• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Chuva, suor e açaí

Haleth

Sweet dreams
Chuva de verão é aquela que pega muita gente de surpresa, principalmente quem odeia guarda-chuva. Pois, nossa personagem se enquadra nos dois casos.

Ela estava na saída do metrô, a chuva custava a passar e a paciência dela escorria em cântaros. Até que entornou-se o balde e ela foi andando, assim, como se nada estivesse acontecendo. Não correu, não protegeu a cabeça, não abaixou o rosto, apenas fluiu calçada afora.

Chegando perto de casa lembrou-se que na geladeira só havia gelo e molho de tomate, por isso passou direto, para espanto do porteiro. A essa altura ela já estava tão molhada quanto a calçada que pisava, só que bem mais limpa. Foi andando até a lanchonete natureba da esquina, sentou-se e pediu um suco de morango com sanduíche.

Reparou na cara de espanto das pessoas que olhavam para ela. No fundo, achava até engraçado, ela sempre gostou dessas pequenas perversões cotidianas que só de quando em vez se lembrava de cometer. Viu quando um rapaz entrou na lanchonete. Ele tinha olhos pretos, barba por fazer e cabelo enroladinho - que pingava chuva como os dela.

Quando seus olhares se encontraram, uma identificação imediata jorrou. Entretanto, sejamos sinceros, identificação é pra seres do mesmo gênero, com eles dois foi atração mesmo. Apurou os ouvidos: ele pediu açaí com morango à moça que trazia o pedido dela. Notou que ele observara seu lanche, e sentiu-se culpada pelo seu X-salada diante de um naturalíssimo açaí, mas o suco salvaria sua reputação, ainda mais por ser de morango.

Lancharam em silêncio, com a chuva rareando em suas vistas e descendo por suas roupas. Observavam-se a cada dez mastigadas, com aquele olhar típico de "finjo-que não-sei-que-você-está-me-olhando". Até tentavam comer no mesmo ritmo, para terminarem juntos. Assim, quem sabe, trocariam saudações no caixa. Mas o açaí era grande e o suco pequeno. Ela, tensa, pediu então um Guaravita - não pra fazer charme naturalista, mas porque gostava mesmo de Guaravita. Abriu e bebeu com toda a paciência do mundo, como quem degusta vinho. Recebeu de volta um olhar agradecido.

Sabe-se lá quanto tempo as pessoas podem gastar comendo um X-salada, um açaí ou bebendo vinho. Mas finalmente tudo isso chegou ao fim e os dois se levantaram para ir ao caixa. Qual não foi a surpresa de ambos ao erguerem os olhos um para o outro: estavam secos.

Secamente se cumprimentaram e saíram sem olhar pra trás.
 
Hahaha, esses momentos acontecem toda hora, com todo mundo...

E colocar o cotidiano no papel só parece ser a coisa mais fácil do mundo, mas é a mais complicada.

Gostei!
 
Gosto da ambiguidade da última frase.

O parágrafo inicial me pareceu meio... estranho. A segunda frase, eu digo. Achei as metáforas que remetem à fluidez da água abundantes demais, mas isso sou eu, que não gosto muito de floreios. Acho que um desenvolvimento mais sóbrio ficaria melhor. Acho também que a informação de que os dois estavam secos poderia ser mais sugerida do que simplesmente exposta, porque a penúltima frase também tira um pouco o impacto da última.

(Engraçado que eu não perceberia essas coisas em um texto meu.)
 
Ponto alto para o narrador generoso; a coisa participativa ficou legal e poderia ser mas explorada.

Gozado que alguém tomando açaí receberia minha chuva de preconceitos imediatamente!! Ohhh!

Me amarrei, as usual. :)
 
Desculpem pela demora =S

JLM disse:
lanchonete natureba faz x-salada?
Natureba não é só vegan, né? Além disso, tem uns x-salada com hamúrguer de soja, que nunca comi mas assim mesmo prefiro o de carne, dá mais sustança e dispensa a enxurrada de tempero pra fazer ter sabor de alguma coisa. =q

Rodrigo Lattuada disse:
O parágrafo inicial me pareceu meio... estranho. A segunda frase, eu digo.
É, o início tá meio desconjuntado mesmo, vou tentar reescrevê-lo pra dar mais clareza.

Rodrigo Lattuada disse:
Achei as metáforas que remetem à fluidez da água abundantes demais, mas isso sou eu, que não gosto muito de floreios. Acho que um desenvolvimento mais sóbrio ficaria melhor.
Bom, esse foi o estilo que optei dar ao texto, mas obrigada pela observação. Essa "metaforização abundante" é um tipo de coisa que faço com frequência, vou ficar de olho pra não fazer disso um cansaço pra quem lê. ;)

Rodrigo Lattuada disse:
Acho também que a informação de que os dois estavam secos poderia
ser mais sugerida do que simplesmente exposta, porque a penúltima frase também tira um pouco o impacto da última.

(Engraçado que eu não perceberia essas coisas em um texto meu.)
Fiquei pensando em como faria isso. Eu, que não consigo me distanciar dos meus textos, pensei que essa penúltima frase corta todo o floreamento que o texto vai construindo com essa abundância aquática, e expor que os dois estavam secos seria uma forma "seca" de matar o clímax. Na minha concepção inicial, a penúltima frase é que era a mais importante, a última era só um "qualquer coisa", assim como os dois viraram qq coisa um pro outro assim, do nada. Mas achei interessante vc ressaltar a ambiguidade da última frase. Foi mais intuitiva do que proposital, hehe.
Rodrigo, obrigadíssima pelo seu comentário. Eu nunca consigo analisar meus próprios textos, por isso gosto muito quando me criticam ;)

Vinnie disse:
Ponto alto para o narrador generoso; a coisa participativa ficou legal e poderia ser mas explorada.

Gozado que alguém tomando açaí receberia minha chuva de preconceitos imediatamente!! Ohhh!

Me amarrei, as usual. :)

Obrigada, Vinnie! Põe generosidade na narração, acho que o narrador queria é fazer parte da história... =P
 
olá amigo!
Gostei sim do texto, acho interessante quando aparenta na escrita do autor que ele vê a cena, entra no conto sem aparecer, o floreio, é de cada um , enobrece. É claro que demais, cansa, porem no caso do texto, não foi não, minha opinião.
Interessante o título, causa curiosidade de saber o que esse aí tem a escrever?
abraços!

BOA VIDA!
http://odiariodeobservador.blogspot.com
 
olá amigo!
Gostei sim do texto, acho interessante quando aparenta na escrita do autor que ele vê a cena, entra no conto sem aparecer, o floreio, é de cada um , enobrece. É claro que demais, cansa, porem no caso do texto, não foi não, minha opinião.
Interessante o título, causa curiosidade de saber o que esse aí tem a escrever?
abraços!

BOA VIDA!
http://odiariodeobservador.blogspot.com
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo