Eragon não é um clone de
O Senhor dos Anéis — apenas os estilos são parecidos e o Paolini não procurou se afastar do básico da fantasia e dar seu próprio toque à Alagaësia (o que foi a ruína de seu livro) —, uma vez que ele usa dos
básicos da fantasia em seus diálogos e etc (de maneira ruim e absurdamente horrível, lógico, como quase sempre acaba sendo, mas usa). De fato, o livro é horrível, como já disse no primeiro tópico sobre ele (então não vou me demorar muito).
Os estereótipos da "fantasia" já estão cravados aqui, no mundo, nas estantes de leitura e na cabeça do pessoal. Não há como dizer que alguma coisa é
plágio, mas pode-se dizer que é um uso
superficial e que não procura
acrescentar ou
modificar nada. E isso é irritante e demonstra que o autor trabalhou superficialmente na coisa, quase como se empurrando o negócio, imho.
Essa foi a grande falha de
Eragon — ele se apoia em clichês e em estereótipos do gênero, esquecendo-se de dar "vida" ao seu mundo, à sua história, e aos seus personagens. No final, torna-se uma obra sem alma, um livro
totalmente artificial em que
nada está despejado nele pelo autor.
* * *
Sabe, vou até aproveitar a deixa para xingar o livro mais um pouquinho, meu médico disse que fazia bem para o psicológico.
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Os personagens são extremamente superficiais. Ainda não passa pela minha cabeça como o Paolini quis que as pessoas sentissem
afeto por seus personagens — o Eragon é o cara mais irritante do século, é perfeito, não tem nenhum pensamento ruim, é clichezado e é muito pomposo para um garoto que no dia anterior era um caipira. De fato, eu dei risadass quando ele disse algo desse tipo:
"OMFG, os Ra'zac mataram meu tio, eu vou matá-los numa jornada épica em busca de vingança, bwhahahaha" (claro que de uma maneira pomposa, longa plus).
A Ordem dos Cavaleiros de Dragões me soou pomposa, também, e a pior coisa de um livro de fantasia medieval é soar pomposo sem ser nada de espetacular (ou de bom), imo. De fato, não basta só usar mais uma réplica da Jornada do Herói — desenvolva o bastardo, faça com que nos afeiçoemos a ele, e então viveremos felizes. Mas, sei lá, eu até lia a cabeça do Paolini quando ele escrevia —
dava a impressão que ele pensava que Dras-Leona seria
A crítica perfeita e poderosa à nossa sociedade corrupta, e que a chacina em Yazuac seria
OMFG, um bebê empalado, isso é forte, vou vomitar, argh!
Eu já disse que o Eragon é o pior personagem literário dos últimos anos?
Cada um dos personagens preenche perfeitamente vários estereótipos do gênero. Brom é o "Velho Tutor Sábio", a Arya é o "Interesse do Herói Que O Ignora", o Murtagh é mais um "Ladino Misterioso Que Ninguém Sabe Se É Traidor Ou Não" para a pilha, e por aí vai. Até os eventos preenchem isso — "A Morte De Um Parente Que Faz O Herói Ir Em Busca Heróica", "A Batalha Final Climática Épica Que Eu Penso Que É Foda"; "A Morte Dolorosa Do Mentor Que Eu Penso Que Dói Nos Meus Leitores Só Por Fazer Meu Herói Gritar
Não!" e por aí vai. É um "timing" perfeito — tudo acontece na hora que o clichê manda acontecer, que é conveniente para o plot (no mau sentido) —, tão irritante, que... GAHHH!
E eu odeio profecias. Odeio mesmo. Geralmente quem usa desse recurso, caso não seja alguém competente (aka Tolkien, por exemplo) geralmente
entrega toda a história e faz com que a "Aura De Mistério" se transforme numa coisa risível que faz você pensar "Meu Deus Do Céu, Esse Cara Ainda Pensa Que Pode Manter Mistério Aí?" ou similares. Sem falar nos inúmeros personagens sem mãe que
sem dúvida alguma deve ter sido uma idéia genial do Paolini para "Meus Leitores Nunca Perceberão Que A Mãe Do Meu Personagem Principal Que Também Não Tem Mãe Será A Mãe De Um Desses Coadjuvantes Que Até Agora Não Tem Importância".
Eu pensei até em processar a Siciliano por me vender isso e conseqüentemente me causar danos morais, mas decidi deixar quieto. Quando eu me tornar ditador vou fazer com que eles leiam e releiam cada linha disso até enlouquecerem. Bwahahaha.
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Wow, eu me demorei, hahaha.