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Cartas a Favor da Escravidão (José de Alencar)

Anica

Usuário
Confesso que a editora Hedra tem me surpreendido com o catálogo deles. Poderiam ficar naquele esquema de só publicar obras famosas que estão em domínio público, mas estão indo além e trazendo títulos interessantes como esse.

José de Alencar (1829-1877), autor de diversos clássicos da literatura brasileira, como "Senhora" e "O Guarani" , era favorável a escravidão negra no Brasil.

Entre 1867 e 1868, o escritor enviou cartas de censura a dom Pedro 2º., que demonstrava certa tendência abolicionista devido a pressão internacional e das lutas dos negros pela liberdade dentro do país.

A correspondência --por tratar de um tema controverso e vergonhoso para os padrões contemporâneos-- foi completamente banida das obras completas de Alencar.

"Cartas a Favor da Escravidão" (Hedra, 2008) reúne uma série de sete textos escritos para o imperador. Obra organizada por Tâmis Parron, mestre em história social pela Universidade de São Paulo.

Fonte: Folha
 
Eis um livro bem interessante. Uma vez falei que escravidão era tabu aqui no Brasil pelo modo como essa discussão é evitada. Nem mesmo na academia não se vê algo de muito concreto. Pessoal olha pra mim como se eu fosse doida e estivesse dizendo um absurdo.
 
Que bacana!
Como será que eles conseguiram os textos?
Deve estar em alguma biblioteca tipo a Nacional ou a Brasiliana.
 
Um autor clássico como José de Alencar ter escrito uma Cartas a Favor da Escravidão já é motivo para meio mundo de universidade de de boa gente não querer mais nenhum livro dele por lá. Na verdade, é bem facil alguém processar o morto por ele ter escrito isso.
 
Não tenho nenhum título ainda da Hedra, mas já olhei o catálogo da editora e realmente surpreende, tem alguns títulos bem fora do circuito e com um preço excelente.

Não imaginava esse posicionamento do José de Alencar. Acho que desses nomes consagrados, que a gente descobre via escola, sempre se espera opiniões "politicamente corretas". O título realmente atrai.
 
-Arnie- disse:
Um autor clássico como José de Alencar ter escrito uma Cartas a Favor da Escravidão já é motivo para meio mundo de universidade de de boa gente não querer mais nenhum livro dele por lá. Na verdade, é bem facil alguém processar o morto por ele ter escrito isso.

Não acho, Arnie. Do saber acadêmico se espera um mínimo de objetividade. Ou melhor, saber diferenciar as coisas. Não é por causa de um posicionamento político que se vai anular toda a obra de um dos mais prolíficos romancistas do período romântico brasileiro. Deve-se estudá-lo sob estes diferentes aspectos.
 
garanto q se um livro com o mesmo título fosse escrito hj por um presidente de banco central ou economista todo mundo acharia algo normal.
 
Diva disse:
JLM disse:
garanto q se um livro com o mesmo título fosse escrito hj por um presidente de banco central ou economista todo mundo acharia algo normal.

Desenvolva. XD

pense no significado de escravidão para o séc. xxi e ñ para o xix. uma boa referência é o documentário francês de la servitude moderne, de jean-françois brient (2009). alguém defender qq uma das "escravidões" apontadas no documentário soaria como normal hj, mas talvez daqui a 100 anos pareça barbárie.
 
Clara V. disse:
Como será que eles conseguiram os textos?

Embora diversos pesquisadores tivessem conhecimento de sua existência -que era citada em alguns trabalhos- e das posições políticas de Alencar, o conteúdo das cartas não chegou a ser reimpresso. O conjunto não aparece, por exemplo, nas obras completas do autor romântico, organizadas em 1959 pela editora José Aguilar (hoje Nova Aguilar).

No final dos anos 90, a historiadora Silvia Cristina Martins de Souza encontrou as cartas na Biblioteca Nacional, no Rio.
Fonte: http://chicaodoispassos.blogspot.com/2008/10/alencar-o-escravista.html

Concordo com o Diego, achava meio inconcebível ou, pelo menos, atípico que um escritor tão consagrado como Alencar mantivesse um posicionamento contrário a maioria dos intelectuais que lhe eram contemporâneos. Lembrei de ter lido algo a respeito num artigo da Veja, fui catar na net:

O empenho escravista de Alencar já era fato conhecido. Mas a republicação de sua defesa do regime escravo – em edição organizada pelo jornalista e historiador Tâmis Parron – permite que o leitor tome contato direto com o cinismo de sua argumentação. Nas cartas de Alencar, o escravo aparece como um feliz agente da civilização nos trópicos. Os abolicionistas são ironizados como utopistas de gabinete, cuja filantropia de inspiração européia empalidece na comparação com a caridade praticada no "seio da família brasileira", com sua "senhora de primeira classe" desvelando-se na "cabeceira do escravo enfermo". José de Alencar morreu de tuberculose, aos 48 anos, em 1877. Não teve o desgosto de assistir à abolição, em 1888.
Fonte: Veja
 
Bom, ele viveu uma realidade que a gente só conhece dos livros de história e, lendo mary del priore notei que os abolicionistas não estavam nem perto de serem pessoas altruístas pensando no bem dos escravos, e os escravagistas estavam longe de serem poucos... Acho que deve ser interessante de ler o ponto de vista contrário, nem que seja para compreender melhor a época. Resumindo: Quem sou eu pra julgar...
 
Bem o que a Kika falou: apoiar a escravatura, na época, poderia ser o "normal". Não querendo defender José de Alencar, mas é que julgar sem saber o contexto social da época é o mesmo que pescar em poça d'água. Lendo o que a Kika disse, meio que fiz uma comparação com os ambientalistas: eles estão aí fazendo de tudo para conter a poluição enquanto a maioria está nem aí. Isso porque a maioria prefere conforto à um pouco mais de trabalho, e por isso acaba ridicularizando quem se preocupa com o meio-ambiente (tipo eu, mas sem a parte de ridicularizar huhuhu).

Dependendo do autor (e da obra), suas convicções políticas não vão influenciar na qualidade de sua arte. No que trata de Alencar, não sei se isso influi muito na sua obra, porque só li Senhora e nem foi uma leitura tão profunda assim. Mas é um assunto que deve ser discutido para entender a posição dele. Se as pessoas leem Mein Kampf para tentar entender as motivações de Hitler, porque não ler as cartas de Alencar?
 

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