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Chutando o Hobbit - Uma Análise das Análises

Deriel

Administrador
Quando se trata dos romances de fantasia de J.J.R. Tolkien, a verdade é que os críticos ou os amam ou os odeiam: com relação à Terra-média, não há meio-termo. Este tem sido o caso desde que Tolkien, um filólogo de Oxford, publicou pela primeira vez seu romance épico O Senhor dos Anéis em três volumes (A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei), entre 1954 e 1955.

E este texto trata justamente disso, de como a crítica especializada encara a obra de Tolkien e de como esta vai se tornando um clássico mesmo a despeito do nariz torcido de vários intelectuais. De fato um texto que faltava na Valinor O texto foi traduzido por Cláudia 'Claurelin'.

Chutando o Hobbit
 
Acho que o problema de toda academia (inclusive científica) é o apego ao conhecimento anterior... mas uma hora eles conseguem.

Já fica mais difícil quando a gente tem um cabeça oca que acha que fotonovelas são arte. Acho que posso compreender e tolerar os acadêmicos. :mrgreen:
 
Na verdade, há pessoas que acham que cultura de massa não tem qualidade, não é pq Tolkien ficou UP, neste últimos tempos que a obra dele deva ser desconsiderada...
 
Este trecho pra mim resume tudo:

Mas provavelmente, a razão principal pela qual Tolkien não foi bem aceito pela maioria dos críticos, é que seus escritos não estão de acordo com os princípios do modernismo literário.

E eu pergunto: e daí? Uma obra perde seu valor caso não se encaixe na fórmula literária vigente? Infelizmente, para os críticos geralmente a resposta é sim, simplesmente por não aceitarem (no caso de Tolkien, por exemplo) que se use uma fórmula literária mais clássica depois de tantas "evoluções" na área.

Nesse caso, nos livremos de Homero, Dante e Cervantes, já que eles obviamente não se encaixam no "modernismo literário".

Francamente... :roll:
 
Tilion disse:
E eu pergunto: e daí? Uma obra perde seu valor caso não se encaixe na fórmula literária vigente? Infelizmente, para os críticos geralmente a resposta é sim, simplesmente por não aceitarem (no caso de Tolkien, por exemplo) que se use uma fórmula literária mais clássica depois de tantas "evoluções" na área.

Nesse caso, nos livremos de Homero, Dante e Cervantes, já que eles obviamente não se encaixam no "modernismo literário".

Francamente...
_________________
Olha, sou estudante de Letras, e acho que muitas vezes os críticos e os estudantes ficam se apegando a detalhes de uma obra, desvalorizando em uma discussão intelectual que muitas vezes não dá em nada.Neste ponto, concordo com a citação acima.
 
é isso aí amigos amantes de Tolkien, não importa o que intelectuais achem da obra. O que importa é que ela existe e conquistou nossos corações, tornando-nos parte dela!!

Somos os Bardos Sagrados de Tolkien!!!! 8-)
 
Tilion disse:
Nesse caso, nos livremos de Homero, Dante e Cervantes, já que eles obviamente não se encaixam no "modernismo literário".

Eu acho que todos nós acabamos pensando nisso quando lemos uma crítica ruim a Tolkien baseada no arcaísmo. Uma coisa importante é que essa forma arcaica não é assim simplesmente por ser, de certa forma ela é até coerente com a lógica das histórias.
O parâmetro de "boa literatura" baseado, mesmo que em parte, na "modernidade" ou "contemporaneidade" eu considero muito falho e tendencioso. Afinal, ninguém é obrigado a gostar de literatura moderna. Esses critérios devem ser questão de debate.

O argumento imediato que podemos imaginar é que os autores clássicos permanecem como referências, mas são hoje parte de um passado que fez a literatura ser como é. Retomar aquelas formas e valores é retroagir. Mas Tolkien simplesmente foi uma tentativa de reeditar autores antigos (e antiqüíssimos)? Não mesmo. Como o texto cita, o Tom Shippey constatou e registrou que Tolkien teve a preocupação e deu-se ao trabalho de explicar suas intenções e a forma que via a literatura de "contos-de-fada" e mitologia como potencialmente rica, capaz de tocar nos valores universais da Humanidade.

O argumento do "prolixo" também existe, mas não é também só mais um elemento característico, proposital e fundamental dentro da proposta e intenções de Tolkien? Ele queria uma realidade em "período histórico imaginário", que fosse tangível e imaginável, coerente internamente. Nessa perspectiva, defeito seria o contrário: Tolkien teria falhado fragorosamente se o livro fosse muito menor e pouco descritivo.

No final eu sempre acabo pensando que existe um sentimento ainda diferente de simplesmente "preconceito" em relação à fantasia, é mais próximo da falta de cultura (no sentido de costume) que torne essa literatura dissociada do juvenil/imaturo, ou sem valor.
 
