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cartas

Luciano R. M.

vira-latas
Eu abro a caixa de correio,

lá dentro só existem contas.

Vencidas, não serão pagas.

Há muito tempo que ninguém escreve cartas.

Apenas envelopes timbrados

com nomes impessoais:

bancos, empresas, corporações.

Nem um único ser humano para me desentender.

Eu tento conversar com alguém,

mas parece que só eu me importo.

Alguns se preocupam e oferecem dinheiro emprestado.

Continuo escrevendo cartas sem destinatário.
 
Para valer a profecia do poema, seria melhor que eu não comentasse.

Mas...

A melancolia me fez pensar em Drummond - como muitos do meia, tive uma semana cheia do poeta. Saca aquele poema do elefante, no qual o elefante/poeta busca o "de que carecia", não encontra e se desfaz em pó? É por aí que eu fui...

Viva a misantropia! Viva Luciano!
 
Para valer a profecia do poema, seria melhor que eu não comentasse.

Mas...

A melancolia me fez pensar em Drummond - como muitos do meia, tive uma semana cheia do poeta. Saca aquele poema do elefante, no qual o elefante/poeta busca o "de que carecia", não encontra e se desfaz em pó? É por aí que eu fui...

Viva a misantropia! Viva Luciano!

Tem outro poema dele que ele menciona essa coisa de "receber pacotes dos Correios"... Lembro-me vagamente disso.

Agora essa coisa de cartas enviadas a esmo é interessante mesmo. Se eu recebesse uma carta de algum grande amigo ou whatever agora, eu não ficaria tão feliz quanto o receber de um aviso que, sei lá, meu processo deu certo, ou uma notícia boa do banco ou até mesmo minha encomenda dos Correios...

As cartas hoje em dia são "Diálogos com os Mortos", de certa forma, e aproveitando-me do nome Luciano... Não num sentido dantesco, é claro, visto que nA Divina Comédia Dante era o carteiro oficial; mas talvez num sentido do próprio Ulysses, onde o Bloom se corresponde com a "Martha Clifford", uma espécie de namorada, apenas por diversão, como uma forma de preencher o dia... Quando o dia deveria preencher a carta.

Continuo escrevendo cartas sem destinatário.

Psicografar é isto, não? :dente:

PS.: Ainda acerca dessa coisa de "Diálogos com os Mortos", as cartas escritas a personalidades históricas mortas (cf. as de Dante ou as de Petrarca) são interessantes também... A carta simplesmente escrita como ofício, sem um destinatário que possa recebê-la...
 
O tema das cartas sempre foi caro aos poetas.... lembro de ler em algum lugar que Fernando Pessoa também escrevia cartas "a si mesmo" enviadas por seu heterônimo (?) Senhor Chevalier(?), o que iniciou sua sanha de criar poetas que tanto nos delicia.
 

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