu ouço falar muito bem, mas ainda não está na minha lista de prioridades. O que há de diferente, de sensacional nos livros dele? Merece um lugar na lista de prioridades de qualquer um?

Tem um guia no Meia Palavra indicando por quais obras começar:
http://blog.meiapalavra.com.br/2011...lva-de-livros-e-sangue-do-universo-de-bolano/

Na minha opinião dá para começar por Estrela Distante ou Terceiro Reich (que é uma obra póstuma). O interessante do Bolaño é conseguir criar diferentes situações, assassinatos, amores, envoltos com a literatura. Todos os seus livros respiram a literatura de alguma forma.


Só mais uma coisa... Sem Tolkien na lista? Shame on you, Mr. Pips! :mrgreen:

Os livros que listo como favoritos são os que eu tento reler todo ano.
 
Gente do céu! Ontem fiz um post sobre O Velho e o mar lá no Meia Palavra e lembrei que, em alguma lista, alguém tinha citado esse livro. Aí vim procurar, e, sim, fui olhando lista por lista. Ainda bem que a listinha do Pips era a décima segunda, ou eu teria de olhar todas. Ferramenta de pesquisa? Minha internet diz: NÃO TRABALHAMOS.

Segue o post:

Gente, preciso confessar que gosto tanto do Hemingway que quando começo a falar sobre ele/suas obras, fico toda boba, parecendo criança quando ganha um presente e sai rasgando o papel como se ele a estivesse sufocando. Eu tentei comentar a resenha, ontem, no blog, mas sábado e domingo, depois do futebol, há mais álcool bailando pelas minhas veias do que sangue propriamente dito, o que faz com que eu fale mais merda do que costumo falar no dia-a-dia, já que sou naturalmente bêbada. Gosto demais de cerveja, e de apreciar uma boa partida de futebol. Mas falemos sobre O velho e o mar. E aí vai um aviso: se ainda não leu o livro, não navegue pelo meu post, porque ele pode ter tubarões-spoilers nas profundezas.

Eu não sou fã do mar. Deus sabe o que faz! Logo, sou mineira, e adoro um bar. (E lá vou eu, mais uma vez, falar sobre cerveja. Contenha-se, mulher!) A verdade é que eu sou fã do mar que Hemingway nos apresenta neste livro. Aí está uma das coisas que mais gosto na literatura: palavras criam coisas! E esse mar hemingwayano me conquistou. E aquele peixe... ah! aquele peixe... me encheu de coragem, de vida, de perseverança. Também não gosto de peixes. Digo, não gosto de comer peixes. Mas acho a coisa mais linda vê-los nadando.

Mas gosto de velhos. Gosto de estar com eles, falar com eles. Gosto, principalmente, de ouvi-los. Gosto de ouvir até os seus silêncios. Gosto de Santiago desde que Hemingway fez as apresentações. Não sei se ela gosta de mim, mas acho que, nessa relação, gosto por nós dois.

Gosto de o velho estampar, em seu corpo, a vida e a morte. O corpo cansado, cheio de cicatrizes, e os olhos cheios de vida, tal qual os olhos de uma criança. "Tudo nele era velho, menos os olhos, que eram da cor do mar e alegres e não vencidos". Dizem que os olhos são a janela da alma, não é? É por isso que gosto tanto dos olhos de Santiago, sem ao menos imaginar qual é a cor que os domina.

Gosto daquele rapaz, gosto do carinho que ele tem pelo velho. Aquela percepção que ele tem sobre o pescador é de uma beleza ímpar: "Há muitos pescadores bons e alguns dos grandes. Mas tu és só tu". Isso é lindo demais, gente. Faz-me lembrar daquela famosa fala da raposa para o Pequeno Príncipe: "Mas se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo". O velho cativou o rapaz, e, assim como Hemingway, me cativou também.

Gosto de pensar que há uma relação de espelhamento entre o peixe e o velho. Gosto dos momentos em que o velho diz que os dois, o peixe e ele, navegam lado a lado. E gosto quando ele questiona se o peixe estaria tão apreensivo quanto ele estava, em alguns momentos: "Terá quaisquer planos, ou estará apenas tão desesperado como eu?"

Encanta-me, dentre outras coisas, quando o velho busca passagens que ilustrem a situação dele no mar, durante o período em que ele passa tentando concretizar a "pesca" do peixe. É tristemente belo o momento em que ele fala do dia em que tinha um casal de peixes no mar, ele pescou a fêmea e o macho permaneceu. Do mesmo modo, ele disse ao peixe que ficaria com ele até a morte. Ele fala de uma queda de braço, que disputara há anos, o que simboliza o que ele e o peixe, respeitosamente, travam durante boa parte da narrativa.

Eu poderia ficar horas falando sobre metáforas, alegorias, entre outras coisas que dão contornos tão belos ao "O Velho e o Mar", mas, por enquanto, ficarei em mais um detalhe apenas: durante todo o tempo que passa no mar, o velho cita o rapaz; diz que se ele estivesse no barco, faria alguma coisa para auxiliá-lo. Esse "rapaz", repetido por tantas vezes, pode significar algo maior, pode dizer não só do rapaz que aparece no início do livro, como aprendiz de pescador. Não se trata somente do rapaz que o velho ensinara a pescar. Acredito que se trata, tambem, do rapaz Santiago, trata-se do rapaz que Santiago fora, em algum momento, no mar da vida.
 

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