Gostei pra caramba do texto, mto bom, e parabens pra Cláudia 'Claurelin' pela traduçao, ficou mto boa tambem :wink:
 
O maior problema pra crítica opositora (de então e atual) é a idolatria abobalhada que envolveu e envolve Tolkien. Geralmente isso mata a credibilidade de um autor, porque pode denotar que ele só tenciona ter fama e prestígio, ao invés de ser um artista autoral sério.

Já vi isso acontecer muitas vezes, em outras mídias também. Cinema tem muito disso.

Nos dias do domínio do estilo clássico, o moderno pode ter servido como uma escapatória a um estilo provavelmente estaganado na época do seu declínio.

Tolkien pode muito bem ter servido da mesma forma ao contrário, dando um alívio do domínio (que hoje, pelo menos na pintura, considero extremamente opressor) do modernismo. Isso, contanto que hajam relevância e qualidade literárias, é um grande mérito pra mim.

Estou bem longe de considerar ele o melhor que há, do mundo ou de um único país, mas sempre achei saudável manter minhas críticas dentro dos limites dos livros sem levar em conta o efeito posterior à sua construção.

Afinal, é coisa lógica a fazer. :P

PS: Eu gostaria de um Mclanche Feliz dos Hobbits. :think:
 
Excelente texto, excelente tradução. :clap:


Na minha opinião avalio um livro pela experiência que o mesmo gera em mim.
Se me desperta qualquer tipo de sentimento, então aquele livro é bom para mim, e o autor atingiu seu objetivo.
Pode ser uma análise simplória..... mas não é válida?

A arte, de uma maneira geral, é baseada no princípio da experiência. Seja um livro, um filme, uma música ou uma obra de arte, o importante para o autor é despertar em você uma experiência, seja ela boa ou má.
Se, ao se confrontar com a obra, você tem uma experiência, então, na minha opinião, o autor atingiu seu objetivo.

Onde quero chegar?

Não é isso que acontece com TOlkien? Uns adoram e outros odeiam.
Se isso é verdade então o objetivo do professor foi atingido com êxito, ainda mais se levarmos em conta a escala global deste conflito estético.

É extremamente saudável a discussão amantes e não amantes.

E é muito difícil deixarmos de lado nossos sentimentos pessoais ao analisarmos uma obra da qual gostamos muito ou odiamos muito.

O importante é a experiência vivida por cada um de nós. Acho que era isso que nosso amado professor almejava: nos proporcionar uma experiência única.
Se ela iria ser boa ou má, isso não era realmente importante.

Essa é a minha opinião pelo menos. :mrgreen:

Grande abraço a todos
 
Fox disse:
O maior problema pra crítica opositora (de então e atual) é a idolatria abobalhada que envolveu e envolve Tolkien. Geralmente isso mata a credibilidade de um autor, porque pode denotar que ele só tenciona ter fama e prestígio, ao invés de ser um artista autoral sério.

É interessante porque o texto fala sobre isso, e eu não acho que tenho mais a dizer, simplesmente concordo:

O próprio Tolkien não era fã desses fãs, dentre os quais alguns até hoje encaram o famoso comentário “Eu sou de fato um hobbit” como um convite para se encontrarem e se vestirem como os personagens da obra. David Bratman, antigo editor do informe sobre estudos tolkenianos Mythprints, diz que os “cultos deploráveis” a Tolkien (nas palavras do próprio autor) não deveriam ser usados contra ele (Tolkien). “Artistas não deveriam ser culpados por atraírem seguidores tolos”, concordou outro crítico britânico em 1992, “—ou se devessem ser culpados, deveríamos também depreciar Blake, Byron, e D.H. Lawrence.”

Uma coisa que eu acho tão irritante quanto a "idolatria abobalhada" é justamente o oposto, os detratores radicais, que acabam caindo no mesmo erro da parcialidade e perdem a razão.
São os terríveis intelectualóides, cuidado com eles! Estão entre nós, e à espreita. 8O
 
Ao que me parece, os críticos acham-se autoreferentes, sem claro, assumir tal postura de forma explícita. De uma forma ou de outra, eles não criticam ou avaliam as obras em um contexto mais pouplar, como já dito aqui nos cometários acima. E isso é muito ambigue da parte deles, já que essa avaliação realizada por eles é para ser uma tendência referente ao público, que pode tomar como um ponto de vista prévio. Mas acaba sendo, como visto, algo do ponto de vista DELES, ou seja, a subjetividade influenciando em suas críticas.
Isso é muit complicado, pois, quando lidamos com preferências é impossível ser totalmente racional: há sempre uma personaliazação nos cometários desses "especialistas", o que facilita o erro de seus discursos. Por isso que vemos no comentário de Maglor, por exemplo, a parcialidade e a perda da razão, pois lidar com esse tipo de questão, algo tão particular é perigoso e equívoco à generalizações. Por isso, tbm que, não se discute religião.... :wink: (Detalhe, minha intenção não é justificar a crítica,mas sim, mostrar a arbitrariedade de trabalhar com a subjetivação através da objetivação). Assim como Aikanáro Telemnar em seus comentários disse que, a partir de sua experiência com a leitura ele tem sua crítica do livro, há tbm particularidades nas opiniões emitidas pelos críticos. Não digo que é uma especialidade inválida, ou pretenciosa, mas digo que esta é uma questão que não tem escapatória: a experiência com o texto requer muitos critérios internos, que diz respeito somente ao indivíduo que lê.
Todos falam "da crítica", tomam-na como referência e são influenciados por ela...ou não. É uma tendência, não uma ordem. É o caso da obra de Tolkien.
 
