Morfindel Werwulf Rúnarmo
Geofísico entende de terremoto
Mário e Cascudo trocaram cartas e textos durante mais de 20 anos
Mário de Andrade (1893-1945) sentia um "alegrão" ao receber as cartas do amigo "Cascudinho", o folclorista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986). Este, por sua vez, chamava o parceiro de "Mano Mário" nas correspondências enviadas. Essas curiosidades estão registradas na obra "Câmara Cascudo e Mário de Andrade: Cartas, 1924-1944" (Global, 2010).
No volume, os dois grandes pesquisadores do folclore brasileiro esmiúçam a cultura e a política do país nos anos 1920, 1930 e 1940. Trocam, também, confidências a respeito dos textos que estão produzindo.
Um exemplo é a carta de 1º de março de 1927, na qual Mário fala para Cascudo que terminou de escrever um livro sobre "um herói taulipangue bastante cômico". Claro que ele se referia à "Macunaíma", publicado um ano após o episódio.
Diversas vezes "Cascudinho" convidou "Mano Mário" para visitá-lo no Estado do Rio Grande do Norte. Tanto que Mário acabou se tornando o padrinho do filho de Cascudo, Fernando Luís. O menino chamava o escritor de "padrinho Macunaíma".
Percebe-se uma franqueza diluída entre as impressões de ambos sobre a obra alheia. Por meio da escrita sutil da dupla, o leitor adentra as lendas, tradições e crenças brasileiras.
Durante mais de 20 anos, os escritores mantiveram a intensa troca de correspondências. Os escritos foram organizados e anotados nesse exemplar pelo professor de literatura brasileira e pesquisador do IEB (Instituto de Estudos Brasileiros) da USP, Marcos Antonio de Moraes.
Fonte