Ao que me parece, os críticos acham-se autoreferentes, sem claro, assumir tal postura de forma explícita. De uma forma ou de outra, eles não criticam ou avaliam as obras em um contexto mais pouplar, como já dito aqui nos cometários acima. E isso é muito ambigue da parte deles, já que essa avaliação realizada por eles é para ser uma tendência referente ao público, que pode tomar como um ponto de vista prévio. Mas acaba sendo, como visto, algo do ponto de vista DELES, ou seja, a subjetividade influenciando em suas críticas.
Isso é muit complicado, pois, quando lidamos com preferências é impossível ser totalmente racional: há sempre uma personaliazação nos cometários desses "especialistas", o que facilita o erro de seus discursos. Por isso que vemos no comentário de Maglor, por exemplo, a parcialidade e a perda da razão, pois lidar com esse tipo de questão, algo tão particular é perigoso e equívoco à generalizações. Por isso, tbm que, não se discute religião.... :wink: (Detalhe, minha intenção não é justificar a crítica,mas sim, mostrar a arbitrariedade de trabalhar com a subjetivação através da objetivação). Assim como Aikanáro Telemnar em seus comentários disse que, a partir de sua experiência com a leitura ele tem sua crítica do livro, há tbm particularidades nas opiniões emitidas pelos críticos. Não digo que é uma especialidade inválida, ou pretenciosa, mas digo que esta é uma questão que não tem escapatória: a experiência com o texto requer muitos critérios internos, que diz respeito somente ao indivíduo que lê.
Todos falam "da crítica", tomam-na como referência e são influenciados por ela...ou não. É uma tendência, não uma ordem. É o caso da obra de Tolkien.
 
Sinceramente, não considero nenhuma obra de Tolkien como marco literário ou como obra comparável aos grandes clássicos literários. Primeiro porque Tolkien fez algo que não contrariou nenhuma escola literária anterior ou afirmou alguma escola literária vigente.

Dois bom exemplo:
- o primeiro é Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Esta é a primeira obra de caráter realista no Brasil, entrando em choque com a literatura romântica (a qual anos antes o próprio Machado de Assis a praticava);
- o segundo é Macunaíma, de Mario de Andrade. Muitos odeiam a obra, mas ela é de fato um clássico da literatura brasileira, por negar o Realismo/Parnasianismo.

Há uma grande dificuldade para encaixar obras como "O Senhor dos Anéis", "O diário de um mago" e obras que não seguem rigorosamente uma escola literária como literatura pelos seguintes motivos:

1- discutir um enredo é algo em demasia inócuo, pois o gosto é variável às pessoas. Críticas feitas aos enredos das obras acabam sendo inúteis ou simplesmente esvaziadas pelas opiniões dos leitores. Nem cabe aos críticos julgar a obra é literatura ou não meramente pelo enredo;

2- não houve ainda interesse em classificar a dita "literatura comercial", nas quais encaixariam-se obras de cunho comercial. Além disso, o termo "literatura comercial" (termo criado por alguns críticos literários) deprecia muitas obras, as quais não eram direcionadas ao mercado literário;

3- como essas obras designadas "literatura comercial" acabam englobando obras que podem diferenciar muito entre si e a crítica não dá muita atenção a essas obras, as obras literárias não são sequer classificadas tanto pela qualidade quanto pelo estilo literário.

Eu encaro as obras Tolkenianas como "Romance de Fábulas", pois se propõe a contar estórias com fundo moral, tal como "As Fábulas de Esopo" (que são em forma de contos). Não há necessidade e nem fuundamento que obras como "Silmarillion" serem comparadas à outras obras como por exemplo "O Estrangeiro", de Albert Camus, porque a literatura praticada por Tolkien não se propõe a rediscutir o mundo ou o existencialismo (no caso de O Entrangeiro), mas sim trazer uma moral embutidas nas estórias.

Sinceramente, as obras de Tolkien tem ótimos enredos e são interessantes de se ler, mas não precisam ser levadas a sério demais (o que não fará dela pior ou melhor). É como ler Paulo Coelho, só não levar aquilo muito a sério, pois literaturas aclamadas pelos críticos levam muito a sério o que está nelas proposta.
 
Eu acho também que O Senhor dos aneis pelo tamanho do livro assusta um pouco as pessoas. E também é muito fantasiosa e muitas pessoas preferem uma coisa mais realista. :roll: 8O E para quem nao tem a cabeças aberta ler sobre elfos, hobits, etc é loucura de mais.
 

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